domingo, 31 de maio de 2009

POESIA: Rimas da Mudança

RIMAS DA MUDANÇA

Eis que chega a razão,
Desmontando as utopias
E as poéticas “anomalias”
Hospedadas no coração.

A ciência, calada e omissa,
Inventa sua própria missa.
A arte, abstrata e covarde,
Virou um cão que não late.

Sobra religião, mas falta fé.
O teatro mudou de endereço
E agora professa o seu terço
No palco descrente da mídia.

O poeta, redivivo, se refaz:
Liberado por ora da prosaica rotina;
Arremessa longe a sua rima,
Deixando a insensibilidade para trás.

( Por Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Um Anúncio Revelador

LANÇO MENSAGEM REPARTIDA EM 28/10/2008 POR UM COLEGA DA REDE 3SETOR (http://br.groups.yahoo.com/group/3setor)

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:

- Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o anúncio para o jornal?

Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:

'Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda'.

Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.

- Nem penso mais nisso - disse-lhe o homem. - Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!

Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe atrás de miragens e falsos tesouros. Valorize o que você tem, a pessoa que está ao seu lado, os amigos que estão perto de você, o emprego que você conquistou, o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso, enfim tudo aquilo que a vida nos proporciona diariamente para o nosso crescimento espiritual.

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

FONTE: Autoria aparentemente desconhecida

sábado, 23 de maio de 2009

Defesa da Petrobrás unificará esquerdas?

Defesa da Petrobrás ajuda a unificar setores da esquerda.

A grande derrota da CPI da Petrobrás criada (desesperadamente, penso eu) pela oposição ao governo será a capacidade de aglutinação nacional em torno da defesa e ampliação do controle estatal sobre esta grande empresa que orgulha o país.

Aproveito esse comentário para opinar que a oposição e seus holofotes midiáticos estão aposentando o pouco bom-senso que às vezes parecem ter (se bem que raramente) para atirar em toda brecha possível de conflito, do tipo:

a) Espetacularizam a doença da Dilma (chegando a tentar falar mais dela do que da recém-visita de Lula a Arábia Saudita/China/Turquia) e acabam dando-lhe maior visibilidade
b) Condenam potenciais impostos sobre 1% dos poupadores e acabam ajudando a divulgar que essa miúda fatia concentra (absurdamente) 40% do volume da poupança
c) O terceiro exemplo fica a seu livre critério para escolher e revelar (beleza?)

O que podemos concluir com isso ?????

1) A "mídia" pensa? Não, defende interesses.
2) De quem? De minorias egoístico-elitistas.
3) Por que? Porque também ela nada sente.
4) Sentir? Sim, sentir amor pelas maiorias.
5) O que fazemos? Sejamos a nossa mídia.

Comentários do GRITO PACÍFICO, mudando o mundo com você

CAMPANHA PELO PETRÓLEO PARA CAPITAL CARIOCA

http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/campanha-pelo-petroleo-para-capital-carioca - 21/05/2009

A presença de cerca de seis mil militantes consolidou a unidade de setores distintos da esquerda na luta pela retomada do monopólio estatal

Por LEANDRO UCHOAS, do Rio de Janeiro

A campanha “O Petróleo tem que ser nosso” demonstrou, na manhã dessa quinta-feira 21, no Rio de Janeiro, um potencial ímpar de mobilização. A presença de cerca de seis mil militantes, fechando a avenida Rio Branco, consolidou a unidade de setores distintos da esquerda carioca na luta pela retomada do monopólio estatal do petróleo, e em defesa do papel social da Petrobrás.

Estiveram presentes parlamentares, prefeitos e líderes de quase todos os partidos do campo progressista, além de representantes dos mais significativos movimentos sociais, sindicais e estudantis. Convocado às pressas, o ato alcançou repercussão nos meios de comunicação e alavancou o movimento. As lideranças pretendem, agora, organizar manifestações nos outros estados do País, unificando as tendências de esquerda em defesa de uma Petrobrás pública e socialmente comprometida.

Havia divergências em relação ao tema mais citado durante os pronunciamentos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado da Petrobrás. A maioria dos militantes rechaçava a iniciativa, acusando PSDB e DEM, que criaram a CPI no Congresso, de querer estancar o desenvolvimento do País em prol de interesses eleitoreiros e em defesa de aliados do setor econômico. “Essa CPI se apresenta no momento em que o Congresso vai discutir o marco regulatório, e o destino do pré-sal”, lamentou Emanuel Cancella, da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Outros, entretanto, frisavam que o objetivo principal da manifestação não era protestar contra a CPI, mas conscientizar a população e construir unidade na luta pelo controle estatal da Petrobrás. “É mais do que discutir CPI. Lutamos para demonstrar a capacidade que o petróleo tem de se transformar em conquistas sociais: trabalho, educação, saúde, moradia”, frisou Marcelo Durão, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST).

Entretanto, todos foram unânimes em manifestar repúdio às intenções eleitorais e posicionamentos pró-transnacionais dos partidos conservadores. Cancella lembrou que “os inimigos da Petrobrás nunca saíram de cena. Eles combateram a criação da Petrobrás em 1953, quebraram o monopólio da empresa em 1996, quiseram mudar o nome da Petrobrás, e tentaram privatizar a empresa”.

Na opinião do deputado estadual Alessandro Molon (PT), “o primeiro fruto da atuação irresponsável da direita é a unificação da esquerda”. Exaltada por quase todas as lideranças, a unidade do campo progressista, usualmente difícil de ser construída após a chegada de Lula à presidência, foi interpretada como a principal vitória do ato.

Alguns dos manifestantes lembraram que essa coesão corre riscos, se certos limites não forem respeitados. “Nós, que fazemos a oposição de esquerda ao governo Lula, temos que ter responsabilidade, e não surfar nessa CPI. E os companheiros de esquerda que dão sustentação ao governo Lula têm também que colaborar para evitar que essa manifestação não seja chapa-branca, nem tenha interesses eleitorais”, disse Ivan Pinheiro, secretário-geral do PCB.

Ao final do ato, os militantes deram um abraço simbólico na Petrobrás, ao som do Hino Nacional. A manifestação contou com a participação de petroleiros de nove estados, das regiões Sudeste, Nordeste e Sul. Trabalhadores do interior do estado também engrossaram o manifesto. Uma nova manifestação, em Brasília, já está sendo programada.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Perguntas que silenciam hipocrisias

[Essa crônica refere-se ao texto-denúncia reproduzido na postagem anterior Um Vivo (de Cultura) na Roda (de Censura). Convém, portanto, lê-la antes.]

Saber perguntar é mais sábio do que saber responder, até porque somos mais feitos de dúvidas do que de certezas” (Pablo Robles)

Eduardo, considero que sua participação valeu a pena e foi muito importante para aqueles que acreditam na ética pública e na integridade do jornalismo, cujos valores se expressam e tentam se reafirmar cada vez mais nos meios alternativos de informação, educação e reflexão.

