quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Enquanto Palestina sangra, o mundo dorme

Meu blog precisou redigir e acrescentar mais uma postagem este ano, infelizmente para denunciar uma violência sem fim imune a qualquer explicação sensata.
(Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

Enquanto Palestina sangra, o mundo dorme

Palestina está revivendo acordada os piores pesadelos de um mundo sonolento e omisso.

Enquanto a imensa maioria verá alegremente fogos de artifício no céu durante a passagem do ano, a população civil de Gaza, incluindo crianças inocentes e mulheres indefesas, verá rajadas de mísseis sangrando os horizontes de suas vistas, de suas esperanças ou até de seus lares. A estratégia belicista de Israel começou há vários meses, buscando minar e fragilizar ao máximo a infra-estrutura, a economia e os programas de ajuda humanitária dirigidos a Gaza.

Só podia ser piada de final de ano: ao noticiar a escalada brutal da violência neste conflito, depois de atualizar corriqueiramente os ouvintes das incontáveis baixas palestinas, o apresentador pareceu frisar solenemente que “quatro cidadãos israelenses” também haviam sido mortos, demonstrando no tom da abordagem um constrangimento sutilmente maior, como se a vida de uma pessoa da Palestina valesse dez ou cem vezes menos do que alguém de Israel.

Muitos judeus oprimidos no passado se tornaram declaradamente opressores, como se o racismo genocida nazista tivesse reencarnado e recrudescido em Tel Aviv. Com penosos agravantes: uma ONU ajoelhada perante o veto arrogante dos EUA, uma mídia explicitamente tendenciosa e uma comunidade internacional complacente. De cada dez chefes de Estado que condenam os ataques de Israel, alguns setores da impressa escolhem a dedo os três discursos mais dóceis.

Mas é claro que todo mundo irá se mexer. Talvez quando a cifra palestina ganhar um quarto algarismo, superando as mil vítimas. O engraçado é que, para tentar salvar as montadoras norte-americanas da crise neoliberal, Obama não se faz de rogado e move todas as palhas que está a seu alcance. Agora, chamado a se posicionar com mais atitude frente ao extermínio de Gaza, ele prefere jogar golfe, limitando-se a dizer que ainda não assumiu o governo dos EUA.

Haja remédios e gazes para aliviar as dores e feridas de Gaza. Viver nesta região, tão abençoada pelas heranças cristãs, é como comprar a passagem antecipada para o inferno. Os povos de lá não precisam assistir filmes de guerra, pois Israel já os contratou para as cenas reais do abate. A comida palestina tem gosto de pólvora, temperada pelos estilhaços que por um triz não explodiram mais uma localidade civil, sitiada e novamente ameaçada como tantas outras.

Palestina está revivendo acordada os piores pesadelos de um mundo sonolento e omisso.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

POESIA ESPECIAL: Paradigmas da Esperança


PARADIGMAS DA ESPERANÇA

Ei, olha ali outro mendigo...
Tropeçamos em suas feridas,
Mas ninguém lhes dá abrigo
Nem recupera as suas vidas.

As universidades pipocam em cada esquina.
Os mercados tangem rebanhos qualificados,
Mas descartam as prostitutas e os drogados,
Deixando o narcotráfico aprontar na surdina.

O brilho estressado do Sol chega cansado.
Beija-flores engolem espinhos de fumaça.
A precavida natureza segue dando recado:
A civilização globalizada está sob ameaça.

Enquanto alguns desfilam com seu carro,
Outros passeiam a pé em galpões de lixo.
Não é questão de inveja, não se trata disso;
É o Ensaio sobre a Cegueira, diz Saramago.

A ambição envenena a razão.
A competição murcha o coração.
O egoísmo esvazia a sensibilidade.
O pessimismo bloqueia a humanidade.

Os EUA socializam as suas crises,
Que tentam entupir nossos narizes.
Prece neoliberal, por que não te calas?
Quantos países caíram em tuas valas?

Santo Deus, aonde foi parar a mensagem
De Maomé, Buda, Lao-Tsé, Kardec, Jesus?
A evolução espiritual ainda dista há anos luz!
Sem a ciência vital do amor, tudo é miragem!

***** **** *** **** *****

Um dia aprenderemos a ser humanos,
A miséria será abundantemente extinta
E nunca mais exibiremos nestes planos
Quadros com cicatriz de sangue na tinta.

Jamais pense que você é incapaz.
Saiba que ninguém sonha sozinho,
Pois cada sorriso deixado para trás
Amontoará de pedras seu caminho.
Se a televisão é inimiga da cidadania,
A internet desponta como forte aliada
Para movimentar essa platéia travada
E detonar manifestações de rebeldia.

Os negros, herdeiros da Mãe África,
Necessitam reafirmar sua gramática.

Os índios, ancestrais por excelência,
São dignos da mais gloriosa decência.

As crianças merecem brincar de verdade
E não se vestirem de adultos pela metade.

Os idosos merecem mais valor e respeito
Por tudo que já viveram e ainda têm feito.

As mulheres, misto de força e delicadeza,
Devem ser amadas em toda sua grandeza.

Os portadores de deficiência ou patologias
Detêm o direito de redescobrir a luz do dia.

A esfera política tem que ser fiscalizada!
Sociedade civil, nunca seja massa servil
Virada de costas para o futuro do Brasil!
Nenhuma corrupção deve ser absolvida!

América Latina, assume tua pujante vocação
Como potência regional em franca ascensão!
Teus solos sofridos já não são mais o quintal
Das orgias estrangeiras e voláteis do capital!

***** **** *** **** *****

Enquanto houver vida, haverá poesia;
Enquanto houver poesia, haverá magia;
Enquanto houver magia, haverá utopia;
Enquanto houver utopia, haverá alegria.

O tempo é generoso e acolhe mil sonhos.
Idealismo não é mero delírio de juventude.
Eu não admitirei lágrimas em meu ataúde.
Favor ler meu epitáfio com lábios risonhos.

Papai Noel se despediu do Natal
E agora inventou de pular Carnaval,
Mas deixou outro verso para a gente:
A tua esperança é meu maior presente!

( POETA DO SOCIAL )

Em Homenagem ao Natal de 2008 e ao Ano Novo de 2009

(de Fortaleza-Ceará para o Brasil-Mundo)

Sapatadas na Consciência


Segue a última postagem textual de meu blog em 2008, em tom de retrospectiva política pontuada pelo convite aos Paradigmas da Esperança.
(Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

SAPATADAS NA CONSCIÊNCIA

Olho para a Europa e vejo o passado. Olho para a América Latina e vejo o futuro. Os ventos estão soprando a favor de países emergentes como o Brasil. A brisa progressista da mudança está convidando nosso povo a sentir mais orgulho de si mesmo e de seu país. Esse sentimento, no meu olhar jovial da história, foi antecedido por três estágios.

A década de 80 vibrou com a transição democrática que abateu o monstro repressivo da ditadura. A chamada Constituição Cidadã de 1988 foi o estopim da vontade de reconstruirmos uma nação mais livre, madura e plural, disposta a reconhecer legalmente lutas históricas encampadas pela sociedade civil organizada e seus movimentos sociais. Eu tinha apenas 8 anos quando isso aconteceu. Tais luzes pareciam anunciar uma nova era.

Infelizmente, o fardo elitista de arrogância continuou infiltrado na política brasileira, cujas engrenagens do poder não se mostraram em nada simpáticas aos anseios populares expressos em reivindicações ligadas a reforma agrária, educação pública e democratização da mídia. Um sociólogo ideologicamente de araque, em oito anos de conservadorismo burguês, deixou tristes marcas: privatizou nossas esperanças, aprofundou nossas desigualdades e retardou nosso desenvolvimento. O desgoverno desse ex-presidente foi ótimo para as multinacionais estrangeiras, mas péssimo para muitas empresas domésticas.

Em 2002, uma espécie de “Barack Obama brasileiro”, forjado nas lides sindicais, foi eleito por uma multidão desiludida com os rumos da pátria. Mesmo sem erudição intelectual (tão sofisticada quanto inútil), suficientemente espontâneo e seguro a ponto de dar declarações informais a exemplo do “sifú” (para a alegria estúpida dos guardiões do vernáculo polido), buscou recuperar um pouco da auto-estima coletiva, do respeito internacional, da dignidade social, da prosperidade econômica e da memória histórica de nosso país. Não é à toa que sua popularidade atingiu, bem recentemente, recordes olímpicos de aprovação.

Claro que há defeitos e os principais deles, na minha visão pessoal, residem no excesso de paciência frente aos interesses bancários, às manipulações midiáticas e às conivências judiciárias que, respectivamente, oprimem nossas finanças, deturpam nossa comunicação e anulam nossa justiça. São embates que precisariam ser travados.

