sábado, 24 de janeiro de 2009

POESIA: Inexorável Liberdade

INEXORÁVEL LIBERDADE

Deixar voar nossos sonhos
Com as asas dos próprios ideais,
Emoldurando de contornos reais
As sementes e frutos mais risonhos.

Driblando as piores convenções
E nocauteando os maiores limites,
A alma lança ousados convites:
O direito de projetar-se ao infinito.
Apesar de tantas prisões e ilusões,
A liberdade é nosso destino invicto.

A natureza, por exemplo, não cansa
De entoar a liberdade em sua dança.

O desfile das ondas do mar
Cercando e transpondo rochedos.
O passeio das raízes no solo
Nutrindo e renovando arvoredos.
A excursão das luzes nos céus
Cruzando e descerrando fronteiras.
O turismo das neves nas geleiras
Cobrindo e dissipando barreiras.

Liberdade também significa dar oportunidade
A quem merece obter maior afeto e dignidade.

Criança, solta as pétalas da tua gargalhada
Para que todo adulto reacenda seu coração.
Mulher, abre teus braços para maior espaço:
O sucesso não pode mais barrar tua entrada.
Idoso, os jovens devem aplaudir teu glorioso
Passado, em vez de desvalorizarem tua lição.

Pensar, sentir, opinar, decidir...
São conjugações que devem partir
Da esfera única e legítima de cada ser,
Pois é inconcebível sacrificarmos o viver.

Medo, ignorância, resignação, timidez
São inimigos implacáveis da autonomia
Necessária para emancipar a cidadania
E fazer com que todos tenham voz e vez.

( Poeta do Social - Pablo Robles )

sábado, 17 de janeiro de 2009

MST: 25 Anos de Luta, União e Coerência

Se a Petrobrás é um orgulho econômico do Brasil, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), sem dúvida, é um dos maiores orgulhos populares de nosso país, que carrega o triste fardo de uma reforma agrária inconclusa, reiteradamente embargada pelos latifundiários que sempre ditaram as regras no campo.

Há um quarto de século, o MST vem sacudindo as utopias no campo em prol da justiça agrária, cujos lemas foram sendo encampados e atualizados em quatro congressos nacionais promovidos pelo Movimento: 1985 - "Ocupação é a única solução"; 1990 - "Ocupar, resistir, produzir"; 1995 - "Reforma Agrária, uma luta de todos"; 2000 - "Por um Brasil sem latifúndio".

Vale destacar a visão lúcida, abrangente e transformadora do MST, cujos membros firmemente engajados em 24 Estados do país, para além das questões e bandeiras rurais, aspiram pela refundação social do Brasil, pautando-se pela edificação de um projeto popular, sustentável e soberano de desenvolvimento nacional.

Como frisa o balanço abaixo, "todos os países considerados desenvolvidos atualmente fizeram reforma agrária". EUA, por exemplo, começou a sua em 1862. E o Brasil, quando finalmente pagará sua dívida agrária aos povos do campo?

(Comentários textuais do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

UM HISTÓRICO DO MST
16/01/2009

LINK: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6206

O Brasil vivia uma conjuntura de duras lutas pela abertura política, pelo fim da ditadura e de mobilizações operárias nas cidades. Como parte desse contexto, entre 20 e 22 de janeiro de 1984, foi realizado o 1º Encontro Nacional dos Sem Terra, em Cascavel, no Paraná. Ou seja, o Movimento não tem um dia de fundação, mas essa reunião marca o ponto de partida da sua construção.

A atividade reuniu 80 trabalhadores rurais que ajudavam a organizar ocupações de terra em 12 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia, Pará, Goiás, Rondônia, Acre e Roraima, além de representantes da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária), da CUT (Central Única dos Trabalhadores), do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da Pastoral Operária de São Paulo.

Os participantes concluíram que a ocupação de terra era uma ferramenta fundamental e legítima das trabalhadoras e trabalhadores rurais em luta pela democratização da terra. A partir desse encontro, os trabalhadores rurais saíram com a tarefa de construir um movimento orgânico, a nível nacional. Os objetivos foram definidos: a luta pela terra, a luta pela Reforma Agrária e um novo modelo agrícola, e a luta por transformações na estrutura da sociedade brasileira e um projeto de desenvolvimento nacional com justiça social.

Em 1985, em meio ao clima da campanha "Diretas Já", o MST realizou seu 1º Congresso Nacional, em Curitiba, no Paraná, cuja palavra de ordem era: "Ocupação é a única solução". Neste mesmo ano, o governo de José Sarney aprovou o Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que tinha por objetivo dar aplicação rápida ao Estatuto da Terra e viabilizar a Reforma Agrária até o fim do mandato do presidente, assentando 1,4 milhão de famílias.

