Texto enviado em 24/08/2007 a amigos potencialmente interessados em poesia.
Queridas/os colegas e companheiras/os das mais variadas e fraternas estações, quer da afeição pessoal, da convivência humana, da militância social ou outras formas locais e oportunidades planetárias de estarmos no mundo, de tecermos seus horizontes e de nos conectarmos subjetivamente com tudo que tem vida, sonhos e mistérios... apresento-lhes minha primeira coletânea poética, fruto do meu esforço inédito e resoluto de assumir coletivamente minha faceta artística, ainda que partindo de meu universo conhecido de pessoas.
O que ora se desabrocha perante seus olhos são os poemas semanais que venho publicando discretamente no Orkut, uma vez que os deixo simplesmente à mostra em minha seção de recados, à livre degustação das pessoas mais ou menos anônimas que espontaneamente me visitam para acompanhar, cumprimentar e renovar meus versos; uma vez que cada leitura, releitura e eventual comentário sobre os mesmos fazem minhas produções poéticas mudarem de cor, de sabor, de significado, de intensidade e obviamente de inspiração.
Neste mundo fantástico e nem sempre admirável em que vivemos, quer transformando quer prolongando as ideologias, tendências e paradigmas do passado, a arte jamais cansou e tampouco se cansará de nos convidar a sermos nós mesmos, nem que o façamos durante fugidios instantes do dia e episódicos trechos de nossa existência (ou existências, considerando que somos as gotas únicas de um mesmo mar, as centelhas distintas de um mesmo fogo... enfim, ondas de amor e chamas de justiça que se convertem em asas e nos impulsionam para o infinito, a utopia da perfeição).
E é na essência mais indizível e menos explicável desta dimensão - para onde convergem tanto os fluxos serenos da razão quanto os impulsos arrebatados da emoção - que a arte encontra sua maior expressão e se nutre de seu melhor combustível; e se existe um gênero artístico, uma linguagem cultural e uma manifestação criativa que demande e mereça uma atenção especial, acredito que esse relativo privilégio destina-se à poesia. Utilizarei a seguir duas singelas metáforas para defender a prioridade desta modalidade artística frente ao “mundo do belo” que respinga em nossa “face terrestre”.
Se a poesia literalmente se humanizasse, aposto que ela seria uma criança, das mais frágeis e desamparadas; ou se ela se animalizasse, seria uma formiga, das mais invisíveis e despercebidas. Por outro lado, a poesia herdaria positivamente a pureza e a imaginação dessas crianças, bem como a discrição e a coletividade dessas formigas. Como as crianças, é impossível cruzarmos com as poesias sem sermos tocados de alguma forma por elas, mesmo quando tantos adultos a maltratam e não lhe dão o devido carinho. Como as formigas, é indiscutível a influência silenciosa das poesias, mesmo quando tantos adultos a ignoram e não lhe dispensam o justo valor.
E ao receberem, guardarem, excluírem, criticarem, divulgarem - dentre outros usos e não-usos - alguma poesia minha, lembrem-se sempre que a intenção mais sagrada e radical que move os versos e entre-versos, estrofes e entre-estrofes deste esforço artístico, é (ou pretende ser) social. Se não fui tão feliz na comparação anterior, ninguém com um mínimo de bom-senso pode negar que o social, este sim, é a imagem negativa da criança abandonada e da formiga pisoteada pelos tentáculos semi-hegemônicos (o prefixo ´semi` seria eufemismo?) do econômico.
O que ora se desabrocha perante seus olhos são os poemas semanais que venho publicando discretamente no Orkut, uma vez que os deixo simplesmente à mostra em minha seção de recados, à livre degustação das pessoas mais ou menos anônimas que espontaneamente me visitam para acompanhar, cumprimentar e renovar meus versos; uma vez que cada leitura, releitura e eventual comentário sobre os mesmos fazem minhas produções poéticas mudarem de cor, de sabor, de significado, de intensidade e obviamente de inspiração.
Neste mundo fantástico e nem sempre admirável em que vivemos, quer transformando quer prolongando as ideologias, tendências e paradigmas do passado, a arte jamais cansou e tampouco se cansará de nos convidar a sermos nós mesmos, nem que o façamos durante fugidios instantes do dia e episódicos trechos de nossa existência (ou existências, considerando que somos as gotas únicas de um mesmo mar, as centelhas distintas de um mesmo fogo... enfim, ondas de amor e chamas de justiça que se convertem em asas e nos impulsionam para o infinito, a utopia da perfeição).
E é na essência mais indizível e menos explicável desta dimensão - para onde convergem tanto os fluxos serenos da razão quanto os impulsos arrebatados da emoção - que a arte encontra sua maior expressão e se nutre de seu melhor combustível; e se existe um gênero artístico, uma linguagem cultural e uma manifestação criativa que demande e mereça uma atenção especial, acredito que esse relativo privilégio destina-se à poesia. Utilizarei a seguir duas singelas metáforas para defender a prioridade desta modalidade artística frente ao “mundo do belo” que respinga em nossa “face terrestre”.
Se a poesia literalmente se humanizasse, aposto que ela seria uma criança, das mais frágeis e desamparadas; ou se ela se animalizasse, seria uma formiga, das mais invisíveis e despercebidas. Por outro lado, a poesia herdaria positivamente a pureza e a imaginação dessas crianças, bem como a discrição e a coletividade dessas formigas. Como as crianças, é impossível cruzarmos com as poesias sem sermos tocados de alguma forma por elas, mesmo quando tantos adultos a maltratam e não lhe dão o devido carinho. Como as formigas, é indiscutível a influência silenciosa das poesias, mesmo quando tantos adultos a ignoram e não lhe dispensam o justo valor.
E ao receberem, guardarem, excluírem, criticarem, divulgarem - dentre outros usos e não-usos - alguma poesia minha, lembrem-se sempre que a intenção mais sagrada e radical que move os versos e entre-versos, estrofes e entre-estrofes deste esforço artístico, é (ou pretende ser) social. Se não fui tão feliz na comparação anterior, ninguém com um mínimo de bom-senso pode negar que o social, este sim, é a imagem negativa da criança abandonada e da formiga pisoteada pelos tentáculos semi-hegemônicos (o prefixo ´semi` seria eufemismo?) do econômico.
É precisamente o social, no sentido mais humano e coletivo do termo, o refém mais oprimido desta lógica potencialmente perigosa e meio que suicida: capaz de nos fazer olhar mais para o relógio do que para a natureza, de nos fazer colocar mais vezes as mãos dentro dos bolsos do que no rosto das crianças, de nos fazer tratar os nossos “competidores” (das famílias, escolas, igrejas, universidades, organizações etc) que ameaçam diminuir os nossos “lucros” como se fossem reles formigas. O mundo está errado e a poesia, sobretudo uma poesia de caráter social, pode ajudar a enxergar e consertar isso.
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