A boa notícia é que, nos últimos tempos, após rasgar as mordaças costuradas pela mídia oficial, venho tentando pensar com meus botões e me manifestar sem censura pelas vias da blogosfera. Ou seja, naquela época de 88, a rede Globo podia nos fazer de bobo, muito mais facilmente. Agora, levando-se em conta as benesses da globalização consubstanciadas na difusão da internet, podemos buscar - e até veicular - a informação que queremos.

Pois bem, o Brasil vive um momento ímpar em sua trajetória, pois temos a oportunidade, como dizia Mahatma Ghandi, de ser a mudança que queremos ver no mundo. Eu não tenho a menor dúvida do primeiro passo que devemos empreender, mas antes de revelá-lo cabe um alerta: é preciso deixar as picuinhas academicistas de lado e resistir aos debates marxistas, freudianos ou nietzscheanos das estéreis mesas de bar.

Nossa missão nunca foi tão clara e decisiva para o destino sustentável de nossas vidas: precisamos terminar de enterrar o atentado mais terrorista que já se institucionalizou em nossa civilização (pelo menos dentro da minha idade de quase 29 anos). Esse atentado à vida, ao amor, à justiça, à liberdade, à paz, atende pelo desgraçado nome de neoliberalismo. Aposto que se você tiver a idéia de apelidar seu cachorro, seu papagaio, seu hamster, com este maldito nome, “si-fú...”, pobres animaizinhos, eles se matariam de tanto desgosto.

Tampouco será alguém lá de cima do nosso continente, mesmo que seja afro-descendente e banque a pose de super-herói hollywoodiano, que nos salvará sozinho de qualquer catástrofe. Ademais, as peças do tabuleiro geopolítico andam meio deslocadas. Os EUA, juntamente com seus amigos europeus e seu colega japonês, estão colhendo o que plantaram. O protagonismo mundial rumo à transição para outro paradigma, portador de um novo modelo político-econômico, irmanado com os desafios sócio-ambientais do século XXI, está agora na mão dos países emergentes: Brasil, Índia, Rússia e, sobretudo, China.

Convém acrescentar que essa opção, ao ser abraçada sem vacilação, envolve dimensões altamente profundas, que vão desde o revigoramento crítico de linguagens culturais e artísticas como a música, a literatura e o cinema até a ressignificação holística e ecumênica dos valores espirituais e filosóficos que dão sentido à existência, passando radicalmente pela humanização e reintegração sistêmica dos saberes científicos e práticas institucionais que fundamentam a formação intelectual e condicionam a atuação profissional.

Conceitos como lucro, individualismo e competição precisam ser urgentemente revistos, antes que a natureza exploda e a humanidade vire pó. É um absurdo abominável aceitarmos que salários de mega-especuladores financeiros superem com folga o PIB conjunto de pequenos países africanos. Meu Deus, quando seremos verdadeiramente humanos?

Vocês já imaginaram em quantas vezes os faturamentos da indústria armamentista superam os investimentos da política alimentícia??? Não queiram saber, pois senão vocês teriam todo o direito de jogar mil sapatadas em nossa consciência, até o glorioso dia em que a gente acordar da anestesia social e se negar a deixar alguém agonizar fora de um lar.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Mensagem: O BOSQUE

Recebi no dia 26/10/2008 essa bela mensagem de uma colega. Estava esperando a mensagem criar raízes mais sólidas para divulgá-la com mais vigor em meu blog. Seu conteúdo tem tudo a ver com os desafios trazidos por um novo ano.
(Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

O BOSQUE

POR ROBERTO ROMANELLI MAIA

Tempos atrás eu observei quando estudava no exterior que numa casa onde passava diariamente eram plantadas, por um senhor de meia idade, novas árvores no seu enorme quintal.

Às vezes, eu parava para ver o esforço desse senhor para plantar árvores e mais árvores, todos os dias. E o que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava pois nunca o vi usando água para tal fim.

Depois de algum tempo, passei a notar, que as suas árvores estavam demorando muito para crescer.

Por isso, certo dia, resolvi então aproximar-me do senhor e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem! Pois percebia que ele nunca as regava. Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.

Disse-me que, se regasse as suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima. Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo. Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais resistentes às intempéries. E durante anos essa foi a única conversa que tive com aquele senhor que faleceu três anos depois.

Muito tempo depois retornei ao meu país e passados vários anos decidi visitar novamente essa cidade e fui fazer uma visita a minha antiga universidade. E ao aproximar-me, notei um bosque que não existia antes. O meu amigo, que tanto apreciava a natureza, plantas, árvores e flores, havia realizado o seu sonho!

O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno, mas ao aproximar-me da casa que tinha sido daquele senhor, notei como estavam sólidas as suas árvores. Elas praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda. Que efeito curioso, pensei eu... As adversidades pela qual aquelas árvores tinham passado, tendo sido privadas de água, pareciam tê-las beneficiado de um modo que o conforto e um tratamento mais fácil jamais conseguiriam.

E foi essa visão de uma parte do meu passado que me levou o observar melhor como a juventude de hoje têm crescido.

Por isso, freqüentemente, a questiono e penso que ela não sabe o que quer nem o que faz. Pois, na maioria das vezes, os jovens querem e pedem para que suas vidas sejam comodas e fáceis! E seus pais clamam ao céu: " Deus, livre meus filhos de todas as dificuldades e agressões desse mundo".

Quando deveriam alterar suas orações. E essa mudança teria a ver com o fato que é inevitável que os ventos gelados e fortes os atinjam e aos seus filhos. Pois eles encontrarão inúmeros problemas e, portanto, as suas orações para que as dificuldades não ocorram, são, no mínimo, ingênuas demais. Sim, sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar, e por isso já é hora de muitos pais mudarem as suas orações.

E farão isso porque, quer eles queiram ou não, a vida não é tão fácil como muitos acham e querem que seja. Assim, ao contrário do que fazem, regularmente, deveriam passar a orar para que os seus filhos cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam retirar energia das melhores fontes e das mais fortes, que se encontram nos locais mais remotos.

Sim, está na hora de muitos entenderem que orar demais para se obter facilidades, não leva a lugar nenhum! Pois, na verdade, o que precisa, a maioria dos seres humanos, é desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que quando as tempestades chegarem e os ventos gelados do inverno soprarem, eles possam resistir, bravamente. Ao invés de serem subjugados e varridos para longe.

Direitos autores reservados a Roberto Romanelli Maia

POESIA ESPECIAL: Castelos de Areia

CASTELOS DE AREIA

Primeiro ameaçam o teu berço e depois o teu destino.
Primeiro interrompem teu lazer e depois tua respiração.
Primeiro roubam o teu pirulito e depois a tua esperança.
Primeiro ignoram a tua opinião e depois a tua educação.

Primeiro censuram a tua piada e depois a tua indignação.
Primeiro abreviam a tua alegria e depois a tua existência.
Primeiro assustam o teu amiguinho e depois a tua cidade.
Primeiro negam os teus direitos e depois a tua identidade.

Primeiro sacrificam o teu cachorro e depois a tua família.
Primeiro corrompem a tua inocência e depois o teu corpo.
Primeiro tomam o teu brinquedo e depois a tua cidadania.
Primeiro ignoram tua alimentação e depois o teu emprego.

Primeiro destroem os teus heróis e depois os teus valores.
Primeiro derrubam o teu bombom e depois a tua confiança.
Primeiro arruínam a tua felicidade e depois tua auto-estima.
Primeiro desfazem teus castelos de areia e depois teus lares.

( POETA DO SOCIAL )

Em Homenagem ao Dia das Crianças em 2007

Primeiro Impulso Poético


Cada verso é uma ponte entre a magia e a realidade. Em toda rima jaz uma nota cristalina de subjetividade, compondo qual tijolo a arquitetura lingüística de mais uma estrofe, esculpida pela inspiração e sensibilidade dos poetas, que estão sempre de almas abertas para captar o que muitos não conseguem expressar ou sequer enxergar.

Mas engana-se quem pensa que a poesia é um mero escape ultrapassado da razão ou uma esfera povoada unicamente pelo lirismo de gente apaixonada. Os versos também existem para questionar esse mundo pelo avesso, contaminado por valores perversos como o egoísmo e a indiferença. Vivemos uma sociedade afetivamente asfixiada pela ditadura da razão.

O neoliberalismo pode afundar o planeta e explodir a economia, mas nunca deixarei que sistemas suicidas e excludentes arranhem sequer um centímetro de minhas utopias e arranquem pelo menos uma pétala de altruísmo dos jardins de minha alma. Dentro de mim idealizo cenários belos e perfeitos: mundos mais humanos, pessoas mais felizes, relações mais sinceras, povos mais unidos, países mais solidários, líderes mais atuantes.