A proposta de Reforma Agrária ficou apenas no papel. O governo Sarney, pressionado pelos interesses do latifúndio, ao final de um mandato de cinco anos, assentou menos de 90 mil famílias sem-terra. Ou seja, apenas 6% das metas estabelecidas no PNRA foi cumprida por aquele governo. Com a articulação para a Assembléia Constituinte, os ruralistas se organizam na criação da União Democrática Ruralista (UDR) e atuam em três frentes: o braço armado - incentivando a violência no campo -, a bancada ruralista no parlamento e a mídia como aliada.

Embora os ruralistas tenham imposto emendas na Constituição de 1988, que significaram um retrocesso em relação ao Estatuto da Terra, os movimentos sociais tiveram uma importante conquista. Os artigos 184 e 186 fazem referência à função social da terra e determinam que, quando ela for violada, a terra seja desapropriada para fins de Reforma Agrária. Esse foi também um período em que o MST reafirmou sua autonomia, definiu seus símbolos, bandeira e hino. Assim, foram se estruturando os diversos setores dentro do Movimento.
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Anos 90
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A eleição de Fernando Collor de Mello para a presidência da República, em 1989, representou um retrocesso na luta pela terra. Ele era declaradamente contra a Reforma Agrária e tinha ruralistas como seus aliados de governo. Foram tempos de repressão contra os Sem Terra, despejos violentos, assassinatos e prisões arbitrárias. Em 1990, ocorreu o II Congresso do MST, em Brasília, que continuou debatendo a organização interna, as ocupações e, principalmente, a expansão do Movimento em nível nacional. A palavra de ordem era: "Ocupar, resistir, produzir".

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso vence as eleições com um projeto de governo neoliberal, principalmente para o campo. É o momento em que se prioriza novamente a agroexportação. Ou seja, em vez de incentivar a produção de alimentos, a política agrícola está voltada para atender aos interesses do mercado internacional e gerar os dólares necessários para pagar os juros da dívida pública.

O MST realizou seu 3º Congresso Nacional, em Brasília, em 1995, quando reafirmou que a luta no campo pela Reforma Agrária é fundamental, mas nunca terá uma vitória efetiva se não for disputada na cidade. Por isso, a palavra de ordem foi "Reforma Agrária, uma luta de todos".

Já em 1997, o Movimento organizou a histórica "Marcha Nacional Por Emprego, Justiça e Reforma Agrária" com destino a Brasília, com data de chegada em 17 abril, um ano após o massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 Sem Terra foram brutamente assassinados pela polícia no Pará. Em agosto de 2000, o MST realiza seu 4º Congresso Nacional, em Brasília, cuja palavra de ordem foi "Por um Brasil sem latifúndio".

Durante os oito anos de governo FHC, o Brasil sofreu com o aprofundamento do modelo econômico neoliberal, que provocou graves danos para quem vive no meio rural, fazendo crescer a pobreza, a desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra.

A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, representou um momento de expectativa, com o avanço do povo brasileiro e uma derrota da classe dominante. No entanto, essa vitória eleitoral não foi suficiente para gerar mudanças significativas na estrutura fundiária, no modelo agrícola e no modelo econômico.

Os integrantes do MST acreditam que as mudanças sociais e econômicas dependem, antes de qualquer coisa, das lutas sociais e da organização dos trabalhadores. Com isso, será possível a construção de um modelo de agricultura que priorize a produção de alimentos, a distribuição de renda e a construção de um projeto popular de desenvolvimento nacional.

Atualmente, o MST está organizado em 24 estados, onde há 130 mil famílias acampadas e 370 mil famílias assentadas. Hoje, completando 25 anos de existência, o Movimento continua a luta pela Reforma Agrária, organizando os pobres do campo. Também segue a luta pela construção de um projeto popular para o Brasil, baseado na justiça social e na dignidade humana, princípios definidos lá em 1984.
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Antecedentes
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O MST é fruto da história da concentração fundiária que marca o Brasil desde 1500. Por conta disso, aconteceram diversas formas de resistência como os Quilombos, Canudos, as Ligas Camponesas, as lutas de Trombas e Formoso, entre muitas outras. Em 1961, com a renúncia do então presidente Jânio Quadros, João Goulart - o Jango - assumiu o cargo com a proposta de mobilizar as massas trabalhadoras em torno das reformas de base, que alterariam as relações econômicas e sociais no país. Vivia-se um clima de efervescência, principalmente sobre a Reforma Agrária.

Com o golpe militar de 1964, as lutas populares sofrem violenta repressão. Nesse mesmo ano, o presidente marechal Castelo Branco decretou a primeira Lei de Reforma Agrária no Brasil: o Estatuto da Terra. Elaborado com uma visão progressista com a proposta de mexer na estrutura fundiária, ele jamais foi implantado e se configurou como um instrumento estratégico para controlar as lutas sociais e desarticular os conflitos por terra.

As poucas desapropriações serviram apenas para diminuir os conflitos ou realizar projetos de colonização, principalmente na região amazônica. De 1965 a 1981, foram realizadas oito desapropriações em média, por ano, apesar de terem ocorrido pelo menos 70 conflitos por terra anualmente.

