sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O LIVRO INFINITO DA VIDA


O LIVRO INFINITO DA VIDA

O livro da vida nunca se fecha,
pois o universo nunca nos deixa.
Sempre há histórias para contar;
Mistérios e lições para partilhar;
Objetivos e sonhos para realizar;
Sementes e amores para desabrochar.

O tempo da evolução é infinito,
pois nenhuma dor cala nosso grito;
Sempre há mundos para percorrer;
Decisões e caminhos para escolher;
Erros e tristezas para esquecer;
Alegrias e oportunidades para renascer.

Na essência da gente, tudo é luz,
pois a sabedoria divina nos conduz.
Sempre há detalhes para descobrir;
Casais e crianças para sorrir;
Valores e diferenças para colorir;
Músicas e poesias para sentir.

O livro da vida nunca se fecha,
pois o universo nunca nos deixa.
O tempo da evolução é infinito,
pois nenhuma dor cala nosso grito;
Na essência da gente, tudo é luz,
pois a sabedoria divina nos conduz.

( Pablo Robles – POETA DO SOCIAL )

Poesia Especial em Homenagem ao Natal 2012 e Réveillon 2013

MENSAGEM DE FELIZ 2013: SUPERE-SE!


MENSAGEM DE FELIZ 2013: SUPERE-SE!


Nesse novo ano, não te desejo apenas saúde, paz e sucesso.
Também te desejo ousadia, sabedoria e aventura.

Ousadia para driblar a resistência dos medos e reencontrar o caminho dos sonhos. Sabedoria para descobrir, expandir e partilhar o melhor das pessoas, grupos e coletividades. Aventura para domesticar a rotina, aliviar as tensões e se reencantar com os detalhes cotidianos e imponderáveis da vida.

O mundo precisa da gente para ser mais justo. A gente precisa do mundo para ser mais solidária. Toda a gente pode mudar o mundo, a cada segundo, ainda que tal empreendimento seja algo esporádico, anônimo e imperceptível. Basta acreditar que você sempre poderá fazer a diferença para alguém, nem que seja para pelo menos uma pessoa a cada dia ou semana.

Se é verdade que precisamos de dinheiro para ter conforto material, não é menos verdade que precisamos de amor para ter equilíbrio espiritual. Não o amor mesquinho que privatiza emoções, mas o amor altruísta que democratiza solidariedades.

Ter um carro é bom, mas morar numa cidade segura é melhor ainda. Ter um celular potente aparenta modernidade, mas saber se comunicar com nossa essência é melhor ainda. Ter recursos sobrando para se esbaldar todo fim de semana é ótimo, mas ter energia colaborativa para ajudar os mais pobres, vulneráveis e desamparados é mil vezes melhor. Ter 100 livros, ostentar diploma universitário e falar 3 idiomas é excelente, mas virar as costas para as desigualdades sociais é um gesto tão ingrato quanto deprimente.

Nunca pense, diga e venda o discurso de que idealismo é besteira, pois graças a cientistas, filósofos, políticos, escritores, empresários e educadores “idealistas”, o mundo que orbita ao redor de nossos umbigos tem se tornado mais habitável, acessível e satisfatório a cada geração, apesar das crises, insustentabilidades e hipocrisias que rebaixam nossas possibilidades de ascensão coletiva e felicidade duradoura.

Portanto, transforme o ano que chega em uma ponte ilimitada para a realização de seus planos, desengavetando velhas ideias e explorando novas possibilidades, pois a vida perde seu sabor quando deixamos de saber para onde vamos e fugimos daquilo que queremos, sobretudo quando a mente e o coração estão em lua de mel e insistem em nos empurrar extraordinariamente para a frente.

