sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Voluntariado ONLINE: Conheça, Opine e Divulgue

O Grito Pacífico silenciou para aplaudir e reverenciar mais uma grande iniciativa desenvolvida para multiplicar a solidariedade através da internet, ou melhor, do amor à distância, pois o voluntariado é uma declaração altruísta de amor ao mundo. Neste caso, seu corpo pode estar do outro lado do mundo, mas seu coração meio que se teletrasporta para o foco da ação.

1) Você já tinha ouvido falar em voluntariado online? O que acha dessa idéia?
2) Se você fosse voluntário online, exemplifique três coisas que você poderia fazer (ou então, caso se considere voluntário online, compartilhe algumas ações que você já faz conosco).
3) Qual a importância dessa iniciativa para a mudança e melhoria do mundo?

Para dar ressonância a essa postagem, vou sistematizar as respostas dessa mini-pesquisa e apresentá-las um mês depois, enviando inclusive uma cópia para o IVA (Instituto Voluntários em Ação), que lançou há uns três meses o portal Voluntários Online (http://www.voluntariosonline.org.br), de onde extraí, na íntegra, o histórico e os objetivos deste projeto, postados adiante.

Seu comentário neste blog, abordando especialmente as três questões propostas, também servirão de incentivo para que eu possa debater, junto a ONGs comprometidas com esta causa, as perspectivas de apoiar a promoção de iniciativas como esta aqui no Estado do Ceará.

Por fim, observo que esta postagem foi uma idéia espontânea e autônoma de minha parte. Mas creio que nem por isso, ainda que informalmente, essa intenção se torna menos nobre. Obrigado e saudações solidárias.

(Preâmbulo de PABLO ROBLES, mudando o mundo com você)

HISTÓRICO DO VOLUNTÁRIOS ONLINE

“O IVA é um Centro de voluntariado que atua no Estado de Santa Catarina há 10 anos. Nosso trabalho consiste basicamente em ser o elo entre aquelas pessoas que desejam colocar suas habilidades, tempo e talento, à disposição de organizações não governamentais, e estas que necessitam dessa mão de obra para oferecer um serviço de melhor qualidade ao seu usuário.

Para consolidar os 10 anos de trabalho do IVA/SC e também nos inserirmos cada dia mais em um mundo onde a comunicação digital é uma realidade, lançamos o Portal Voluntários Online para atender através de vagas de voluntariado presencial não só a região de Florianópolis, mas todo o estado de Santa Catarina.

Estamos introduzindo no Brasil o voluntariado on-line, que e realizado em todo ou em parte pela internet, e que está amplamente difundido internacionalmente. Vamos possibilitar também, através da nossa versão em Inglês, que voluntarios de todos lugares do mundo possam achar uma vaga de voluntariado presencial ou on-line para ajudar as organizações que necessitam desses voluntarios no Brasil.

A utilização de um PORTAL DE VOLUNTARIADO ON-LINE, possibilita o aumento da dimensão de nosso trabalho e através dele estamos oferecendo inúmeras oportunidades de conhecimento, capacitação, escolha de atividades e até mesmo de encaminhamento de voluntários a qualquer hora do dia Os serviços de intermediação e gerenciamento de voluntarios, bem como a presença na internet, estão sendo oferecidos de forma gratuita para todas as organizações cadastradas nesse portal, graças ao apoio e confiança de nossos patrocinadores.

Esta iniciativa é, sobretudo, uma forma de marcar o sucesso dos dez anos de trabalho do IVA em paralelo aos dez anos de aprovação da Lei que regulamenta o voluntariado no Brasil com uma proposta inovadora que venha não somente atender essas demandas como mobilizar a solidariedade entre os brasileiros. A partir de agora, a história do IVA/SC será escrita 24 horas por dia, sete dias por semana, como o deve ser para qualquer organização na era da informação em que vivemos. Em qualquer lugar e a qualquer momento, alguém poderá praticar o voluntariado.”

OBJETIVOS DO VOLUNTÁRIOS ONLINE

“Nosso objetivo é ser o elo entre as pessoas que desejam colocar suas habilidades e seu tempo à disposição de organizações não-governamentais, e as organizações que necessitam desses voluntarios para prestar serviços de melhor qualidade para quem precisa. Além da intermediação entre voluntários e organizações, nos preocupamos em trabalhar a capacitação de todos os envolvidos.

Um portal de voluntariado on-line também reduz significativamente as despesas de um centro de voluntariado e isso possibilita aumentar a dimensão do trabalho: agora, encaminhamos voluntários 24 horas por dia, 7 dias por semana. Estamos introduzindo a modalidade de voluntariado on-line, onde o voluntario desempenha em todo ou em parte as suas atividades pela internet. Esta modalidade mobiliza centenas de milhares de voluntarios no mundo todo e tem se mostrado um sucesso.

Podemos, a partir de agora, contar com a ajuda de muitos voluntários on-line internacionais para auxiliar nas causas sociais brasileiras. E nosso objetivo colaborar para o alcance dos 8 Objetivos do Milenio das Nações Unidas, que visam alcançar um mundo melhor para se viver ate 2015. Assim, pessoas podem colocar sua expertise como web designers, construção de banco de dados, tradução de textos e projetos, elaboração de projetos, entre outras, a serviço de causas e organizações, de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora do dia e da noite, seja presencialmente, seja via internet.”

HISTÓRIA REAL DE UMA VOLUNTÁRIA ON-LINE

No link abaixo, encontrei e transcrevi a seguir um notável depoimento de quem soube arregaçar as mangas com muita destreza e desenvoltura; sem sequer precisar, necessariamente, sair de casa. (os grifos são do Grito Pacífico)

http://www.voluntariosemacao.org.br/blog/voluntariado-line/historia-real-de-uma-voluntaria-online

“Ana Maria investiu seus conhecimentos lingüísticos na tradução de várias pesquisas sobre crianças de rua da América Latina do espanhol para o português. Sua organização Shine a Light conecta organizações que servem crianças de rua da América Latina e usa tecnologia digital para transformar sucessos locais em soluções internacionais. O desafio em pesquisar crianças de rua, e ainda traduzir essa pesquisa, consiste em entender o dialeto das gangues de rua da América Latina, com seus próprios códigos em cada país, e que são obscuros para a integrar sociedade. Ana Maria aproximou sua tradução em português de um estudo sobre as gangues de rua colombianas, quando gastou várias semanas pesquisando as gírias das gangues do Brasil.

Ela conseguiu com sucesso não somente a tradução literal, mas também cultural, e achou maneiras de conectar o discurso sobre os membros de gangues colombianos com os brasileiros nas favelas de Rio e São Paulo. Depois de várias traduções para o Shine a Light uma tarefa que ela começou em 2003, Ana Maria está agora trabalhando na tradução de um currículo baseado num DVD para professores em campos de refugiados – seu maior empreendimento até agora. A fim de utilizar os termos apropriados em português quando, por exemplo, escrever subtítulos para documentários feitos por adolescentes refugiados em Bogotá, capital da Colômbia, Ana Maria novamente mergulhou no vocabulário e cultura peculiares das comunidades de refugiados e imigrantes.

As traduções de Ana Maria estão ajudando a romper barreiras entre hispânicos e comunidades de trabalhadores lusófonos. Elas deram resultados e experiências obtidas na Argentina, Colômbia e México e estão disponíveis para as organizações brasileiras, tendo facilitado a troca de experiências e o aprendizado recíproco. Voluntariando-se on-line para uma organização que está longe de sua casa, e engajando-se em atividades que lidam com projetos em outros países da América Latina, Ana Maria também aprendeu muito sobre a situação social em seus próprios país e vizinhança. “Em suma, ser um voluntário on-line com o Shine a Light fez-me conscientizar sobre as realidades que eu não enxergava e também me fez perceber que eu posso contribuir com poucas tecladas por dia para ajudar algumas pessoas comprometidas em ajudar outras.”

