quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

POESIA: Pulsações a Cadenciar

PULSAÇÕES A CADENCIAR*

Entre esperanças e recomeços,
Aqui estamos, vivemos e sonhamos.
Entre encontros, saudades e abraços,
Aqui sorrimos, choramos e amamos.

Lá fora o mundo anda mais complicado.
A bolsa de valores secou, espalhando
Seus farelos de hipocrisia pelos poderes.
Um novo deus ostenta o seu cajado,
Contaminando a coletividade dos lugares:
A era do individualismo vai se instalando.

Acessamos em um click outras partes do mundo,
Mas seguimos indiferentes às misérias domésticas.
A estética convoca ao palco da vaidade suas plásticas,
Enquanto a sensibilidade da platéia se atrofia ao fundo.

A criança quer brincar; e o adulto, lucrar.
O planeta quer cuidado; e a elite, cadeado.
O corpo quer aventura; e a alma, ternura.
A instituição quer correria; a pessoa, calmaria.
A mídia quer alienação; o país, evolução.
O negócio quer competição; a vida, cooperação.
A poesia quer fazer sentir; a prosa, deixar fluir.
A descrença quer reinar; o sonho, te libertar.

Fora do egoísmo não há salvação?
Nada mais que a ambição interessa?
Sufocada por um capitalismo sem ética e norte,
A qualidade de vida virou quantidade de morte.

As promessas e ilusões foram longe demais.
Tecnologia sem poesia é como andar pra trás.
Caminhada sem união e utopia é como rastejar
Em torno da própria inércia, em um sutil suicidar
O paradigma da mudança ousa nos reciclar,
Desde que nos indignemos e nos ajudemos.

Teu partido é tão necessário quanto o do vizinho.
Toda religião e doutrina tem o mapa do caminho.
A felicidade murcharia sem o fermento do espinho.
Quem luta pela paz e justiça, nunca está sozinho.

( PABLO ROBLES - POETA DO SOCIAL )

*Poesia Especial em Homenagem ao Natal 2011 e Réveillon 2012

CRÔNICA: do Sertanejo à Universidade

Para continuar exercitando e ampliando minha democracia musical, comprei nas Americanas meu primeiro CD de Sertanejo ("Pista Sertaneja: remixes"). Nada contra esse tipo de som, que merece reivindicar alguma lugar em meu inconsciente (assim como todos os outros estilos, sem exceção, senão meus ouvidos entrariam na ditadura, ou melhor, "escutadura").

Entretanto, no plano do (meu) consciente não consigo entender porque chamam a versão corrente de sertanejo universitário. Outros ritmos populares me apetecem mais, como o forró, mesmo que pareça "pré-universitário" para parte do povo situado ao Sul do Nordeste, nem sempre simpático às nossas raízes tradicionais.

Quando escuto forró (ou pelo menos quando o forró me fala), sinto o cheiro de nossa Região Nordestina, de nossa melosidade rústica, de nossa molecagem atrevida, de nosso tempero historicamente popular, como se cada música fosse o capítulo informalizado das novelas do cotidiano interpessoal.

Já o gênero sertanejo (dessa estirpe) me parece mais artificial, mais enlatado, mais estruturado, mais globalizável (vejam por exemplo como está bombando na Europa a música "Ai se eu te pego", do Michel Teló). Enfim, um estilo acadêmico demais, daí talvez o qualificativo estranhado no início e agora, ao final desta crônica, comicamente significado pelos meus botões amadores e sentidos musicais semi-analfabetos.

Afinal, parte do modus operandi acadêmico não passa de uma linha de montagem com esteiras "científicas", padronizando quantitativamente a lógica das citações que permeiam os artigos "intelectualmente" produzidos. Muitos dos acadêmicos, ao forjarem seu status com dezenas de referências, perdem a referência do popular, da cultura menos metódica e mais espontânea da gente.

O pior é que, de tanto ouvirem e repetirem a música dos outros cientistas (com obras já consagradas e carreiras já abençoadas), os sujeitos da universidade correm o grave risco de perderem a capacidade de criar, combinar e externalizar sua própria música; com autonomia, autenticidade, criatividade, flexibilidade, criticidade e utopia artística. Desligue o som quem nunca imaginou isso.

sábado, 10 de dezembro de 2011

POESIA: Vidas Adormecidas e Relações Despertadas

VIDAS ADORMECIDAS E RELAÇÕES DESPERTADAS

Dedico essa poesia a você que se julga sem tempo,
Mas vive deixando o relógio da vida no esquecimento.

Dedico essa poesia a você que prioriza redes sociais,
Mas esquece de articular e cultivar contatos presenciais.

Dedico essa poesia a você que fará aniversário,
Inclusive o aniversário de um ano sem dar notícias.

Dedico essa poesia a você que acredita na amizade,
Apesar de nunca mais ter lhe cumprimentado na cidade.

Dedico essa poesia a você que já dançou comigo,
Mesmo que nossos passos tenham saído do compasso.

Dedico essa poesia a você que nunca me compreendeu,
Ainda que o preconceito tenha sido sempre um critério seu.

Dedico essa poesia a você que se diz forte por não chorar,
E por isso continuas analfabeto na arte sensível de amar.

Dedico essa poesia a você que apareceu de repente
E ousou plantar na gente a mais eterna semente.

Dedico essa poesia a você que nunca terminou um livro,
Mas que adora começar inesquecíveis romances.

Dedico essa poesia a você que desistiu de sonhar,
Entretanto, não vê a hora de se reerguer e recomeçar.

Dedico essa poesia a você que gostaria muito de viajar,
Porém, teme a mudança que a liberdade pode proporcionar.

Dedico essa poesia a você que não curte dedicatórias,
Mas que sabe tecer e administrar uma vida de glórias.

Dedico essa poesia aos heróis que atuam no anonimato
E que sabem mudar o mundo sem alarde nem retrato.