Confesso não ter muito tempo e paciência para ouvir os noticiários da grande mídia – grande apenas no poder econômico, mas pequena em sua legitimidade moral. Por outro lado, interessa-me saber os bastidores essencialmente ideológicos que sustentam e manipulam ocultamente o véu retórico das aparências enganadoras.

Se a TV Cultura negou-lhe suas perguntas e, quando, na única vez que não o fez, distorceu maliciosamente aspectos específicos dela (ou seja, a referência explícita à gestão do Serra), isso significa dizer que tal emissora se portou - e possivelmente já vem há longo tempo se portando - como uma TV Censura, merecedora de CPIs de todos os gêneros.

Se todos os brasileiros e brasileiras conscientes de seu papel transformador junto ao mundo socialmente construído pela própria humanidade pudessem doar pelo menos uma hora de seu dia para participações deliberadamente voluntárias como essa que você tão bem protagonizou em conjunto com os outros dois twitters, nosso país veria aumentada e distribuída ao máximo a “remuneração” da justiça, da cidadania, do altruísmo e da solidariedade.

Mas não parece nada disso que a oligarquia do PSDB e seus tentáculos midiáticos propõem e desejam para os ouvintes, leitores e interlocutores do Brasil. Reforço essa hipótese citando uma de suas twittadas (@eduguim) que eu (@pablorobles) acabei de ver na condição mesma de seu recente seguidor no Twitter. Ei-la: “Será possível que as mais de 70 CPIs em SP são todas oportunistas e só as do PSDB são sérias? O sr. acredita nisso?

Suas perguntas, mesmo quando abafadas e eventualmente recosturadas pela “TV Censura”, contribuíram notadamente para espalhar reflexões, acordar consciências e silenciar hipocrisias. Saiba que sua presença na emissora, dinamizada online via Twitter e engrandecida depois pelo texto-denúncia postado em seu blog Cidadania.com (http://edu.guim.blog.uol.com.br/) são um exemplo digno de que as grandes árvores são frutos de pequenas sementes.

Constata-se que a mídia tradicional ainda vigente, não poupando nem a TV Cultura, quer entregar novamente o poder às elites que privatizaram o patrimônio nacional e concentraram suas riquezas em detrimento das maiorias. Essa sim, é a mídia que está, acima de tudo, se “lixando para o povo”. Porém, é preciso avisá-la que o povo tem o direito de pensar, de criar e de se comunicar por si mesmo – sem correntes, mordaças e filtros repressivos.

Afinal, cada formiguinha plantada no universo da internet, na forma de blogs, sites, listas de discussão, redes sociais e mecanismos vários, constituem potencialmente outras vozes; capazes de mobilizar novas atitudes na direção de um país mais justo e um mundo melhor. Enquanto os grandes noticiários alardeiam o aquecimento global, sofremos cotidianamente de "esfriamentos locais", cuja cura passa pelo resgate da sensibilidade coletiva.

Um Vivo (de Cultura) na Roda (de Censura)

Como blogueiro amador e recém-twitteiro, sensibilizei-me com o relato abaixo e elaborei a crônica Perguntas que silenciam hipocrisias, visando aprofundar a relevância deste gesto, ao mesmo tempo simples e grandioso, para a construção de outras mídias; sintonizadas com os anseios sociais e coletivos do povo, e não com os interesses econômicos e pessoais das elites.

A grande maioria dos participantes e produtores do programa Roda Viva, a julgar pelo testemunho lúcido e corajoso de Eduardo, já "sacrificaram" suas consciências e deixaram "morrer" sua integridade ética pelo jornalimo sério e isento de partidarismos. O PSDB "dopou" a TV Cultura, mas não nos deixará "tontos".

DENÚNCIA: UM VIVO NA RODA

Por EDUARDO GUIMARÃES, em 19/05/2009

FONTE: http://edu.guim.blog.uol.com.br

Na última segunda-feira, participei do programa Roda Viva, da TV Cultura, que entrevistou o senador tucano pelo Paraná, Álvaro Dias. Fui convidado pela produção do programa para enviar perguntas e comentários via Twitter e chat da página da emissora na internet. Essas perguntas, feitas pelos três twitters convidados pelo programa, caíam diretamente no computador da jornalista Lia Rangel, que as repassava ao mediador, Heródoto Barbeiro.

Tive dificuldade de avaliar se valeu a pena perder uma tarde de trabalho profissional remunerado para participar graciosamente do programa. Concluí que valeu apenas por eu ter podido ver as entranhas do polêmico Roda Viva e da própria TV Cultura, que há anos vem sendo acusada de ser usada politicamente pelos governos do PSDB paulista.

Pela participação que tive no programa, penso que não valeu. Consegui ter apenas uma única pergunta emplacada, e quem a veiculou – pois a bancada de três twitters (que integrei) não tinha permissão para se manifestar verbalmente - foi o mediador. E, como se não bastasse, aquela bancada foi tratada com desprezo pela produção do programa, que nem se deu ao trabalho de apresentar as três pessoas que abriram mão de seus afazeres para estar ali.

A pergunta que fiz, e que aqueles que acompanharam o programa pelo Twitter e pelo chat puderam ler, foi a seguinte:

Senador [Álvaro Dias], por que esse ímpeto investigativo do PSDB [de se empenhar tanto para criar a CPI da Petrobrás] não se reproduz no governo Serra, que veta todas as CPIs [da oposição na Assembléia Legislativa paulista]?

O mediador do programa, Heródoto Barbeiro, recebeu minha pergunta em seu computador repassada pela jornalista Lia Rangel (alguém se lembra da participação dela nos bastidores do Roda Viva durante as entrevistas de Gilmar Mendes e de Protógenes Queiroz?). Contudo, o mediador distorceu a pergunta omitindo a menção ao governo Serra, mudando para “governos do PSDB”.

O senador tucano, autor do requerimento da CPI da Petrobrás no Senado, pôde mentir e distorcer os fatos com grande desenvoltura graças à leniência da bancada de entrevistadores, que, diante de respostas do senador como a de que não poderia falar pelos governos do PSDB nos Estados quando bloqueiam CPIs, foi poupado de maiores questionamentos.

Só vendo por dentro o Roda Viva pude verificar esse tipo de distorção, que só não foi maior talvez por que eu, de lá da segunda bancada, não podendo falar limitava-me a fazer caras e bocas e a dar sorrisos irônicos. Cheguei, em certo momento, a fazer menção de levantar e deixar o programa, mas, sob o olhar temeroso da evidentemente séria jornalista Lia Rangel, optei por ser educado e não causar tumulto.