Crie, ame, aprenda, sorria, ajude o próximo e sobretudo se reapaixone por você mesmo, fazendo de cada dia uma escola de superação, um festival de surpresas e uma coleção de conquistas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Viva o Mistério de Dezembro


VIVA O MISTÉRIO DE DEZEMBRO

Quem ganha e o que perdemos abreviando o ano? Como podemos fazer e curtir a retrospectiva de um ano que não terminou? Acesso portais de notícias e vejo uma avalanche de matérias querendo duelar com tempo, ignorando a cronologia de dezembro ou secundarizando os últimos acontecimentos que nos esperam em um ano que faz questão de acabar apenas no último dia, e não como querem os editoriais de final de ano.

Pois bem, se nos deixarmos levar por essa tendência devoradora do tempo, iremos ter uma imagem decepada do ano que passou, e de nós mesmos. Ou o mês de dezembro não tem importância para a história de nossas vidas, individuais e coletivas. Ou a história de nossas vidas tem dias muito pessoais e especiais que não merecem ser contabilizados nos balanços publicáveis do ano. Ou o ano mostra-se rachado em dois ciclos: o de janeiro a novembro; e o de dezembro, onde aparentemente nada acontece, já que não entra nas retrospectivas.

Se por um lado não podemos esquecer os bons e alegres momentos que já vivemos, por outro não podemos deixar de viver o calendário restante, irredutível e também único de cada ano. Não devemos brincar com tempo, moldando-o ao sabor das publicidades apressadas, da indústria do turismo desenraizado, das emoções enlatadas, do mercado cansado. Não entendo essa ejaculação precoce da mídia, ainda no começo de dezembro – uma mídia que se traveste de museu e que fica forçando a barra, fazendo das telas de computador retrovisores sem atrativos, pois inclusive é muito estranho semear as promessas do ano novo sem deixar de colher todas as lições do ano velho.

Viva o mês de dezembro, apesar das retrospectivas anuais quererem abortá-lo, saltá-lo ou enxugá-lo. Viva os dias maiores e melhores que qualquer calendário maquiado. Viva os capítulos que sequer foram convidados para as biografias civilizatórias. Viva a última quinzena do ano, maltratada como se fosse uma espécie de quinzena malparida de janeiro. Viva a era rebelde e enigmática dos finais de ano, que não se deixa enquadrar pela estática linear das cronologias nem se revelar pelas profecias tradicionais e corriqueiras do ano passado.

Viva a vida vivida sem grandes testemunhas e registros coletivos. Viva o não-vivido passivamente pelos outros. Viva os fatos inéditos e algumas vezes primordiais, cujas imagens não foram captadas e eventualmente distorcidas por terceiros. Enfim, viva o mistério de dezembro, em sua plenitude anônima, imponderável e inenarrável. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Heróis (anônimos) da sociedade




Na véspera do Dia do Professor, compartilho esse trecho do livro de Augusto Cury, o Semeador de Ideias (pág. 185). Minhas incursões na docência ainda são muito pontuais, mas na medida em que eu for terminando minha Licenciatura em Ciências Sociais – o que não está longe – estarei mais aberto a mergulhar profissionalmente no desafio da educação escolar. 
“(...) Outros professores e professoras ficaram tão sensibilizados que pediram autógrafo ao Semeador de Ideias. Mas ele lhes disse:- Mestres pedindo autógrafo a mim? Peçam uns aos outros. Vocês são os verdadeiros heróis da sociedade. Sobrevivem num ambiente estressante, sem notoriedade social e com baixos salários. Não são gigantes? Sobre seus ombros está o futuro da humanidade, e cobram e reclamam tão pouco por isso. Não são heróis? – E reiterou suas palavras: - Vocês mudam o mundo ao mudar o mundo de um aluno. Obrigado por existirem (...) 
O mundo precisa cada vez mais de gente que acredite nas pessoas e nas instituições. A mentalidade que predominou entre as gerações recentes foi incapaz de construir uma sociedade mais solidária, negócios mais justos e relações mais tolerantes. Professoras e professores, sozinhos, podem ser incapazes de mudar o mundo. Mas sem uma educação baseada em novos paradigmas e atitudes, o planeta naufragará ainda mais fundo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Ciranda da Poesia Infantil


A CIRANDA DA POESIA INFANTIL

Lembras quando o sorriso era espontâneo?
Quando o olhar era simplesmente humano?
Quando nosso (con)viver não tinha um plano?
Detalhes perdidos com o adultecer dos anos...