Quer ser um voluntário online? Entre no portal brasileiro de voluntariado online

terça-feira, 28 de outubro de 2008

ECONOMIA: Iceberg da Ignorância

De quantos analfabetismos se compõe a nossa ignorância, no sentido amplo e integral de nossa capacidade de entender e intervir no mundo? Nossa educação não se limita ao mercado; deve se estender também e sobretudo para a cidadania. Isso é um fato. Mas diante de uma sociedade cada vez mais mediada e medida por parâmetros monetários, o ABC da conscientização política, como apregoava Bertold Brecht, deve ser completado com o XYZ da alfabetização econômica. Você já parou para contabilizar o tempo consagrado pelos noticiários à economia? Eu também não. Porém, haveremos de concordar no mínimo em duas coisas: o tempo é exageradamente desproporcional frente a outras questões relevantes; e não aprendemos quase nada daquilo que superficialmente nos transmitem. Afinal, só vemos a ponta do iceberg econômico. Saber mais seria anti-econômico para a mídia oficial, cujos manuais sérios de economia - caso existam - jazem trancafiados e mofados em seus cofres lucrativos. (COMENTÁRIO DE PABLO ROBLES)

O ANALFABETISMO ECONÔMICO

Por Fidel Castro Ruz


FONTE: Adital (28/10/2008 – Mundo)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=35731

Chávez falou em Zulia do "camarada Sarkozy", e o disse com certa ironia, mas sem ânimo de feri-lo. Pelo contrário, quis reconhecer sua sinceridade quando, em sua condição de Presidente rotativo da Comunidade de Países Europeus, falou em Beijing.

Ninguém proclamava o que todos os líderes europeus conhecem e não confessam: o sistema financeiro atual não serve e há que mudá-lo. O Presidente venezuelano exclamou com franqueza:

"É impossível refundar o sistema capitalista, seria como um intento de pôr a navegar o Titanic depois que está no fundo do Oceano".

Na reunião da Associação das Nações Européias e Asiáticas, em que participaram 43 países, Sarkozy fez confissões notáveis, segundo as agências de notícias:

"O mundo vai mal, enfrenta uma crise financeira sem precedentes por sua magnitude, rapidez, violência, e suas conseqüências sobre o meio ambiente põem em questão a sobrevivência da humanidade: 900 milhões de pessoas não têm os meios para alimentar-se".

"Os que participamos desta reunião representamos dois terços da população do planeta e a metade de suas riquezas; a crise financeira começou nos Estados Unidos, mas é mundial e a resposta deve ser mundial".

"O lugar para um menino de 11 anos não é a fábrica, mas a escola".

"Nenhuma região do mundo tem lição que dar a ninguém". Uma clara alusão à política dos Estados Unidos.

Ao final recordou ante as nações da Ásia o passado colonizador da Europa nesse continente.
Se o Granma tivesse escrito essas palavras, diriam que se tratava de um clichê da imprensa oficial comunista.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse em Beijing que não se podia "prever a entidade e duração da crise financeira internacional em curso. Trata-se, nem mais nem menos, da criação de uma nova carta constitutiva das finanças". Nesse mesmo dia foram divulgadas notícias que revelam a incerteza geral desatada.

Na reunião de Beijing, os 43 países da Europa e Ásia acordaram que o FMI deveria jogar um papel importante assistindo aos países gravemente atingidos pela crise, e apoiaram uma cúpula inter-regional em busca da estabilidade a longo prazo e o desenvolvimento da economia do mundo.

O presidente do governo espanhol, Rodríguez Zapatero, declarou que "havia uma crise de responsabilidade em que uns poucos se enriqueceram e a maioria está empobrecendo", que "os mercados não confiam nos mercados". Exortou os países a fugir do protecionismo, convencido de que a competência faria com que os mercados financeiros jogassem seu papel. Não foi oficialmente convidado à cúpula em Washington devido à atitude rancorosa de Bush, que não lhe perdoa a retirada das tropas espanholas do Iraque.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, apoiou sua advertência sobre o protecionismo.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, reuniu-se por sua parte com eminentes economistas para tratar de evitar que os países em desenvolvimento sejam as principais vítimas da crise.
Miguel D’Decoto, ex-ministro das Relações Exteriores da Revolução Sandinista e atual presidente da Assembléia Geral da ONU, demandou que o problema da crise financeira não se discutisse no G-20 entre os países mais ricos e um grupo de nações emergentes, mas nas Nações Unidas.

Há disputas sobre o lugar e a reunião onde deve adotar um novo sistema financeiro que ponha fim ao caos e à ausência total de segurança para os povos. Existe grande temor de que os países mais ricos do mundo, reunidos com um grupo reduzido de países emergentes castigados pela crise financeira, aprovem um novo Bretton Woods [1] ignorando o resto do mundo. O presidente Bush declarou ontem que "os países que discutirão aqui no próximo mês a crise global devem também voltar a comprometer-se com os fundamentos do crescimento econômico a longo prazo: negócios livres, livre empresa e livre comércio."

Os bancos emprestavam dezenas de dólares por cada dólar depositado pelos poupadores. Multiplicavam o dinheiro. Respiravam e transpiravam por todos os poros Qualquer contração os conduzia à ruína ou à absorção por outros bancos. Havia que salvá-los, sempre à custa dos contribuintes. Fabricavam enormes fortunas. Seus privilegiados acionistas majoritários podiam pagar qualquer soma por algo.

Shi Jianxun, professor da Universidade de Xangai, declarou em um artigo que publicou na edição exterior do Jornal do Povo que "a crua realidade levou as pessoas, no meio do pânico, a dar-se conta de que os Estados Unidos utilizou a hegemonia do dólar para saquear as riquezas do mundo. Urge mudar o sistema monetário internacional apoiado na posição dominante do dólar".

Com poucas palavras explicou o papel essencial das moedas nas relações econômicas internacionais. Assim vinha ocorrendo há séculos entre a Ásia e a Europa: recordemos que o ópio foi imposto à China como moeda. Disso falei quando escrevi o artigo A vitória da China.
As autoridades deste país nem sequer queriam receber a prata em metálico com que os espanhóis pagavam inicialmente os produtos adquiridos na China, desde a sua colônia nas Filipinas, porque se desvalorizava progressivamente devido à sua abundância no chamado Novo Mundo recém conquistado pela Europa. Os governantes europeus até hoje sentem vergonha pelas coisas que impuseram à China durante séculos.

As atuais dificuldades nas relações de intercâmbio entre esses dois continentes devem ser resolvidas, segundo o critério do economista chinês, com euros, libras, ienes e yuanes. Não resta dúvida de que a regulação razoável entre essas quatro moedas ajudaria o desenvolvimento de relações comerciais justas entre a Europa, Grã-Bretanha, Japão e China.

Estariam incluídos nessa esfera o Japão e a Alemanha - dois países produtores de sofisticados equipamentos de tecnologia avançada tanto para a produção como para os serviços - e o maior motor em potência da economia do mundo, China, com ao cerca de 1,4 bilhão de habitantes e mais de 1,5 trilhão de dólares em suas reservas de divisas conversíveis, que são em sua maioria dólares e bônus do Tesouro dos Estados Unidos. Segue-lhe o Japão com quase as mesmas cifras de reservas em divisas.

Na atual conjuntura, o valor do dólar aumenta devido à posição dominante desta moeda imposta à economia mundial, justamente assinalada e rechaçada pelo professor de Xangai.

Grande número de países do Terceiro Mundo, exportadores de produtos e matérias primas com pouco valor agregado, somos importadores de produtos de consumo chineses, que revistam ter preços razoáveis, e equipamentos do Japão e Alemanha, cada vez mais caros. Mesmo que a China tenha tido cuidados para que o yuan não se supervalorizasse, como demandam sem cessar os ianques para proteger suas indústrias da concorrência chinesa, o valor do yuan se incrementa e o poder aquisitivo de nossas exportações diminui. O preço do níquel, nosso principal produto de exportação, cujo valor alcançou mais de 50 mil dólares a tonelada há pouco, nos últimos dias recuou a 8.500 dólares por tonelada, quer dizer, menos de 20 por cento do preço máximo alcançado. O do cobre caiu a menos de 50 por cento; assim sucessivamente ocorre com o ferro, alumínio, estanho, zinco e todos os minerais indispensáveis para um desenvolvimento sustentado. Os produtos de consumo, como café, cacau, açúcar e outros, a despeito de todo sentido racional e humano, em mais de 40 anos, tiveram os seus preços levemente majorados. Por isso, há pouco tempo, eu adverti que, como conseqüência de uma crise que estava às portas, sofreríamos perdas nos mercados e o poder aquisitivo de nossos produtos se reduziria fortemente. Nestas circunstâncias, os países capitalistas desenvolvidos sabem que suas fábricas e serviços serão afetados, e só a capacidade de consumo de grande parte da humanidade beirando os índices de pobreza, ou por abaixo destes, poderia mantê-los funcionando.