Não foi por outra razão que, ao fim do programa, quando Lia veio até os “twiters” (eu, o filho de Wladimir Herzog e um estudante do Mackenzie) para gravar o que o programa chama de “bastidores”, a produção cortou a energia dos holofotes, das câmeras e tudo mais, de forma que aquela edição do Roda Viva ficou sem aqueles “bastidores” que são sempre apresentados pela internet.

No entanto, durante o intervalo comercial do segundo bloco do programa, Lia gravou comigo uma entrevista relâmpago sob o pedido de que eu dissesse o que estava achando. Respondi a ela que estava presenciando uma “comédia”, que o PSDB tenta sabotar o Brasil para eleger Serra e que, por isso, aquele homem que ali estava, bem como seu partido, constituíam uma ameaça ao país.

Álvaro Dias e todo o resto dos que ali estavam ouviram claramente o que eu disse, pois estávamos todos separados por poucos metros de distância num ambiente fechado e que, naquele momento, mergulhara num estrepitoso silêncio.

Para mim, ficou cristalino o uso político que os governos tucanos de São Paulo vêm dando à TV Cultura durante os últimos 15 anos. É um abuso a utilização do dinheiro dos impostos dos paulistas para manter uma emissora pública que foi colocada a serviço de um partido político, o PSDB.

Tudo aquilo de que a oposição tucano-pefelê e a mídia acusam reiteradamente a TV Brasil (de ser “tevê do Lula” e outras bobagens) vale apenas para a TV Cultura, que, por estar sendo usada ilegalmente como arma política, afirmo que está sendo gerida como se fosse de propriedade do PSDB de São Paulo. Em vez de CPI da Petrobrás, o Congresso Nacional deveria fazer uma CPI da TV Cultura.

sábado, 16 de maio de 2009

Assim estamos com o mito Obama

Assim estamos com o mito Obama

Passados os cem dias iniciais de Obama na Casa Branca e enquanto o espetáculo da gripe suína despontava, negociações sujas de lama começaram a mostrar melhor o cheiro do caráter de Obama: verniz progressista de pop-star com essência mais conservadora que o mundo pensava.

Não é à toa que no começo do mês mais de 100 civis do Afeganistão foram atingidos pelo “espirro” letal dos bombardeiros americanos. Para que autorizar os soldados norte-americanos a combaterem na lama, no chão a chão? Só se fosse para arriscarem morrer ou pelo menos arranharem os broches do Obama que alguns iludidos devem ostentar em suas fardas.

Vamos acompanhar a metamorfose ambulante do sujeito político mais poderoso do planeta, tomando emprestado notícias publicadas na internet pela Folha de S. Paulo:

Era uma vez (em 27/01/2009)
"Após Guantánamo, Obama terá de lidar com prisão no Afeganistão"
“Bastaram 48 horas na Casa Branca para que o novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenasse o fechamento do polêmico centro de detenção da base militar americana em Guantánamo”

Perceberam o entusiasmo da matéria que futuramente se revelaria etérea?
(mas então...)

Não muito tempo depois (em 15/05/2009)
Obama anuncia manutenção dos tribunais para suspeitos de terrorismo

Percebam que, como informa essa mesma matéria, o mito Obama se desfez duas vezes em uma única semana, para o desespero dos crédulos de todas as democracias:
“Esta é a segunda decisão controversa de Obama em menos de uma semana. O presidente rejeitou a divulgação das fotos de torturas cometidas por agentes americanos contra prisioneiros no Iraque e Afeganistão alegando que as imagens colocam em risco os soldados americanos.”

O que podemos aprender com essa frustrante notícia?

Lanço uma hipótese pedagógica:

Obama, ao decidir manter os tribunais criminosos, parece que não leu nem o prefácio do livro do jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (Veias abertas da América Latina), entregue pessoalmente por Hugo Chavez no encontro de Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago.

As veias mudaram (em grande parte) de endereço e agora o sangue do imperialismo vaza das artérias do Afeganistão, como vimos, e também das tubulações desumanas do Iraque, onde os atentados pipocam tão corriqueiramente que a mídia ocidental ou esquece vez por outra de noticiá-los ou já deve estar enjoada de tanto mostrá-los.

Pois bem - voltando a falar de literatura - não faltaram ilustres escritores que, embarcando no sedutor otimismo falsamente inspirado por Obama, reforçassem a dica venezuelana, como foi o caso de José Saramago:
"Agora só nos falta ver como aproveitará Barack Obama a leitura das veias abertas. Bom aluno parece ser", conclui o Nobel português.

Ah, entendi... acho que matei a charada: os “professores pragmáticos” (leia-se assessores) de Obama negaram-lhe a oportunidade de ler previamente o livro Ensaio sobre a cegueira, de Saramago, pré-requisito indispensável para tornar o pop-star menos míope.

E por ter a honra de mencionar o Galeano, despeço-me com as palavras afiadas dele, mil vezes mais precisa do que a pontaria daqueles disparos no Afeganistão:

"Os cinco principais fabricantes de armas são os encarregados da paz do mundo... Assim estamos! [inclusive com o mito Obama, acrescentaria eu]".

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mídia que temos x País que somos

Mídia que temos x País que somos

Se o Brasil fosse julgado pelo padrão da mídia doméstica que tem, nossa imagem no mundo seria uma das mais abomináveis possíveis. Nossa auto-estima estaria no fundo do poço. Os atrasos de nossa cidadania e as deficiências de nossa democracia seriam aviltantes.

Tentam nos manipular de todas as formas. Algumas tentativas soam tão deploráveis quanto patéticas. O jornal carioca O Globo se superou nesta semana (dia 12 de maio) com a matéria “Lula enfrenta protesto”, estampando uma foto aparentemente conflituosa. Tudo encenação deslavada, armada para inverter a ordem das coisas e perverter a consciência do leitor.

Conforme explicado melhor aqui, no site vermelho.org.br, eis o que houve: “O presidente se deparou com uma manifestação de pessoas que queriam dialogar diretamente com Lula sobre o programa habitacional. (...) Ou seja, nada de confronto como O Globo quis mostrar. E mais, quando desceu do carro, o presidente foi ovacionado com ´Lula, eu te amo!`”.

No mundo instantâneo e superficial de hoje, onde talvez gastemos dez vezes mais dinheiro com remédios do que com livros, “inocentes” fotos e títulos ousam nos emburrecer e nos enlouquecer. Por que fazem isso? Cito outro trecho do artigo, por sinal bem elucidativo: “Eles sabem que boa parte dos leitores olha apenas a capa nas bancas e muitos que compram o jornal não lêem todo o conteúdo, se prendendo mais nas fotos e no título”.

De que adianta emitirem depois notinhas de rodapé que quase ninguém irá ver? A besteira planejada já foi feita mesma! Além de denunciar, o que é o mínimo, que tal alimentarmos nossa lata de lixo com esses papéis podres? Não sejamos assinantes de um jornal que faz seu leitor de palhaço. Todavia, profetizo que o reinado de tais farsas está em decadência. Os ventos jornalísticos que emanam do exterior já fazem um juízo mais nítido de nossa grandeza.