E foi assim, de tanto sonhar, que comecei a desabafar, me armando de versos para protestar e militar através da arte poética. Essa tendência ganhou concretude quando tive a idéia de criar a seção Minuto Poético em meu Orkut, onde me identifico como “Pablo Robles”. Desde então, sem exceção, venho postando uma nova poesia a cada semana no meu perfil de apresentação desta rede social (na parte “quem sou eu?”... me localizem e confiram!).

Contudo, tem um grande detalhe que fez e faz toda a diferença para mim. Optei por priorizar, neste espaço e em minha práxis literária, a produção e difusão de poesias de caráter social, a fim de promover reflexões, atitudes e mensagens em prol de um mundo melhor. Apesar de me empolgar com diferentes coisas e ter uma vida profissional pouco estável, nunca abandonei tal compromisso virtual. Prova disso é que já publiquei 86 poesias desde março de 2007.

Para fixar e consolidar minha imagem como poeta de conteúdos e causas sociais, tomei então a liberdade de adotar um pseudônimo que fizesse jus inequívoco a esta finalidade. Dessa forma nasceu o “Poeta do Social”. Preparei certa feita um artigo destinado a me apresentar poeticamente para o mundo, inicialmente junto aos meus amigos e depois na blogosfera. Foi uma espécie de anúncio de um novo poeta. Algo amador, mas bem intencionado.

Meses depois tive a grata oportunidade de ser convidado, através do próprio Orkut, a participar como co-autor da terceira edição de uma Antologia dos Poetas Virtuais, um Projeto de ousada envergadura levado a cabo por Magali Oliveira, uma batalhadora mulher que, além de escritora e poeta, também vem materializando sua veia empreendedora no campo da cultura. Vejam maiores informações no site: http://www.poetasvirtuais.com.br.

O excelente incentivo ensejado por esta antologia, que já se encontra em sua terceira edição, permitiu que oito poemas meus fincassem seus versos e recados sociais em uma primeira publicação impressa: “Dialogando com a sensibilidade”, “Pingos do céu”, “Resto de fé”, “Parábola das indagações”, “Castelos de Areia”, “Seja a sua metamorfose”, “Podemos mudar o mundo”, “Irmãos de utopia”. Algumas destas peças estão hospedadas aqui em meu blog, no marcador “Poesias Especiais”, em homenagem a comemorações marcantes.

Não posso deixar de registrar a presença dos vinte poetas (co-autores) da referida obra coletiva - quem tiver blog/site será guiado para lá: Magali Oliveira, Thony Pereira, Mone Carmo, Jane Rossi, Neneca Barbosa, Rosane Silveira, Soninha Porto, Eliza Gregio, Delince, Maira Cervi, Poeta do Social, Marineves Rodrigues, Andrea Lucia, O Trovador, Pavann, Sandra L. Stabile, Espedita Barros, Sigrid Spolzino, Monica Rosenberg e Leila Wermeling.

Encontram-se neste volume poetas de três quadrantes do sertão nordestino (Catunda - CE; Cocal - PI; e Riacho dos Cavalos - PB) e de oito recantos estaduais do Brasil: CE, PA, SP, RJ, PE, RS, PR e MG. O lançamento aconteceu em novembro, em Santo Antônio de Pádua - RJ. Eis a referência da obra: Antologia dos poetas virtuais: 3.° livro de poesias dos poetas virtuais (208 p.) - Organização de Magali Oliveira / Fortaleza: Premius, 2008. O valor de aquisição do livro pelo correio, incluindo frete, custa R$ 25,00 (vinte e cinco reais) e pode ser encomendando junto a Magali, através do e-mail magalioliveira@poetasvirtuais.com.br.

Um grande mérito do Projeto reside em encorajar e projetar novos talentos e dizeres poéticos, consagrados pela singularidade de quem os teceu e decidiu espalhá-los, rompendo o anonimato de escritos que poderiam morrer empoeirados e frustrados. A jornalista Marília Falcão, ao apresentar a antologia, enaltece sua inevitável diversidade: “alguns, essencialmente românticos, colocam algo como mel em suas palavras (...) outros falam de coisas da vida com tal profundidade que (...) sempre encerram grandes lições”.

Para não esticar mais o texto, cabe a mim uma promessa que você, amigo(a) leitor(a), deverá ser o(a) primeiro(a) a me cobrar no futuro: pretendo lançar, possivelmente em 2009, um primeiro livro solo de poesias sociais, de modo que esta publicação coletiva representa uma poderosa alavanca capaz de me impulsionar para vôos e desafios maiores.

Por fim, devo ainda confessar que eu não planejava exatamente chegar até aqui desse jeito. Quando lancei o Minuto Poético em meu Orkut, fazia seis meses que eu tinha terminado um longo namoro de seis anos, que foi bonito e poético enquanto durou. Mas a roleta do destino girou e aqui estou. Outro acontecimento foi a perda do meu acervo de poesias da mocidade, varridas por um vírus que infectou um computador insensível para backups. Sem falar que minha trajetória profissional no campo das ONGs passou por tropeços e superações.

Afinal de contas, não é fácil voltar a escrever cem poesias, nos atribulados anos de 2007 e 2008 que tive, quando você descobre que a grande maioria das poesias de seu passado (mais de cem), que remonta aos tempos áureos e férteis de adolescência, se evaporou por um descuido evitável. Foi nesse espírito que dei à luz uma das poesias inaugurais desta minha nova empreitada artística. “Consolos e Recomeços”. Acabei de socializá-la, em primeira mão, aqui em meu blog. Quem a ler, captará melhor a dimensão do que expus.

Transcrevo enfim, sem por nem tirar uma só interjeição, o depoimento que recebi de uma gentil e querida amiga, cujas palavras me tocaram tanto que nunca as demiti da caixa postal de torpedos do meu celular: “Fiquei feliz por ter me enviado suas poesias...são lindas e sensíveis e conseguem atingir a alma...vc escreve mto bem, parabéns! Não apenas pela escrita mas principalmente pelo conteúdo!! Vc tem que publica-las!!! Bjos!! Tudo de bom pra vc! Fica bem!” Despeço-me com um PS que não quer calar: Obrigado a todas e todos que, com os olhos de sua alma, educaram e engrandeceram minha sensibilidade e militância poética.

sábado, 20 de dezembro de 2008

POESIA: Consolos e Recomeços

Sumiram minhas poesias, mas me restou a inspiração.
Perdi meu grande amor, mas reencontrei meu coração.
Abalaram minha religião, mas fortaleceu-se minha fé.
Antes estava caído, mas agora estou novamente de pé!

A dor que faz sofrer também tem a vocação de curar.
A saudade que faz lembrar deve aprender a esquecer.
O tempo que aprisiona é o mesmo que ajuda a libertar.
A morte que ameaça também inspira um melhor viver.

O sofrimento que afunda contém a mola que impulsiona.
Ao fim de cada tropeço, um convite ao eterno recomeço.
As lágrimas, ao encharcar o leito, vão secando a angústia do peito.
Mesmo o pior tormento que avança cede ao consolo da esperança.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Os Perigos da Corrida Alimentícia

De crise em crise ou a gente tropeça feio e afunda ou se desvia das pedras e evolui. O que me preocupa na matéria abaixo, além da necessidade do Brasil se impor nessa conjuntura e de sua obrigação de zelar pela saúde equitativa da economia rural, é o destino sempre delicado do continente africano, como se já não bastassem as pegadas sangrentas de sua história, espoliada por explorações estrangeiras e desestabilizada por conflitos tribais em nada naturais. O alerta está sendo feito por dois tablóides ingleses, os quais certamente, uma vez que ingênuos não são, temem ver a Europa perder terreno nessa corrida alimentícia contra o patrimônio agricultável e soberano do Brasil e outras regiões que também estão na mira gulosa da China e Arábia Saudita. Vamos logo abrindo o olho!
(Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

Começa a corrida pela produção de alimentos
Por Carlos Drummond - Campinas (SP)
FONTE: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3363401-EI6609,00-Comeca+a+corrida+pela+producao+de+alimentos.html

Em meio à crise econômico-financeira mundial e em parte por ela estimulada, teve início uma corrida de países importadores de alimentos em busca de terras agricultáveis de países produtores que poderá conduzir a um neo-colonialismo. O alerta, feito por Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, organização da ONU encarregada de assuntos de agricultura e alimentação, ecoou primeiro no Financial Times e, neste final de semana, no The Guardian Weekly, ambos jornais ingleses.

Entre os países que seriam alvo da corrida estaria o Brasil, com seus 200 milhões de hectares de terras cultiváveis e maior produtor mundial de açúcar, café, carne e frango. A Arábia Saudita e a China seriam alguns dos países interessados no aproveitamento de terras agrícolas brasileiras, de acordo com o semanário inglês. Um exemplo recente da corrida por terras é o anúncio feito há duas semanas pela empresa coreana Daewoo Logistics, do plano de uma operação de leasing de um milhão de hectares em Madagascar por um prazo de 99 anos, para produção de óleo vegetal.