Esse é o grande dilema que expõe a crise financeira e o perigo de que os egoísmos sociais e nacionais prevaleçam por cima dos desejos de muitos políticos e estadistas angustiados ante o fenômeno. Não têm a menor confiança no próprio sistema de que surgiram como homens públicos.

Quando um povo deixa atrás o analfabetismo, sabe ler e escrever, e possui um mínimo indispensável de conhecimentos para viver e produzir honestamente, resta-lhe apenas vencer a pior forma de ignorância em nossa época: o analfabetismo econômico. Só assim poderíamos saber o que está acontecendo no mundo.

sábado, 25 de outubro de 2008

A Professora que Emocionou um Blog

1: Uma professora de escola pública. 2: Um filme para ser assistido com lencinho. 3: Dezoito alunos que tiraram nota dez em redação. 4: Um blog quase como outro qualquer. 5: A internet sempre encurtando distâncias. 6: Lágrimas que transbordam nas entrelinhas. 7: Dedos voluntários que multiplicam lições.

Quando temos uma situação difícil, não podemos deixar que frustrem nossos sonhos
(Tailaine e Zoraide)

Calma, não desistam de ler esse texto. Não se trata de um conto fantástico de Jorge Luís Borges nem de outros escritores com imaginação quilométrica. Tudo que aqui será dito teve lugar no município baiano de Conceição do Coité, que abriga em suas fronteiras 60.835 habitantes (ou coiteenses), segundo nos confidencia o censo populacional de 2007 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (www.ibge.gov.br).

Decidiram estudar a doença para tentar ajudar as vítimas da ADL
(Lucivânia, Antônio Marcos, Geórgia e Jardel)
Mas pulemos maiores detalhes, pois não sou professor, seja de literatura, geografia ou outra matéria escolar. Me chamem apenas de um blogueiro iniciante e idealista. Também podem me considerar seu amigo, pelo menos em potencial, neste mundo virtual. Eis a crônica motivada por uma professora de redação, merecedora da minha mais profunda gratidão. Um lindo exemplo a ser partilhado e celebrado.

Essa história é uma lição de vida que deve ser seguida e imitada por todos
(Edinelma, Rosilene e Wilson)

Em meus tempos de vestibulando, devo contar que a minha criatividade chegou a ser castrada e banalizada por um professor. “Pablo, não inventa. Seja mais objetivo nas redações. Quanto mais você enfeitar as palavras, maior será sua chance de perder pontos”. Parecia um soco em meu estômago cultural, demasiadamente humano.

Os médicos estavam mais preocupados com o dinheiro do que com o aprofundamento nos estudos
(Aline, Itamara e Wenderson)
Entendi o recado daquele indigesto professor. Sua amarga mensagem era: “Faça o mínimo que precisa ser feito para passar no Vestibular”. Aposto que esse suposto educador, lamentavelmente, é daqueles que acham que é proibido sonhar, que defendem impunemente que mudar o mundo é impossível. Mentira. Joguemos suas lições na lata de lixo. Não estudemos para nos tornar gados indo para o matadouro.

Não devemos desistir de lutar nunca, mesmo que pareça ser uma coisa impossível
(Lucileide, Lucicleide e Valdinéia)
Desculpa, professora Selma. Não queria manchar esta narrativa com tristes lembranças de uma década atrás. Por outro lado, você e seus alunos de redação me orgulharam nesta semana. Souberam louvar o nobre ofício do professor, que há poucos dias fez aniversário. Chegaram ao ponto de emocionar, espontaneamente, o meu blog, cujo grito (pacífico; e, se quiser, amoroso) ficou grog de contentamento, ao ver os seis comentários que dezoito alunos seus deixaram entre os dias 21 e 24 de outubro de 2008.

Descobriram a produção de um óleo que prolongou a vida de Lorenzo
(Daniele Santana, Elâine Silva e Rutimeury Almeida)
Óleo de Lorenzo? Sim, esse produto foi a gota d´água. Passou longe quem marcou a opção protetor solar. Nota um para quem imaginou que a água escorrida uma linha atrás vem do mar. Sua fonte vem dos olhos, depois de fazer escala no coração. Parêntesis rápido: eu só dou nota zero para o sistema neoliberal que está causando um naufrágio mundial. Quem não viu, verá. Quem já viu, vale a pena ver de novo (e derramar novas lágrimas). Refiro-me a um filme para ser assistido com lencinho.

E o Oscar redacional deste ano vai para a professora Selma Mascarenhas
(Pablo Robles)

Afinal, o que aconteceu? Pergunta o jornal intitulado “Paulo Freire não morreu”. E o entrevistado assim resume o tratado. Cena I: uma professora de redação passou o filme Óleo de Lorenzo aos seus alunos de redação. Cena II: dezoito alunos se dividiram em equipes, fizeram redações sobre o filme e postaram em meu blog. Cena III: produzi esse texto para homenagear e incentivar esse brilhante gesto educativo. Cena IV: os destinatários dessa mensagem irão reencaminhá-la para todos os seus contatos.

http://gritopacifico.blogspot.com/2008/07/filme-social-o-leo-de-lorenzo_12.html
(Grito Pacífico)
Ao clicar no link acima, seus olhos serão levados ao resumo e às resenhas originais que eu fichei sobre o filme. Abaixo, dispostos verticalmente, cintilam seis resenhas adicionais, impressas pela sensibilidade de dezoito alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Conceição do Coité: filha do Estado da Bahia, sobrinha do Estado do Ceará e neta da Região Nordeste do Brasil.

A educação sozinha não transforma a sociedade; sem ela, tampouco a sociedade muda
(Paulo Freire, maior educador brasileiro, 1921-1997)
Enquanto a internet encurta cada vez mais distâncias, há professores, tantas vezes anônimos e geralmente mal remunerados (atenção, governantes e cidadãos) que continuam prolongando exemplos de talento e dedicação, usando a tecnologia como aliada de um país que se espera mais justo, sensível e solidário; bendita seja nossa vontade e maldita seja a omissão de quem ignora essa reflexão somente porque ela não cai no Vestibular – ou então, trocando de refrão ou de estação, não cai nas provas de Concurso Público.

"Me responda, o que eu seria se tivesse seguido o conselho daquele professor impostor?"
(um estudante da vida tentando fugir dos matadouros)

Dedos voluntários (através dos quais você digita) que multiplicam (reenviam pela internet) lições (o exemplo de Selma e seus alunos, documentado nesta crônica). Pronto. Legendando assim, fica bem mais fácil entender o papel de um dos personagens apresentados no primeiro parágrafo, cujo ato (a pedidos) se cumprirá na última (ou penúltima) cena deste enredo.
Cena V (bônus): "A professora Selma distribui, lê e debate esta crônica com seus alunos"
(um pedido feito pela blogosfera à professora Selma)
Um último esclarecimento, que só se aplica a quem não teve dois minutos de paciência para visitar meu blog e conferir a autenticidade desse relato que ora se despede. A maioria das citações que se intercalam entre os parágrafos são amostras ilustrativas de cada comentário (coiteense) ecoado no Grito Pacífico. Desnecessário verbalizar (até porque basta sentir) a existência de lágrimas que transbordam nas entrelinhas – e se denunciam silenciosamente.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

POEMITO IX: Versos em Grito

"A mudança depende apenas de nós
Acreditar é avançar, duvidar é recuar
Não desperdice seu direito de sonhar
Estamos sempre juntos e nunca sós"