Nos anos da ditadura, apesar das organizações que representavam as trabalhadoras e trabalhadores rurais serem perseguidas, a luta pela terra continuou crescendo. Foi quando começaram a ser organizadas as primeiras ocupações de terra, não como um movimento organizado, mas sob influência principal da ala progressista da Igreja Católica, que resistia à ditadura.

Foi esse o contexto que levou ao surgimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975, que contribuiu na reorganização das lutas camponesas, deixando de lado o viés messiânico, propondo para o camponês se organizar para resolver seus problemas. Além disso, a CPT teve vocação ecumênica, aglutinando várias igrejas. Por isso, o MST surgiu do trabalho pastoral das igrejas católica e luterana.
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Reforma agrária e desenvolvimento
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Todos os países considerados desenvolvidos atualmente fizeram reforma agrária. Em geral, por iniciativa das classes dominantes industriais, que perceberam que a distribuição de terras garantia renda aos camponeses pobres, que poderiam se transformar em consumidores de seus produtos. As primeiras reformas agrárias aconteceram nos Estados Unidos, a partir de 1862, e depois em toda a Europa ocidental, até a 1ª Guerra Mundial. No período entre guerras, foram realizadas reformas agrárias em todos os países da Europa oriental. Depois da 2ª Guerra Mundial, Coréia, Japão e as Filipinas também passaram por processos de democratização do acesso a terra.

A reforma agrária distribuiu terra, renda e trabalho, o que formou um mercado nacional nesses países, criando condições para o salto do desenvolvimento. No final do século 19, a economia dos Estados Unidos era do mesmo tamanho que a do Brasil. Em 50 anos, depois da reforma agrária, houve um salto na indústria, qualidade de vida e poder de compra do povo.

Depois de 500 anos de lutas do povo brasileiro e 25 anos de existência do MST, a Reforma Agrária não foi realizada no Brasil. Os latifundiários, agora em parceria com as empresas transnacionais e com o mercado financeiro – formando a classe dominante no campo - usam o controle do Estado para impedir o cumprimento da lei e manter a concentração da terra. O MST defende um programa de desenvolvimento para o Brasil, que priorize a solução dos problemas do povo, por meio da distribuição da terra, criação de empregos, geração de renda, acesso a educação e saúde e produção e fornecimento de alimentos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Distorções sobre o Oriente Médio

A hipocrisia da grande mídia não tem limites e tampouco princípios. Embora um tanto caricatural, estas doze regras parecem ser aplicadas em muitos casos por jornalistas subordinados aos interesses elitistas do mercado, que não têm coragem de romper suas algemas e mordaças para produzirem, veicularem e analisarem notícias com maior isenção profissional, rigor intelectual, independência ideológica e fibra ética.
(Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

Doze regras infalíveis para redigir notícias sobre o Oriente Médio para os grandes meios de comunicação

AUTORIA: Texto anônimo, originalmente em francês
FONTE: Pátria Latina
LINK: http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=ae1d2c2d957a01dcb3f3b39685cdb4fa&cod=2987

1) No Oriente Médio são sempre os árabes que atacam primeiro, e é sempre Israel que se defende. Esta defesa se chama "represália".

2) Nem os árabes nem os palestinos nem os libaneses têm o direito de matar civis. Essa prática se chama "terrorismo".

3) Israel tem o direito de matar civis. Isso se chama "legítima defesa".

4) Quando Israel mata civis em massa, as potências ocidentais pedem que seja mais moderado. Isso se chama "reação da comunidade internacional"

5) Nem os palestinos nem os libaneses têm o direito de capturar soldados israelenses dentro de instalações militares com sentinelas e postos de combate. Isso deve ser chamado de "seqüestro de pessoas indefesas".

6) Israel tem o direito de seqüestrar, em qualquer hora e lugar, quantos palestinos e libaneses lhe der na telha. A cifra atual está em torno de 10 mil, dos quais 300 são crianças e 1.000, mulheres. Não é necessária qualquer prova de culpabilidade. Israel tem o direito de manter os presos indefinidamente seqüestrados, ainda que eles sejam autoridades democraticamente eleitas pelos palestinos. A isso se chama "encarceramento de terroristas".

7) Quando se mencionar a palavra "Hezbollah", é obrigatório acrescentar na mesma frase: "apoiados e financiados pela Síria e pelo Irã".

8) Quando se mencionar "Israel", está terminantemente proibido acrescentar: "apoiados e financiados pelos Estados Unidos". Isso poderia dar a impressão de que o conflito é desigual e de que a existência de Israel não corre perigo.

9) Nas informações sobre Israel sempre é preciso evitar que apareçam as seguintes expressões: "territórios ocupados", "resoluções da ONU", "violações dos Direitos Humanos" e "Convenção de Genebra".