( PABLO ROBLES - POETA DO SOCIAL )

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

MOTIVAÇÃO: Confraternize-se com a Vida

A temporada de confraternizações se aprochega e há alegrias para todos os momentos, ainda que não haja gastos para todos os bolsos. Não se deixe levar apenas pelo clima comercial e economicista do Natal. Ouse mais desperdiçando menos: consuma amizades, venda sorrisos, compre gratidões, presenteie solidariedades. O céu se amplia quando celebramos sem pressa o instante mágico do agora. Faça brilhar as luzes da humanidade que tornam as relações mais autênticas, os projetos mais coletivos e os dias mais iluminados, mesmo que lá fora o escuro da indiferença queira abortar os planos que você passou o ano tentando desabrochar e compartilhar. Se a oportunidade não vai até você, energize-se e vá ao encontro dela. Entre as promoções do supermercado e as liquidações dos shoppings, lembre-se que o “produto” chamado gente está aí, estocado às vezes nas últimas gavetas do cotidiano, carente de "serviços" de manutenção e atualização, de maneira inclusive muito mais legítima que o seu aparelho celular ou o tal do tablet. Anime-se para brindar a vida, em sua gratuita simplicidade e generosa prodigalidade, sintonizando-se em uma frequencia mais efetiva, afetiva e convidativa com as coletividades que dissolvem egos e os investimentos pluri-existenciais que capitalizam amor.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MOTIVAÇÃO: Desafie o Imponderável

Não se esconda e diminua atrás da rotina e da racionalidade. Desafie o imponderável, quebrando a expectativa da previsibilidade e renovando as tintas do mistério da vida. Um simples detalhe pode mudar a tonalidade do dia e a qualidade das relações. Não tenha medo de dizer e ouvir palavras incomuns e inesperadas, pois quem não exercita a arte do descontrole e da criatividade, não consegue tirar proveito de toda a magia do sorriso e da felicidade das pequenas coisas, aquelas que independem de regras, quantidades e retornos.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

POEMITO XX: Versos em Grito

Dedica-se isto a quem se esconde;
A quem tem medo de dizer um não;
A quem foge do risco da contramão;
A quem ouve, mas pouco responde.

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

POEMITO XIX: Versos em Grito

"A morte nem sempre pune
O que nos pune é nossa incompreensão
A lei da vida transcende nossa dimensão
Um amor ainda maior nos une"

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

POESIA: Sorrindo com Luz Própria

Sorrindo com Luz Própria

Não importa se vens de longe ou se parece tarde.
O sucesso não depende de endereço nem de idade.

A platéia mais ansiosa por tua vitória está dentro de ti.
Os desafios ajudam a embelezar e enobrecer o sorrir.

Nada é mais sustentável e gratificante que a felicidade
Erguida sobre os alicerces do trabalho e da dignidade.

Encare o novo como a música que ainda não foi ouvida.
Abrace o presente com a ousadia de surpreender a vida.

( Poesia dedicada a uma nova, sensível e cativante amiga :)

terça-feira, 8 de novembro de 2011

POESIA: O Sol Sempre Volta

O SOL SEMPRE VOLTA

O sentido que tanto buscamos quer
Respirar, se encontrar, se reafirmar.
É necessário (re)começar e (re)viver.
E também preservar(-se) e amar(-se).

Sem a cicatriz refinada da tristeza,
O sorriso seria supérfluo e insosso.
Sem a quintessência da natureza,
Seríamos um descartável esboço.

O mundo precisa de ti para sobreviver.
O ter é mera sombra na frente do ser.
Ninguém nunca está completamente só.
Alguma luz nos conduz para além do pó.

Abençoa a vida que teu passado escolheu.
Sinta com o teu espinho a dor do vizinho.
Liberta o sonho que o teu medo seqüestrou.
Depois da noite, o Sol volta de mansinho.

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

POESIA: Prece da Esperança


PRECE DA ESPERANÇA*

Cada célula é um tributo à união
De mentes, sonhos e valores coletivos.
Neurônios entrelaçados pelo coração
De estudantes sensíveis e cooperativos.

Conhecimentos partilhados em comunhão
Como um banquete solidário de pães
Fermentados pelo intercâmbio de lições,
Exemplos de vida e histórias de superação.

Vivenciar a essência libertária da educação,
Protagonizada por jovens que dão as mãos
Em ambientes autônomos de aprendizagem;
Despidos de hierarquia, timidez e competição.

A fé humana deve começar em si mesmo,
Louvando a sabedoria e a vontade de mudança
Nascidas de comunidades que viviam a esmo.
Parabéns por praticarem a PRECE da esperança!

Pablo Robles – POETA DO SOCIAL




( * Poesia dedicada ao PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas, do Instituto Coração do Estudante - http://prece-ce.blogspot.com. A inspiração fluiu durante visita – em 15 de outubro de 2011, Dia do Professor - ao município cearense de Pentecostes, berço desta brilhante experiência de educação, inclusão social e desenvolvimento humano. )

terça-feira, 11 de outubro de 2011

POESIA: Sociedade (Infantil) em Apuros

SOCIEDADE (INFANTIL) EM APUROS

No meio da multidão a criança chora;
Sua família estende a mão e implora.
A labuta termina e o povo vai embora,
Mas a miséria continua ali, a toda hora.

Uma criança quase como qualquer outra,
Exceto o fato de não ter vivido a infância.
Uma sociedade injusta, apressada e louca,
Que acelera exigências e perde esperança.

Como bem diagnosticou aquele famoso
Poeta do rock: “Esse é o nosso mundo;
O que é demais nunca é o bastante”,
“Porque o bastante é sempre tão distante?”
Emendaria este anônimo poeta do social,
Convidando toda gente a reverter este mal.

Há crianças cujo único (e trágico) lazer
É o de correr... do abuso, da exploração.
Seres sem abrigo, referencial e proteção.
É preciso denunciar, prevenir, se mexer!

Deveríamos pedir diariamente perdão
Às crianças nascidas e que nascerão,
Pela incompetência de nossa geração
Adulta em reproduzir tanta contradição.

Engolimos modernidade, mas vomitamos indiferença.
Louvamos a ambição enquanto definhamos na prisão
De nosso egoísmo, hipocrisia, omissão e impotência.
Sem a ciência prática do amor, a tecnologia é ilusão.