Sua chegada ao mundo é um fenômeno mágico.
Tudo se reencanta, as famílias se redescobrem.
Pena que o espetáculo às vezes se torna trágico.
As prioridades do casal nem sempre coincidem.

Cada criança é uma esperança que se lança
Para um mundo mal parido, cheio de ameaça;
Onde as carreiras valem mais que os valores
E os interesses predominam sobre os amores.

Tempos de crises econômicas, morais, afetivas...
Corações partidos naufragando em lares desfeitos.
Partidos sem coração amamentando reles prefeitos.
Precisamos fecundar e embalar outros paradigmas!

Que exemplos estamos herdando aos pequenos
Quando nos deixamos capturar pelas redes sociais
E se hipnotizar por jogos decisivos e novelas globais?
Os filhos, netos... estão ali; suplicando afetos, acenos!

Pesquisamos mais o horóscopo
Do que o universo das crianças.

Apertamos mais o controle remoto
Do que as bochechas das crianças presentes.

Consultamos mais as cotações das bolsas
Do que as estatísticas das crianças carentes.

De que adianta tanta tecnologia sem poesia?
Tanta correria e competição sem humanidade?
Salvem os mais jovens, que ousam sonhar mais!
Protejam os mais velhos, antes que fiquem pra trás!
Sobretudo, amem as crianças que já vieram e que virão,
Curtindo e melhorando esta ciranda, de geração em geração!

( POETA DO SOCIAL )

Poesia especial em homenagem ao Dia das Crianças 2012

sábado, 7 de julho de 2012

POESIA: Vote Também na Participação

VOTE TAMBÉM NA PARTICIPAÇÃO

Os tempos da política intensiva chegaram.
Candidatas e candidatos levantam bandeiras.
Campanhas e marqueteiros tecem estratégias.
Pseudocidadãos espalham tolices e asneiras.

Como se discutir política fosse perder tempo.
Como se fazer política nas ruas, bares e lares
Fosse pregar no deserto e caminhar no vazio.
O abismo da omissão preenche os não-lugares.

O que somos hoje depende do que decidimos ontem.
Mesmo que as escolhas coletivas tenham sido terceirizadas.
Mesmo que a utopia tenha sido abortada do nosso existir.
Mesmo que nosso único dilema seja consumir ou não consumir.

Desconfie dos discursos inertes, imagens floridas e promessas fáceis.
Saiba confrontar valores, trajetórias, realizações e demais bastidores.
Nem todo político é ladrão e nem toda política redunda em corrupção.
As crises que abatem o mundo jamais serão resolvidas por procuração.

Participação popular, controle social e transparência pública são essenciais
Para que nossos sonhos reencarnem mundos melhores e menos desiguais.

( por Pablo Robles – POETA DO SOCIAL )

Poesia Especial em homenagem ao início das campanhas políticas municipais.

PS.: Caro leitor e navegante, esta poesia é um primeiro convite à participação nas eleições municipais. Mesmo que você não goste da política partidária, saiba que a política partidária influencia sua vida e seu cotidiano coletivo muito mais do que você imagina. Se puder, ajude a divulgar esta poesia em seus e-mails, blogs, facebooks, twitters e demais redes sociais. E quem trabalha com comunidades, estudantes e públicos sociais, fique também à vontade para utilizarem em suas atividades, aulas, projetos, formações, boletins e demais iniciativas. Até a véspera da eleição, outras poesias e escritos ganharão participação, especialmente em meu blog (www.gritopacifico.blogspot.com) e facebook (Pablo Robles). Obrigado! e abraços J

terça-feira, 29 de maio de 2012

Era uma vez...