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

Desigualdade salarial bate recorde no Brasil

ALÉM DE TIRAR OS POBRES DA MISÉRIA, COISA QUE VEM ACONTECENDO DE FORMA TARDIA E LENTA, É FUNDAMENTAL DIMINUIR O FOSSO SALARIAL ENTRE OS TRABALHADORES. O BRASIL, PRA VARIAR, FIGURA NO PÓDIO MUNDIAL DESTA TRISTE ESTATÍSTICA, SILENCIADA DE FORMA CONIVENTE PELA MÍDIA REINANTE E MANIPULADORA, CÚMPLICE DO FALIDO SISTEMA NEOLIBERAL QUE ORA SE ESTREBUCHA MERCADO AFORA. RECEBI ESSE TEXTO NO DIA 21/10/2008 NA LISTA DE INFORMAÇÃO SOCIAL EM QUE PARTICIPO (3SETOR@YAHOOGRUPOS.COM.BR) – ACESSE HTTP://BR.GROUPS.YAHOO.COM/GROUP/3SETOR PARA CONHECÊ-LA.
(Comentário de Pablo Robles)

A Crise Financeira e a Aceleração da Desigualdade

Por Rui Falcão*

*Rui tem 64 anos, é advogado, jornalista e deputado estadual

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou na semana passada um estudo intitulado “Informe sobre o trabalho no mundo 2008: Desigualdades de renda na era das finanças globais”, em que mostra que, a despeito do forte crescimento da economia mundial e da criação de novos postos de trabalho desde os anos 1990, a desigualdade da renda aumentou dramaticamente na maior parte das regiões do mundo, e é provável que continue a se ampliar como resultado da crise financeira desencadeada nos EUA.

Embora se trate do mais abrangente e exaustivo trabalho sobre a desigualdade da renda
em nível mundial realizado pela OIT e retrate em cores sombrias a situação de iniqüidade social crescente em todas as partes, a divulgação do estudo foi praticamente ignorada pela grande imprensa brasileira. Desconhece-se o motivo do silêncio; mas, com base no que parece ter-se tornado seu comportamento padrão, é plausível associar uma tal desatenção ao fato de o estudo atribuir a responsabilidade por essa situação, em grande parte, à liberalização financeira mundial – a globalização – defendida ardorosamente por esses mesmos meios de
comunicação até às vésperas da eclosão da grande crise nos EUA e na Europa.

A situação do Brasil destaca-se entre a dos mais de 70 países analisados, por
apresentar a maior desigualdade salarial do mundo – entre os 10% que ganham mais e os 10% que ganham menos - ao lado da China e dos EUA. Entre 1990 e 2005, a diferença de renda entre os mais bem remunerados e os menos remunerados aumentou em 70% nos países pesquisados pela entidade.

Ao mesmo tempo em que o emprego mundial cresceu 30% entre o início dos anos 1990 e
2007, ampliou-se o fosso entre os menores e os maiores ingressos familiares. Mais inquietante é que, comparado a outros períodos de expansão econômica, os assalariados têm recebido uma parcela cada vez menor dos frutos do crescimento, como se pode verificar na queda da participação do salário na renda nacional na maioria dos países abrangidos pelo estudo da OIT.

O Brasil não foge à regra. Embora o País tenha registrado uma redução da desigualdade desde os anos 1990 e a desigualdade tenha diminuído ainda mais no governo Lula, os trabalhadores não têm sido beneficiados com o forte aumento da produtividade registrado no período – e a OIT destaca que a elevação dos salários no Brasil chegou a ser negativa entre 1990 e 2005 em relação ao crescimento consistente da produtividade.

É dizer que os ganhos de produtividade gerados pela expansão econômica dos últimos anos não têm sido transferidos para os salários. Da mesma forma, o crescimento do emprego foi acompanhado de uma redistribuição de renda em detrimento do trabalho. Como resultado, a participação dos salários no Produto Interno Bruto declinou de 45% em 1990 para 39% em 2005. Em outras palavras, quanto mais cresce a economia e o emprego, menor é a participação dos trabalhadores no usufruto desse crescimento – e a tendência, segundo a OIT, é piorar.

No geral, porém, o relatório é positivo em relação ao Brasil, ao reconhecer que o
País tem conseguido reduzir a desigualdade de renda desde 1990, embora continue
sendo um dos campeões mundiais nesse quesito. Ao lado da Malásia e Maurício, o Brasil é apontado como exemplo de que é possível crescer, ampliar empregos e reduzir as desigualdades.

Ponto alto do estudo é o papel atribuído à globalização financeira – conseqüência da
desregulamentação e liberalização dos fluxos internacionais de capitais – como
“causa importante” da desigualdade crescente da renda em todo o mundo. “A despeito do substancial aumento dos fluxos de capital, a globalização financeira não contribuiu para a melhoria da produtividade global nem para o crescimento do emprego. Esse resultado contrasta fortemente com os benefícios para o desenvolvimento aportados pelas finanças domésticas”, diz o estudo da OIT.

Contrariamente às suas promessas, o programa de liberalização econômica imposto nas décadas de 1980 e 1990 aos países em desenvolvimento e assumidos no Brasil pelos governos Collor e FHC, como condição para a retomada do crescimento, não se fez
acompanhar da redução da desigualdade. Privatização, abertura externa, desregulamentação — bandeiras do neoliberalismo — não contribuíram para a promoção da eqüidade.

O que fizeram, sim – afirma o estudo da OIT – foi ter contribuído para a intensificação da instabilidade econômica. Nos anos 90, as crises do sistema bancário foram dez vezes mais freqüentes que nos fins dos anos 70. O custo da instabilidade crescente foi pago, em geral, pelos grupos de ingressos mais baixos – e a globalização financeira reforçou a tendência decrescente da participação do salário na renda nacional na maioria dos países. Estudos
realizados por outras instituições multilaterais corroboram as conclusões do relatório da OIT.

Ante a expectativa de que os trabalhadores venham a sofrer ainda mais com a crise
financeira atual, o estudo da OIT adverte que é preciso muita atenção dos governantes para o impacto social das soluções ilusionistas impostas pelo constrangimento neoliberal da liberalização, desregulamentação, privatização e desqualificação do Estado-nação como promotor do desenvolvimento e da eqüidade.

Países não atingidos diretamente pela crise, como o Brasil, devem reforçar os controles prudenciais para evitar que ações irresponsáveis por parte de atores financeiros ponham em risco a retomada do crescimento e o emprego. E, por fim, a recomendação de que, além das políticas públicas, se reforcem as estruturas de negociação coletiva (atenção, governador José Serra), uma vez que as entidades sindicais de trabalhadores têm desempenhado um papel positivo no esforço pela contenção do aumento da desigualdade na maioria dos países.

Longe de ser apenas um problema moral, o crescimento da desigualdade compromete o
avanço da democracia, ao incapacitar os assalariados para o acesso aos recursos de poder que tornam possível o exercício da cidadania e da participação política e, no limite, ao excluí-los dos espaços democráticos de negociação que tornam possíveis as mudanças.

CAMPANHAS: Aprender sem Medo

EM ALGUMA ESCOLA, ENQUANTO UMA MAIORIA TENTA APRENDER, UMA MINORIA PODE ESTAR SENDO VÍTIMOS DE MAUS TRATOS, QUER SEJAM FÍSICOS, VERBAIS OU PELO MENOS PSICOLÓGICOS. O QUE ME ALARMOU NESSA NOTÍCIA FOI A INFLUÊNCIA NEGATIVA DESTE PROBLEMA NAS TAXAS FUTURAS DE SUICÍDIO. SE O ESTUDANTE É OPRIMIDO E ESVALORIZADO NO PERÍODO ÁUREO DE SUA FORMAÇÃO BÁSICA, AS CICATRIZES DESSA REJEIÇÃO, SE NÃO FOREM SUPERADAS COM O TEMPO, TENDERÃO A PERSEGUI-LO E COMPROMETER SUA AUTO-ESTIMA DURANTE TODA A VIDA.
(Comentário de Pablo Robles)

Aprender sem medo

FONTE: http://www.rets.org.br - 10/10/2008
Por Cristina Bodas, coordenadora de Comunicação da Plan Brasil, em São Paulo

A cada dia, aproximadamente um milhão de crianças sofrem algum tipo de violência nas escolas em todo o mundo. E nenhum país está imune. Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa conduzida pela Plan, uma das maiores e mais antigas organizações não-governamentais de desenvolvimento. O relatório é parte da campanha “Aprender Sem Medo” lançada em outubro em diversos países com o objetivo de promover um esforço global para acabar com a violência nas escolas.