Os adultos precisam reciclar a solidariedade.
O brinquedo distrai a criança por certo tempo,
Mas nada substitui a presença do sentimento
Que devemos nutrir desde a mais tenra idade.

Salvemos todas as crianças do mundo,
Inclusive as que ainda brincam dentro
De nós, descongelando nosso odiento
E insosso pudor, falsamente profundo.

Não roubemos seu abençoado presente,
Amargando-lhes a doce magia de sorrir.
E nem arruinemos o seu ansiado porvir,
Tornando-lhes descolorido e decadente.

As crianças têm muito a nos ensinar...
Com a pureza e ingenuidade do olhar,
Com os gestos destituídos de malícia,
Com a sua mania de criar e imaginar,
Com a sua autenticidade e imperícia
Ao engatinhar, andar, cair e levantar,
Aventurando-se sem medo de errar:
Oh pedagogia gloriosa; que delícia!

Aquele que ignora ou adultece as crianças
Só faz matar ou envelhecer as esperanças!
Ademais, de que adianta apressar a corrida
Quando afundamos na contramão da vida?

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Poesia especial em homenagem ao Dia das Crianças 2011, comemorado no Brasil em 12 de Outubro.
Caso queira ver outras homenagens poéticas inspiradas em datas especiais como esta, acesse neste blog, à esquerda, o link "Poesias Especiais".

sábado, 8 de outubro de 2011

POESIA: O Silêncio Estratégico da Luz

O SILÊNCIO ESTRATÉGICO DA LUZ

E quando o silêncio é a melhor resposta?...
E a melhor pergunta é o ouvir sem pressa?
E quando o idioma do relógio não presta?...
E a falta de tempo se torna a pior conversa?

Existimos, mas nem sempre vivemos.
Pensamos, mas nem sempre sentimos.
Agimos, mas nem sempre sonhamos.
Prosamos, mas nem sempre poetizamos.

Muitas ideologias e poucas sinfonias.
Muitas promessas e poucas proezas.
Muitas crises e poucas esperanças.
Muitos perigos e poucas fortalezas.
Muitas energias e poucas mudanças.
Muitos caminhos e poucas certezas.
Muitas correrias e poucas danças.
Muitas nostalgias e poucas utopias.

A lágrima pede calma para salvar a alma.
A alma pede lágrima para manter a calma.
A calma pede alma para sublimar a lágrima.
Rotina nossa de cada dia, cadê a poesia???

A linha do horizonte (para onde) conduz?
O círculo da inércia projeta um sinal amarelo,
Mas nosso tropeço ainda não virou nó cego.
Algo nos esteriliza e já nos alerta, eis a verdade,
Mas há muita gravidez, recomeço, possibilidade:
A sombra do caos (ainda) é o descanso da luz...

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

MOTIVAÇÃO: Dissolvendo Preconceitos

A maior barreira entre as pessoas não é a distância, o idioma e nem as crenças; o maior abismo que empobrece e desumaniza a convivência coletiva chama-se preconceito. O diferente não existe para ser rejeitado, mas sim para ser acolhido, apreendido e respeitado. Eis um detalhe sutilmente profundo que vale a pena ser relembrado: enquanto as aparências competem para mendigar e sustentar ilusões, as essências cooperam para traduzir e transcender vidas. Quem se esconde para não assumir-se perante o contraditório, o imprevisível e o imponderável, só faz cavar cada vez mais fundo o vazio da mediocridade, trancando-se tolamente nas celas mórbidas da racionalidade egocêntrica. Quem filtra, julga e plasma o mundo a partir de seu próprio mundinho só logra um resultado: o de depor a favor de sua auto-ignorância. Se de um lado as leis são necessárias para coibir abusos, as convenções geralmente são dispensáveis e apenas servem para tiranizar usos, veicular ideologias e abortar utopias. Só é possível mudar o universo e tocar as pessoas quando se aprende a transitar com humildade entre os diferentes mundos mentalizados, materializados e partilhados por cada indivíduo e grupo social, buscando-se sempre intercambiar e reciclar o melhor da gente.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Estamos Subnutridos de Utopias

ESTAMOS SUBNUTRIDOS DE UTOPIAS

Quantas mentiras continuaremos monopolizando até nos darmos conta de que a verdade não nos compete mais? Ao encararmos seriamente o mundo, sem vendas nem calmantes, o que vemos? O reflexo covarde e mesquinho de nossa própria omissão e hipocrisia. Nada muito mais lúcido que isto. A tragédia não se restringe mais aos teatros: invadiu nosso cotidiano, impregnou-se no planeta e desmascarou as comédias enlatadas das instituições.

Bradou-se tantas vezes a palavra democracia nos tempos recentes que a sua promessa emancipacionista despediu-se da realidade concreta. Pior que isto. Em nome da democracia, deixamos a política se esfarelar nas engrenagens asfixiantes do poder pelo poder. Em nome da vaidosa liberdade de pensar, falar e decidir pequenas coisas, esquecemos de governar os próprios governos... do norte ao sul, do local ao global, do operacional ao estratégico.

Não estou levantando a bandeira da ditadura, mas tentando sacudir a responsabilidade de todos nós e de cada um em particular sobre o fracasso deste mundo pseudodemocrático de que padecemos. A impressão que dá é a seguinte: se no “varejo” ganhamos cada vez mais democracia, no “atacado” recebemos cada vez mais ditadura. A ditadura de mercantilizar nossas vidas, individualizar nossas relações, amordaçar nossos sonhos.

Não tenho tido televisão ultimamente, mas quando tento acompanhar o noticiário por outros meios, aqui e alhures, a ladainha se repete: a economia anda fraca; as bolsas estão nervosas; o mercado está de mal humor. As palavras variam, mas a mensagem de fundo não poderia ser mais rasa e superficial; pois a economia, sozinha, não salva nem salvará ninguém. Não adianta ficar mudando de remédio sem extirpar o foco mantenedor da doença.