10) Os palestinos, assim como os libaneses, são sempre "covardes" que se escondem entre a população civil, "que não gosta deles". Se dormem na casa de suas famílias, isso tem um nome: "covardia". Israel tem o direito de aniquilar com bombas e mísseis os bairros onde eles dormem. A isso se chama "ação cirúrgica de alta precisão".

11) Os israelenses falam inglês, francês, espanhol ou português melhor que os árabes. Por isso merecem ser entrevistados com maior freqüência, e ter mais oportunidades que os árabes para explicar ao grande público as referidas regras de redação (de 1 a 10). Isso se chama "neutralidade jornalística".

12) Todas as pessoas que não concordam com as supramencionadas regras são, e assim devem ser chamadas, "terroristas antissemitas de alta periculosidade".

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Sensibilidade Quer Respirar


Sinto-me puxado por um abismo diferente, uma espécie de precipício redentor, um labirinto libertador. Meu corpo balança, mas ainda não consegue cair. Preciso me atirar nesse penhasco para me reencontrar. Quero visitar sutis profundezas para descobrir novas luzes. Acontece que o abismo sou eu. O precipício somos nós.

Consola-me saber que raras pessoas conseguiram tal façanha. O íngreme caminho que leva a Deus parece cada vez mais burocrático e difuso. A fé cega na ciência esbarrou na loucura da razão. A arte foi retalhada e vilipendiada pelo mercado. A poesia foi trancada nos calabouços da racionalidade. A sensibilidade quer respirar.

Os espelhos da verdade continuam embaçados. Habitamos um corpo que mal conhecemos. Processamos uma mente que mal controlamos. Abrigamos desejos que mal contemos. Possuímos hipoteticamente uma alma que mal sentimos. Ainda somos turistas de nosso próprio interior. Por que fugimos tanto de nossa essência?

A aparência administra nossas ilusões e anestesia nossa identidade. Viva a modernidade (ou pós) numa era em que voltamos à pré-sensibilidade. Livrai-nos da mídia alienante. A informação globalizada nos alcança, nos persegue e nos invade de todos os lados, mas muito pouco daquilo que chega nos convém, nos dignifica e nos fortalece como seres humanos vocacionados para a plenitude existencial e a harmonização universal.

Poluímos nosso ser desde o amanhecer até o anoitecer com influências que não estão à altura da sabedoria que precisamos e aspiramos para sermos verdadeiramente felizes, autoconscientes e protagonistas de nossos sonhos. Angústias, preocupações e medos se infiltram nas brechas das fraquezas humanas. Egoísmos, competições e vaidades foram contratados, sem nossa permissão explícita, para nos vigiar e superficializar.

As famílias ainda resistem, não obstante os vendavais, terremotos, avalanches e furacões que ameaçam a simplicidade, sintonia e fraternidade das residências. “Silêncio, começou o jornal”. “Silêncio, começou a novela”. “Silêncio, começou o filme”. Para que perder tempo sorrindo e chorando, amando e ousando, traindo e perdoando? A mídia faz isso pela gente e ainda economiza nossas emoções para os Feriados, o Natal, o Carnaval...

A televisão seqüestrou o cotidiano dos lares. Através de suas telas, as famílias passaram a observar capítulos das glórias e tragédias de outras famílias. O resto do mundo, aparentemente, saiu do anonimato. Enquanto isso, os membros das famílias estão cada vez mais distantes entre si. Muitos sabem mais da vida dos artistas e celebridades do que da vida de seus parentes e vizinhos. Televisão em excesso desumaniza e estraga as famílias.

Nossa cidade também é palco de outro desfile de insensibilidades. Nossos sentidos não podem ser urbanizados e industrializados a ponto de calarem nossa capacidade de ouvir, enxergar e dialogar com a natureza. As atribulações, pressões, rotinas e obrigações contemporâneas não têm o direito de romper nosso cordão umbilical com o meio ambiente. De que adianta denunciarmos o aquecimento global sem superarmos o esfriamento local? Não deixe nunca o mundo congelar sua sensibilidade, incluindo suas utopias e poesias.

A natureza, com efeito, é uma coleção de diálogos majestosos e encantadores. Despeço-me tentando esboçar e ilustrar alguns deles. As flores sorriem coloridamente para o Sol, que retribui com brilhos ainda mais intensos e envolventes. Estrelas dançam para a Lua. Chuvas acariciam a face da Terra. Os pássaros anunciam e ornamentam o pôr-do-sol. As árvores renovam seus artigos de moda a cada estação. As ondas dos mares se revezam para lamber e refrescar as dunas de areia. As folhas ensaiam coreografias ao sabor dos ventos.

Viva a sensibilidade. Ela está por aqui e por ali, tentando respirar timidamente em algum canto para que nada nem ninguém as sufoque. Mergulhar dentro de si mesmo, se libertar das amarras da mídia, resgatar os laços familiares, fazer as pazes com a natureza. Sim, é preciso reaprender a sentir o que não se explica para podermos explicar melhor o que não sentimos.