Além da quantidade alarmante de vítimas, a pesquisa indica que a violência não afeta apenas a personalidade, a saúde física e mental e o futuro potencial da criança, mas traz também danos irreparáveis para a família, a comunidade e a economia nacional. O levantamento retrata a situação mundial em relação a três principais temas vivenciados nas escolas: violência sexual, castigo corporal e bullying.

Alguns dados mundiais alarmantes indicam que: meninas sofrem mais com violência sexual; meninos são mais atingidos pelo castigo corporal; vítimas de violência na escola têm maior tendência a cometer suicídio; muitas vítimas morrem devido a ferimentos, complicações de gravidez indesejada ou Aids; garotas vítimas de bullying têm oito vezes mais chances de serem suicidas.

No Brasil, especificamente, a pesquisa mostrou que: 84% de 12 mil estudantes de seis estados reportaram suas escolas como violentas; cerca de 70% desse universo afirmaram terem sido vítimas de violência escolar; um terço dos estudantes afirmou estar envolvido em bullying, seja como agressor ou vítima; quando questionadas a respeito de castigo corporal, crianças brasileiras de 7 a 9 anos disseram que a dor nem sempre é só física. Declararam sentir “dor no coração” e “dor de dentro”.

Com o relatório e a campanha “Aprender Sem Medo”, a Plan – juntamente com parceiros nacionais e internacionais – quer mostrar que toda a violência contra crianças pode e deve ser evitada. Uma escola isenta de violência é o direito de cada criança. "Todos nós temos um papel a desempenhar, quer como indivíduos, governos ou ONGs: temos de garantir que as crianças possam ir à escola sem medo ou ameaça de violência e recebam uma educação de qualidade em um ambiente seguro. ‘Aprender Sem Medo’ pode ser uma campanha da Plan, mas é responsabilidade de todos”, afirma o assessor de Educação da Plan Brasil, Charles Martins.

A estratégia mundial da campanha está baseada em: persuadir os governos a tornar ilegal todas as formas de violência contra as crianças na escola e fazer com que essas leis sejam cumpridas; trabalhar com os dirigentes escolares e professores para criar escolas livres de violência e promover métodos alternativos à disciplina de castigos corporais; criar uma dinâmica de mudança global, incluindo aumento dos recursos de doadores internacionais e governos para combater a violência nas escolas de países em desenvolvimento.
Bullying

No Brasil, a campanha terá como principal foco o bullying escolar, incluindo o cyber bullying, e suas implicações para a educação. Definido como “o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa ou colocá-la sob tensão”, o termo bullying começou a ser estudado por pesquisadores brasileiros mais intensamente a partir da década de 1990 devido ao alto índice de crianças e adolescentes que sofriam maus-tratos praticados por colegas, professores ou funcionários da escola.

As vítimas de bullying geralmente perdem o interesse pela escola e passam a faltar às aulas para evitar novas agressões. Essas vítimas apresentam cinco vezes mais probabilidade de sofrer de depressão e, nos casos mais graves, estão sob um risco maior de abuso de drogas e de suicídio. Apesar da ampla divulgação sobre o problema, dos 66 países pesquisados pela Plan, apenas cinco (Coréia, Noruega, Sri Lanka, Reino Unido e EUA) possuem leis que proíbem o bullying nas escolas.

A partir do lançamento da campanha, a Plan iniciará uma mobilização de parceiros (outras ONGs, governos, escolas) e da sociedade civil para começar a implementação do programa em escolas a partir do próximo ano letivo. No Brasil, a Plan já conta com o apoio da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, uma rede social que articula mais de 200 entidades de todo o país.

A Plan é uma organização não-governamental de desenvolvimento centrado na criança e no adolescente. Sem qualquer vinculação política ou religiosa, foi fundada em 1937 e hoje está presente em mais de 60 países. No Brasil atua desde 1997, principalmente nos estados de Pernambuco e Maranhão. Cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes participam dos programas da Plan em todo o mundo, sendo mais de 75 mil somente no Brasil. Atualmente, a organização desenvolve no país cerca de 50 projetos nas áreas de educação, saúde, promoção de direitos, participação comunitária e segurança alimentar e nutricional.

Bilhões aos Banqueiros, Esmolas aos Famintos

OS GOVERNOS DOS ESTADOS UNIDOS E DA EUROPA GASTARAM NUMA SEMANA O EQUIVALENTE AO MONTANTE QUE SE NECESSITA PARA MATAR A FOME NO MUNDO POR QUASE 50 ANOS". O INÍCIO DESSA NOTÍCIA SALTA AOS OLHOS, PARTE O CORAÇÃO, AGRIDE A CONSCIÊNCIA. QUANDO A MAIORIA FAMINTA NECESSITOU DE 30 BILHÕES DE DÓLARES ANUAIS, SÓ RECEBEU NA ÉPOCA MÍSEROS 25%, MAS QUANDO É A SAÚDE FINANCEIRA DOS BANCOS RICOS QUE ESTÁ EM JOGO, OS GOVERNOS CHEGAM AO CÚMULO DE OFERECER UMA CIFRA ASTRONÔMICA QUE ULTRAPASSA COM FOLGA A MARCA DE UM TRILHÃO DE DÓLARES. QUE MUNDO É ESSE? (Comentário de Pablo Robles)

Bilhões para os banqueiros, esmolas para os famintos

Por Pablo Sirius - www.socialismo.org.br - 13/10/2008

FONTE: Agencia Bolivariana de Notícias

Caracas, 9 de outubro. ABN ─ Os governos dos Estados Unidos e da Europa gastaram numa semana o equivalente ao montante que se necessita para matar a fome no mundo por quase 50 anos.

No passado 30 de junho, na abertura da Cúpula da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, por sua sigla em inglês) realizada em Roma, o presidente de esta instituição multilateral, Jacques Diouf, solicitou aos líderes mundiais 30 bilhões de dólares anuais para relançar a agricultura e evitar ameaças futuras de escassez dos alimentos.

A FAO só coletou nessa oportunidade - e com muito esforço - 7 bilhões 500 milhões de dólares pagáveis em quatro anos, cifra que se traduz em cerca de um bilhão 875 milhões de dólares anuais.

Dito montante representa tão só uns dois dólares anuais por cada pessoa faminta no planeta.

Em contraste, durante a semana transcorrida entre 30 de setembro e 8 de outubro, Estados Unidos aprovou $700 bilhões no “pacote de resgate financeiro”; Alemanha salvou um banco injetando-lhe 50 bilhões de euros (uns $70 bilhões), ademais da decisão da Grã Bretanha de comprar ações em sete bancos por uns $90 bilhões, assim como de pôr à disposição dos bancos uns $350 bilhões em garantias creditícias.

“Frente a esta tela de fundo, como explicamos a pessoas com sentido comum e boa fé que não é possível encontrar 30 bilhões de dólares ao ano que permitam a 862 milhões de pessoas famintas desfrutar do mais elementar dos direitos humanos, o direito à alimentação”, dizia Diouf em junho passado.

DUELO Marítimo-Econômico: Bagrinhos x Tubarões

A PRINCÍPIO PARECE UMA METÁFORA LEVIANA, EVOCADA PARA DESCONTRAIR PLATÉIAS TENSAS, MAS SUAS ENTRELINHAS SÃO SÉRIAS E PERTINENTES: OS PAÍSES MENOS DESENVOLVIDOS NÃO PODEM SE DEIXAR NAUFRAGAR E SUFOCAR PELOS ONDAS ESPECULATIVAS E CATASTRÓFICAS VINDAS DAS NAÇÕES ECONOMICAMENTE GIGANTES E MUITAS VEZES IRRESPONSÁVEIS. OS PEIXES MENORES DEVEM SE UNIR PARA CUTUCAR A ARROGÂNCIA DOS TUBARÕES, ANUNCIANDO HORIZONTES MAIS SERENOS E COOPERATIVOS. (Comentário de Pablo Robles)

Lula defende 'revolta dos bagrinhos' para mudar sistema

FONTE: Agência Estado - 15/10

No trecho de improviso do discurso que fez hoje na reunião principal do encontro entre governantes do Brasil, Índia e África do Sul, em Nova Délhi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou uma metáfora para defender a necessidade de união dos países menores. Ao reafirmar sua convicção de que os países desenvolvidos foram incompetentes para resolver a crise financeira, ele disse que é necessária uma "revolta dos bagrinhos", na qual os países menos desenvolvidos se unam para fortalecer suas posições e conseguir mudanças no sistema financeiro internacional.
"É como se fosse a revolta dos bagrinhos", brincou Lula, citando uma expressão usada no PT em referência a um episódio de 1994, quando os grupos minoritários do partido se uniram e passaram a comandá-lo, substituindo a moderada corrente Articulação, à qual pertencia o próprio Lula.