O que precisamos, desesperadamente, não são de valores financeiros, mas de valores humanos. Nossa maior miséria não é a de calorias, mas de utopias. Enquanto não cuidarmos prioritariamente da educação, incluindo o cultivo da sensibilidade do coração, a mídia será sempre gulosamente alimentada por notícias de corrupção. Por outro lado, transformar o tema da corrupção, por si só, na pauta negativa de cada dia, apodrece qualquer mídia.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

MENÇÃO HONROSA: "Abraça-me Enquanto Vives"


ABRAÇA-ME ENQUANTO VIVES

Tanta imensidão no espaço
E a gente querendo abraço.

Tanta tecnologia a nos conectar,
Mas a sede de humanidade continua.
A amizade sempre a nos aproximar,
Integrando o povo desabrigado da rua.

Montamos tantos planos mirabolantes,
Adiando ou reprimindo pequenos gestos;
Economizamos até o simples aperto de mão!
Mal sabemos que vamos ficando distantes
Da essência mesma que nos faz repletos
Do amor desinteressado e sem ilusão.

Abraçar é cumprimentar a alma do próximo,
Renovando o sorriso embotado pela correria.
Os corpos não podem prescindir dessa energia
Tão gratuita, tão universal, tão saudável, tão boa.

Quem abraça distribui sempre algum carinho;
Planta sempre algum amor no coração vizinho;
Compartilha sempre algum pedaço de alegria,
Impedindo que a vida seja tocada pela apatia.

Tanta imensidão no espaço
E a gente querendo abraço.

Mundo veloz, tempo caro, contatos formais,
Mas ninguém quer se manter no isolamento.
Nossa vocação é unir, multiplicar, ajudar, amar,
Abraçando inclusive quem sequer tem alimento.

A arte também necessita abraçar o imponderável:
Cada poema é um abraço entre olhares sensíveis;
Cada rima é uma parceria entre palavras amigas,
Entrelaçadas pela incrível internet do indizível.

Em tempos difíceis de individualismo e competição,
Abraçar constitui o remédio mais potente e eficaz,
Derrubando os muros da indiferença e da exclusão
Para dar espaço à humanidade deixada para trás.

POETA DO SOCIAL (pablodosocial@gmail.com)

OBS.: Poesia selecionada entre as 100 melhores no I Concurso Literário das Farmácias Pague Menos, dedicado à temática do abraço e que recebeu mais de 3.000 inscrições de todo o Brasil. Fui homenageado com Menção Honrosa e a co-autoria na publicação desta coletânia, disponibilizada para download no link: http://portal.paguemenos.com.br/concursoliterario/

DEDICO ESTA HOMENAGEM A TODAS AS PESSOAS SENSÍVEIS QUE JÁ ABRACEI E ABRAÇAREI NA VIDA.

(Fortaleza, Ceará – em 29/05/2011)

PS.: Parafraseando Renato Russo na canção Monte Castelo, "sem poesia eu nada seria" (PR)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

POESIA: Quais Ingredientes Escolher ???

QUAIS INGREDIENTES ESCOLHER ???

Ler ou Correr?
Beber ou Malhar?
Ouvir ou Dançar?
Dormir ou Viajar?

Prosa ou Poesia?
Sushi ou Pizza?
Chocolate ou Iogurte?
Fazer Teatro ou História?

Racionalizar ou Deixar Sentir?
Mais um Refrão ou Nova Canção?
Renovar o Perfume ou Deixar Florir?
Inscrever Afetos ou Escrever Saudades?

Antecipar ou Adiar?
Desejar ou Sublimar?
Insistir ou Substituir?
Prolongar ou Abreviar?

Profundidade ou Miragem?
Relação Fugidia ou Efetiva?
Rede Social ou Cama Afetiva?
Mais Mensagem ou Massagem?

Curtir ou Deletar?
Riscar ou Se Arriscar?
Contemplar ou Abordar?
Conquistar ou Encostar?
Sussurrar ou Desabafar?
Descartar ou se Atirar?

Amar, Sofrer ou Amar de Novo?
Que Tempero é Mais Gostoso?
Temer ou Viver? Fingir ou Ser?
Quais Ingredientes Escolher???

quinta-feira, 14 de julho de 2011

POESIA: Ficar de bem no Benfica

Na bebida, tragar mais vida.
Na fumaça, ofuscar a desgraça.

O boêmio é um poeta em movimento,
Um farrista com leveza e sentimento.

O que seriam dos lares se não fossem os bares
Para sublimar as tristezas e festejar as alegrias?

No fundo de cada copo,
Borbulham-se esperanças
E dissolvem-se lembranças:
Metabolismos pueris e ignotos.

Bambas do samba chorando melodias
Que deixam emoções em corda bamba.
Entre batucadas, experiências vão e vêm,
Intensificando noites e transbordando dias.

No meio da multidão, entre olhares e risadas,
Mundos se embrulham e desembrulham,
Enlaçando amizades e abrindo possibilidades
Que se aprofundam ou viram ocas piadas.

A madrugada é o apogeu da vida de muitos...
Enquanto vigias cuidam de empresas fechadas,
Boêmios congestionam as esquinas das cidades
Embriagadas de mistérios, romances ou contos...

As relações tangidas pela rotina são precárias fachadas;
Aquelas regadas com humanidade pavimentam estradas.

( Poesia destinada às amigas e amigos com quem já boemizei e boemizarei no Benfica, onde moro há quase dois anos bem estudados e brindados )

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Indefinições Artísticas do Amor

Na matemática das emoções, os cálculos irracionais são as operações que mais funcionam. Na gramática das relações, o silêncio é a mensagem cúmplice que inspira, conecta e sustenta as declarações. A busca de afeto mobiliza o maior intercâmbio de energias subjetivas do planeta, desencadeando migrações mútuas e oscilantes de aspirações, abstrações e realizações, muito sutis para a química e descoordenadas para a geografia.

Em algumas mulheres a gente encontra inteligência e alegria, não mais que isso; em outras, encontramos beleza e prazer, não mais que isso; algumas ainda oferecem sensibilidade e caráter, não mais que isso. Contudo, quando determinadas combinações femininas se juntam caprichosamente no coração dos homens (ou vice-versa), a felicidade ganha tons especiais, colorindo de amor as experiências da vida, as lembranças da mente e os mistérios da alma.