Brasil deveria oficializar seu repúdio a Israel

Segue um artigo corajoso, lúcido e direto que apela diretamente à consciência dos governantes e cidadãos brasileiros. A péssima notícia é que, no momento em que faço esse comentário, a contabilidade sangrenta do genocício nazi-sionista contra Gaza já está beirando a marca de 1000 vítimas, fato que duplica a urgência reivindicada pelo texto e amplia incotestavelmente sua legitimidade. Nem as alas conservadoras e subservientes têm o direito de fazer vista grossa frente à esta barbárie. Os discursos vagos devem ser convertidos em atitudes concretas. O Brasil já não é mais tão capacho dos EUA como antigamente. Chegou a hora dos parlamentares, intelectuais e forças progressistas de nosso país repudiarem diplomaticamente a arrogância cínica e criminosa de Israel. Como as palavras abaixo deixam claro: a questão não é ser cúmplice do Hamas; o que não se pode admitir é ver o extermínio de um povo de camarote, como se o terrorismo de Estado perpetrado tivesse lugar em outro planeta.

(Comentários indignados do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

PELO IMEDIATO ROMPIMENTO COM ISRAEL!

Por Maurício Thuswohl

FONTE: Agência Carta Maior - 07/01/2009
LINK: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4069&boletim_id=513&componente_id=8910

“Muitas crianças palestinas estão morrendo e quase nenhuma criança israelense foi morta. Por quê? Porque nós cuidamos das nossas crianças.” (Shimon Peres, presidente de Israel, em 6 de janeiro de 2009)

De acordo com os dados divulgados periodicamente pela ONG internacional Save the Children, foi ultrapassada na terça-feira (6) a marca de 100 crianças palestinas assassinadas desde o início da última onda de agressões perpetrada por Israel. No mesmo dia, ataques aéreos israelenses destruíram três escolas da ONU na Faixa de Gaza, deixando cerca de 30 mortos. Horas antes, uma bomba caiu sobre uma casa onde cerca de 20 jovens recebiam de dois militantes dos Hamas treinamento de primeiros-socorros para ajudarem parte das milhares de vítimas palestinas. Não houve sobrevivente.

Ocorridos num único dia de combate, em meio aos milhares de episódios estarrecedores vividos em Gaza na última semana, esses eventos mereceram o repúdio internacional e fizeram crescer a pressão sobre o governo israelense para um cessar-fogo imediato. Respaldado pelo sólido apoio político e diplomático dos Estados Unidos, no entanto, os falcões-de-guerra israelenses, até o momento em que escrevo estas linhas, admitiram apenas a abertura de um “corredor humanitário” durante três horas por dia para que comida e medicamentos finalmente cheguem aos palestinos.

Face à impotência do Conselho de Segurança da ONU e ao bloqueio das discussões exercido pelos EUA, a tentativa de costura de uma solução que leve ao fim imediato das hostilidades sobrou para a União Européia. Capitaneados pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, os esforços europeus, no entanto, têm encontrado maior eco junto aos países árabes, Egito à frente, do que propriamente junto a Israel, que, como faz nos últimos 60 anos, mantém postura de arrogância e desprezo em relação à via diplomática multilateral.

Os países árabes, por sua vez, também repetem o velho cenário que se divide entre os regimes aliados dos Estados Unidos, liderados pela Arábia Saudita, e os regimes inimigos declarados ou velados de Israel, como Síria e Jordânia, entre outros. A história ensina que, na hora em que Israel resolve atacar com A maiúsculo, nenhum dos dois lados da elite árabe costuma mover uma palha em favor de palestinos, libaneses ou quem quer que seja.

Qual papel deve assumir o Brasil, postulante a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, diante dessa paralisia? O melhor e mais corajoso caminho a ser seguido é o imediato rompimento de relações diplomáticas com o governo assassino de Israel. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem diante de si a oportunidade de fazer valer todo o capital político acumulado no cenário internacional ao longo dos últimos seis anos e indicar claramente que a construção de um novo patamar de entendimento entre as nações, desejo manifesto de seu governo, não mais tolerará demonstrações unilaterais e desproporcionais de força militar.

É possível romper relações com Israel sem declarar apoio ao Hamas ou abandonar a posição neutra em relação ao conflito palestino-israelense. O que não dá mais é para assistir calado ao extermínio de um povo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como bem demonstrou o governo da Venezuela. No mesmo dia em que foi ultrapassada a marca de 100 crianças palestinas mortas, o presidente Hugo Chávez declarou o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países e expulsou de Caracas o embaixador de Israel. Para justificar seu ato, Chávez afirmou que “Israel está promovendo um holocausto na Faixa de Gaza”.

Seguir o mesmo caminho da Venezuela consolidaria o papel político de liderança entre os países emergente exercido pelo Brasil no cenário diplomático internacional. Significaria também, mesmo que isso traga pouca conseqüência prática e imediata para quem está recebendo bomba na cabeça, um importante gesto de solidariedade do “mundo real” face ao martírio do povo palestino. Lula, se tomar essa atitude corajosa, mais uma vez colocará a política externa de seu governo a serviço da construção de um mundo menos injusto.

