sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

MENSAGEM: Quem São Teus Heróis?

REPRODUZO MENSAGEM ABAIXO, RECEBIDA HOJE DE UMA AMIGA. ANTES, FAÇO UM BREVE COMENTÁRIO:

"Cada audiência tem a mídia que merece. Alguns sabem mais da vida dos participantes dos big brothers (e dos ex-bbbs que se destacaram em outros carnavais) do que dos governantes que melhoraram suas vidas ou das grandes personalidades que revolucionaram positivamente o mundo. Os apresentadores televisivos tem bem menos culpa de quem os assiste religiosamente e sobretudo de quem vota apaixonadamente nestes heróis fabricados e descartáveis. Mas cada povo tem a televisão que merece. Longe de censurar qualquer programação, fica alguma reflexão sobre os diferentes valores que abraçamos no espetáculo da vida."

SEGUE A MENSAGEM TRANSCRITA NA ÍNTEGRA. REFLITAMOS:

“E agora vamos falar com os nossos heróis...”

Saudação (infeliz) usada por Pedro Bial ao se dirigir aos participantes do programa Big Brother Brasil:

Se alguém se encontrar com ele, pergunte-lhe, por favor, qual a definição de “herói” no dicionário dele...

No meu, Herói é uma coisa muito diferente...
Herói é a Dra. Vanessa Remy-Piccolo, jovem pediatra francesa de 28 anos de idade.
Ela que abriu mão do seu conforto para servir na África, como voluntária do programa Médicos sem Fronteiras.

Ela que nos relata que cansou de atender crianças que com um ano de idade pesavam em torno de 3,6 kg, que corresponde ao peso de um recém-nascido.
Herói que relata que muitas mães chegam até ela dizendo que levaram os alimentos doados para casa, mas que seus filhos parecem que desaprenderam a se alimentar e se recusam a abrir a boca.

Herói é Martial Ledecq, cirurgião voluntário do Médicos sem Fronteiras, que, arriscando a própria vida, atende, em meio a bombardeios, os civis feridos num Hospital de Tebnine, sul do Líbano, vítimas de uma recente guerra que de tão nefasta não poupou nem os observadores da ONU, e nem mesmo as equipes de ajuda humanitária internacional.

Herói, meu caro Pedro Bial, é quem, nestes dias desleais em que vivemos, enxerga o sofrimento alheio, e se prontifica a amenizá-lo no que estiver ao seu alcance. Herói são aqueles que abrem mão dos confortos pessoais em prol do coletivo, aqueles plenos de uma vida na qual a paixão sobrepuja a omissão...

Herói é aquele que é solidário, que partilha dons e bens...

Mas há também muitos heróis que falam a nossa língua... E não são as “celebridades” instantâneas do BBB. Embora estejam pertinho da “casa mais vigiada do Brasil”.

Heróis como Jacinta, enfermeira do projeto Meio-fio, promovido pelo Médicos sem Fronteiras no Rio de Janeiro, que examina mãe e filho, moradores de rua. Heróis como a médica Renata, que visita aqueles que nem aos precários serviços de saúde pública têm acesso, como este morador de rua, no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro.

Heróis como o educador Altayr, que partilha seus conhecimentos com uma moradora de rua no centro do Rio de Janeiro. Heróis como a psicóloga Andréa, que, a exemplo da pediatra francesa, semeia saúde e esperança, por onde passa.

Heróis como a enfermeira Eriedna, que aqui atende o Sr. Nilton no núcleo de atendimento do Médicos sem Fronteiras. Heróis como Sr. Nilton, que com o apoio recebido conseguiu encontrar um trabalho, e hoje não mais mora nas ruas. Heróis como Sr. João, um dos moradores de rua atendidos pelo projeto Meio-fio, que relata:

"De manhã eu começo a circular igual a um peru doido. Eu só paro na hora do almoço e depois, à noite, pra dormir. Mas catar latinha não é fácil não. Hoje em dia tem uma concorrência muito grande pelas ruas".

Será que o Sr. João resistiria à tentação de catar as latinhas e garrafas de bebida vazias, com as quais a produção do BBB tenta a todo custo embriagar os participantes do programa nas festas que promove? Sr. João provavelmente juntaria as latas sim, escondidas num canto da casa, para quando a fama instantânea passar...