O resto do mundo, de forma cada vez mais freqüente, tem buscado destacar os avanços recentes do país no longo caminho de “redescoberta” da sua dignidade e na difícil “construção” de uma soberania tantas vezes ameaçada por ditaduras outrora encomendadas pelos EUA ou por governos entreguistas que pareciam filiais de corporações sem fronteiras.

Consultando minha memória contemporânea, baseada em notícias internacionais, listo a seguir vários indicadores que mostram que, pelo menos para os estrangeiros bem informados que se interessam por nossos rumos, a idéia de que somos o “país do futebol, do samba e da sensualidade” revela cada vez menos o que fazemos, temos e somos de fato:

1. Economia robusta capaz de minimizar o ímpeto da crise mundial;
2. Políticas compensatórias e bem intencionadas de inclusão social;
3. Vitalidade e criatividade do empreendedorismo nacional e local;
4. Esforços de ampliar e interiorizar o acesso ao ensino superior;
5. Engajamento cívico de ONGs, movimentos sociais e voluntários;
6. Competência, altivez e reconhecimento de nossa diplomacia;
7. Arco de relações internacionais diversificadas e amistosas;
8. População de internautas altamente significativa e atuante.

Parei nessas oito ocorrências. Elas me bastam para abrir logo um paralelo entre os oitos anos (a completar) do governo Lula com os malfadados oito anos do antecessor. Não preciso e nem gosto de ficar defendendo ou condenando partidos. Minha vocação está mais para o todo. Aliás, devo satisfação muito maior aos vizinhos que passam fome em minha cidade do que aos políticos que ficam rodopiando com seus jatinhos em torno de seu próprio umbigo.

E cá entre nós. Releiam e comparem mentalmente os feitos elencados. Nesses casos, o abismo é tão visível que se pode dar ao luxo de dispensar quaisquer comentários. Deixemos as intrigas para as esquinas de Brasília. Prefiro me contentar com a voz da realidade, a satisfação legitimada no povo comum e o recado que brota da alma das pessoas de bem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Presidência usará Blog, YouTube e Twitter

A juventude de agora, plugada cada vez mais no mundo da sociabilidade virtual, terá muito a ganhar com esses canais informais de interatividade previstos para breve... o que poderá também ajudar a tornar (por tabela) a imagem da sucessora Dilma mais palatável entre a moçada pautada por cliques instantâneos, influências múltiplas e imagens expressivas.

Às vezes leio comentários ridículos e imberbes estragando a internet. É o vírus da arrogância elitista e hipocrisia conservadora. Preconceitos contra nordestinos, contra pessoas academicamente menos instruídas, contra quem não se excita com o fetiche egoístico-neoliberal norte-americano, contra quem não caricaturiza o diferente, contra quem não condena o novo só porque teme ver seu ego ameaçado.

Essas pessoas, como peso morto em areia movediça, estão sendo sepultadas por novos tempos; tempos em que as pessoas estão voltando a gostar mais de história por aprenderem que o futuro se refaz a partir do presente, em que o Brasil está perdendo sua síndrome de gigante apequenado, em que os países da América Latina estão buscando assumir as rédeas de seu destino soberano, em que a mídia anacrônica já não apita, encena e tiraniza a "platéia" como antigamente, porque esta suposta "platéia" que atende pelo nome maiúsculo de povo está descobrindo que ser cidadão também significa, preliminarmente, deixar de ser platéia.

Viva as mídias alternativas! Viva um mundo melhor e um país mais justo!!!

Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você


PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA VAI USAR YOUTUBE E TWITTER

da Folha Online - 11/05/2009

LINK: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u563584.shtml

Além de um blog, a Presidência da República vai montar também um canal no YouTube e um perfil no Twitter. A informação é do "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete, na edição desta segunda-feira (11) --íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL.

Segundo a coluna, os responsáveis pelo projeto fazem questão de dizer que nenhum desses canais será "do Lula", mas sim da instituição.

O blog da Presidência deve ser lançado em breve. A ideia é disponibilizar informações com linguagem mais descontraída e informal. O pedido partiu de Lula em dezembro, quando entrou no ar o blog do governo de transição americano e, depois, o blog da Casa Branca. Segundo interlocutores do governo, os blogs de Barack Obama e do primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, servem de modelo.

Em fevereiro, foi criado um Twitter falso do presidente. O acesso e a divulgação ampla das informações impressionaram e fizeram o governo acelerar a entrada de Lula no mundo.

domingo, 10 de maio de 2009

POESIA ESPECIAL: Fonte Maternal de Justiça

FONTE MATERNAL DE JUSTIÇA

Mãe, contigo tudo é mais puro, leve e familiar
Tua sensibilidade calou o meu medo de chorar
Deu-me inclusive asas para enxergar e sonhar
Com um mundo onde todos tenham algum lar

Mesmo sério e calado, saiba o quanto te amo
Tuas tristezas colocam em greve o meu sorrir
Teu útero é a terra que aduba o nosso existir
Tuas lições põem o caráter em primeiro plano

Obrigado, mães argentinas da Praça de Maio
Vossa heróica resistência à ditadura é um raio
A desbravar tal cometa as trevas de opressão
Urdida em tons que infectaram até a televisão

Mães de políticos, conscientizem seus filhos
Mãe indígena, só tu sabes zelar pela natureza
Mãe de corruptos, aborta tamanha malvadeza
Mãe do Gilmar, bota ele nas ruas; e nos trilhos

( Por PABLO ROBLES - POETA DO SOCIAL )

Em Homenagem ao Dia das Mães 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pela Renovação e Moralização do Judiciário


Quando passo nas ruas e vejo corpos quase agonizando sem nome, sem futuro e sem nenhum tipo de amparo (seja público e tampouco privado), sinto-me um cidadão infeliz por viver numa sociedade onde milhões de pessoas (para não sair do país) não têm acesso aos direitos mínimos necessários para gozarem de uma vida digna e justa; enfim, humana.

Por outro lado, esse sentimento recorrente de impotência social tem seus momentos de consolação quando vejo, escuto, leio e sobretudo sinto que em todo lugar e época existem - bem como existiram e existirão - pessoas que se mobilizam para melhorar o mundo, o Brasil e (neste caso) suas instituições vitais, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

Mesmo sendo uma partícula qualquer diluída em um universo incognoscível, sei que, inclusive como blogueiro amador em órbita na constelação virtual da internet, tenho alguma possibilidade de me expressar, agir e contribuir para um planeta melhor. Mais que isso: carrego em minha consciência a certeza de que não estou (estamos) sozinhos. Você também pode de alguma forma se mexer, divulgando ao máximo esta iniciativa entre todas e todos.