A simpatia do presidente brasileiro pela causa palestina não é segredo para ninguém. Em entrevista ao jornal Valor publicada na segunda-feira (5), o assessor especial de Política Externa da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, classificou a ofensiva israelense em Gaza como “terrorismo de Estado”. Em nota assinada por seu presidente, Ricardo Berzoini, o PT também condenou a ofensiva israelense e rechaçou o argumento de “autodefesa” utilizado por Israel. O rompimento temporário com Israel nas atuais circunstâncias seria, portanto, um caminho natural e coerente para o governo Lula.

Maurício Thuswohl é jornalista.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

POESIA: Asas Libertárias de Gaza

ASAS LIBERTÁRIAS DE GAZA

A maldade toma conta do céu.
O terror sacode o Oriente Médio.
Palestinos sucumbem sem remédio
Perante a truculência insana de Israel.

Um povo está sendo dizimado
Sob a cumplicidade dos EUA
Afinal, para que serve a ONU?
Obama sequer perde o sono!

Após mal deixarem o útero,
Crianças são alvejadas no berço.
As mães rezam em vão o terço,
Lendo bíblias ensopadas de sangue.

A mídia ocidental se prostituiu,
Como se algum Hitler a controlasse
Os jornais viraram panfleto servil,
Como se a verdade nunca reinasse.

Em vez de seguirem para o colégio,
Os adolescentes se vêem obrigados
A desviarem seu rumo para o cemitério
Onde serão irreversivelmente abrigados.

Protestos se espalham pelo mundo,
Despejando lágrimas de indignação.
Poemas de luto silenciam bem fundo
No coração sensível de cada cidadão.

É preciso boicotar os produtos de Israel
E fechar as portas de suas embaixadas.
Devemos libertar a Palestina do cruel
Bloqueio sobre suas áreas povoadas.

Canhões poderão esmagar casas,
Mas jamais arrancarão as asas
Da cultura vasta, heróica e gloriosa
Que transcende a Faixa de Gaza.

( POETA DO SOCIAL, em versos de luto )

Oportunidade de Reafirmar Compromissos

Nosso presidente, gostemos ou não dele, terá a oportunidade de "fazer as pazes" com a esquerda brasileira. Essa reaproximação não só é bem-vinda como necessária. Mas os movimentos, entidades e militantes que se reunirão em Belém para aprofundar debates e propostas em torno de um outro mundo, mais do que esperar um discurso bonito e emocionado, querem sobretudo coerência política e vontade transformadora do governo. A oportunidade não poderia ser melhor: um sistema econômico internacional falido, uma natureza em estado crítico de alerta, um mundo sedento de paz e tolerância, uma América Latina pulsando soberania e ousadia... As lideranças, povos e grupos progressistas de todo o mundo precisam se unir, convergir suas lutas e integrar suas bandeiras rumo a um planeta bastante diferente do que temos (e sofremos) hoje.
(Comentário do Grito Pacífico, mudando o mundo com você).

LULA TENTA REAPROXIMAÇÃO COM AS ALAS DE ESQUERDA

Presidente prepara discurso para abertura do Fórum Social Mundial, no fim do mês, em Belém, quando irá assegurar que os pobres não pagarão a conta da crise financeira

Por Vera Rosa, da Agência Estado
FONTE: Jornal O Povo - 02/01/2009
LINK: http://www.opovo.com.br/opovo/brasil/847340.html

Depois de enfrentar um ano difícil e voltar a ouvir críticas à política monetária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparecerá ao Fórum Social Mundial, em Belém, empenhado em reconquistar o público de esquerda que torce o nariz para medidas tomadas pelo Banco Central. Na tentativa de consolidar a reaproximação com os movimentos sociais, Lula prepara discurso sob medida para o encontro - que vai ocorrer de 27 de janeiro a 1º de fevereiro - conhecido como "Woodstock Tropical": vai dizer que, em seu governo, os pobres não pagarão a conta da crise financeira.

O tom duro do pronunciamento do presidente será reforçado por ataques à especulação internacional e pela defesa contundente de uma nova ordem econômica e política no mundo. Lula quer levar a tiracolo a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - pré-candidata do PT à sua sucessão, em 2010. No Palácio do Planalto, a presença no Fórum Social é considerada fundamental para a conquista de apoios na seara da esquerda.

Apesar de fazer questão de prestigiar o mega encontro de Belém, Lula não confirmou presença no Fórum Econômico Mundial, que começa um dia depois em Davos, na Suíça, que reunirá uma platéia de homens engravatados do Primeiro Mundo. Na capital do Pará, o presidente pretende dar estocadas nos Estados Unidos e nas economias mais ricas do planeta, sob o argumento de que as nações poderosas incentivaram a formação de um "cassino" global, causando a crise e prejudicando os mais pobres.