O assédio por terras para produção de alimentos soma-se à escalada de aquisições, feitas nos últimos anos por investidores e empresas estrangeiros, de áreas para produção de fontes de energia renovável, principalmente cana-de-açúcar. Essas operações são puramente comerciais: o investidor estrangeiro compra a terra, produz cana e álcool e exporta, além da terra utilizada, água e energia solar. Ao contrário do que fizeram países como a Finlândia, na produção de celulose, o Brasil não estabeleceu qualquer contrapartida para os investidores estrangeiros, como a transferência de tecnologia e o financiamento de centros de pesquisa. Não há indício de que, no caso da aquisição externa de terras agricultáveis do Brasil, o procedimento será outro.

Diouf alertou que "algumas negociações levaram a relações internacionais desiguais e a uma agricultura mercantilista de curto prazo". Há um outro risco, identificado por Diouf: o da reprodução de condições desumanas de trabalho no campo. No caso da cana-de-açúcar, é internacionalmente conhecida a situação degradante de trabalhadores brasileiros, inclusive em regiões produtoras de São Paulo, estado mais rico do país. O dirigente da FAO recomenda a formação de joint-ventures entre os países compradores e os vendedores para estabelecer condições eqüitativas nas transações de áreas agrícolas.

A restrição de exportações de produtos agropecuários de países como a Índia, a Argentina, o Vietnã e a Rússia, para assegurar o abastecimento dos seus mercados internos, aguçou a percepção de importadores como a Arábia Saudita e a China quanto à importância estratégica de terem controle sobre a produção externa de alimentos que consomem. China e Arábia Saudita querem diminuir a sua vulnerabilidade não só quanto a oscilações de preços, mas também no que se refere ao risco de interrupção de suprimento.

Além de visar áreas de produção na América Latina, buscam extensões de terra também na África e na Ásia. As proporções da corrida internacional por terras para produção de alimentos levaram a FAO a criar uma força-tarefa para analisar os problemas potenciais ligados a esse movimento, a exemplo dos direitos sobre a terra e do controle das exportações para evitar escassez de alimentos nos países produtores.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Já Pegou sua Cartinha?

Essa campanha não é nova e, graças ao apoio continuado dos Correios e à solidariedade de seus funcionários, já atingiu a mocidade dos 20 anos; no entanto, novos sonhos são depositados a cada ano por multidões de crianças em todo o Brasil. Seja o papai noel (ou mamãe noel) de pequeninos em busca de melhores esperanças. Você já pegou sua cartinha? Pois se apresse, que o "dingo bell" já está começando a tilintar graciosamente em nossos sensíveis ouvidos natalinos.
(Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

PAPAI NOEL: Cartinhas à espera de padrinhos nos Correios

FONTE: http://www.opovo.com.br/opovo/fortaleza/844295.html - 13/12/2008

A Campanha Papai Noel dos Correios está com as cartinhas expostas para serem adotadas em Fortaleza. 11.385 cartas já chegaram às agências e estão à espera de um padrinho

Papai Noel, me chamo Vitória e tenho oito anos. Neste Natal, queria ganhar uma bicicleta para brincar com minhas amigas. Não sei quanto tempo ainda vou viver, porque meu coração é muito grande, mas ainda queria realizar esse sonho”. Essa é uma das cartinhas que estão expostas no alto da árvore de natal. Por outros galhos, espalham-se mais pedidos: da Ana Paula, do Otávio, do Sávio, da Antônia e de tantas outras crianças carentes. As cartinhas ficam no local até que alguém as adote e realize o desejo contido nas palavras de cada uma. É a Campanha Papai Noel dos Correios.

Iniciado há mais de duas décadas, o projeto monta suas árvores enfeitadas de sonhos em todas as agências dos Correios do Brasil. No ano passado, foram mais de 516 mil cartas em todo o País. Quase metade delas foi apadrinhada. Até agora, no entanto, poucas cartas foram adotadas no Ceará. Até ontem, 11, apenas 150 presentes haviam sido entregues nas agências envolvidas na campanha em Fortaleza. Porém, ainda há tempo para quem quiser apadrinhar uma cartinha e atender o pedido. O prazo para isso vai até o próximo dia 20.

A iniciativa surgiu da sensibilização de funcionários das agências que recebiam correspondências endereçadas ao Papai Noel. Eles atendiam a alguns pedidos, mas as cartas eram muitas. Até que surgiu a idéia de estender a ação à sociedade. Com a dimensão conquistada, a campanha tornou-se projeto institucional dos Correios em 1994. Os cidadãos voluntariamente começaram a participar: lendo as cartas, fazendo a triagem e, principalmente, adotando um sonho. Regilane Faustino, 20, há três anos vai à agência dos Correios no Centro para escolher uma cartinha e comprar o presentinho desejado. “E, sempre que eu trago o presente, acabo pegando outra”, afirma. A professora de inglês, Aline Rodrigues, 25, vai presentear três crianças: “Já passei dificuldades, sei como é. E no Natal você tem essa coisa de ajudar”.

Faltam padrinhos

Em 2007, os Correios do Ceará receberam 10 mil cartas e três mil delas foram adotadas. Segundo a coordenadora do projeto, Fátima Coutinho, é necessária uma mobilização maior da população. “Faltam padrinhos. Até agora, 602 cartas foram apadrinhadas, mas só 150 presentes foram deixados em nossas agências”, declara. Outros 452 continuam sendo promessa. Neste ano, entre as cartinhas que chegaram, a maioria pede material escolar, colchões, roupas, próteses e bicicletas. Todos os anos, Mariana Silva de Vasconcelos, 9, escreve uma cartinha de Natal e, acompanhada da mãe, vai deixá-la nos Correios. “Eu estou pedindo uma boneca e tenho certeza que ele vai realizar meu sonho. Eu acredito em Papai Noel”. A entrega dos presentes é feita de casa em casa pelos Correios. As crianças que não têm o pedido atendido recebem uma carta-resposta azul assinada pelo Papai Noel que deseja à família um feliz Natal..

Como funciona o projeto

Todas as cartas enviadas aos Correios passam por uma triagem.

O processo elimina imediatamente as cartas com endereços repetidos ou incompletos.

Cartas de adultos, bem como as que trazem pedidos de medicamentos, celular, MP3, DVD e semelhantes não são selecionadas.

A Campanha Papai Noel dos Correios atende cartas manuscritas de crianças carentes com até 12 anos de idade.

Quem quiser participar adotando um pedido de natal pode escolher as cartinhas fixadas nas árvores das agências do Centro, do Iguatemi e da Aldeota. O apadrinhamento pode ser anônimo. Os presentes devem ser deixados nas agências até o dia 20.

Serviço [local]

Para ser um voluntário na leitura e triagem das cartas, o cidadão deve entrar em contato com o Serviço Social dos Correios. Telefone: (85) 3255 7136.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Afinal, o que são ONGs?

Afinal, o que são ONGs? Uma introdução necessária

Muito se ouve acerca das organizações não-governamentais, mas pouco ainda se sabe sobre quem são, o que fazem e como se caracterizam estes importantes atores institucionais do campo social, que adquiriram visibilidade crescente e papel destacado nas últimas décadas, suprindo freqüentemente o vazio comunitário aberto pelas políticas neoliberais responsáveis pelo enfraquecimento do Estado e pela redução expressiva de sua cobertura social.

O saudoso sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, nos deixou uma boa compreensão do significado deste novo perfil de organização: “Uma ONG se define por sua vocação política, por sua positividade política: uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver uma sociedade democrática (...) As ONGs são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham”.

Percebam, na definição exposta, a ênfase ao papel democrático das ONGs. Isso tem uma forte conotação histórica, pois tais entidades ganharam força no contexto da ditadura, servindo de abrigo aos militantes e grupos impedidos de fazer oposição partidária. Com a redemocratização brasileira e a incorporação de importantes direitos sociais pela Constituição de 1988, chamada não por acaso de Constituição Cidadã, a atuação das ONGs foi saindo do anonimato, assumindo densidade técnica e se especializando em diferentes temáticas.

Não é fácil caracterizar o universo multifacetado, difuso e fragmentado das ONGs, mas de um ponto de vista geral podemos enumerar alguns traços comuns, sintetizados por Sílvia Ramos, por exemplo, em quatro aspectos básicos: “a valorização da competência técnica, a profissionalização da militância e a especialização; a tendência à multiplicação e à diversificação; a perspectiva internacional; a autonomia em relação ao Estado”.

Algumas reflexões merecem ser depreendidas a partir de tais elementos. Primeiro, o amadorismo não é mais bem-vindo na esfera social. É preciso mudar o mundo com eficiência. Segundo, tais instituições não devem agir de forma isolada. É fundamental unir seus esforços, articulando-se inclusive em campanhas nacionais e redes mundiais. Terceiro, as ONGs devem preservar, acima de tudo, sua independência, agindo com isenção e transparência.