Quando um cara que já foi dos mais brilhantes repórteres do país, vibra e discute os namoricos, as intrigas e as futilidades do programa BBB como se fossem o assunto mais importante da atualidade, é sinal de que algo está lamentavelmente errado...

É preciso acreditar que um outro mundo é possível.
E pequenos gestos poderão produzir mudanças significativas.

Um ato simples, que certamente poderá resultar em benefícios concretos, será o de iniciar uma campanha de conscientização para que ninguém mais atenda aos apelos melodramáticos de Pedro Bial, e que, ao invés de efetuar ligações para o programa Big Brother, contribua para entidades que atuam em prol de causas sociais.

A cada paredão, com milhões de ligações para o programa, os centavos e centavos pagos formam rios de dinheiro, e engordam ainda mais as já milionárias fortunas dos donos, diretores e apresentadores televisivos...

Se você tem algum amigo, familiar ou conhecido que liga para o programa, aconselhe-o, ao invés, a doar a quantia para algum programa humanitário.

Ao invés de ligar para o Big Brother Brasil, contribua com alguma instituição que realmente precisa de ajuda. E não faltam entidades sérias que contam com o nosso apoio para prosseguir com suas nobres atividades.

Listagem de algumas outras entidades e projetos:

www.unicef.org/brazil/lista_projetos06.htm

Certamente existe alguma instituição de amparo aos necessitados atuando na tua cidade.

Os recursos destas instituições provém, na sua maior parte, do apoio voluntário, - material e humano -, necessitando, portanto, de nosso auxílio e colaboração para que possam fazer diferença e recuperar o valor da vida dos tantos destituídos, excluídos da sociedade.

Quem são os teus heróis? Quem são as tuas heroínas?

Divulgue esta idéia por e-mail.

Vamos deixar a cargo dos familiares dos participantes, que têm interesse particular no assunto, decidir se fulaninho ou fulaninha deve ou não sair do programa.

Colabore com quem realmente precisa de você.

DESCRIÇÃO: Sensível Revelação


Passo tanto tempo presa, que geralmente esquecem de minha existência. Mas quando apareço, domino a atenção de todos os olhares. Meus gestos são pura eloqüência. Quase todo mundo que me vê se curva aos meus apelos irresistíveis e eventualmente sensacionalistas. Retribuição nada mais justa e compensadora para alguém que ás vezes passa anos sem se manifestar para o mundo exterior.

Sou a testemunha mais assídua dos piores dramas humanos. Praticamente nenhum divórcio entre cônjuges que juravam nutrir algum amor recíproco dispensa meus cumprimentos, ou melhor, minhas despedidas, já que costumo assinalar o desfecho de uma história a dois (ou quem sabe a três, considerando que a amante ou o amante pode ser o pivô detonador e irreconciliável deste desenlace).

As crianças, especialmente, são as que menos têm vergonha de mim. Me solicitam tanto que por vezes me banalizam e até me corrompem, fazendo os outros acreditarem que eu sou uma farsa. Mas as perdôo, pois sei que o fazem sem maiores prejuízos. Por outro lado, os adultos aparentemente equilibrados e impecavelmente racionais são os que mais me temem, me evitam e me reprimem.

Com extraordinárias exceções, posso dizer que vivo no mais obscuro anonimato, mas quando entro em cena procuro tornar este momento triunfal e por vezes inesquecível; seja evocando as mais transbordantes alegrias, quer relembrando os mais tempestuosos traumas. Acertou quem descobriu que tenho tendências megalomaníacas. Como tenho ascendência humana, orgânica, assumo que também tenho defeitos: me julgo frequentemente mais importante do que realmente sou.

Eu preciso do mundo para desabrochar, para me revelar, exercendo minha plenitude antes de me perder no infinito da atmosfera material. Ou seja, o instante mais feliz da minha imprevisível trajetória, o gozo supremo e sacrificante de minha existência – paradoxalmente – também representa minha decomposição, meu desaparecimento, minha morte. Quando isso acontece comigo, nunca talvez a fronteira entre o apogeu e a catástrofe assume feições tão tênues, próximas e ambíguas.