O presidente chegou a contar ao colega sul-africano, Kgalema Motlanthe, e ao primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, que bagre é um peixe brasileiro pequeno que freqüentemente é devorado por um grande, o jaú. Só que, de vez em quando, os bagrinhos se revoltam e se juntam para comer o jaú.

No mesmo discurso, o presidente Lula disse que é preciso repensar o modelo mundial de produção e abastecimento de alimentos e passou a defender a conclusão da Rodada Doha. "É inadmissível que os subsídios agrícolas dos países ricos continuem a causar fome e destruir vocações agrícolas", declarou, acentuando que esta é uma luta que o G-20 tem de continuar.

"Nossos três países devem continuar liderando esforços pela conclusão da Rodada Doha, sob pena de frustrarmos as legítimas expectativas de milhões e milhões de produtores agrícolas dos países pobres", afirmou, acentuando: "A crise financeira que se abateu sobre os mercados é uma razão a mais para os nossos países tomarem a dianteira e exigirem um esforço de coordenação internacional para reverter este quadro."

O presidente brasileiro reafirmou seu discurso de que "não é justo que as perdas decorrentes dessa crise sejam hoje socializadas, quando os lucros de ontem só alimentaram os poucos donos do sistema financeiro internacional."

Na avaliação de Lula, não faz sentido que o comércio entre países como os emergentes sejam afetados por problemas financeiros oriundos dos países ricos. "Devemos colocar nossa vontade política e nossa imaginação criadora a serviço das relações que nos protejam da volatilidade gerada pela especulação", afirmou, defendendo a transação com moedas locais entre os países.

Depois da cerimônia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, anunciou a criação de uma comissão de monitoramento de comércio, como existe em relação à China, Uruguai e Argentina, para evitar que problemas específicos impeçam o comércio bilateral entre Brasil e Índia.

domingo, 19 de outubro de 2008

ONU (Social) x BÔNUS (Econômico)


Paisagens da vida, tentando avançar em um mundo que ameaça recuar. Colapso financeiro x Terrorismo social? Quem paga a conta é o planeta, a plebe: nós/vós contra este fardo atroz. Discursando como se tivesse com sono, a ONU tagarela (reivindicando investimentos humanos), mas os países ricos só enxergam os BÔNUS (costurando os bolsos dos banqueiros) de um sistema que engabela eu e tu de norte a sul. A bolsa de valores engasgou, foi interrompida de novo, antes que despencasse para o abismo, talvez com medo de tocar no inferno da África e sentir o cheiro do povo - multidão sem nome encravada no atoleiro da fome. Mas sempre há uma luz que nos conduz, uma esperança que não cansa. Oportunidades fecundadas pelas crises. Brisas celestiais sorrindo pela janela, antecipando a aquarela de uma perspectiva mais bela. Ou a gente se rebela e enterra logo o defunto podre do capitalismo, ou ele se regenera e nos atropela. Os restos das rimas estão lá, encolhidas e camufladas de prosa, atrás da montanha, esperando a tormenta passar, o dólar se disciplinar, a poeira baixar, a tirania se reacomodar. Ainda que tolhidos e retraídos, os versos da utopia, menos de noite do que de dia, guardam a convicção de que é preciso desmatar as selvas neoliberais que recobrem os vales de cá, fundando outra ideologia em seu lugar e celebrando serenatas de cidadania no além-mar; sem nunca compactuar, sob pena de ingratidão poética, com a estética da injustiça e a globalização da antiética. Mas que genial: já se pode ouvir o refrão do porvir entre as gargalhadas agonizantes do mal.

sábado, 18 de outubro de 2008

BLOGS: Uma Revolução dentro da Revolução

Aventuro-me a entrar numa seara onde ainda sou quase turista. Mas já deu para formar uma primeira visão nítida sobre o assunto. Li hoje que os blogs só começaram a ganhar popularidade no Brasil em 2000. Ou seja, o objeto deste ensaio, historicamente falando, ainda que seja uma criança, não tem nada de frágil, inofensivo e despretensioso.

O blog é uma criança maiúscula, que vem engatinhando virtualmente os passos gigantes que um futuro cada vez mais próximo lhe reserva. No melhor dos sentidos, os blogs têm personalidades precoces, vozes insubmissas e atitudes imortalizantes.

Instituições tecnicamente complexas - cheias de fórmulas, segredos e regras - inauguraram a Internet. Refiro-me às universidades e forças armadas. Não demorou para que as grandes organizações e empresas em geral passassem a surfar nas ondas desses novos mares, criando e operando sites comerciais ao sabor da globalização.

Pulemos os encantamentos dessa parte, recheada pelas facilidades do e-mail, do bate-papo e tantas outras novidades que nossos avós jamais teriam sonhado. Um navio, nos tempos da exploração marítima européia, poderia levar meses para cruzar os misteriosos oceanos, que assombravam a Península Ibérica e desafiavam as ambições de suas coroas. Na década de 80, aproximadamente meio milênio depois, bits e bytes repetiriam essa mesma travessia em uma velocidade instantânea, estonteante, em um passe de mágica.

Montava-se um microcomputador, instalavam-se o sistema operacional e os aplicativos básicos, acoplava-se um modem conectado à linha telefônica, executavam-se alguns rápidos comandos e pronto: o milagre da revolução chamada internet conectava simultaneamente pessoas e culturas separadas por abismos geográficos. Estava dada a largada para a aposentadoria das cartas manuscritas e a ascensão do império das tecnologias de informação.

No entanto, nós, meros indivíduos, ainda não parecíamos de todo satisfeitos. Alguma mídia precisava ser inventada para acalentar nossos egos pessoais e aplacar nossos instintos comunicativos. Eis que surgem os blogs, anunciando a revolução dentro da revolução. Agora, multidões anônimas – de maneira única, voluntária e personalizada – poderiam fundar suas identidades, carimbar suas marcas e promover suas imagens no mundo virtual.

O que era privilégio das empresas e de poucos indivíduos, se estendeu em uma versão inteligentemente simplificada e extremamente funcional a qualquer cidadão do planeta. Aliás, suponhamos que na China esse texto correria o risco de ser censurado e seu autor advertido. Mas pelo menos entre os países democráticos, as pessoas incluídas digitalmente bastavam ter um mínimo de instrução para criar, livremente, o seu blog - seu cartão-postal online.

Para que ler e debater apenas biografias de celebridades, quando podemos contar e socializar nossas próprias histórias cotidianas? Para que virar espectador passivo da grande mídia quando temos a capacidade autônoma de elaborar e publicar nossa versão e visão sobre os fatos? Para que se restringir às salas de aula das escolas, auditórios das empresas e demais espaços presenciais quando também podemos expor - de forma aberta, massiva e permanente - as nossas idéias, pensamentos e reflexões, além de comentar os escritos e opiniões de terceiros?

Diferentemente dos tradicionais sites institucionais, caracterizados geralmente pela objetividade dos conteúdos abordados e pelas convenções impostas pela linguagem profissional, nos blogs podemos ser nós mesmos, expressar o que pensamos, professar nossas crenças, inventar nossos estatutos, sublimar nossas contradições, celebrar nossos sonhos, exorcizar nossos medos, democratizar nossos segredos, fotografar por escrito nossa sensibilidade, sintonizando múltiplas amizades e zelando pela boa convivência virtual.