O menor detalhe para uma pessoa pode significar a maior motivação para outra. Os obstáculos intransponíveis para uns representam degraus naturais para alguns. A palavra que faltou nas primeiras conversas dança com a atitude que restou das últimas promessas. Entre uma palavra e outra, gestos inesperados podem dizer muito mais do que o suficiente. A vida é assim mesmo, deliciosamente vestida de paradoxos e despida de protocolos.

Se é verdade que a alma morreria de tédio sem o oxigênio revigorante da arte, não é menos verdade que a arte logo envelheceria sem o constante rejuvenescimento estético da vontade ética de sentir que dá sentido ao ser amador e amável que humaniza intimamente a (co)existência de homens e mulheres. É por demais estonteante e estúpido querer sistematizar a dinâmica do coração, pois quem muito ousa entendê-lo desaprende a vivê-lo.

O próprio amor, como a arte que de tantas formas tenta expressá-lo, tem o poder mágico de mudar a escala de tudo: abismos e pontes se revezam, tempos e espaços se embaralham, medos e sonhos se confundem... a ordem e o caos tecem rimas quase perfeitas, como se ilusões e realidades fossem prolongamentos alternáveis da arte de se deixar apaixonar pelo amor, se perdendo em seus reversos e se reencontrando em seus versos.

Afinal, racionalizar o subjetivo é tão grave e prejudicial quanto superficializar a essência. Enquanto pensamentos rastejam disciplinadamente, sentimentos voam, farejando e salvando tudo que as certezas dogmáticas e tiranas escondem, limitam e condenam.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

POESIA: Amor Demasiadamente Humano

AMOR DEMASIADAMENTE HUMANO

Amor não fala; exala.
Amor não briga; abriga.
Amor não se atura; cura.
Amor não cega; sossega.

Amor não rotiniza; sintoniza.
Amor não esvazia; se recria.
Amor não se esquiva; cativa.
Amor não afunda; aprofunda.
Amor não ironiza; poetiza.

Amor não domina; ensina.
Amor não aperta; liberta.
Amor não prende; entende.
Amor não priva; incentiva.
Amor não impõe; expõe.

Amor não julga; enxuga.
Amor não contraria; alivia.
Amor não grita; escuta.
Amor não disputa; exulta.
Amor não rivaliza, harmoniza.
Amor não ofende; transcende.

Amor não idealiza; realiza.
Amor não hesita; acredita.
Amor não atropela; espera.
Amor não se apaga; se guarda.
Amor não se encolhe; se recolhe.

Amor não espanta; encanta.
Amor não se rende; surpreende.
Amor não se isenta; se reinventa.
Amor não complementa; incrementa.

Amor não esfria; arrepia.
Amor não sufoca; tateia.
Amor não vacila; cintila.
Amor não desliza; destoa.
Amor não tropeça; se encaixa.
Amor não desconta; desponta.
Amor não planeja; apronta.
Amor não padece; estremece.

(Poesia dedicada ao Dia dos Namorados 2011)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Questões para (Re)pensar a América Latina

10 CONVITES PARA (RE)PENSAR A AMÉRICA LATINA HOJE:
ALGUMAS QUESTÕES CULTURAIS, ACADÊMICAS E SÓCIO-INSTITUCIONAIS*.

Aspectos Culturais

Que fatores mobilizam nossa identidade latino-americana?

Como a mídia, a literatura e o turismo, dentre outras áreas relevantes, poderiam catalisar, de forma sustentável e solidária, nossos sentimentos e atitudes regionais de pertencimento?

Que responsabilidades regionais cabem ao Brasil como potência emergente e futura nação desenvolvida?

Aspectos Acadêmicos

Como ampliar e diversificar as pesquisas e intercâmbios regionais?

Como a ciência política e a antropologia, ambas ancoradas na sociologia, poderão constituir eixos transversais de teorização e subsidiar linhas conjuntas de intervenção?

Como reinterpretar as categorias tradicionais como classe, trabalho, partido e nação, frente à afirmação de categorias mais fluidas como grupos, culturas, identidades e projetos?

Aspectos Sócio-institucionais

Quem bandeiras sociais teriam forças para aglutinar e fortalecer os atores e movimentos sociais latino-americanos?

Como as agências e organismos internacionais de financiamento e cooperação, juntamente com grandes empresas de base regional, poderiam se engajar mais na causa sócio-cultural da integração latino-americana?

Em que medidas as redes e plataformas coletivas da sociedade civil, notabilizadas pelo Fórum Social Mundial, poderão ir além do horizonte do denuncismo e apontar agendas mais consistentes e convergentes em prol da concretização do esperado outro mundo?

Reflexão Inacabada

Quando as veias abertas da América Latina cicatrizarão suas feridas para fecundar novos paradigmas de união, autonomia e felicidade?

* Apontamentos feitos por ocasião de minha participação na Mesa de Debates “Construindo uma agenda de pesquisa: o desafio de (re)pensar a América Latina em tempos contemporâneos”, um evento promovido pela RUPAL (Rede Universitária de Pesquisadores da América Latina), como parte da VIII Semana de Humanidades (UFC/UECE). A atividade ocorreu no Centro de Humanidades da UECE, em 05/05/2011.

terça-feira, 19 de abril de 2011

POESIA: Tempos de Mudança

Tempos de Mudança

Fundir os cacos da alma
Voltar a regar o jardim da mente
Trocar o tapete do sorriso
Aguçar o faro coletivo da gente

Antecipar o futuro através da poesia
Embelezar a vida através do mistério
Reviver o passado através da música
Externar a essência através do silêncio

Captar a sintonia fina da natureza
Fazer as pazes com a sensibilidade
Dialogar sem hipocrisia e estreiteza
Combater os focos de desumanidade

Substituir os jogos em vez das regras
Surpreender alguém com elogios inesperados
Se permitir um pouco tatear às cegas
Emancipar sentimentos outrora racionalizados

Desfazer as teias do negativismo
Inovar as tradições do romantismo
Rasgar a bíblia suicida do consumismo
Driblar os tentáculos do sensacionalismo

Valorizar a dignidade da mão suada
Mudar aquela foto mofada e sem graça
Inaugurar a roupa que estava relegada
Vencer o medo traiçoeiro que te ameaça

Mudar os caminhos para salvar os destinos
Reencarnar a lucidez de desencarnar ilusões
Reaprender a perdoar os próprios desatinos
Democratizar a luz que brilha nas escuridões

(Por Pablo Robles - Poeta do Social)

domingo, 20 de março de 2011

POESIA: Caminhada Social


CAMINHADA SOCIAL*

(versão em português)

Temos que sonhar,
Antes que o futuro desapareça!