O Grito Pacífico apóia espontaneamente esse movimento de renovação e moralização do Judiciário!!!

Criado bem recentemente, na última semana de abril, como plataforma comunicativa da campanha nacional e mobilização suprapartidária baseada no atual lema GILMAR DANTAS: SAIA ÀS RUAS E NÃO VOLTE AO STF, o blog saiagilmar.blogspot.com já está de parabéns. A repercussão, que não podia ser maior, precisa se multiplicar a cada dia:

1) Em cada Estado, Cidade e recanto democrático do Brasil
2) Em cada mídia alternativa (blogs e sites independentes)
3) Nas diversas manifestações, protestos e atos públicos
4) Nos debates constantes em salas de aula e universidades
5) Em cada rede sócio-virtual (como Orkut, Twitter e MSN)
6) Nas pautas das ONGs, sindicatos, movimentos e igrejas
7) Na distribuição massiva de cartazes, adesivos e panfletos
8) Na circulação contínua de e-mails, notícias e informações
9) Nos variados meios artísticos (com música, poesia e teatro)
10) Na pressão e controle social exercido junto aos políticos

"Uma sociedade civil omissa não passa de uma massa servil" (Pablo Robles)

OBS.: Sugiro gentilmente a republicação como quiser desta postagem.

ECO extraordinário do Grito Pacífico, mudando o mundo com você...


O POVO PODE DESTITUIR GILMAR. É UM DIREITO CONSTITUCIONAL.

FONTE: http://www.saiagilmar.blogspot.com - 08/05/2009

Sim! Nós, o povo brasileiro, podemos tirar Gilmar Mendes do STF por direito constitucional. Porque, de acordo com a Constituição Federal, art. 1., parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Isto é, a CF nos garante o exercício do poder diretamente, nas ruas! Povo Brasileiro, Saia às Ruas!


MANIFESTO DO MOVIMENTO SAIA ÀS RUAS

LUZ EM NOSSA DEMOCRACIA INACABADA

FONTE: http://www.saiagilmar.blogspot.com - 08/05/2009

Há 30 anos o Brasil iniciou um processo árduo de transição democrática. Combatemos a ditadura militar a custa de sacrifício, sangue e lágrimas. O povo brasileiro, de maneira direta e contundente, disse não à opressão, não à desigualdade radical, não à pobreza. O símbolo de nossa vitória foi a Constituição de 1988, que estabeleceu as bases de um novo País. Um País que valoriza a participação social, que condena a discriminação de gênero, de raça e de classe. Queremos resgatar o espírito das Diretas! Uma democracia viva é aquela com o povo nas ruas!

O Judiciário é alicerce dos poderes de nossa República. O Supremo, como Corte Constitucional, representa isso em seu grau máximo. Entretanto, o que vimos no último ano foi uma “destruição” na imagem e na credibilidade do Judiciário. O presidente Gilmar Mendes conseguiu colocar a Suprema Corte do País contra o sentimento que está nas ruas! Além disso, contraria o pensamento do próprio tribunal que deixa de decidir como um colegiado e causa um prejuízo ao conjunto do Judiciário Brasileiro que passa a ficar desacreditado.

Nos últimos meses, temos sofrido calados ao dar-nos conta de que algumas das nossas conquistas mais nobres estão sendo ameaçadas. Sofremos porque percebemos que a Justiça ainda trata pobres e ricos de maneira desigual. Sofremos porque notamos que os privilégios de classe e o preconceito contra os movimentos sociais persistem na mais alta corte do Brasil. Nós nos sentimos traídos por quem deveria zelar – e não destruir – (por) nossa democracia: o Presidente do Supremo Tribunal Federal!

Ao libertar o banqueiro Daniel Dantas e criminalizar os movimentos populares, o Ministro Gilmar Mendes revela a mesma mentalidade autoritária contra a qual lutamos nos últimos 30 anos. O Brasil já não admite a visão achatada da lei, aplicada acriticamente para oprimir os mais fracos. O Brasil já não atura palavras de ordem judiciais – como “estado de direito”, “devido processo legal” ou “princípio da legalidade” – apresentadas como se fossem mandamentos divinos para calar o povo. Já não há espaço no Brasil para um Judiciário das elites, um Judiciário das desigualdades.

Sabemos que nossa luta não será fácil. No passado recente, lutamos contra a ditadura do Executivo e, a duras penas, vencemos. Lutamos contra a opressão ao Legislativo e pela liberdade da sociedade civil organizada e a nossa força também prevaleceu. Mas não conseguimos por fim ao autoritarismo judicial, hoje encarnado na postura do Ministro Gilmar Mendes. Mantivemos, no centro da democracia brasileira, a mão forte de uma instituição que oprime, que desagrega, que exclui. Chegou a hora de retomar a terceira batalha. O Judiciário ainda não completou sua transição para a democracia e a maior prova disso são as posturas do ministro Gilmar Mendes que ofendem e indignam a vontade da população.

O ministro Gilmar Mendes representa um autoritarismo e uma polêmica partidária-ideológica que não coadunam com a nova luz democrática que as ruas querem para este tribunal. Você se lembra de algum partido político que lançou uma nota em apoio a algum presidente do Supremo em outro momento desse país como fez o DEM? Como esse ministro irá julgar agora os processos contra esse partido? Essa partidarização das questões nas quais o ministro Gilmar Mendes está envolvido mina sua credibilidade como juiz isento e imparcial.Sua saída indicaria renovação e o fim de atitudes coronelistas e suspeitas infindáveis que recaem sobre ele (ver abaixo “SUSPEITAS QUE RECAEM SOBRE GILMAR MENDES”)

Por isso, a voz das ruas está pedindo a saída do presidente do STF Gilmar Mendes. Não admitimos mais a presença de juízes que não tenham imparcialidade, integridade moral, espírito democrático-republicano e reputação ilibada para decidir nesta corte. Uma nova luz, democrática e ética deve surgir no STF!

Nas ruas e nos campos, nas capitais e no interior deste País, milhões de brasileiros escondem uma dor cortante dentro de si. Nossa dor é uma dor moral, que nos corrói a alma e nos aperta o coração. Sofremos por nossa democratização inacabada expressada no presidente do Supremo que, a pretexto de defender direitos individuais, criminaliza movimentos sociais e beneficia banqueiros poderosos. A garantia dos direitos individuais não pode tornar-se desculpa para a impunidade reinante. Já que a soberania emana do povo, perguntem às ruas! Ministro Gilmar Mendes, você nos envergonha como povo! Precisamos de ministros que sejam respeitados pela maioria da população e tenham reputação ilibada. Precisamos de mentes que, além de técnicas, sejam democráticas e éticas.

