sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

CRÔNICA: Quando fazemos sonhos?


“Fazer. Ato de criar, realizar. Fazer é ir atrás do que você quer. É o oposto de ficar sentado esperando. Fazer é necessidade fisiológica; até dormindo, porque a mente está fazendo sonhos. Você fazer a favor ou contra. O que interessa é fazer do seu jeito. Para os aventureiros, fazer é ir em frente; para os medrosos, é uma retirada. Por isso, as estátuas que nos perdoem, mas somos a favor de quem quer fazer algo. Difícil ou impossível. Que dê frio no estômago, que expresse, que mova as idéias. Fazer, porque a felicidade não é um alvo físico. O mundo é de quem faz” (autoria desconhecida).

Ouvi hoje essa mensagem no tele-atendimento de um provedor de internet. Não foi uma nem duas, mas foram incansáveis vezes, até decorar - sobretudo inconscientemente - vários trechos antes de ser finalmente atendido pela empresa. Porém, confesso que este conteúdo, excepcionalmente, me soou bastante agradável e estimulante.

Nos últimos dias do ano, nossa índole fica preguiçosa e a gente tende a fazer menos (menos trabalhos, menos estudos, menos reuniões) e a sentir mais (mais a família, mais a liberdade, mais os mundos – interior e exterior). Porém, aquela mesma voz gravada repetida dezenas de vezes me desafiou a me mexer.

No lugar de ficar deitado na cama esperando a atendente chegar (não na cama, no telefone), talvez para eu provar a mim mesmo que eu também faço parte desse mundo de “fazedores”, decidi fazer uma coisa inusitada: anotar aquela mensagem para postar e comentar em meu blog. Só não completei essa tarefa na ocasião porque 5% das palavras passaram despercebidas aos meus ouvidos, que não estavam dispostos a ter que ligar de novo para escutá-las novamente.

Ao final do atendimento, decidi então quebrar o protocolo da conversa: “eu acabei de ouvir uma bela mensagem gravada de vocês enquanto te aguardava e eu gostaria apenas que você me esclarecesse dois trechos que eu não entendi direito”. A atendente no mínimo achou aquele pedido estranho, certamente ausente no manual de atendimento delas. Fiquei feliz ao ser logo compreendido na segunda tentativa, mas infeliz pela resposta obtida: “Sinto muito, senhor. Eu não conheço essa mensagem. Nós não acompanhamos tais gravações”.

Frustrado com a desinformação interna percebida no outro lado da linha, quase tive vontade de ler a mensagem para a atendente, mas (ciente de que havia outros clientes na fila, talvez mais impacientes e menos sensíveis que eu), limitei-me a dizer: “Obrigado, mas você deveria conhecer essa mensagem, pois ela é muito bonita”. A atendente - cuja beleza não cheguei a investigar se faria jus à gravação (a contar pelo timbre dela, acho que não) - sorriu gentilmente, balbuciou descontraidamente um “tudo bem” e se despediu de mim. Ao encerrar o atendimento, espero que ela tenha tido a curiosidade de se informar da mensagem e tomado a iniciativa de disponibilizá-la para si mesma e sua equipe.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

EXEMPLO: Um Juiz Nota Dez


(recebi em 21/11/2007 e repasso este grandioso exemplo...)

Odilon de Oliveira, de 56 anos, estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão, sob a vigilância de sete agentes federais fortemente armados.

Oliveira é juiz federal em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o Paraguai e, jurado de morte pelo crime organizado. Está morando no fórum da cidade. Só sai quando extremamente necessário, sob forte escolta.

Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes à pena, somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda confiscou seus bens.

Como os que ele colocou atrás das grades, ele perdeu a liberdade. "A única diferença é que tenho a chave da minha prisão."

Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto.
Desde junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da maconha distribuídas em grande parte no País, as organizações criminosas tiveram muitas baixas.

Nos últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou traficantes no País.
Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de 12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã, avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3 casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas, cartas anônimas e avisos mandados por presos, Oliveira soube que estão dispostos a comprar sua morte. "Os agentes descobriram planos para me matar, inicialmente com oferta de US$100 mil."

No dia 26 de junho, o jornal paraguaio Lá Nación informou que a cotação do juiz no mercado do crime encomendado havia subido para US$ 300 mil. "Estou valorizado", brincou. Ele recebeu um carro com blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum Federal em casa. "No hotel, a escolta chamava muito a atenção e dava despesa para a PF." É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil. A sala de despachos de Oliveira virou quarto de dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de processos, estão colchonete, roupas de cama e objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas, que iam se mudar para Ponta Porã, tiveram que continuar em Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15 dias, com seguranças. Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um suco ou come uma fruta. "Sozinho, não me arrisco a sair nem na calçada."

Uma sala de audiências virou dormitório, com três beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a escolta. "Estou aqui há um ano e nem conheço a cidade."

Na última ida a um shopping, foi abordado por um traficante. Os agentes tiveram de intervir. Hora extra. Azar do tráfico que o juiz tenha de ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De seu "bunker", auxiliado por funcionários que trabalham até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que condenou o mega traficante Erineu Domingos Soligo, o Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de duas fazendas, dois terrenos e todo o gado. Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos , condenados respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$56 mil, perderam três fazendas. O mega traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11 anos, multa de R$82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda.

Doze réus foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz, inclusive o "rei da soja" no país vizinho, Odacir Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento, braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

"As autoridades paraguaias passaram a colaborar porque estão vendo os criminosos serem condenados."