Era uma vez uma coisa que ninguém conseguia explicar. Era uma vez uma energia que nenhum fracasso conseguia esvaziar. Era uma vez uma história que nenhuma teoria conseguia abstrair. Era uma vez uma riqueza de detalhes que numa enciclopédia conseguia registrar. Era uma vez um mistério que nenhuma arte conseguia retratar. Era uma vez um desafio que nenhuma rotina conseguia diminuir. Era uma vez uma liberdade que nenhuma opressão conseguia calar. Era uma voz uma trajetória que nenhuma coreografia conseguia reproduzir. Era uma vez uma dimensão que nenhuma geografia conseguia alcançar. Era uma vez um projeto que nenhum sistema conseguia prever. Era uma vez um mistério que nenhum algoritmo conseguia decifrar. Era uma vez um processo que nenhuma civilização conseguia controlar. Era uma vez um mundo que nenhuma ciência conseguia simplificar. Era uma vez um fluxo que ninguém conseguia apreender. Era uma vez uma oportunidade que nenhum preconceito conseguia sufocar. Era uma vez um roteiro que nenhum filme conseguia desenvolver. Era uma vez uma experiência que nenhuma religião conseguia manipular. Era uma vez uma luz que nenhuma escuridão conseguia esconder. Era uma vez um negócio que nenhum mercado conseguia privatizar. Era uma vez uma promessa que nenhuma política conseguia distorcer. Era uma vez um fenômeno que nenhuma metáfora conseguia evocar. Era uma vez uma organização que nenhuma legislação conseguia disciplinar. Era uma vez um sentimento que nenhuma psicologia conseguia racionalizar. Era uma vez um verso que nenhuma poesia conseguia rimar. Era uma vez uma explicação que ninguém conseguia concluir. 

Era uma vez você. Era uma vez eu. Era uma vez nós. Incluindo elas. Incluindo eles. Juntamente com todas. Juntamente com todos. Continuando com os demais. Recomeçando com a gente, passando pelos outros, até alcançar mais alguém, para não faltar ninguém. 

Era uma vez a vida.

terça-feira, 17 de abril de 2012

CRÔNICA: Mulheres políticas e sociedades fragilizadas

Mulheres políticas e sociedades fragilizadas

No dia em que uma mulher lá de cima (Hilary), de uma potência em decadência (EUA), visita uma mulher aqui de baixo (Dilma), de uma potência em afirmação (Brasil), uma mulher aqui do lado (Cristina), de um país (Argentina) dinâmico, hermoso e destemido (inclusive no resgate democrático das verdades sobre os crimes da ditadura que assombraram outrora a política latino-americana; matéria que as “elites” daqui prefeririam incinerar em vez de reconstituir), presenteia-nos com um gesto firme, altivo e politicamente legítimo.

Pois bem, nossa presidente vizinha de um país hermano reivindicou e legalizou a soberania mínima na gestão das riquezas nacionais de seu petróleo e gás; ideologias e sectarismos à parte, um Estado não existe só pra reagir (aos mercados e interesses estrangeiros), mas também para agir (a favor do povo e aspirações das maiorias).

O grande desafio que nos cabe está nesse pequeno e grande detalhe que oscila entre os instintos privatistas de liberdade e as necessidades estatizantes de proteção: sociedade. Nossa ditadura política se foi, mas deixamos que outras ditaduras entrassem em campo, como a da mídia, a da publicidade e a da indústria enlatada de práticas de lazer descoladas do cheiro cotidiano, de nossas identidades locais e das aventuras e desventuras comunitárias.