Segundo estatísticas do IBGE, 276 mil fundações e associações sem fins lucrativos existiam no país em 2002, número este que na atualidade é seguramente maior, considerando o fato de que muitas iniciativas sociais não são registradas juridicamente e portanto não aparecem nas estatísticas oficiais. O mesmo estudo revelou que as temáticas de atuação destas organizações se distribuem da seguinte forma: religiões (26%); desenvolvimento e defesa de direitos (16,4%); associações patronais e profissionais (16,2%); cultura e recreação (14%); assistência Social (12%); educação e pesquisa (6%); outros temas (10%).

Em termos jurídicos, o novo Código Civil enquadra as entidades privadas sem fins econômicos – incluindo neste caso as ONGs e demais atores organizados - em apenas três categorias: associação civil, fundação privada e organização religiosa. Isso implica dizer que a expressão ONG, por sua vez, tem um sentido prático, político e didático, sem respaldo legal nem fundamentação científica. É um termo guarda-chuva, que foi introduzido publicamente pela ONU em 1950 para representar o conjunto de organizações sociais desvinculadas da esfera governamental, dedicadas a questões humanitárias e outras causas públicas.

Devido a pouca densidade teórica, muitos autores preferem se referir às ONGs como organizações da sociedade civil, buscando de certa forma destacar o perfil combativo, mobilizador e transformador destas entidades, abrangendo desde os grupos de direitos humanos e entidades ambientais aos movimentos sociais e associações comunitárias. Esse entendimento ajuda a fazer contraponto às organizações de âmbito restritivo ou corporativista, tais como as associações de classe, as agremiações culturais e os times de futebol.

A opinião pública, informada por um padrão de mídia conservadora e cúmplice dos interesses de mercado, não costuma ter a oportunidade de ouvir o lado bom das ONGs e movimentos sociais; uma vez que a televisão adora alardear os escândalos oriundos de um número bem circunscrito de instituições e profissionais da área social - não raro mal intencionados, oportunistas e sem compromisso real com os valores positivos de justiça, democracia e solidariedade encampados pela imensa parte da sociedade civil.

É preciso, fundamentalmente, qualificar o papel das ONGs, seguindo o velho conselho de separar o joio do trigo, como já fazemos de forma cotidiana e geralmente implícita nos ambientes de trabalho, nos meios religiosos, nas campanhas eleitorais e no conjunto de nossas relações interpessoais. O neoliberalismo não deveria ter feito o estrago que fez no Brasil e no mundo. Vide a presente crise. Mas a sociedade não podia ficar de braços cruzados. Foi por isso que as ONGs reagiram, se difundiram e se fortaleceram... felizmente.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Nadando a Favor da Verdade

O que seria do mundo se a cada tosse e a cada espirro que déssemos, testemunhas apocalípticas apontassem seus dedos enrugados de pessimismo para a gente e dissessem: Você está doente! Você precisa ir ao médico! Você precisa comprar remédios! Essa mídia retrógrada - essa sim doente, míope e desequilibrada – está querendo, desculpe o sensacionalismo da metáfora (acho que peguei essa mania da Globo), colocar em coma a economia de um país que acabou de receber alta com conquistas históricas paras os trabalhadores e outros avanços bastante saudáveis para a musculatura sustentável de nosso grande país, conforme estatísticas sérias de órgãos como o IBGE registram. Brasileiros e brasileiras, não podemos nos deixar deprimir e se abater por grupos conservadores que querer recuperar seu poder e devolvê-lo possivelmente para José Serra. Leiam e reflitam sobre esse ótimo texto.

Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você

NADANDO A FAVOR DA CORRENTE

Por Miguel do Rosário

FONTE: http://oleododiabo.blogspot.com/2008/12/nadando-contra-corrente.html

A politização dos números da economia está enlouquecendo as redações. O que houve hoje, quarta-feira 10 de dezembro, não foi outra coisa que não uma sabotagem midiática organizada. O IBGE divulgou que o crescimento da economia brasileira no terceiro trimestre bateu um recorde histórico. Mais que isso. Registrou-se um crescimento de qualidade, com ampliação do parque industrial, aumento da massa salarial, do nível de emprego, e com melhores índices entre as regiões e as camadas sociais mais pobres - portanto com distribuição de renda. O que seria uma excelente oportunidade para melhorar o astral e incentivar um clima de otimismo às vésperas do Natal, quando as vendas costumam ganhar ritmo, incentivando a economia e gerando mais empregos, foi transformado, por uma operação alquímica típica de nossa mídia, em augúrio de novas desgraças. Nem o bom senso está sendo mais respeitado. Miriam Leitão entrevista analistas - certamente escolhidos a dedo entre a turma urubunômana - que chegam ao cúmulo de afirmar que a alta na economia no terceiro trimeste tem um ponto negativo: de que formarão uma base alta para uma queda abrupta no quarto trimestre. Nem consigo explicar direito, de tão estúpido. Quer dizer que os milhões de empregos gerados, a felicidade nos lares, os eletrodomésticos, tão sonhados, que foram adquiridos, têm um ponto negativo? Tudo tem um lado negativo, ok, mas neste caso, é como dizer que viver tem um lado negativo, que é a constante possibilidade de morrer. Morrer também é uma "queda abrupta".

"Crise freia país no auge de seu crescimento econômico"

Esta é a manchete do Globo. No entanto, como ele pode afirmar, peremptoriamente, que a crise "freia país", se o referido recuo na economia é apenas uma previsão? O que é científico, comprovado, é o crescimento do país.

Na tentativa de desculpar-se por ter previsto tanta desgraça e agora ser obrigado a vir a público com a notícia do maior crescimento da história recente, a mídia diz que a crise financeira iniciou-se somente em setembro, ao final do terceiro trimestre, com a falência do Lehman Brothers, e que afetaria a economia brasileira apenas no quarto trimestre. É mentira. A crise econômica mundial, e mais especificamente nos EUA, iniciou-se há dois anos, com a quebra de várias grandes corporações. Recentemente, a própria imprensa noticiou que os EUA vivem recessão há um ano.

Houve um estouro de bolha a partir de setembro, está certo, mas, apesar dos trilhões envolvidos, não adveio de queda na demanda mundial. Ao contrário, a demanda global prossegue crescendo. Essa crise tem sido uma crise de marcas famosas. Uma crise de bancos privados, estatizados pelos governos europeus e, parcialmente, também pelo governo americano. Os trilhões de dólares mudaram de mãos.

Os profetas do apocalipsse, aqui no Brasil e lá fora, subestimam o poder criativo da raça humana, que já enfrentou crises infinitamente piores que essa. Andaram comparando com o crash da bolsa de Nova York. Outra incorreção histórica. Em 1929, não havia uma Ásia industrializada e pujante. Não havia uma América Latina industrializada e pujante. Não havia uma União Européia unida e forte. Não havia um Brasil industrializado e com petróleo! O Brasil, em 1929, não possuía uma gota de petróleo e, pior, ainda éramos acossados pela propaganda - apoiada por Globo, como sempre - de que não havia possibilidade de haver petróleo no país!

Em 1929, éramos uma grande fazenda monocultura de café. Hoje o Brasil exporta centenas de produtos e todos são importantes para nossa balança comercial. O café, e o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador mundial, representa menos de 1% de nossas exportações.

A crise financeira mundial serviu a vários propósitos interessantes. Ajudou a eleger Obama, um negro de esquerda, para a presidência dos EUA, um fato que terá desdobramentos geopolíticos em todo planeta. E servirá para reduzir o desequilíbrio entre as nações, com redução proporcional do PIB americano em relação aos PIBs de outros países. O Brasil ficará melhor na foto. O Brasil deverá sair da crise com uma graduação mais alta entre as maiores economias do mundo, saindo décima posição para a oitava ou sétima, superando Espanha e Itália e emparelhando com França e Inglaterra.

Na década de 30, nossa única riqueza, o café, atingiu preços tão baixos que Getúlio achou melhor manda queimar quase 100 milhões de sacas estocadas. Com as exportações paralisadas, passamos a investir no mercado interno, e diante de um mundo que afundava em crises e hostilidades, que culminariam na II Guerra Mundial, o Brasil viveu momentos gloriosos em sua economia e cultura, com a implantação de indústrias de base e o surgimento de grandes gênios da literatura, como Graciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade.