Vaias e aplausos

Em janeiro de 2005, na última vez em que compareceu ao Fórum Social, então realizado em Porto Alegre, Lula foi vaiado e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aplaudido.

A reação contra o petista partiu de militantes do PSol e só não foi maior porque dirigentes do PT, alertados para o protesto, organizaram o contra-ataque.
Vestidos com camisetas que exibiam a inscrição "Sou Lula", os petistas puxaram aplausos e conseguiram abafar as vaias e os gritos de "traidor", entoados pelos mais radicais.

Desde então, o presidente não mais prestigiou outras edições do Fórum Social, todas ocorridas fora do Brasil, como na Índia e na África.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Nosso Congresso é um Retrocesso?

Como primeira postagem textual de 2009 deste blog, nada melhor que destacar a questão política no sentido maiúsculo do termo, enfatizando nesse caso a esfera parlamentar. Reproduzo um balanço bem sumário do Congresso brasileiro em 2008, incluindo dois pontos importantes extraídos da entrevista que embasou a análise. É recomendável lê-la na íntegra, acessando o link informado.

Como cidadão e eleitor brasileiro, é impossível ficar alegre com o desempenho do Congresso, mas não podemos ser hipócritas e condená-lo sem fazermos a devida auto-crítica, pois afinal de contas cada nação tem o parlamento que merece. Contudo, cabe decisivamente à sociedade civil, através de suas organizações, movimentos e campanhas, empenhar-se na melhoria contínua da atuação de nosso poder legislativo, denunciando suas intrigas palacianas e enobrecendo sua missão representativa, sem perder de vista seus horizontes ético-democráticos.

(Comentário do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

CENÁRIO DESALENTADOR PARA 2009

Congresso tende a repetir baixa produtividade, incompetência e oportunismo que marcaram as atividades do ano passado, diz analista político

Por Edson Sardinha

FONTE: Congresso em Foco - www.congressoemfoco.ig.com.br
LINK: http://congressoemfoco.ig.com.br/DetQuestaodefoco.aspx?id=89

Nos anais da história, 2008 será lembrado pela baixa produtividade legislativa, pela incompetência das lideranças partidárias, pelas trapalhadas da oposição, pela desarticulação do governo e pela ocupação, por parte do Judiciário, dos vazios deixados pelo Parlamento. Para piorar, a julgar pelo cenário em volta, o ano que se inicia tem poucas chances de ser melhor.

A avaliação desalentadora é feita pelo jornalista e analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Coordenador da publicação anual Os Cem Cabeças do Congresso, que faz o mapeamento de quem é quem no Legislativo, Toninho, como é mais conhecido, diz que o discurso de que as medidas provisórias (MPs) editadas pelo presidente Lula foram as grandes culpadas pelo desempenho pífio dos parlamentares não se sustenta.
“O discurso fácil de responsabilizar o excesso de medidas provisórias pelo fraco desempenho do Congresso não convence. Em 2008, por exemplo, foram editadas 40 medidas provisórias, uma média mensal de 3,33 contra 70 em 2007, média de 5,83, e 67 em 2006, média de 5,58 por mês”, observa.

Para ele, o Parlamento não tem como fugir de sua própria culpa pela atuação apagada em 2008. “As principais características foram a ausência de liderança e a falta de visão daqueles que atualmente lideram os partidos no Congresso. Apesar do empenho dos presidentes das Casas, faltou um projeto próprio do Congresso para assumir a condição de protagonista do processo legislativo”, avalia.

Pés pelas mãos

Enquanto distribui elogios ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), Toninho faz críticas ao presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). “O presidente do Senado, igualmente, se empenhou para produzir algo de significativo, mas ficou no mero discurso contra as medidas provisórias.”

Na opinião do analista, Garibaldi “meteu os pés pelas mãos”, no final do ano, ao devolver a MP que, entre outras coisas, anistiava entidades filantrópicas irregulares (leia mais) e ao cobrar da Câmara a promulgação da emenda constitucional que aumenta o número de vereadores. Para Toninho, o senador potiguar começa o ano sem ter a certeza de que conseguirá o apoio de seu próprio partido para buscar a reeleição.

O diretor do Diap também condena a mudança de postura da oposição, que, segundo ele, perdeu o rumo ao intensificar a estratégia de dificultar as votações no plenário. “Antes teve uma postura cooperativa, porém nos dois últimos anos passou a fazer oposição sistemática e a obstruir os trabalhos de modo jamais visto. Perderam todos: governo, oposição e o povo”, considera.

Para Toninho, os oposicionistas também não souberam se posicionar diante das crises enfrentadas pelo governo Lula em 2008, como nos casos dos cartões corporativos, do suposto dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do vazamento de informações da Operação Satiagraha.