Quando sermos menos servil e efetivamente mais civil, uma outra sociedade edificará nossos lares, semeará novos valores e inspirará as gerações vindouras, nos colocando de mãos dadas com toda a humanidade que muitas vezes não conseguimos desenvolver e partilhar, intoxicados que ainda estamos por um modelo de sociedade (civil) e representatividade (política) que não cuida bem de sua gente, de suas instituições e de seus recursos, sejam eles naturais ou industriais, científicos ou morais, e materiais ou espirituais.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dilemas demais ou Atitudes de menos?


DILEMAS DEMAIS OU ATITUDES DE MENOS?

Rumos sem rimas ou rimas com rumos??
Rimas sem rumos ou rumos sem rimas??

Se achar ou se perder?
Sufocar-se ou inspirar-se?
Recolher-se ou aventurar-se?
Sustentar(-se) ou desabar(-se)?

Desistir ou lutar?
Obedecer ou subverter?
Sonhar ou sobreviver?
Superar-se ou acomodar-se?
Voar ou rastejar?

Rumos sem rimas ou rimas sem rumos??
Rimas com rumos ou rumos sem rimas??

Isolar-se ou (re)aparecer?
Adiar ou antecipar?
Errar ou regredir?
Construir ou atrapalhar?
Caminhar ou desafinar?
Desacreditar ou (re)começar?
Prometer ou realizar?

Educar ou explorar?
Distribuir ou acumular?
Manipular ou informar?
Esclarecer ou confundir?
Controlar ou emancipar?
Se solidarizar ou se omitir?

Rumos com rimas ou rimas sem rumos??
Rimas sem rumos ou rumos com rimas??

Fingir ou assumir?
Compreender ou criticar?
Deletar ou compartilhar?
Reprovar(-se) ou perdoar(-se)?
Curtir ou amar?

Ter ilusões ou ser você?
Ter ódios ou ser humano?
Ter projetos ou viver a mercê?
Ter emoções ou ser de outro plano?

( Pablo Robles – POETA DO SOCIAL )

Dedico essa poesia especial a todas as pessoas anônimas, que lutam, lutaram e lutarão, no silêncio de suas rotinas ordinárias, em busca de sonhos e resultados extraordinários... Carlos Guilherme, presente hoje e sempre!... (ver poesias anteriores “Exemplos Imorredouros” e “Abençoada Seja a Gentileza”).

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Abençoada seja a Gentileza


ABENÇOADA SEJA A GENTILEZA

O amor tudo pode,
Quando a vida explode
De luz, magia e humanidade.
Haja poesia para aliviar a cidade.

Contudo, a agitação do cotidiano
Atropela muitas vezes a gentileza.
Como tem fragilidade nossa Fortaleza!
Como falta ternura no conviver humano!

Entre um bom-dia e um boa-noite,
Possibilidades e limites escorrem.
Ora a cordial simpatia, ora o risco do açoite.
Civilidades se encolhem perante brutalidades.
No subterrâneo do mundo, povoam maldades.
Guerreiros tombam, mas os ideais renascem.

De repente, absurdos vão e mistérios vem...
Notas de desencanto turvam nosso coração:
O sorriso murcha, o choro espreita, falta lenço.
É duro perder alguém que tanto acreditava no bem.
Desesperos trafegam na contramão do bom senso,
Enquanto a compreensão tenta recuperar a direção.

A barbárie não se divorciou da modernidade.
O que não quer dizer que a utopia se acabou.
A ousadia exterior passa pela reforma interior.
Não deixe que a indiferença e a impunidade
Destruam a tua confiança e força de vontade.
Abençoado seja quem por aqui passou e lutou.

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

PS.: Em tempos de Páscoa 2012, uma reflexão sobre a falta de gentileza e a perda brutal de pessoas simples e sonhadoras (ver poesia anterior Exemplos Imorredouros).

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Exemplos Imorredouros


EXEMPLOS IMORREDOUROS*

Quem luta pelo bem nunca vai embora.
Sempre se pereniza com seu exemplo para quem fica.
Nessa hora triste, a humanidade chora.
O drama da violência nos assola, estarrece e sacrifica.