Há que se refletir algumas coisas. Primeiro: mesmo se o PIB brasileiro levar um tombo no quarto trimestre, o crescimento acumulado em 2008 terá sido o maior em décadas. Segundo: um país não vive só de PIB. Teremos vivido mais um ano de melhora na distribuição de renda. Regiões pobres, como o Norte e Nordeste, continuam experimentando um crescimento muito acima da média nacional. Criamos a TV Brasil, que deverá se consolidar em breve como a maior TV pública das Américas. Mais de 43 milhões de brasileiros estão acessando a internet, um número incrível, quase metade da população economicamente ativa. As vendas pela internet explodiram. A blogosfera brasileira ganhou autonomia e densidade política, possuindo hoje, provavelmente, mais leitores do que a mídia impressa tradicional. Com um detalhe: se no início, a blogosfera era dominado por playboyzinhos branquelas e mimados, geralmente do Sul e Sudeste, hoje atingiu um amadurecimento muito mais democrático e diversificado, com produtores e leitores de todas as idades, classes sociais, raças e regiões.

Repito: não podemos pensar o Brasil apenas em termos econômicos. O país amadureceu politicamente. Ainda falta amadurecer culturalmente, livrar-se de alguns entulhos do regime militar, sendo o principal deles a paranóia anti-comunista da grande mídia. E o golpismo político. Eliminadas as possibilidades de novos golpes militares contras as forças de "esquerda", a direita avançou sobre as redações de jornal e revista para tentar aprovar sua agenda mafiosa e anti-nacionalista.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Blogs podem mudar o Mundo

Por que não? Diante desse mundo tão caótico em que vivemos, que globaliza crises em vez de unificar soluções, a blogosfera pode sim refundar os paradigmas da esperança, pelo menos antes que a dança da humanidade termine em tragédia e ninguém mais esteja presente para chorar a nossa derradeira catástrofe. Os blogs não surgiram apenas para enfeitar a internet, apimentar a fogueira das vaidades e sofisticar as garras da publicidade.

Me perdoem, mas prefiro acreditar que os blogs têm uma missão maior a cumprir. O circo de contradições da vida real, que deixa milionários e mendigos dividirem o mesmo picadeiro, não merece ser levado muito a sério. O que quero dizer é que a blogosfera, além de fazer rir e entreter, também pode e deve nos fazer refletir e perceber que não somos inúteis. Um blogueiro inconsciente escreve apenas o que pensa, não importando o que os outros esperam ler, mas um blogueiro consciente escreve ainda o que não se diz, tentando despertar os leitores da sonolência induzida e fisgada pela teia dos poderes conservadores de plantão.

Não é preciso quebrar muito a cabeça para chegarmos à urgente conclusão de que o planeta está gravemente comprometido pelas insanidades, injustiças, egoísmos e hipocrisias humanas; ou melhor (pior) dizendo, desumanas. E uma das fontes cruciais dessa sucessão de barbáries reside na falta de informações livres, autênticas e ousadas, comprometidas com a busca e difusão altruísta da verdade, despidas por assim dizer dos interesses e melindres que freqüentemente regem as relações institucionais e poluem as convivências formais.

As escolas não costumam ensinar o que queremos aprender. A mídia não se interessa em informar o que precisamos ver, ler e ouvir. Os lucros do mercado são proporcionais à nossa ignorância. Os políticos se deixam hipnotizar muito fácil pelos cantos corruptores da sereia. A cidadania do povo brasileiro é preguiçosa, difusa e continua demorando para acordar. A responsabilidade social das empresas não vai muito além do discurso e de algumas iniciativas pontuais e impotentes, suficientemente discretas para não ameaçarem seus faturamentos. As igrejas estão mais preocupadas em arrebanhar fiéis do que em promover a espiritualidade, gerando abismos quando deveriam edificar pontes. A arte, após ser triturada pelas engrenagens da modernidade, está sendo engolida pelas etiquetas da moda.

Quanta escuridão exterior assusta nossas luzes interiores. Não culpemos o universo por estes versos tão desafinados. Mas nem tudo são tristezas nesse véu de incertezas. Por outro lado, os blogs estão abrindo espaço para novos atores e vozes, outras cores e valores; tantas vezes abafadas, hipnotizadas e burocratizadas. Os milhões de blogs que invadiram a internet não passam de ensaios da grande revolução que está por vir, alavancada e democratizada pelas conquistas científico-tecnológicas. Os jornais já perceberam esta mudança e estão passando a valorizar mais o papel, a mensagem e o talento dos blogueiros, aos quais não cabem se deixar curvar pela escravidão publicitária.

Aquele ou aquela adolescente que se habituou a biografar os detalhes diários de seu passado, com o tempo, tenderá a amadurecer seus conceitos e ampliar suas pretensões como blogueiro, isto é, como cidadão de um mundo virtual que ainda não se deu conta do gigantismo incalculável que se lhe avizinha em ritmo galopante e arrebatador. Os blogs também existem para antecipar utopias, catalisar transformações, semear sonhos, partilhar lições, orquestrando novas canções - embaladas e rimadas pela vocação grandiosa de mudar o mundo.

domingo, 7 de dezembro de 2008

POESIA: Por Cores Mais Floridas

POR CORES MAIS FLORIDAS

O mundo arde em profundas dores
A humanidade é carente de amores
A televisão se alimenta de horrores
A natureza teme perder suas cores

Preciso de sua mão para tocar o céu
E de seu ombro para escalar abismos
Somos grávidos de bondades infinitas
Abortadas por cruéis neoliberalismos

Antes que as lágrimas lhe afoguem
Antes que tantas luzes se apaguem
Antes que todas as rimas murchem
Antes que apareçam outros Bushs

A esperança é a última a desistir
Sua alma não pode parar de sorrir
A mudança é a vocação do sentir
Já começo a ver seu coração florir

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Crise da Desintegração

Quem dera se dez por cento da grande mídia fizesse eco a este lúcido alerta de Leornado Boff. Já que as sociedades ricas exploram tanto a indústria de entretenimento do futebol, deviam pelo menos seguir seu exemplo nas outras movimentações, muito mais sérias, da vida cotidiada. Ou seja, falta trabalho em equipe, articulação em rede, estratégia coletiva, complementação de papéis, treinamentos sistemáticos. Cada problema não deve virar a bola da vez e fazer com que os "jogadores geopolíticos" corram afoitos e desorientados atrás dela. Assim ninguém "faz gol" e muita coisa fica atolada na mesmice. A crise econômica não pode diminuir o combate à problemática ambiental. O aquecimento global não pode desviar o foco dos conflitos locais. A mente não pode ser divorciada do coração. A fé, nem que seja pelo menos a esperança em si mesmo, não pode ser externalizada e institucionalizada pelas religiões. E por falar em fé, como dói fundo na alma da consciência saber que investimentos sociais não passam de esmolas frente aos astronômicos orçamentos bélicos. O primeiro remédio, o mais essencial para salvarmos o futuro, é universalmente gratuito e insuperavelmente potente: amar a vida, conforme a sensibilidade ecumênica deste escritor prescreve à humanidade.
(Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

ELES NÃO AMAM A VIDA

Por Leornardo Boff

FONTE: Agência Carta Maior - 02/12/2008
LINK: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4042&boletim_id=499&componente_id=8726

A busca de uma saída para a crise econômico-financeira mundial está cercada de riscos. O primeiro é que os países ricos busquem soluções que resolvam seus problemas, esquecendo do caráter interdependente de todas as economias. A inclusão dos países emergentes pouco significou, pois suas propostas mal foram consideradas. Prevaleceu ainda a lógica neoliberal que garante a parte leonina aos ricos.

O segundo é perder de vista as demais crises, a ecológica, a climática, a energética e a alimentar. Concentrar-se apenas na questão econômica, sem considerar as outras, é jogar com a insustentabilidade a médio prazo. Cabe recordar o que diz a Carta da Terra: "nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções includentes" (Preâmbulo).

O terceiro risco, mais grave, consiste em apenas melhorar as regulações existentes em vez de buscar alternativas, com a ilusão de que o velho paradigma neoliberal teria ainda a capacidade de tornar criativo o caos atual.

O problema não é a Terra. Ela pode continuar sem nós e continuará. A magna quaesto, a questão maior, é o ser humano voraz e irresponsável que ama mais a morte que a vida, mais o lucro que a cooperação, mais seu bem estar individual que o bem geral de toda a comunidade de vida. Se os responsáveis pelas decisões globais não considerarem a inter-retro-dependência de todas estas questões e não forjarem uma coalizão de forças capaz de equacioná-las aí sim estaremos literalmente perdidos.

Na verdade, se houvesse um mínimo de bom senso, a solução do cataclismo econômico e dos principais problemas infra-estruturais da humanidade seria encontrada. Basta proceder a um amplo e geral desarmamento já que não há confrontos entre potências militares. A construção de armas, propiciada pelo complexo industrial-militar, é a segunda maior fonte de lucro do capital. O orçamento militar mundial é da ordem de um trilhão e cem bilhões de dólares/ano. Já se gastaram somente no Iraque dois trilhões de dólares. Para este ano, o governo norte-americano encomendou armas no valor de um trilhão e meio de dólares.