“A oposição não soube tirar proveito desses episódios. Errou muito na condução desse processo. O primeiro erro foi desvirtuar as funções da Comissão de Infra-Estrutura do Senado”, diz, lembrando do episódio em que o líder do DEM, José Agripino, tentou constranger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, com uma pergunta sobre sua atuação como guerrilheira durante a ditadura e acabou sendo repreendido pela petista e pelos próprios colegas de bancada.

Sem reformas

Contaminado pela sucessão na Mesa Diretora e pelas articulações em torno da sucessão presidencial de 2010, este ano não deve ser dos mais produtivos no Congresso, segundo Toninho.

“Na reforma política tende a prevalecer o projeto que permite a mudança de partido sem perda de mandato. Na reforma tributária, o máximo que poderá esperar será um IVA federal, já que não há acordo com os principais Estados: Minas e São Paulo. No marco regulatório existe boa chance de aprovação da lei das agências reguladoras. A regulamentação de MPs pode andar, mas o governo dispõe de meios para impedir seu avanço”, observa.

TRECHOS DA ENTREVISTA

(...)

Congresso em Foco – 2008 foi um ano sem crises profundas no Congresso, como a do mensalão e a aérea. Mas, por outro lado, um ano arrastado, pouco produtivo, por causa das eleições municipais. Também houve embate entre Judiciário, Executivo e Legislativo. Quais foram as principais características deste ano no Legislativo?

Antônio Augusto de Queiroz – As principais características foram a ausência de liderança e a falta de visão daqueles que atualmente lideram os partidos no Congresso. Apesar do empenho dos presidentes das Casas, faltou um projeto próprio do Congresso para assumir a condição de protagonista do processo legislativo, que continuou com o Poder Executivo, com uma forte participação do Judiciário, que tomou decisões importantíssimas com força de lei, como a súmula sobre nepotismo. O discurso fácil de responsabilizar o excesso de medidas provisórias pelo fraco desempenho do Congresso não convence. Em 2008, por exemplo, foram editadas 40 medidas provisórias, uma média mensal de 3,33 contra 70 em 2007, média de 5,83, e 67 em 2006, média de 5,58 por mês. No governo FHC, considerando apenas o período em que as MPs passaram a bloquear a pauta, a média mensal foi de 6,8, superior às médias da gestão Lula, e nem por isso o Congresso deixou de deliberar. Logo, atribuir-se ao “excesso de MPs” a paralisia da Câmara e do Senado, sem considerar a obstrução permanente da oposição e a falta de articulação governista, não parece uma justificativa adequada. Se os lideres tivessem indicados os membros das comissões mistas, essas MPs poderiam ter sido votadas bem antes dos 45 dias que autorizam o bloqueio da pauta.

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E o que se pode esperar, em termos de produção legislativa, em 2009?

O Congresso tem feito esforços grandes sobre determinadas matérias, mas morre na praia. Isso aconteceu em 2007, com a CPMF; em 2008, com a reforma política; e poderá ocorrer em 2009, com a reforma tributária. Se jogarem todas as fichas nessa reforma, o Congresso corre o risco de perder mais um ano. Infelizmente, a agenda para 2009 não é muito alentadora. Na reforma política tende a prevalecer o projeto que permite a mudança de partido sem perda de mandato. Na reforma tributária, o máximo que poderá esperar será um IVA federal, já que não há acordo com os principais Estados: Minas e São Paulo. No marco regulatório existe boa chance de aprovação da lei das agências reguladoras. A regulamentação de MPs pode andar, mas o governo dispõe de meios para impedir seu avanço. Os recursos para a Saúde, seja a criação da Contribuição Social para a Saúde, seja a regulamentação da Emenda Constitucional 29 ganha força, dependendo do desempenho das receitas do governo. Os projetos de defesa da concorrência, do cadastro positivo e do repatriamento de recursos mantidos no exterior podem andar, mas a PEC dos Precatórios continuará tendo dificuldades. Haverá também muita pressão para votação de matérias previdenciárias, como o fator e reajuste dos benefícios com base no salário mínimo, de matérias trabalhistas, como a flexibilização das relações de trabalho, especialmente a terceirização e a alternativa à chamada Emenda 3, além da redução de jornada de trabalho. As perspectivas, em face da proximidade do processo sucessório e também das disputas que inevitavelmente vão ocorrer na sucessão no Congresso, não são muito boas. De qualquer forma, o governo, com exceção das matérias orçamentárias e poucos temas administrativos, dependerá muito pouco do Congresso.

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

POESIA ESPECIAL: Desejo que o Ano Novo

DESEJO QUE O ANO NOVO...

Prolongue mais os teus sorrisos
Agigante o teu espírito solidário
Borrife paixões em tua existência
Liberte o teu ego da desarmonia
Organize melhor os teus hábitos

Rejuvenesça teus antigos sonhos
Ondule as tuas rotinas de poesia
Bloqueie teus medos movediços
Lance você em dias mais bonitos
Eleve nossos corações ao infinito
Santifique de amor teu calendário

(PS.: O Grito Pacífico deseja-lhe um perfeito 2009)