Carlos Henrique Costa Guilherme foi a vítima da vez.
A maldade assusta e a solução vai muito além do xadrez.
Uma grande liderança socioambiental mudou de plano,
Deixando entre amigos e admiradores sua fé no humano.

Os parceiros, ativistas e catadores perderam uma referência:
Um geógrafo que lapidou sua vida com engajada coerência.
Nesse momento em que nossos corações murcham de tristeza,
A providência divina o acolhe e segue semeando sua grandeza.

A missão que ele empunhava e de alguma forma ainda o fará,
Também é sua, nossa, da sociedade, do governo e da cidadania.
Precisamos manter acesa a utopia, apesar da sombra de cada dia.
Que o luto desta perda enobreça as lutas travadas no Brasil e Ceará.

( Por Pablo Robles – POETA DO SOCIAL )

*Meus pêsames poéticos pelo ativista Carlos Guilherme: 1968 – 2012.

PS.: "Sou viramundo virado pelo mundo do sertão, mas inda viro esse mundo em festa, trabalho e pão" (uma das citações preferidas dele, extraída da música Vira-Mundo, de Elis Regina. A propósito, Carlos, dentre outras iniciativas, fundou o Instituto Ambiental Viramundo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

POESIA: Luz Fraternal

LUZ FRATERNAL

Mulheres, lindas e insubstituíveis!
Aqui e ali, mil e um motivos pra sorrir,
Apesar de lágrimas não deixarem de cair.
Dentro de ti, ecoam utopias belas e sensíveis.

Tua bandeira ilumina e humaniza os horizontes.
Na usina da tua alma, a poesia dança, se recicla.
No batuque do teu coração, o amor se multiplica.
Tuas mãos generosas, estendidas, viram pontes.

Abençoado o homem que acolhe tuas carícias
E se perde no labirinto diáfano de tuas malícias.
Teu grito se fez história e acalentou revoluções,
Enfrentando o patriarcado que oprimia gerações.

No carnaval da biologia, a natureza exala magia.
Na montanha do mercado, teu ser galga cidadania.
Na ciranda das relações, tu és a bússola da sintonia.
No escuro das crises, és a chama que pondera e alivia.

Sem as estrelas, é impossível admirar o cosmos.
Te almejamos, porque sem ti quase nada somos.
Sem a tua luz fraternal, a sirene do caos desperta,
A beleza perde o encanto e ficamos fora de órbita.

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

POESIA ESPECIAL EM HOMENAGEM AO DIA DAS MULHERES 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

POESIA: Entrelaçando Rimas e Rumos

ENTRELAÇANDO RIMAS E RUMOS

Do nada, surgem versos.

Escorrem rimas, sentidos inconfessos.

O absurdo do mundo se desnuda.

As máscaras caem e tudo muda.

A lágrima sincera dissolve o sorriso fingido.

O aborto da arte ameaça o poema mal parido.

Dos versos, entretanto, reciclam-se esperanças.

Contra retrocessos, a ousadia pura das crianças.

O sentimento do planeta passa pelos dedos.

O toque da vida, a comunhão dos arvoredos.

Somos um mosaico caótico de finitos e vazios

Costurado por imponderáveis e utópicos desvios.

Ainda existe luz atrás da promessa cansada.

A felicidade de repente já está na gente.

Basta desatar os medos e humanizar os fios.

Na dúvida, deixa o amor guiar a caminhada.

( Poeta do Social )

domingo, 5 de fevereiro de 2012

CRÔNICA: Cenas e reflexões de uma máquina

Registrou encontros históricos. Amores inacabados. Viagens inesquecíveis. Atividades gratificantes. Cenas que representaram pontos culminantes de felicidade pessoal e coletiva. Instantes que, por mágicos, se fizeram eternos em nossas lembranças. Pessoas que, por extraordinárias, nunca mais se apagarão de nossas vidas, mesmo que a amizade e o carinho compartilhado com elas não tenham superado os limites efêmeros do transitório.