Perdoe-me se for empolgação de blogueiro iniciante, admirado por um mundo novo grávido de possibilidades individuais e coletivas, mas recuso a tese de que os blogs sejam mais um modismo, uma febre passageira e curável. Ledo engano! Somos partes de uma revolução dentro da revolução, cujo poder e vocação estão no blog de cada um de nós.

sábado, 11 de outubro de 2008

POESIAS ESPECIAIS: Bolsas que Giram

BOLSAS QUE GIRAM

Uma dor incontida de felicidade,
Modulada pelo instinto maternal,
Ressoa como brisa pelo hospital,
Em convulsões de sensibilidade.

Eis que se ouve um choro diferente,
Desses que derretem toda a gente.
O pai, anestesiado por rara emoção,
Transborda-se de orgulho e gratidão.

À medida que o bebê se desenvolve,
O encantamento primitivo se dissolve.
O que era fonte inesgotável de carinho
Agora parece fardo atolando o caminho.

A televisão aberta erotiza a criança.
Escolas indignas disciplinam seu lazer.
Falsas igrejas amedrontam sua mente.
E a família, poeta? Ocupada, ausente.

Ninguém prioriza este frágil e afetuoso ser,
Que logo tem que se virar para sobreviver.
Pode tanto se tornar aprendiz de traficante,
Como se converter em prostituta iniciante.

Vivemos um mundo de valores invertidos,
Heróis esquecidos e sistemas corrompidos.
Parimos uma sociedade doente, egoísta e crua,
Que tolera cegamente crianças no meio da rua.

Enquanto as bolsas de valores despencam
E os megacapitalistas entram em desespero,
Atormentados pelos fantasmas da recessão,
Crianças excluídas continuam em depressão,
Pois diferentemente dos cassinos financeiros,
Seus índices reais de miséria pouco oscilam.

Bem-vindo às dinâmicas da infância pobre,
Onde outras bolsas giram, precocemente.
Ali, as elites dolarizam a alma, impunemente;
Já aqui, vende-se um corpo que mal se cobre.

Como está a taxa da sensibilidade social?
Essa resposta não interessa aos noticiários!
Reflitamos com estes versos revolucionários
E socorramos a infância deste crônico mal...

( POETA DO SOCIAL )

Em Homenagem ao Dia das Crianças em 2008

POESIAS ESPECIAIS: Vote Consciente

VOTE CONSCIENTE

Entre uma eleição bianual e outra
Existe intensa negociação política
Pois a cidadania se atualiza a cada dia
Do contrário, vira letra morta, paralítica

A política não é monopólio das elites
A periferia também pode dar palpites

Vote com independência e coerência
Por uma cidade mais justa e decente
Sem miséria, corrupção nem violência
Consulte sua razão e vote consciente

É muito fácil abaixar a cabeça
E fingir que tudo está perdido
Faça como o Sol: amanheça
Sempre com brilho renascido

Não sejam marionetes de proselitismo
Transforme seu idealismo em realismo

Uma potência alegre, pacífica e criativa
Está em ebulição e evolução incessante
Mas sua participação coletiva é decisiva
Para nosso Brasil ter um futuro brilhante

Encaminhe sem burocracia essa poesia
E salve os (e)leitores dessa triste apatia

( POETA DO SOCIAL )

Em homenagem às Eleições Municipais de 2008

POESIAS ESPECIAIS: Estalar de Dedos

ESTALAR DE DEDOS

Por trás do olhar sóbrio e do sorriso contido,
Há homens que deixam o mundo comovido.

Deus se orgulha quando chamado por teu nome,
Cujo espírito de amor também nunca some.

Poderá faltar emprego, teto e até mesmo o pão,
Mas a coragem de lutar ninguém tira do coração.

Emaranhando-se aos trancos e barrancos,
Alguns cabelos partem, outros ficam brancos,
Porém, alguns centímetros abaixo, tua mente
Continua ganhando sabedoria vasta e crescente.

Perto ou longe, silencioso ou eloqüente,
O farol do teu exemplo pulsa forte no horizonte.

Graças aos teus incentivos de educação,
Adquirimos a honra de exercer uma profissão.

Quantas vezes me refugiei em teus braços,
Esperando o medo passar, de pés descalços?

Não importa caso tenha tido poucos brinquedos,
Mesmo quando ofertados com mil descontos,
Mas sim quantas brincadeiras inventamos juntos,
Criando qualquer herói num estalar de dedos.

Tropeços existem e às vezes o filho cai,
Mas a queda é amortecida no colo do pai.

Antes de acabar o estoque de inspiração,
Poetizamos aqui nossos votos de gratidão,
Ainda em tempo de confessar um segredo:
Sem tua presença, a infância perde o enredo!

( POETA DO SOCIAL )

Em Homenagem ao Dia dos Pais em 2008

POESIA ESPECIAL: Versos e Reversos da Essência Feminina

VERSOS E REVERSOS DA ESSÊNCIA FEMININA

Quantos homens te enganaram?
Quantos filhos te esqueceram?
Quantas eleições te excluíram?
Quantos chefes te exploraram?

Quantas civilizações negaram a tua essência divina?
Quantas opressões destruíram teus sonhos de menina?
Quantas propagandas deturparam a imagem feminina?
Quantos movimentos reverterão essa catastrófica sina?

Tu não precisas rimar para exalar as mais sensíveis poesias
Tu não precisas gritar para evocar autoridade ética e moral
Tu não precisas ter asas para encarnar identidade angelical
Tu não precisas subir ao céu para imitar o Sol e as estrelas

Mulher negra, teu suor derramado te engrandeceu
Mulher índia, teu sangue sacrificado te enobreceu
Mulher branca, tua lágrima reprimida te emancipou
Mulher colorida, tua mistura étnica te universalizou

Mulher camponesa, tuas mãos calejadas viraram rosas
Mulher operária, tuas greves heróicas plantaram ideais
Mulher religiosa, teu fervor infinitizou os limites da fé
Mulher revolucionária, tua luta democratizou a justiça

Mulher afegã, mulher iraquiana, teus algozes
Apenas mudaram de endereço, de continente
Mulher judia, mulher palestina, historicamente
Atada aos grilhões de uma rivalidade assassina

Mulher valente, altaneira, polivalente, guerreira
Que labuta em mil batentes, trincheiras, direções
Mulher maravilha, sereia, cigana, fada, feiticeira
Que hipnotiza os instintos e domestica as paixões

Mesmo quando teu semblante se dilui nas maquiagens
Tua beleza continua intacta, deslumbrante e imperdível
Às vezes teu corpo acaba sendo cotado e comercializado
Mas o mundo, este sim, é bem mais culpado e prostituído

A natureza não imita a arte, mas as mulheres
Tu és uma obra-prima de incalculável grandeza
Tua magia pulsa em todas geometrias e latitudes
Até na química da cozinha e na dança da biologia

Tua mente intuitiva destrona encardidas certezas
Tua barriga ampliada é o berço de inéditas vidas
Produzindo e reproduzindo doçuras e delicadezas
Dissolvendo lógicas amarguradas e outras feridas

Antes que o espaço nos separe e tudo se desvaneça... beija-nos
Com teu amor, tua ternura, tua procura, tua cura, teu esplendor
Antes que o tempo nos esqueça e tudo desapareça... abraça-nos
Em tua virtude, tua lição, tua comunhão, tua missão, tua atitude

( POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Dia da Mulher em 2008

POESIAS ESPECIAIS: Irmãos de Utopia

IRMÃOS DE UTOPIA

Novo ano. Novas oportunidades. Novos desafios.
A arquitetura do sorriso adquire novos contornos.
O patrimônio da alma contabiliza novos tesouros.
O arco-íris do olhar metaboliza novas cintilações.
O espetáculo da existência ganha novas exibições.
Novos ciclos. Novas perspectivas. Novos cenários.

Continue aprendendo a ser íntegro, verdadeiro.
Ame, viva, pense, sinta... desde que por inteiro.
Seja o piloto do seu destino, e não um passageiro.
Não tenha medo de ousar, inovar, de ser pioneiro.

Todo mundo tem o direito espontâneo de sonhar,
Mas para muitos o cotidiano é quase um pesadelo.
A sobrevivência diária é caos, sacrifício, atropelo.
A poesia tem o dever artístico de reagir, protestar.

A revolução mais legítima, sustentável e potente
É aquela que se desencadeia no interior da gente.
Podemos ser um pouco melhores a cada instante,
Sem esquecer que toda árvore um dia foi semente.