Numa dependência ainda maior, estou convencido de que o mundo sempre precisará de mim. De meus sinais universais, meus impactos imediatos e sobretudo minha sinceridade exemplar. Sou a cura gratuita das dores irracionais, o mensageiro fiel das felicidades inesquecíveis. Sou a bandeira das revoluções sentimentais, o desespero das tragédias inevitáveis. Enfim, sou a lágrima: a confissão sublime das revelações sensíveis.

Como a humanidade seria insossa e monótona sem a minha participação. Como a arte seria abstrata e rarefeita sem minhas influências. Como a saudade seria incompleta e amarga sem o meu consolo. Como o amor seria insensível e impessoal sem a minha intercessão. Como as vitórias seriam discretas e vulgares sem as minhas homenagens. Como a paixão seria mecânica e comportada sem as minhas erupções. Como a tristeza seria inexpressiva e desinteressante sem a minha contribuição.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

MENSAGEM: O Mistério da Bananas


O MISTÉRIO DAS BANANAS INTOCÁVEIS*

“(...) Se você identifica alguma forma complicada de executar determinada tarefa, pergunta ao gerente do setor: “Por que isso é feito assim?” Ele responde, sem pensar: “Não sei, isso sempre foi feito assim.” Esse gerente está com o freio de mão puxado e também está puxando o freio de mão da empresa.

A resposta dele lembra a história do cientista que pendurou vários cachos de bananas no alto de uma jaula. Nessa jaula, havia cinco macacos e uma escada. Durante a experiência, quando um macaco tentava subir pela escada para pegar as bananas, o cientista jogava uma forte ducha gelada nos demais e os macacos ficavam apavorados, enfurecidos, descontrolados, pulando de um lado para o outro. Depois de certo tempo, com a repetição do banho geral em cada tentativa, os macacos passaram a agredir aquele que tentasse subir na escada, até o dia em que todos os macacos desistiram de subir pela escada e abandonaram a idéia de comer as bananas.

Para dar prosseguimento ao teste, um dia o cientista substituiu um dos macacos por outro que não havia passado pela experiência. Assim, quando esse novo macaco tentava subir pela escada, no mesmo instante, levava uma surra dos demais. Naquele momento da experiência, o homem já não jogava mais a ducha fria. Não existia mais mangueira e as bananas estavam lá, à disposição, só que os macacos não chegavam mais perto da escada nem deixavam que o outro subisse.

O cientista passou a substituir um a um, todos os macacos e, cada vez que ele fazia isso, esse outro símio, que não sabia da história da ducha, tentava subir na escada, e era surrado pelos demais. Um dia, finalmente, os cinco macacos do início da experiência tinham sido substituídos. Mesmo assim, os que estavam na jaula continuavam surrando todo novo indivíduo que tentasse subir na escada. Eles nem sabiam por que agiam daquela maneira; não sabiam que um dia alguém tinha jogado uma ducha gelada em outros macacos. Eles não sabiam de nada, mas não mudavam seu comportamento simplesmente porque naquela jaula aquilo sempre tinha sido feito assim.

Neste momento, muitos gerentes, supervisores, superintendentes, chefes em geral, estão parados, feito macacos de laboratório, olhando para as bananas no teto e ignorando todo tipo de escada que apareça. Eles estão paralisados, com medo de mudar o que “sempre foi feito assim”, com medo de apanhar dentro da jaula. Empresas não devem ser jaulas, devem ser janelas (...).”

*Título criado didaticamente por mim. Texto reproduzido na íntegra e extraído do livro O Poder das Idéias, do autor e empreendedor Ricardo Bellino,pela Editora Campus (págs. 96-7).

MEU COMENTÁRIO REFLEXIVO

Acredito que essa historinha se repete frequentemente em nosso cotidiano; em múltiplas versões, ambientes e situações. Porém, sabe-se que o conformismo e muitas resistências culturais (individuais, coletivas e organizacionais) constituem grandes obstáculos para a geração de novos padrões de desenvolvimento e felicidade. Que esta mensagem nos convide a rever nossas rotinas, paradigmas e (pré)conceitos... suscitando novas perguntas, novos caminhos, novas respostas, novos valores, novos sonhos, novas relações, novos resultados, novas mudanças, novas verdades, novos horizontes... rumo àquilo que temos, somos e podemos de melhor, tanto para os próprios seres humanos como para todos os outros seres vivos (macacos e não-macacos).