Essa foi a avalanche de apreensões e emoções quando minha máquina Sony Cyber-shot, de poucos mas suficientes megapixels, quis desligar-se para nunca mais piscar de novo, para nunca mais voltar a se abrir para focalizar esse mundo veloz que, de tão dinâmico e imprevisível, parece nos enquadrar, nos manipular e nos encerrar em seu jogo de incertezas, mistérios e flagrantes de uma humanidade que ainda não aprendeu a vivenciar a melhor imagem de si mesma, necessariamente mais autêntica, autônoma e solidária.

O fato é que, por muito pouco, minha câmera fotográfica quase foi sepultada na véspera do novo ano de 2012. O curioso é que esse aparelho uniu paternidades latino-americanas. Adquirida por meu pai brasileiro (padrasto) na aurora de 2008, o primeiro grande ato dela foi fotografar o reencontro com meu pai boliviano (biológico). Acima de eventuais e perdoáveis ressentimentos, ganhei de presente de aniversário do pai que me educou por duas décadas o instrumento que captaria o resgate de minha raiz consangüínea e cultural com o parente que co-produziu minha estréia no mundo em 1980 e com o lindo país onde ele vive, nasceu e voltou, após ter estudado Engenharia Civil aqui em Fortaleza. 26 anos depois, em 2008, justamente no dia 28 de janeiro (data em que surgi), recuperei meu elo paterno originário.

Alegrias indizíveis foram fisgadas, recicladas e canonizadas pelas lentes sensíveis e sedentas de minha máquina, a primeira que efetivamente adquiri. Talvez pelo ineditismo tardio desse pertencimento, testemunha eletronicamente ocular e instantaneamente fiel de momentos inebriados de felicidade, paixão, descoberta, aventura e realização, os dispositivos de minha máquina resistiram ao furacão da rotatividade mercadológica. Não foi dessa vez que o ciclo capitalista da obsolescência planejada sacrificou mais um artefato industrial. Minha máquina fotográfica, consertada por um perito com habilidades artesanalmente forjadas, voltou a abrir suas lentes para as cenas do mundo, especificamente para os ângulos que delimitam minha vida, escrevendo minha história e desenhando meus passos com a ajuda da luz.

A vida pessoal, familiar e afetiva é tecida à base de encontros, desencontros e reencontros. Alguns encontros quase não se repetem e só voltam a ser lembrados porque um dia foram fotografados e emoldurados visualmente na janela da memória sensorial. Outros encontros, por se deixarem banalizar pela omissão desgastante das partes, vão perdendo tanto as suas cores que nenhuma máquina, por mais potente que seja, consegue registrar alguma imagem feliz.

Com (e principalmente sem) efeito, junto a certas pessoas em dadas circunstâncias, todas as tecnologias e aparelhos do mundo parecem entrar em greve ou se aposentarem antes do tempo, ou pelo menos antes dos últimos flashes e fotos, aquelas que já não revelam nada porque os personagens não deveriam mais estar ali, superficial e inercialmente juntos por uma acomodação, incompetência ou covardia recíprocas.

No entanto, há encontros tão especiais que cada instante é candidato ao Oscar de melhor fotografia. Um olhar singular, escondendo mistérios. Um sorriso sublime, confessando gratidões. Um abraço revitalizante, entrelaçando afetos. Uma seriedade charmosa, reafirmando compromissos. Uma careta descontraída, compartilhando liberdades. Enfim, fotos paradigmáticas, com a função divina de justificar existências plenas e abençoar momentos mágicos. Eis a vocação intrínseca da máquina fotográfica: produzir imagens naturalmente cinematográficas para quem as vive, ainda que ninguém mais as veja, valorize ou se recorde.