O progresso não gira em torno de egos e vaidades.
Mudanças evoluem à luz de exemplos e verdades.
Não permita que o excesso obsessivo de egoísmo
Transforme a tua ambição em fonte de terrorismo.

Não importa o partido, religião, ideologia ou seita,
Mas lembre-se: a miséria é uma absurda anomalia.
A África, por exemplo, também é parte do planeta.
Cada habitante africano é igualmente nosso irmão;
Se não o são de sangue, o são certamente de utopia.
Nesse clima de reflexão, me despeço com gratidão.

( POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Natal/Reveillon de 2007-2008

POESIA ESPECIAL: Sem Você Mulher

SEM VOCÊ MULHER

O arco-íris não tem cor.
O mundo não tem beleza.
O idealismo não tem amor.
A felicidade não tem certeza.

O sorriso não tem graça.
O olhar não tem musicalidade.
A natureza sequer tem vaidade.
A arte se embaça e se despedaça.

O sonho não tem poesia.
A sensibilidade fica cega.
A paixão não tem entrega.
Ao universo falta harmonia.

A lágrima não tem fluidez.
O desabafo não tem leveza.
A tristeza não tem limpidez.
A alegria some na correnteza.

A vida jamais seduz.
A rotina não tem surpresa.
A morte fica carente de luz.
O infinito perde sua grandeza.

O inferno não tem conserto.
O paraíso não tem endereço.
A solidão avança sem desfecho.
O coração se cansa, de rarefeito.

Nada tem consolo e sossego.
Nenhuma virtude tem espelho.
Tudo é descompasso e atropelo.
A alma adoece e envelhece cedo.

A utopia treme de medo.
O vício se enche de pecado.
O milagre se despe de segredo.
Eu nunca sinto Deus ao meu lado.

( POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Dia da Mulher em 2007

POESIA ESPECIAL: Versos da Fome

VERSOS DA FOME

Que este Natal sintonize toda sua luz
Com a sabedoria e coerência de Jesus.
Que o Novo Ano reaqueça seus ideais
E os revitalize de amor, justiça e paz!

Os versos da fome insistem em ecoar
Mas multidões não conseguem captar
Seus protestos passivamente afinados
Pelas desigualdades de todos os lados.

Enquanto intenções ainda adormecem,
Seres vivos se levantam e se despedem
Sem arte da poesia de uma vida rimada
Pelas feridas de uma miséria sem saída.

Que a dor do mundo e suas carências
Despertem da inércia as consciências
E as convidem a refletir com urgência
Sobre as suas causas e conseqüências!

( POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Natal/Reveillon de 2007

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ECOANDO: Terráqueos Ambiciosos e Belicosos

Interação. Intervenção. Agressão. Essa foi a involução moral de nossa civilização, manifestada na relação do homem com a natureza, conforme postula Leonardo Boff. A Terra está cansada de ser maltratada por seus habitantes humanos e impiedosamente desumanos. O generoso lar do planeta, que tem abrigado tantos povos e gerações, vai perdendo a passos semisuicidas sua capacidade de se auto-sustentar, a não ser que as frenéticas sociedades contemporâneas descartem com urgência seus paradigmas doentios, controladores e destrutivos, pondo novamente em primeiro plano os valores universais da comunhão, da tolerância e da solidariedade, ao mesmo tempo individual e coletiva, mas também organizacional e planetária. No entanto, devemos correr e empreender avanços olímpicos nesse desiderato, antes que nosso erro se torne imperdoável e irreversivelmente catastrófico.

QUANDO COMEÇOU NOSSO ERRO?

Por Leonardo Boff - 06/10/2008

FONTE: Adital (www.adital.com.br)

Sentimos hoje a urgência de estabelecermos uma paz perene com a Terra. Há séculos estamos em guerra contra ela. Enfrentamo-la de mil formas no intento de dominar suas forças e de aproveitar ao máximo seus serviços. Temos conseguido vitórias, mas a um preço tão alto que agora a Terra parece se voltar contra nós. Não temos nenhuma chance de ganhar dela. Ao contrário, os sinais nos dizem que devemos mudar senão ela poderá continuar sob a luz benfazeja do sol, mas sem a nossa presença.

É tempo de fazermos um balanço e nos perguntarmos: quando começou o nosso erro? A maioria dos analistas diz que tudo começou há cerca de dez mil anos com a revolução do neolítico, quando os seres humanos se tornaram sedentários, projetaram vilas e cidades, inventaram a agricultura, começaram com as irrigações e a domesticação dos animais. Isso lhes permitiu sair da situação de penúria de, dia após dia, garantir a alimentação necessária através da caça e da recoleção de frutos. Agora, com a nova forma de produção, criou-se o estoque de alimentos que serviu de base para montar exércitos, fazer guerras e criar impérios. Mas se desarticulou a relação de equilíbrio entre natureza e ser humano. Começou o processo de conquista do planeta que culminou em nossos tempos com a tecnificação e artificialização de praticamente todas as nossas relações com o meio-ambiente.

Estimo, entretanto, que esse processo começou muito antes, no seio mesmo da antropogênese. Desde os seus albores, cabe distinguir três etapas na relação de ser humano com a natureza. A primeira era de interação. O ser humano interagia com o meio, sem interferir nele, aproveitando de tudo o que ele abundantemente lhe oferecia. Prevalecia grande equilíbrio entre ambos. A segunda etapa era a da intervenção. Corresponde à época em que surgiu há cerca de 2,4 milhões de anos, o homo habilis. Este nosso ancestral começou a intervir na natureza ao usar instrumentos rudimentares como um pedaço de pau ou uma pedra para melhor se defender e se assenhorear das coisas ao seu redor. Inicia-se o rompimento do equilíbrio original. O ser humano se sobrepõe à natureza. Esse processo se complexifica até surgir a terceira etapa que é a da agressão. Coincide com a revolução do neolítico da qual nos referimos anteriormente. Aqui se abre um caminho de alta aceleração na conquista da natureza. Após a revolução do neolítico sucederam-se as várias revoluções, a industrial, a nuclear, a biotecnológica, a da informática, da automação e a da nanotecnologia. Sofisticaram-se cada vez mais os instrumentos de agressão, até penetrar nas partículas subatômicas (topquarks, hadrions) e no código genético dos seres vivos.

Em todo esse processo se operou um profundo deslocamento na relação. De ser inserido na natureza como parte dela, o ser humano transformou-se num ser fora e acima da natureza. Seu propósito é domina-la e trata-la, na expressão de Francis Bacon, o formulador do método científico, como o inquisidor trata o seu inquirido: torturá-la até que entregue todos os seus segredos. Esse método é vastamente imperante nas universidades e nos laboratórios.

Entretanto, a Terra é um planeta pequeno, velho e com limitados recursos. Sozinha não consegue mais se auto-regular. O estresse pode se generalizar e assumir formas catastróficas. Temos que reconhecer nosso erro: o de nos termos afastado dela, esquecendo que somos Terra, que ela é o único lar que possuímos e que nossa missão é cuidar dela. Devemos faze-lo com a tecnologia que desenvolvemos, mas assimilada dentro de um paradigma de sinergia e de benevolência, base da paz perpétua tão sonhada por Kant.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ATENTADO: Contra a Educação

Posto aqui um protesto justíssimo que recebi por e-mail contra a truculência midiática da Veja, que deveria se chamar Não Veja, por sua capacidade - talvez insuperável entre as revistas nacionais - de envenenar e difamar conteúdos, pessoas e ideais, cuja chama de amor projeta luzes sem fim no horizonte do universo. Até meu rosto se molhou e meu óculos embaçou diante deste ataque descarado aos princípios mais elevados e libertadores de quem tantou se empenhou em mudar o mundo e nos alfabetizar para a cidadadia através da educação. Viva Paulo Freire.

VIÚVA DE PAULO FREIRE ESCREVE CARTA DE REPÚDIO À REVISTA VEJA

Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem 'O que estão ensinando a ele?', De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, baseada em pesquisa sobre a qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
'Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização'

Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:

'Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE - e um dos maiores de toda a história da humanidade -, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo que a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.

Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.

A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado , contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.

Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do 'filósofo' e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos.

Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.

Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu 'Norte' e 'Bíblia'. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso País, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.

Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire'.