Temos que mudar,
Antes que a humanidade adoeça!

Temos que amar,
Antes que a indiferença nos endureça!

Temos que ousar,
Antes que o medo nos enfraqueça!

Temos que sentir,
Antes que a razão enlouqueça!

Temos que nos refundar,
Antes que a essência se empobreça!

Temos que compartilhar,
Antes que a competição prevaleça!

Temos que saber pensar,
Antes que globalizem nossa cabeça!

Temos que nos expressar,
Antes que o mundo nos esqueça!

Temos que praticar,
Antes que a teoria envelheça!

Temos que acreditar,
Antes que o caos nos entristeça!

Temos que nos reciclar,
Antes que o mercado nos apodreça!

Temos que nos iluminar,
Antes que a esperança anoiteça!

Temos que agir,
Antes que a inércia permaneça!

Temos que lutar,
Antes que neutralizem nossa força!

Temos que nos unir,
Antes que o pior fracasso aconteça!

***********************************

CAMINATA SOCIAL*

(versão em espanhol)

Tenemos que soñar,
Antes que el futuro desaparezca!

Tenemos que cambiar,
Antes que la humanidad se enferme!

Tenemos que amar,
Antes que la indiferencia nos endurezca!

Tenemos que osar,
Antes que el miedo nos debilite!

Tenemos que sentir,
Antes que la razón enloquezca!

Tenemos que nos refundar,
Antes que a essência se empobrezca!

Tenemos que compartir,
Antes que la competencia prevalezca!

Tenemos que saber piensar,
Antes que globalizen nuestra cabeza!

Tenemos que nos expresar,
Antes que el mundo nos olvide!

Tenemos que practicar,
Antes que la teoría envejezca!

Tenemos que creer,
Antes que el caos nos entristezca!

Tenemos que nos reciclar,
Antes que el mercado nos pudra!

Tenemos que nos iluminar,
Antes que la esperanza anochezca!

Tenemos que agir,
Antes que la inercia permanezca!

Tenemos que luchar,
Antes que neutralizen nuestra fuerza!

Tenemos que nos unir,
Antes que el peor fracaso acontezca!

(PABLO ROBLES - Poeta do Social)

Poesia inspirada no Seminário sobre Desenvolvimento Sustentável, ocorrido em Curitiba, Paraná (Brasil) entre representantes latino-americanos e espanhóis do Movimento Emaús.

terça-feira, 8 de março de 2011

POESIA: Arco-íris soberano

ARCO-ÍRIS SOBERANO

A sociedade tantas vezes tenta
Te diminuir, te humilhar, te derrubar;
Mas tu sabes vencer qualquer tormenta,
Destoando ao longo da história secular.

Sem ti, o amor não conseguiria sorrir;
A força não teria a flexível delicadeza.
A humanidade não teria tamanha beleza
E a vaidosa razão jamais se permitiria sentir.

Tudo fica mais lindo com a tua existência:
A vida, mais leve; o caminho, mais florido;
A canção, mais bela; o poema, mais colorido.
As paixões assumem mais sentido e eloqüência.

Os homens já colonizaram continentes
E ousam até desbravar outros mundos,
Mas os universos femininos profundos
Seguem inacessíveis para tanta gente.

Nos trabalhos, desigualdades imperam.
Tradições patriarcais ainda prevalecem...
De muitos assédios as mulheres padecem...
Preconceitos machistas a elas se impuseram.

O tempo trata de corrigir os absurdos.
As mulheres vêm conquistando seu valor;
A cada geração, ganham mais respeito,
Afirmando sua dignidade e aliviando sua dor.

Feliz do homem evoluído por uma mulher.
Abençoada a arte inspirada pelo seu toque.
Seus exemplos engrandecem multidões a reboque.
Ainda que o chão estremeça, elas continuam de pé.

A mulher é o Sol que nunca se esconde;
A chama que não queima e nem se apaga;
É o arco-íris supremo, de tintas infinitas,
Sob molduras muito mais vibrantes e bonitas.

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Dia da Mulher de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

POESIA: Viagens Exteriores e Reencontros Interiores

VIAGENS EXTERIORES E REENCONTROS INTERIORES

Partilhar culturas
Desbravar lugares
Reciclar olhares
Intercambiar sorrisos

Expulsar rotinas
Despistar tédios
Colecionar mistérios
Sublimar adrenalinas

Abrir horizontes
Colorir cotidianos
Conectar pontes
Reinventar planos

Diversificar procuras
Aguçar sensibilidades
Sistematizar novidades
Experimentar aventuras

Brindar liberdades
Espalhar ternuras
Globalizar amizades
Extravasar loucuras

Romper muros
Renovar sendas
Derreter grades
Desatar vendas

Dissolver preconceitos
Curar-se de frescuras
Destravar estreitices
Imunizar-se de tolices

Relativizar verdades
Atualizar perguntas
Amadurecer respostas
Iluminar significados

Reencontrar infâncias
Prolongar juventudes
Retardar velhices
Maximizar existências

(PABLO ROBLES - Poeta do Social)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CONTO: Justamente o Nome Dela

O episódio intrigante se passou na pequena cidade de Aguiarnópoles, no jovem e desconhecido Estado de Tocantins. Era em torno de duas horas da madrugada do dia 16 de fevereiro de 2011. Estava eu arrumando preguiçosamente minha mala, prestes a deixar o hotel onde me hospedara por dois dias, no intuito de voltar para minha residência em Fortaleza, Ceará. De repente, escuto um nome conhecido. Olho para meu notebook e vejo que o nome vem de uma música de reggae de um dos três CDs que eu havia comprado há bem poucas horas atrás, quando saí para jantar fora com os colegas de trabalho.