É por isso que estamos aqui, em uma vigília por um novo amanhecer, para devolver ao Brasil a liberdade que nos tentam roubar. Não haverá uma nova luz sobre o Judiciário, enquanto não terminarmos a luta que o povo brasileiro começou há 30 anos. Chegou a hora de concluir a transição democrática, de sair às ruas e iluminar a nossa história com novo choque de liberdade. O povo já tirou o Collor e tirará Gilmar Mendes!


SAIA ÀS RUAS GILMAR MENDES E NÃO VOLTE AO STF! VIVA O POVO BRASILEIRO!

COM VELAS ACESAS, MANIFESTANTES PROTESTAM CONTRA GILMAR MENDES

FONTE: http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_3/2009/05/06/noticia_interna,id_sessao=3&id_noticia=106031/noticia_interna.shtml - 06/05/2009

Cerca de 300 representantes de movimentos sociais e partidos políticos promoveram na noite de hoje (6), na Praça dos Três Poderes, uma manifestação pacífica pela saída do ministro Gilmar Mendes da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento recebeu o nome de Gilmar Dantas: saia s ruas e não volte ao STF, em alusão aos habeas corpus concedidos por Mendes ao banqueiro Daniel Dantas, quando este foi preso na Operação Satiagraha, e a uma frase usada pelo ministro Joaquim Barbosa em recente discussão com Mendes no plenário do tribunal.

Os manifestantes acenderam velas ao redor de uma bandeira brasileira e em toda a extensão da praça, além de entoarem refrões contra o presidente do STF.

O Judiciário brasileiro ainda não é transparente e a gente acha que tem que ser iluminado. Para isso tem que ter novas figuras. O ministro Gilmar Mendes representa uma parcialidade que não se coaduna com o seu cargo, afirmou o cientista político João Francisco Araújo, idealizador do movimento. Fazemos um convite para que ele [Mendes] se retire [do STF], acrescentou Araújo.

O PSOL apoiou a manifestação, com parlamentares presentes e militantes segurando faixas com a inscrição Xô Gilmar Mendes. A deputada federal Luciana Genro (RS) ressaltou que a simbologia do protesto já seria significativa, mesmo que a saída de Mendes da presidência do STF não aconteça.

É muito importante essa consciência, que vem se desenvolvendo na sociedade, de que o Supremo não é intocável. De que aqueles homens e mulheres que lá estão têm que prestar contas sociedade de seus atos e não podem ficar isolados numa redoma de vidro, distantes da opinião pública, disse Luciana.

No momento do protesto, Gilmar Mendes e vários outros ministros participavam no STF da cerimônia de lançamento do Anuário da Justiça. Do salão em que as autoridades se encontravam era possível avistar a manifestação, ouvir gritos e apitos.

A assessoria de imprensa do STF informou que Mendes não iria se pronunciar novamente em relação ao protesto. Pela manhã, em evento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mendes disse que não se incomodava com eventuais manifestações contrárias á sua gestão. No fim do ano passado, Mendes chegou a afirmar, em uma entrevista coletiva, que "os protestadores contra a atuação dele não enchem uma Kombi.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Era uma vez a hegemonia do dólar?

O juro líquido brasileiro já deixou de ser o mais salgado do mundo. Os ventos progressistas da América Latina estão preparados e sedentos por isso. Até parte da elite empresarial, como o texto sugere, parece disposta (será mesmo ou é jogo de cena?) a digerir esta idéia anti-hegemônica!!!

Essa medida representaria um divisor de águas na soberania econômica da América Latina. É miragem ou realidade? Falácia ou convicção? O fim do padrão-dólar entre nosotros hermanos é algo impossível ou inevitável???

O Banco Central e seus apaniguados, infelizmente, estão infectados pelo "vírus da resistência". Se as negociações entre os presidentes latino-americanos avançarem com a devida ousadia, o BC terá que elevar o nível de sua "pandemia dolarizada" a índices capazes de deixar o establishment norte-americano de cabelos em pé.

Enquanto Lula provavelmente pautará esse assunto em sua viagem próxima a China (cujas engrenagens alternativas também estão em movimento), os assessores econômicos de Obama - na contra-mão - deverão agir na surdina para estancar a "empolgação" da "atrevida" América Latina. Fiquemos de olho...

Comentários do GRITO PACÍFICO, "mudando o mundo com você"

O FIM DO PADRÃO-DÓLAR NA AMÉRICA LATINA?

por Altamiro Borges*

FONTE: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=55495 - 06/05/2009

Segundo reportagem desta semana no jornal Valor, “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já marcou data para anunciar seus planos ambiciosos para o uso do real nas transações da América do Sul... Na próxima reunião da Unasul, que agrega os países da região, ainda neste semestre, Lula quer apresentar aos parceiros proposta que pode ampliar o uso do real nas relações entre os vizinhos”. Caso a notícia se confirme, será um acontecimento inédito nesta sofrida região, tratada como “quintal dos EUA”, e poderá representar o fim do “império do dólar” no continente.

O estudo desta medida ousada reflete tanto a grave crise econômica dos Estados Unidos, que tem como efeito o derretimento da sua moeda, como o avanço das forças progressistas na América do Sul. Ela seria impensável há alguns atrás, quando os EUA exerciam poder unipolar e gozavam de ampla hegemonia. No mesmo rumo agora defendido pelo Brasil, a China propôs recentemente o fim do padrão-dólar nas transações comerciais e financeiras no mundo. O governo Hugo Chávez também apresentou a proposta da criação do “sucre”, como moeda única na região. A reação do “império do mal” a todas estas propostas tem sido violenta. É o seu poder que está em jogo!

A resistência do Banco do Central

Ainda conforme a reportagem, o mecanismo de substituição do dólar não está pronto e passa por discussões na equipe econômica, “onde, jura-se no Palácio do Planalto, já existe concordância do reticente Banco Central”. Só se a convicção de Lula for muito forte para dobrar as resistências do banqueiro Henrique Meireles, presidente do BC e ex-dirigente do Bank of Boston. Segundo os estudos prévios, os países sul-americanos seriam autorizados a sacar, junto ao BC, uma quantia de reais que seria usada para o comércio com o Brasil ou mesmo para repassar a outros países da continente. “Falta ainda, segundo um graduado assessor de Lula, definir o total que será posto à disposição dos vizinhos. Lula quer que seja uma quantia significativa”, afirma o jornal.

No mês passado, Brasil e Argentina já firmaram acordo de substituição do dólar nas transações comerciais entre os dois países. A medida foi favorável à nação vizinha, altamente dependente dos dólares para os seus negócios, o que se torna um calvário num período de escassez da moeda ianque no mundo. Lula já tem o apoio de Cristina Kirchner e de Hugo Chávez para sua proposta. Os demais países da região, inclusive os alinhados aos EUA, também deverão aderir à iniciativa, como forma, até pragmática, de superar a sua vulnerabilidade. O Brasil tem superávits com todas as nações da América do Sul, com exceção da Bolívia em função das suas exportações de gás.