Estudos de organismos de paz revelaram que com 24 bilhões de dólares/ano - apenas 2,6% do orçamento militar total - poder-se-ia reduzir pela metade a fome do mundo. Com 12 bilhões - 1,3% do referido orçamento - poder-se-ia garantir a saúde reprodutiva de todas as mulheres da Terra.

Com grande coragem, o atual Presidente da Assembléia da ONU, o padre nicaragüense Miguel d’Escoto, denunciava em seu discurso inaugural em meados de outubro: existem aproximadamente 31.000 ogivas nucleares em depósitos, 13.000 distribuidas em vários lugares no mundo e 4.600 em estado de alerta máximo, quer dizer, prontas para serem lançadas em poucos minutos.

A força destrutiva destas armas é aproximadamente de 5.000 megatons, força que é 200.000 vezes mais avassaladora que a bomba lançada sobre Hiroshima. Somadas com as armas químicas e biológicas, pode-se destruir por 25 formas diferentes toda a espécie humana. Postular o desarmamento não é ingenuidade, é ser racional e garantir a vida que ama a vida e que foge da morte. Aqui se ama a morte.

Só este fato mostra que a atual humanidade é feita, em grande parte, por gente irracional, violenta, obtusa, inimiga da vida e de si mesma. A natureza da guerra moderna mudou substancialmente. Outrora "morria quem ia para a guerra". Agora não, as principais vítimas são civis. De cada 100 mortos em guerra, 7 são soldados, 93 são civis, dos quais 34, crianças.

Na guerra do Iraque já morreram 650.00 civis e apenas cerca de 3.000 soldados aliados. Hoje assistimos algo absolutamente inédito e de extrema irracionalidade: a guerra contra a Terra. Sempre se faziam guerras entre exércitos, povos e nações. Agora, todos unidos, fazemos guerra contra Gaia: não deixamos um momento sem agredi-la, explorá-la até entregar todo seu sangue. E ainda invocamos a legitimação divina para o nosso crime, pois cumprimos o mandato: "multiplicai-vos, enchei e subjugai a Terra"(Gen 1,28).

Se assim é, para onde vamos? Não para o reino da vida.

Lula supera próprio Recorde

Façamos um exercício de futurologia. O filho, no auge de suas aulas e tarefas escolares de História do Brasil, pergunta intrigado para seus pais: “Quem foi aquele homem barbudo, chamado por um nome simples e estranhamente impopular, que alguns coleguinhas meus preconceituosos disseram que não tinha sequer curso superior e ainda tinha um dedo a menos?”. A resposta não tarda e vem transbordando de orgulho: “Querido filho, esse homem foi o Lula, o presidente melhor avaliado que nosso país já teve, aplaudido pela maioria de todos os segmentos populacionais. Sua sabedoria diplomou-se nas lutas sindicais legitimadas pelo povo. O dedo que lhe falta na mão foi como que transplantado para o coração, de onde soube apontar, apostar e assinalar um Brasil mais soberano, maduro e confiante, capaz de brilhar entre as potências emergentes e renovadoras do planeta”. O filho, babando de contentamento, dispara apenas uma dúvida: “Mas, pelo que andei pesquisando nos jornais de grande circulação impressa e televisiva da época, não entendo porque ele era tantas vezes criticado e ridicularizado”. Os pais, mal contendo a vergonha que sentiam e sentem pela abordagem manipuladora e conservadora da Rede Globo, preocupada em precipitar e alarmar crises internacionais em vez de denunciar e debater suas causas, tentam dissipar a angústia perspicaz do filho: “A mídia não sabe o que diz”.
(Comentários crônicos do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

LULA BATE RECORDE DE APROVAÇÃO

FONTE: Porta de Notícias do Ig
LINK: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2008/12/05/aprovacao_do_presidente_lula_bate_recorde_mostra_datafolha_3111985.html

SÃO PAULO - A taxa de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu novo recorde em novembro, atingindo o maior patamar já registrado por um presidente brasileiro desde a redemocratização do País, mostrou pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira.

De acordo com levantamento publicado no jornal "Folha de S.Paulo", a avaliação positiva (soma de notas ótimo e bom) do presidente atingiu 70%, batendo o recorde anterior, que também já era de Lula, de 64% de aprovação em setembro.

O levantamento mostra que 23% avaliam o presidente como regular e 7% como ruim ou péssimo.

A pesquisa, feita entre os dias 25 e 28 de novembro, mostra que Lula conta com avaliação positiva em todos os segmentos socioeconômicos e regiões do País.

O levantamento foi publicado em uma semana em que foram feitos anúncios de demissões em grandes companhias do País, como a Vale, e em que a indústria informou que as vendas de veículos despencaram pelo segundo mês consecutivo em novembro.

De acordo com o Datafolha, o resultado da nova avaliação positiva foi influenciado principalmente pela diminuição dos que responderam que o governo tem desempenho regular: de 28% na última pesquisa, em setembro, o índice caiu para 23%. De 0 a 10, a nota média do governo ficou em 7,6, contra 7 no levantamento passado.

A pesquisa mostra ainda que a Região Nordeste continua como a que mais bem avalia a gestão de Lula. Dos entrevistados, 81% dos nordestinos avaliam o governo como ótimo ou bom. No levantamento de setembro, a marca foi de 75% na região.

De todas as áreas do governo petista avaliadas, a econômica foi a que teve um resultado melhor na avaliação espontânea, segundo os brasileiros consultados: 17% apontaram a economia como o setor de melhor desempenho. Educação foi citada por 12% dos entrevistados e o combate à fome e à miséria, por 11%. Na pergunta estimulada sobre as áreas do governo, 61% avaliaram a gestão Lula na economia como ótima ou boa. Ainda de acordo com a pesquisa, 27% disseram não ter tomado conhecimento da crise financeira mundial e 14% afirmaram estar bem informados sobre o assunto.

O levantamento apurou, também, que 27% dos brasileiros ainda não tomaram conhecimento da atual crise financeira internacional.

O Datafolha ouviu 3.486 pessoas, com mais de 16 anos de idade, em todo País. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.

Presidentes anteriores

As melhores notas obtidas pelos presidentes que antecederam Lula no cargo depois da redemocratização do Brasil no final dos anos de 1980 estão longe do patamar alcançado pelo petista.

O melhor desempenho registrado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, foi 47% de aprovação em dezembro de 1996. Itamar Franco obteve 41% de avaliação positiva em dezembro de 1994, seguido por Fernando Collor, que em junho de 1990 registrava 36% de avaliação postiva entre os brasileiros.

(Com informações da Reuters e da Agência Estado)

POESIA EVENTUAL: Coreografia Cíclica das Mãos

COREOGRAFIA CÍCLICA DAS MÃOS

Quantas mãos desenvolvem
As virtudes de seus toques?

Quantas mãos se encolhem
Perante a frieza dos ventos?

Quantas mãos ainda jovens
Precisarão ganhar retoques?

Quantas mãos se conhecem
E reconhecem seus talentos?

Mãos que se anunciam para nascer
Mãos que se encontram para brincar
Mãos que se disciplinam para aprender
Mãos que se lapidam para trabalhar
Mãos que se entregam ao ato de criar
Mãos que se aproximam para brindar
Mãos que se entrelaçam para passear
Mãos que se humilham para sobreviver
Mãos que se arriscam para se vingar
Mãos que se energizam para orar
Mãos que se unificam para protestar
Mãos que se mobilizam para votar
Mãos que se associam para ajudar
Mãos que se fundem para amar

* * * * * * * * *

Mãos que se esboçam no ventre
Mãos que decoram novo quarto
Mãos que estão para aparecer
Mãos que participam do parto
Mãos que erguem um novo ser
Mãos que emocionam a gente

Mãos que fazem coisas erradas
Mãos que aprontam macacadas
Mãos que emolduram caretas
Mãos que ganham palmadas
Mãos que passam pomadas
Mãos que largam as chupetas

Mãos que adoram bolas
Mãos que jogam bilas
Mãos que soltam pipas
Mãos que giram peões
Mãos que imitam pistolas
Mãos que fingem ser aviões
Mãos que trocam figurinhas
Mãos que embaralham cartas
Mãos que vestem as bonecas
Mãos que espatifam brinquedos
Mãos que mudam canais de TV
Mãos que descobrem a internet
Mãos que escalam os arvoredos
Mãos que desembrulham matas
Mãos que cavam buracos na areia
Mãos que furam bolhas de chiclete
Mãos que montam quebra-cabeças
Mãos que desmontam as trancinhas
Mãos que se lambuzam de chocolate

Mãos que utilizam a lousa
Mãos que realizam as tarefas
Mãos que preenchem a chamada
Mãos que rabiscam as letrinhas
Mãos que facilitam as continhas
Mãos que sinalizam dúvidas
Mãos que corrigem provas
Mãos que recebem o boletim