Dizer que é um nome conhecido trata-se de um eufemismo ingrato, pois é justamente a palavra viva que mais tem pulsado em meu coração ultimamente: Thainah. Desnecessário dizer porque. Ela sabe disso até mais do que deveria e gostaria. Afinal, sem a devida reciprocidade os relacionamentos não se desenvolvem com harmonia, firmeza e naturalidade. Em meus momentos de reflexão interior e recolhimento pessoal, tenho dialogado com o destino e perguntado: por que não dessa vez? Sob que condições daria certo? O que eu devo deixar de fazer e ela passar a fazer para que nossos sentimentos entrem em sintonia?

O tempo, os cupidos e as atitudes (acertadas ou frustradas) de ambas as partes haverão, sem pressa nem método, de encaminhar a melhor solução para Pablo e Thainah. Acho que é a primeira vez que escrevo um conto tão impregnado de realidade e tão destituído de fantasia. Se bem que há momentos que a mais linda poesia é aquela vivida silenciosamente por um casal. A internet, por questões de foro íntimo, não precisa ser contratada para descrever e muito menos explicar as motivações subjetivas e os bastidores afetivos das pessoas.

Jamais planejava escrever esse tipo de texto, assim como nenhuma estatística haveria de prever uma “coincidência” tão improvável: o nome (nada comum) da Thainah ser cantado quatro vezes – como parte do refrão – em uma curiosa música de reggae (constante de um CD pirata de capa intitulada Marabá Reggae, conforme se pode aferir na foto aqui estampada) cuja letra nunca ouvi falar e sequer se encontra disponível no Google e tampouco no You Tube, de modo que caberá a mim tirar essa intrigante música de seu estranho anonimato. Chega de suspense. Já bastam as reticências hospedadas dentro de mim. Reparem na letra:

MÚSICA “ALÔ THAINAH”

“Alô Thainah / Liga para mim / Estou a te esperar
Alô Thainah / Liga para mim / Estou a te esperar
Ainda sinto o gosto / Dos beijos seus
Relembro os momentos / Que juntos sempre / Sempre vivemos
Eu sei que errei / Porque eu pensei que / Não fosse te amar te amar
Agora eu sei / A falta que você me faz / Vem me amar
Eu quero te falar / Teu amor me faz sonhar / Quero te abraçar / Meu amor lhe entregar
Sei que estás só / Vou desvendar / Teu mistério / Aventura eu te amar”

Em virtude do refrão ter sido dedicado explicitamente à esta mulher, tomei a livre iniciativa de batizar a música de Alô Thainah. Sim, e ainda é dessas sofisticadas, cheias de “h”, em vez de ser simplificadamente Tainá. Ademais, a letra em si não é muito distante do nosso contexto, a exemplo da última parte, cujo adjetivo misterioso se encaixa como uma luva na personalidade algo inacessível e às vezes rebelde da garota. A música referida corresponde à faixa 11 do CD. O dado adicional, para coroar a sutil intervenção do destino, é que a oitava música (uma adaptação de forró até boazinha de ouvir) do mesmo CD começa assim: “E essa vai especial para toda moçada de Fortaleza, Ceará”. Detalhe: nenhuma outra música do CD é introduzida dessa forma, direcionada especialmente a uma cidade específica do Brasil.

Um amigo meu (a quem prezo muito) que está trabalhando comigo nesse serviço de consultoria, de vez em quando, me recomenda gentilmente a cultivar mais a espiritualidade, convencido de que eu tenho boas energias que poderiam ser canalizadas de forma mais edificante e produtiva. E eu geralmente digo para ele que tudo tem seu tempo e que em breve vou ter que priorizar minha meta de fazer mestrado. Ontem, quando chegamos da atividade, sentamos no hotel, debatemos sobre a vida e ele voltou a pautar comigo esse assunto. Teve uma hora que eu até falei para ele, meio brincando, meio sério: “mas cara, se tu acha que eu devo dar mais atenção à questão espiritual, bem que eu poderia receber algum sinal, e tal”. Ele me encarou e disse algo assim: “Pablo, a espiritualidade não envia sinais sem real necessidade, e é preciso também fazer por merecer”.

Partilho integralmente com ele a premissa de que nada é por acaso. Essa é de fato a maior verdade que sustenta a minha filosofia existencial. E mesmo não pretendendo ser candidato a guru espiritual de ninguém, eu também concordo com ele na perspectiva de que, quanto melhor administramos nossa alma e os recursos mentais, melhor gerenciamos o nosso corpo e as contingências materiais. Todavia, penso que a maioria das pessoas engajadas em religiões ou doutrinas espirituais está mais preocupada em se salvar do que em salvar o mundo. Deus, em sua infinita sabedoria e misericórdia, não monopolizou nem elegeu arbitrariamente nenhum sistema de crenças para evoluirmos com Ele. Portanto, todos os caminhos bem-intencionados e regados com amor tendem a nos levar, cedo ou tarde, a desígnios superiores.

Uma hora depois que me despedi dele, falei com a Thainah duas vezes pelo MSN. Interrompi a primeira conversa para jantar com ele e mais quatro colegas do Projeto. Assim que estávamos voltando, ele parou para comprar uns DVDs, influenciando-me indiretamente para que eu repetisse o gesto com uns CDs, dentre eles o que veio com a música Alô Thainah. Durante o trajeto de uma hora e meia do hotel para a outra cidade (Imperatriz, MA) de onde pegaríamos o avião, eu, meu amigo e o motorista ouvimos o encantado CD do “Reggae Marabá”. Ao saberem do episódio, meu amigo disparou, sorrindo serenamente: “viu Pablo como o sinal às vezes chega rápido”. Eu, com sono, já rendido pelas forças do “acaso” e deveras impressionado, apenas externei: “Mas que coisa né?... justamente o nome dela”.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Pela autonomia do Oriente Médio

Quantas ditaduras ainda sangrarão a face política do mundo?

Por que os EUA e as mídias que lhes são subservientes, incrustadas aqui e ali hipocritamente, se fazem tão implacáveis contra regimes nacionalistas como os de Cuba e da Venezuela, não perdoando o mínimo deslize, para em compensação, com cinismo cinematográfico, passarem a mão na cabeça das ditaduras que eles consideram do “bem”, por se ajustarem “como que de quatro” aos seus interesses econômicos, militares e geopolíticos?