A desconstrução dos Estados Unidos

Conforme constata o Valor, mesmo a contragosto, a iniciativa brasileira de expandir a circulação do real na região poderá “ser vista como uma medida antiamericana – o que não é – destinada a botar a colherzinha do Brasil na sopa da desconstrução dos EUA como emissor da moeda de troca mundial”. Mesmo assim, o jornal de negócios da burguesia nativa concorda que a medida é cabível. “Se quiser reduzir as fontes de pressão sobre as políticas comerciais dos parceiros sul-americanos e minimizar seus efeitos sobre as vendas de produtos brasileiros na região, o governo tem de buscar mecanismos criativos e menos dependentes do fluxo de dólares para esses países. Lula mandou seus técnicos encontrarem esses mecanismos e conta tê-los em mãos até junho”.

--------------------------------------------------------------------------------

*Altamiro Borges, Miro é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro "As encruzilhadas do sindicalismo" (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição)

sábado, 2 de maio de 2009

Sabedoria, resistência e autonomia indígena

O Grito Pacífico apresenta, após a transcrição do resumo da matéria pelo Brasil de Fato, o fichamento de uma sábia entrevista dada por Edson Kayapó, com a colaboração de Miryám Hess; ambos indígenas militantes com boa formação acadêmica. Quem quiser mergulhar mais nestes ensinamentos, vale a pena espiar a entrevista na íntegra. Para isso, é só acessar o link informado.

A LUTA INDÍGENA É CONTRA EXTINÇÃO DA HUMANIDADE

Por Danilo Rara - 27/04/2009

FONTE: Agência Brasil de Fato

LINK: http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/a-luta-indigena-e-contra-extincao-da-humanidade-1/

O historiador indígena Edson Brito, também conhecido como Edson “Kayapó”, está a todo momento pensando na humanidade e na natureza como um Todo. Sabe que o tempo corre contra ele e seus parentes. E tem convicção também que esse tempo, “civilizatório científico-capitalista”, corre contra todos os humanos. Para ele a atual crise econômica é agravante de um colapso civilizatório muito maior, que tem longas raízes históricas, científicas e filosóficas. Trata-se, portanto, de uma grave crise produzida por um modo de vida que destruiu e destrói muitas outras formas de viver, muitos outros modos de relacionamento entre humanos e natureza.

Verdadeiros viveres cuja luta pela sobrevivência mobiliza por inteiro o índio guerreiro que traz em seu nome, Kayapó. Contra um modo de viver “estúpido e suicida”: “veja só São Paulo: quando explico para meus filhos que o Tietê é um rio eles não acreditam: como pode ser se fede tanto? A vida parece não fazer mais sentido, e as pessoas esperam a hora dela acabar, muitas já não pensam mais sequer em ter os seus filhos”. Contra esta barbárie, o historiador indígena traça sua resistência, marcada principalmente por muito estudo: “meu objetivo é desmarcarar toda essa concepção científica e civilizatória, mano! Só preciso ir juntando os muitos fios, as muitas informações que tenho”. E é esta urgência que vive cotidianamente seja em São Paulo (onde hoje faz seu doutorado em “Educação: história, política e sociedade” na PUC-SP), seja no Oiapoque (onde nasceu e também segue atuando).

O mote inicial de nossa conversa foi a recente votação no Supremo Tribunal Federal sobre a demarcação contínua do Território Indígena Raposa Serra do Sol (TI-RSS), na região de Roraima, extremo norte do país. Porém, desde o início Edson fez questão de ressaltar implicações muito mais profundas a partir desta questão aparentemente só indígena: “nós indígenas passamos milênios na Amazônia e conseguimos conhecê-la profundamente, respeitá-la e preservá-la, enquanto a civilização científica capitalista, além de massacrar brutalmente nosso povo, em poucos anos a tem desmatado e destruído progressivamente, como nunca antes”. Para ele há muito tempo a questão indígena deixou de ser uma luta específica dos povos originários pelos seus direitos constitucionais para se tornar uma questão de todos os homens e mulheres do planeta. Prova isso com muitos dados e exemplos.

Em sua opinião, ou a “civilização científica capitalista tem pela primeira vez na história a humildade de assumir seus limites e sua ignorância” sobre uma série de complexas questões – entre elas, a preservação da Amazônia, e a própria relação entre humanos e natureza -, ou estaremos todos fadados à extinção. Nesse sentido é enfático: “o nó da questão, que a sociedade brasileira e mundial precisam entender, é que as terras amazônicas sob o cuidado dos indígenas é uma garantia para toda humanidade. Ao retirar a autonomia dos indígenas sobre suas terras estão assinando a sentença de morte da humanidade”. O alerta aqui tem em vista as 19 condicionantes propostas pelo Ministro Menezes Direito e aprovadas junto com a demarcação contínua da RSS, que teoricamente se estenderia a outras terras já demarcadas ou por demarcar. Na opinião de Edson: “um verdadeiro golpe, inconstitucional, contra a autonomia indígena e de lesa-humanidade”.

Porém, para chegar a tais conclusões, Kayapó deu uma verdadeira aula que começou com seu itinerário pessoal por diversas cidades do país, e foi parar numa complexa discussão sobre conhecimento, espiritualidade e filosofia indígena. Edson fez questão de ressaltar, entretanto, que não é representante legal de nenhum povo indígena, muito menos do movimento como um todo – que é bastante complexo e diversificado. Na entrevista, portanto, há opiniões pessoais, deve-se dizer, de um intelectual indígena. Opiniões que também passaram por uma contundente crítica a grandes empreendimentos na região amazônica, à política de parques nacionais (“na prática uma verdadeira internacionalização privada de nossas terras”), e pela defesa das cotas para indígenas nas universidades do país...

A conversa contou também com as contribuições da geóloga indigenista Miryám Hess, ativista em prol das lutas indígenas que, assim como Edson Kayapó, contribuíram na construção da sessão indígena do “Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos réus”, realizado em São Paulo no final de 2008.


FICHAMENTO DA ENTREVISTA

1. Escravidão ideológica no ensino médio

“A vigilância e o controle dos nossos corpos e hábitos transformava a vida numa paranóia. Mas, acabou o segundo grau: acabou a relação com a Igreja! Apesar desse alívio, cheguei a quase esquecer completamente que era índio (...). Nunca me propus a ir a psicólogos, nem sei se eles resolveriam, mas foi uma grande questão psíquica para mim.”

2. Politização e reafirmação da identidade indígena

“[Foi através da] militância política de esquerda que fui redescobrir e reafirmar minha identidade indígena. Era louco porque fazíamos, junto com o MST, rituais indígenas dentro da universidade... Os brancos da burocracia universitária ficavam horrorizados! (...) Penso que os marxistas de todas as vertentes são aliados. Mas por outro lado, de forma geral, estão muito distantes da profundidade que tem a questão indígena.”