CONTO: Brincadeira Infantil


Centro da cidade. Mês movimentado de dezembro. O comércio local estava em ebulição. Consumidores congestionavam quase todas as lojas à procura de presentes de Natal, utensílios domésticos, novas roupas e tantos outros produtos, especialmente quando identificados pela palavra mágica “promoções”.

Uma mãe e seus três filhos participavam efusivamente deste cenário. Migravam de loja em loja em busca de artigos que satisfizessem o apetite natalino e maternal de Estela, na companhia de duas garotas, Camila e Renata, de respectivamente 15 e 11 anos, já iniciadas nesse tipo de atividade; e de um menino, Marcelo, de apenas 7 anos, sem nenhuma experiência anterior em fazer compras com a família.

A cada passagem por um estabelecimento, a família saía com mais sacolas, tornando não somente o percurso mais árduo e cansativo, como também favorecendo a distração e a desatenção entre eles. Já estavam razoavelmente saciados com os bens adquiridos, mas não a ponto de julgarem por concluída sua missão, que se repetia anualmente com alguma variação, ditada sobretudo pelos recursos disponíveis para gastar.

Marcelo, a principal novidade da temporada, cumpria esse ritual com estranheza, ingenuidade e inexperiência. Quando suas pernas estavam prestes a adentrar a décima loja naquela frenética tarde, seus passos foram bruscamente interrompidos e desviados, enquanto sua mãe e suas irmãs penetravam apressadas no recinto comercial, sem perceber a ausência dele, que neste momento parecia estar sendo emprestado para outra família.

Uma família inegavelmente pobre, sinceramente miserável, chamou a atenção daquele garoto. Onde seria a casa desta família, que se estirava espontaneamente no chão e ali mesmo descarregava seus escassos pertences? Perguntava-se com estranheza Marcelo, que certamente não costumava ver os efeitos desumanos da desigualdade sócio-econômica a olho nu: uma mãe, um pai e seus dois filhos, abandonados e destituídos de quase tudo.

Uma das grandes vantagens das crianças consiste no fato de não serem infectadas pelo preconceito nem serem adestradas para o cumprimento das mil exigências formais do mundo adulto, 90% das quais, muitas vezes, não passam de caprichos de etiqueta: um manual carcomido por regras inúteis, modismos classistas e pudores burocráticos. Beneficiando-se da idade, Marcelo não hesitou muito em se introduzir junto àquela família.

Os dois meninos de rua, mendigos calouros, cujo futuro seria tão sombrio quanto seu presente, acolheram Marcelo em seu território ilusório de uns quatro metros quadrados. Ilusório porque não era o quarto deles. Era um pedaço da calçada de propriedade instantânea de todos os transeuntes que cotidianamente o percorrem. Eles não tinham lar, comida, escola, tampouco cidadania, e, se não fossem alguns retalhos remendados nos lugares estratégicos de seus corpos, acrescentaria que eles também não tinham roupa.

Porém, graças à fértil e universal imaginação infantil, aqueles protótipos de gente sem perspectiva estavam munidos com brinquedos: o mais sujo, trazia um cavalinho de madeira (sem as pernas); o menos limpo, portava um carrinho de plástico (sem as rodas). Mesmo assim, entre um gemido e outro de fome e desesperança, conseguiam brincar, sorrir, como se o céu deles não fosse cinza e seus jardins não contivessem espinhos.

Marcelo não resistiu. Sua solidariedade agiu de maneira pura, imediata e instintiva. Os três brinquedos suspensos por suas duas mãos foram depositados naquele improvisado espaço infantil e colocados à disposição dos dois humildes garotinhos. Ambos, apesar dos olhinhos entusiasmados, ficaram com medo de tocá-los e desfrutá-los. Marcelo, num tom de verdadeiro Papai Noel, precisou dizer-lhes enfaticamente que os presentes eram deles.

As duas pobres crianças, plenas de agradecimento, confabularam entre si e chegaram a uma rápida e justa decisão matemática. Aceitaram somente dois brinquedos e deixaram o outro para Marcelo, que não se opôs, até porque era minoria entre os três. Meia hora depois de se sentar e brincar animadamente com seus novos amigos, Marcelo teve que se levantar e se despedir deles, pois sua mãe e suas duas irmãs vieram resgatá-lo.