Mãos que produzem arte
Mãos que tecem histórias
Mãos que pintam aquarelas
Mãos que guiam orquestras
Mãos que desfilam no piano
Mãos que dançam nas águas
Mãos que aprumam as velas
Mãos que modelam esculturas

Mãos que batem no peito
Mãos que afirmam valores
Mãos que levantam troféus
Mãos que hasteiam bandeiras
Mãos que acendem fogueiras
Mãos que agradecem aos céus
Mãos que aplaudem espetáculos
Mãos que se soltam nos carnavais
Mãos que celebram aniversários
Mãos que evoluem a cada estação
Mãos que exercitam uma profissão
Mãos que anotam fatos nos diários

* * * * * * * * *

Mãos que adubam a terra
Mãos que cultivam hortas
Mãos que plantam árvores
Mãos que fornecem grãos

Mãos que misturam ingredientes
Mãos que operam engrenagens
Mãos que enfeitam prateleiras
Mãos que selecionam produtos
Mãos que processam pedidos
Mãos que empacotam compras
Mãos que recolhem as gorjetas
Mãos que abastecem geladeiras
Mãos que preparam as comidas
Mãos que descartam embalagens

Mãos que varrem o chão
Mãos que catam lixos
Mãos que afastam fezes
Mãos que agarram o pão
Mãos que duelam com bichos
Mãos que assinalam reveses

Mãos que abafam gritos
Mãos que simulam apitos
Mãos que pedem esmola
Mãos que solicitam carona

Mãos que concentram riquezas
Mãos que praticam corrupções
Mãos que assinam demissões
Mãos que repudiam gentilezas

Mãos que matam muriçocas
Mãos que espremem piolhos
Mãos que usam baladeiras
Mãos que derrubam gaivotas
Mãos que traficam drogas
Mãos que se fazem valentes
Mãos que apontam armas
Mãos que desferem facadas
Mãos que lançam granadas
Mãos que costuram feridas
Mãos que atingem inocentes
Mãos que enxugam lágrimas

Mãos que pedem clemência
Mãos que suplicam proteção
Mãos que aplacam a violência
Mãos que acalmam a multidão

Mãos que agitam os sinos
Mãos que levam oferendas
Mãos que folheiam a bíblia
Mãos que canalizam preces
Mãos que contabilizam fiéis
Mãos que organizam a liturgia
Mãos que tangem peregrinos

Mãos que carregam bebidas
Mãos que perdem a direção
Mãos que sacrificam vidas
Mãos que tampam o caixão

Mãos que amparam doentes
Mãos que efetuam curativos
Mãos que socializam carinhos
Mãos que acolhem as crianças
Mãos que atendem os carentes
Mãos que indicam os caminhos

Mãos que assentam cimentos
Mãos que enfileiram tijolos
Mãos que pavimentam estradas
Mãos que erigem monumentos

Mãos que exercem a cidadania
Mãos que escolhem os políticos
Mãos que consultam os direitos
Mãos que tateiam outra coreografia

* * * * * * * * *

Mãos que escovam dentes
Mãos que vestem uniformes
Mãos que passam batom
Mãos que ajeitam gravatas
Mãos que abrem escritórios
Mãos que batem o ponto
Mãos que cumprem funções
Mãos que despacham ofícios
Mãos que remexem gavetas
Mãos que seguem padrões

Mãos que driblam a rotina
Mãos que distribuem beijos
Mãos que disfarçam sorrisos
Mãos que acenam esperanças
Mãos que se tocam na surdina
Mãos que acenam saudades
Mãos que enlaçam amizades
Mãos que despertam desejos

Mãos que ligam o chuveiro
Mãos que passam perfume
Mãos que arrumam cabelos
Mãos que atiçam as brasas
Mãos que desligam as luzes
Mãos que desarrumam os lençóis
Mãos que se misturam com os pés
Mãos que repousam em comunhão

* * * * * * * * *

Mãos frágeis de gestação
Mãos vivas de experimentação
Mãos precoces de adestramento
Mãos amordaçadas de apatia
Mãos calejadas de cansaço
Mãos reluzentes de vaidades
Mãos amputadas de desilusão
Mãos crispadas de indignação
Mãos insufladas de rebeldia
Mãos gratificantes de superação
Mãos febris de arrebatamento
Mãos abençoadas de inspiração
Mãos cheias de generosidades
Mãos enrugadas de sabedoria
Mãos comovidas de realização
Mãos magnetizadas de utopia

Quantas mãos desenvolvem
As virtudes de seus toques?

Quantas mãos se encolhem
Perante a frieza dos ventos?

Quantas mãos ainda jovens
Precisarão ganhar retoques?

Quantas mãos se conhecem
E reconhecem seus talentos?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Responsabilidade Social no Orkut

Conheci uma iniciativa bastante interessante, através da Rede 3setor - Rede de Informação e Discussão do Terceiro Setor (http://br.groups.yahoo.com/group/3setor). Chama-se Mutirão Virtual e foi fundada há exatamente quatro anos. É o exemplo mais empreendedor, engajado e inovador de militância sócio-virtual que eu já vi no orkut, pois foi justamente nesta rede social (subutilizada ou mal utilizada por muitos) que este projeto se notabilizou e atingiu destacada maturidade.

Segue texto de apresentação da comunidade no orkut, gerida solidariamente por Cristina Dumont e moderada pelos colaboradores Paulo André e Martha Brum.

(Comentário e indicação do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)


MUTIRÃO VIRTUAL - AÇÃO SOCIAL

"O Mutirão Virtual já beneficiou vários projetos sociais totalizando mais de 41 mil reais em doações mensais. Foi fundado em nov/2004 e posteriormente transferido para esse endereço.

Todos os participantes aqui concordam em doar um valor mínimo de r$ 5,00 (cinco reais) mensais para um projeto social que será eleito através de votação mensal na comunidade.

O depósito é feito diretamente pelo participante na conta bancária da entidade. Queremos oferecer ao virtual um caráter humanitário, intensificando a responsabilidade social do internauta, aproximando-o das causas sociais.

(...)

Solicitamos que cada pessoa faça ao menos um depósito trimestral e comprove no devido tópico. Quem não cumprir esta regra pode ser deletado, retornando quando puder reassumir o compromisso.

Seja bem-vindo(a), apresente o seu projeto e/ou colabore com os demais!"

[Fim da descrição]


Visitem também o site do Mutirão Virtual (http://www.mutiraovirtual.kit.net), que organiza, centraliza e dá subsídio à dinâmica de solidariedade praticada no orkut. Trascrevo adiante um texto de divulgação, extraído da seção "inicial" do site.


Organizações sociais se beneficiam de doações de comunidade virtual

"Engana-se quem pensa que as redes de relacionamento não têm utilidade prática. Ações sociais podem lucrar com a troca de idéias virtual – e muito.

Se o Brasil fica muito atrás de outros países em termos de política social, o mesmo não se pode dizer da cultura tecnológica. Os 10% da população brasileira que tem acesso à Internet são responsáveis por transformar o país em um dos líderes mundiais em horas de acesso à rede. Segundo informações do Ibope, o número de brasileiros internautas com mais de 16 anos ultrapassa os 20 milhões de pessoas. Entre as classes sociais mais altas, 80% das pessoas usam regularmente a web. Neste cenário, começam a surgir iniciativas capazes de unir o gosto do brasileiro pelo mundo virtual à disposição para mudar o quadro de desigualdade social do país.

Um exemplo bem-sucedido de mobilização social acontece dentro da rede de relacionamentos Orkut – que já freqüentou a mídia por fomentar a divulgação de temas como violência e racismo na net. O lado bom da rede de relacionamentos está na comunidade Mutirão Virtual, criada em dezembro de 2004 pela moderadora Cristina Dumont. A idéia é utilizar o potencial de contato e troca de idéias do site para ajudar instituições beneficentes de forma organizada e idônea, além de ampliar contatos para novas ações sociais.

Mensalmente, os associados da comunidade apresentam duas ou mais organizações sociais, que são analisadas de acordo com seu perfil de atuação. Aquela que recebe mais votos dos associados, concentrará as doações do mês, cuja comprovação também é veiculada nesse site. A aplicação dos recursos arrecadados é discriminada pela própria organização na comunidade que, implicitamente, passa a colaborar com as demais instituições.

“O Mutirão Virtual se diferencia dos sites de doações comuns por se tratar de um fórum que proporciona uma relação mais próxima entre os seus integrantes”, explica a moderadora Cristina. “O formato de comunidade estimula o melhor conhecimento entre as organizações beneficiadas, já que os responsáveis por elas também são membros da comunidade e isso fornece um aporte para a transparência das aplicações mensais.""

Texto da jornalista Juliana W. Santos