Viva a democracia que urge respirar e irradiar no Oriente Médio, inspirada com a queda do ditador egípcio e convidada a fazer valer a autodeterminação política, cultural e ideológica desta região, quer seus heróis sejam islâmicos ou não.

(comentários iniciais do Grito Pacífico, mudando o mundo com você e sem Mubarak)


Texto Recomendado: A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DAS DITADURAS

FONTE: http://www.blogcidadania.com.br/2011/02/a-insustentavel-leveza-das-ditaduras/ - 11/02/2011.

Após quase três semanas de luta, dezenas de milhões de egípcios conseguiram fazer renunciar um dos ditadores “do bem” da direita mundial, Hosni Mubarak, encastelado no poder havia trinta anos. Um déspota contra quem nunca se ouviu ou leu um milésimo do que a imprensa internacional não pára um só dia de dizer contra Cuba ou contra o Irã.

De repente, de algumas semanas para cá, no entanto, a ditadura egípcia entrou no noticiário e não saiu mais. Não era mais possível esconder que um dos tentáculos dos Estados Unidos no Oriente Médio estava se putrefazendo em alta velocidade.

Mas a questão que me acorre à mente diante de um desfecho da crise institucional no Egito que muitos – este blogueiro incluído – duvidaram de que pudesse ocorrer é sobre a natureza das ditaduras, sobre como vão levando as sociedades sobre as quais se abatem a um ponto de esgotamento como esse a que chegou o país do Oriente Médio.

Ditaduras são insustentáveis. Podem durar décadas valendo-se da força, mas não conseguem se manter indefinidamente. Vejam o caso da ditadura egípcia. Nem o apoio americano ou da grande mídia internacional foi suficiente para impedir que o povo colocasse um ponto final naquilo. E não foi por falta de tentativas.

Mubarak, a mídia e os EUA tentaram enrolar o mundo com aquela tal de transição “lenta, gradual e segura” que já foi imposta ao Brasil, mas no Egito não rolou. Na manhã de hoje, já se falava em uma mobilização de VINTE MILHÕES de pessoas. Além disso, o país estava paralisado. Nada funcionava. Imaginem tudo parar por quase três semanas.

Nesse momento, lembro-me de Cuba. Jamais houve nada parecido por lá. Não se tem nem notícia de repressão de manifestações contra o governo. Figuras isoladas promovem greves de fome que são recebidas com frieza pela população, apesar de a mídia lhes dar extrema visibilidade, como se tais ações tivessem alguma representatividade.

O regime cubano não cai e não é contestado pelo povo. Por que? Os cubanos não saem às ruas porque são covardes? A repressão em Cuba seria maior do que em qualquer outra nação supostamente submetida a ditadura? Não creio. O que me parece é que não há, naquele país, um sentimento de que vive sob regime ditatorial.

Acima de tudo, portanto, o que se deve extrair do que aconteceu no Egito é um modus operandi de luta pela liberdade que promete infernizar ditaduras nos quatro cantos da Terra. O povo mostrou que tem o poder. Que é só sair as ruas e se recusar a permitir que o país funcione sob o jugo de ditadores.

Ditaduras não têm base popular e, assim, não têm o peso de governos legitimamente constituídos, ungidos pelo desejo das maiorias democráticas. Essa “leveza” das ditaduras, portanto, é o que as torna insustentáveis, como o Egito acaba de mostrar ao mundo, para desespero de todos aqueles aos quais as ditaduras beneficiam.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

POEMITO XVIII: Versos em Grito

“A amizade acolhe, filtra, escolhe, organiza, acalma, desfia, ventila;
A paixão inquieta, desorienta, destrava, esquenta, desvia, anoitece;
O amor equilibra, impulsiona, amadurece, liberta, desafia, amanhece”

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

POESIA: Imponderáveis Decifráveis?

IMPONDERÁVEIS DECIFRÁVEIS ?

A vida é um roteiro traçado pelo mistério;
A felicidade, o orgasmo sutil da existência.

A amizade é o combustível da humanidade;
O amor, a face de Deus ofertada desde cedo.

A informação é o tijolo bruto da consciência;
O saber, a construção portadora de atitude.

A mudança é a dança estonteante da rotina;
O sonho, o fruto antecipado como semente.

A dor é o atalho que ressuscita a nossa essência;
A preocupação, a miragem impotente do medo.

A arte é a senha que destranca a alma pequenina;
A poesia, a música cujo refrão depende da gente.

( Por Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Por mais tolerância nos corações

Abro o noticiário na internet para ver repercussões saudáveis (quer da situação ou oposição) sobre a posse da Dilma e deparo-me com comentários "doentes", incitando o assassinato de nossa atual presidenta. Ela que inclusive enfatizou no seu discurso a união nacional, estendendo a mão a todos os políticos de qualquer sigla para erradicar a miséria, consolidar o sistema de saúde, valorizar os professores, combater o crack e tantas outras prioridades dignas de qualquer país desenvolvido ou perto de chegar lá, como o nosso.

Eis o link da triste notícia: http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/jovens-pregam-assassinato-de-dilma-no-twitter/

Há brincadeiras que escondem os preconceitos mais funestos e ódios mais ameaçadores. Repasso essa mensagem em caráter de alerta com a convicção de que práticas (mesmo virtuais) de cunho nazista não podem ser toleradas. Sequer combinam com a tradição pacífica do Brasil e a índole igualmente serena que inspira este blog. Espero que vocês, caso tenham oportunidade, em seus ambientes educativos, conversas juvenis, debates em grupos organizados, dentre outros espaços, ajudem a comentar e refletir sobre esta grave questão.

A propósito, um dos comentaristas da referida notícia nos lembra que "Todo tipo de crime na web pode ser denunciado aqui http://www.safernet.org.br/site/ ou aqui no Ministério Público Federal http://denuncia.pf.gov.br/

Oremos pela paz a partir de nossos corações, abençoando com doses de ternura e tolerância o novo ano que desponta...