O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende aos apelos da família, que quer vê-lo longe desse barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha "dever de ofício" enfrentar o narcotráfico. "Quem traz mais danos à sociedade é mega traficante. Não posso ignorar isso e prender só mulas (pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo e andar sem segurança."

ESTE MERECE NOSSOS APLAUSOS!
POR ACASO A MÍDIA NOTICIOU ESSA BRAVURA QUE O BRASIL PRECISA SABER?
POR FAVOR, FAÇA A SUA PARTE! DIVULGUE O MÁXIMO QUE PUDER!!!

domingo, 9 de dezembro de 2007

DESABAFO: Por Que Tanta Miséria?

O mundo invade meu mundo. Minha cabeça vira um palco de encontros e desencontros. A miséria, esta gangrena que açoita e macula o tecido da terra, continua deixando meus neurônios perplexos. Alguns dos quais, mais sensíveis e inconformados, preferem se suicidar em vez de reconhecerem a existência deste absurdo dos absurdos, batizado eufemisticamente de miséria.

Minhas mãos, acometidas de incontrolável indignação, se armam com uma caneta qualquer encontrada em seu percurso aéreo e despejam sua fúria na primeira folha em branco que se insinua perante seus dedos febris, animados por uma revolta pacificamente explosiva. O papel, outrora intacto e esvaziado, vai sendo trovejado e ocupado por uma sucessão de palavras, frases e parágrafos.

O texto que emerge, no entanto, não está feliz. A mensagem se revela ofegante, indisciplinada e urgente. Por que tanta miséria? Perguntas e promessas demais. Respostas e soluções de menos. Cada hiato que intercala um e outro sentido evocado pelas letras está impregnado de luto, em protesto às pessoas que estão sendo involuntariamente apagadas do planeta neste instante fugaz e quase imperceptível.

É como se cada vírgula refletisse ou sinalizasse os arranhões da humanidade em seu esforço hercúleo de sobrevivência. Como se cada ponto final fosse a sombra literária de uma gota de sangue. Como se as reticências fossem três esperanças reunidas em prece, três lamentos indecifráveis, três reações silenciadas. Como se cada exclamação fosse uma crise de perplexidade face a tanta pobreza, injustiça e desigualdade.

Cada nova angústia esculpida no papel herda a cicatriz de desesperos pretéritos e prenuncia a erupção de desesperos vindouros. Miséria? Tu ainda não foste extinta? Quanta tinta de caneta haverá de contabilizar sua destruição? A maioria das pessoas está infectada por este vírus que nenhum país conseguiu curar - não por ausência de conhecimento, ciência e tecnologia; mas por falta de amor, vontade e rebeldia.

MENSAGEM: A Estória do Lápis


(recebi de meu pai esta edificante mensagem em 28/11/2007 )

A ESTÓRIA DO LÁPIS

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:

- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim?

A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.

O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!

- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

"Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade".

"Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor."

"Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça".

"Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você."

"Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação".

(Autor desconhecido).

REFLEXÃO: Soprando nos Ventos Sociais

TRANSCRIÇÃO DE E-MAIL ENVIADO EM 02/12/2007.
(contendo, na ocasião, mensagem em powerpoint, de onde extraí a letra acrescida ao final)


"Quantas vezes um homem pode virar a cabeça fingindo que simplesmente não enxerga? A resposta, meu amigo, está soprando no vento" (Bob Dylan).

O mês de dezembro começa a bocejar em nossos corações, mobilizando o processo de transição para um novo ano. Novos planos, novas resoluções e novas sementes começam a germinar o metabolismo da chegada de um novo ciclo de 365 dias (...). Enquanto a fome, a miséria, a exclusão e toda a injustiça social que alimenta este absurdo não for extirpada de nossa civilização, muitas canções, mensagens, poesias, protestos e também lágrimas (amargadas de tristeza mas suavizadas pela esperança) precisarão ser globalizadas por e-mail, ecoadas na consciência e convertidas em gestos.

Tenham um bom domingo, um bom início de dezembro e um bom sopro de reflexão social... "remédio" esse recomendado para todas as idades (dos que tem menos de 0 anos aos que tem mais de 100 anos), todos os tempos (do preguiçoso mês de janeiro ao festivo mês dezembro, incluindo os dias úteis e os aparentemente inúteis) e todas as ideologias (desde as que se inclinam para a esquerda às que se desviam para a direita, sem excetuar cada ângulo tangenciado entre essa escala de valores).

Fiquem à vontade para repassar esse e-mail para outros olhares, outros ouvidos, outros sentidos; alongando, democratizando e energizando essa corrente "em nome da vida e pela vida, com todos e para todos".

Fraternalmente, Pablo Robles


"A fome é um fenômeno geograficamente universal, a cuja ação nefasta nenhum continente escapa. Toda a terra dos homens foi, até hoje, a terra da fome. As investigações científicas, realizadas em todas as partes do mundo, constataram o fato inconcebível de que dois terços da humanidade sofre, de maneira epidêmica ou endêmica, os efeitos destruidores da fome" (Josué de Castro).


BLOWIN' IN THE WIND

Composição: Bob Dylan

(TRADUÇÃO)

SOPRANDO NO VENTO

Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Sim e quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim e quantas vezes precisarábalas de canhão voar
Até serem para sempre abandonadas?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar?
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

FONTE: http://letras.terra.com.br/