3. Mascaramento das diversidades históricas do Brasil

“[Constitui uma falácia a] idéia do Brasil como um país de cultura homogênea, essa idéia de identidade nacional única que exclui a diferença e ignora as mais de 190 línguas indígenas praticadas em nosso território (...). Percebi o quanto as pessoas têm uma concepção de história que exclui muitas histórias.”

4. Militância calcada na informação e coragem

“Foram nove anos atuando em várias esferas políticas: movimento sindical (de professores), movimento ambiental (e indígena) – estes dois que eu não consigo separar. E quando você começa a tocar em alguns grandes interesses, com informação e coragem, a reação é muito violenta na localidade... ameaça de morte, agressões físicas etc.”

5. Os parques nacionais são privatizantes e espoliadores

“Sou absolutamente contra a sobreposição de terras indígenas com parques nacionais. (...) É uma verdadeira internacionalização privada das terras brasileiras, por meio de muitas ONGs internacionais corruptas, que praticam biopirataria escancarada na Amazônia. (...) Os vagões e jatinhos não param de entrar e sair carregados (...). Já tentaram me subornar mais de uma vez. Mas o movimento indígena, de forma geral, é contra a política de parques nacionais.”

6. Impactos negativos da mineração e a conivência científica

“O minério de manganês (e o arsênio produzido com ele) devastaram áreas gigantescas, poluindo terras e rios, e causando vários tipos de doenças físicas e psíquicas, no curto e médio prazos. Inclusive o câncer. A gente denuncia, mas sempre tem algum laboratório norte-americano para atestar “cientificamente” o contrário. E aí a “Justiça” acaba acreditando em quem? No nosso povo tradicional e sem escolaridade ou no laudo científico dos gringos?”

7. Cerceamento crescente da autonomia indígena

“As 19 condicionantes aprovadas pelo STF [Supremo Tribunal Federal] (...) demarcam, mas tiram a autonomia e criam um monte de cláusulas e brechas para poderem explorar os recursos que lhes interessam. Essas condicionantes são um verdadeiro golpe, inconstitucional, contra a autonomia indígena e de lesa-humanidade. (...)”

8. A resistência indígena contra os crimes ambientais

“Os Kayapó e os demais povos xinguanos estão dispostos a lutar até o fim (...) no sentido de defesa da Mãe Terra e dos povos originários (...) até o Estado mudar de idéia com relação a estes mega-projetos que se espalham pela Amazônia. (...) [Como exemplo, indígenas e algumas ONGs sérias] vêm denunciando por meio de análises das águas que a cabeceira do Rio Xingu está sendo completamente poluída por agrotóxicos e resíduos minerais.”

9. A autêntica lição de sustentabilidade vem dos índios

“Os indígenas passaram milênios na Amazônia e conseguiram conhecê-la profundamente, respeitá-la e preservá-la, enquanto a civilização científica capitalista, além de massacrar brutalmente nosso povo, em poucos anos a tem desmatado e destruído progressivamente, como nunca antes. (...) Para nós o homem não sobrevive sem as árvores e os animais, é um conjunto em que todos (homens, árvores, animais, rios etc) são seres fundamentais e interdependentes.”

10. Belo Monte e a engenharia perversa da “Eletromorte”


“A hidrelétrica de Belo Monte, é outro exemplo. Desde 1989 os indígenas falam que não querem, que não vão aceitar... Aí recentemente foram aqueles engenheiros da Eletronorte, que os indígenas chamam de “Eletromorte”, para arrogantemente informar que o projeto seria implantado, independente da vontade dos indígenas. E a televisão noticiou com estardalhaço que a índia Tuíra teria tentado matar os engenheiros. (...) Aquilo foi mais um aviso de que estes mega-projetos e estas grandes hidrelétricas nunca são sustentáveis.”

11. A academia costuma produzir teorias descoladas da realidade

“Existe uma dificuldade muito grande dos indígenas se comunicarem em pé de igualdade por causa da barreira da linguagem, e da concepção de mundo mesmo. Por isso a importância dos parentes se apropriarem desse conhecimento acadêmico. (...) Geralmente a academia cria teorias que abstraem e distorcem a realidade. E que são criadas para isso mesmo. Falam de qualquer assunto sem os pés no chão. (...) Não quero virar um acadêmico de gabinete.”

12. A concepção eurocêntrica e “prostituída” da ciência

“Só é considerado acadêmico o pensamento eurocêntrico. A gente quer que a ciência indígena e a ciência africana sejam incorporadas nos currículos. Esta prostituição deliberada da chamada ciência (eurocêntrica) em relação a interesses econômicos remonta à origem do capitalismo, a deturpações fundamentais das concepções científicas do próprio Isaac Newton.”

13. O fracasso suicida do paradigma capitalista dominante

“Se o modelo científico civilizatório capitalista é tão bom mesmo, por que a humanidade está correndo o risco de se extinguir? Ou ela tem pela primeira vez na história a humildade de assumir seus limites e sua ignorância [ou esperaremos o pior].”

14. Os saberes e práticas indígenas ajudarão a salvar o mundo

“As formas de convívio, as tradições e conhecimentos indígenas podem colaborar e até ser a chave para a criação de uma outra sociedade planetária. E quando falo de conhecimento indígena não estou falando apenas do conhecimento de ervas e plantas, mas do conhecimento de organização social (que para mim não se separa do ambiental). As formas de trabalho coletivo, o respeito mútuo, a forma integrada de entender a relações sociais.”

15. A espiritualidade indígena e sua visão holística de harmonia

“O cristianismo separou o espírito e a matéria; aqui é o sofrimento, lá o paraíso. (...) O indígena também tem o seu lugar dos mortos, mas para nós é outra coisa muito diferente, e é muito importante o equilíbrio. O sagrado é a relação entre nós, e entre nós e nosso meio. A relação da mãe Terra com seus filhos é constitutiva, não algo externo. (...) [Possuímos uma] concepção de interdependência constitutiva entre os seres.”


QUEM É EDSON KAYAPÓ?

Edson Machado de Brito é graduado em História (UFMG), fez pós-graduação lato sensu em História e Historiografia da Amazônia (UNIFAP), e mestrado em História Social (PUC-SP). Atualmente pesquisa no programa de doutorado em “Educação: história: política e sociedade”, também na PUC-SP, desenvolvendo uma tese sobre a escola dos Karipuna da aldeia do Espírito Santo em Oiapoque-AP, onde também atua na área de educação indígena e formação de professores.

QUEM É MIRYÁM HESS?
Marília Miryám Hess Rondani é bacharelada e licenciada em Geologia na USP, e pós-graduada em Energia na mesma universidade. Atualmente é conselheira no Conselho da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas (www.grumin.org.br).