ESTAMOS SUBNUTRIDOS DE UTOPIAS
Quantas mentiras continuaremos monopolizando até nos darmos conta de que a verdade não nos compete mais? Ao encararmos seriamente o mundo, sem vendas nem calmantes, o que vemos? O reflexo covarde e mesquinho de nossa própria omissão e hipocrisia. Nada muito mais lúcido que isto. A tragédia não se restringe mais aos teatros: invadiu nosso cotidiano, impregnou-se no planeta e desmascarou as comédias enlatadas das instituições.
Bradou-se tantas vezes a palavra democracia nos tempos recentes que a sua promessa emancipacionista despediu-se da realidade concreta. Pior que isto. Em nome da democracia, deixamos a política se esfarelar nas engrenagens asfixiantes do poder pelo poder. Em nome da vaidosa liberdade de pensar, falar e decidir pequenas coisas, esquecemos de governar os próprios governos... do norte ao sul, do local ao global, do operacional ao estratégico.
Não estou levantando a bandeira da ditadura, mas tentando sacudir a responsabilidade de todos nós e de cada um em particular sobre o fracasso deste mundo pseudodemocrático de que padecemos. A impressão que dá é a seguinte: se no “varejo” ganhamos cada vez mais democracia, no “atacado” recebemos cada vez mais ditadura. A ditadura de mercantilizar nossas vidas, individualizar nossas relações, amordaçar nossos sonhos.
Não tenho tido televisão ultimamente, mas quando tento acompanhar o noticiário por outros meios, aqui e alhures, a ladainha se repete: a economia anda fraca; as bolsas estão nervosas; o mercado está de mal humor. As palavras variam, mas a mensagem de fundo não poderia ser mais rasa e superficial; pois a economia, sozinha, não salva nem salvará ninguém. Não adianta ficar mudando de remédio sem extirpar o foco mantenedor da doença.
O que precisamos, desesperadamente, não são de valores financeiros, mas de valores humanos. Nossa maior miséria não é a de calorias, mas de utopias. Enquanto não cuidarmos prioritariamente da educação, incluindo o cultivo da sensibilidade do coração, a mídia será sempre gulosamente alimentada por notícias de corrupção. Por outro lado, transformar o tema da corrupção, por si só, na pauta negativa de cada dia, apodrece qualquer mídia.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
MENÇÃO HONROSA: "Abraça-me Enquanto Vives"
ABRAÇA-ME ENQUANTO VIVES
Tanta imensidão no espaço
E a gente querendo abraço.
Tanta tecnologia a nos conectar,
Mas a sede de humanidade continua.
A amizade sempre a nos aproximar,
Integrando o povo desabrigado da rua.
Montamos tantos planos mirabolantes,
Adiando ou reprimindo pequenos gestos;
Economizamos até o simples aperto de mão!
Mal sabemos que vamos ficando distantes
Da essência mesma que nos faz repletos
Do amor desinteressado e sem ilusão.
Abraçar é cumprimentar a alma do próximo,
Renovando o sorriso embotado pela correria.
Os corpos não podem prescindir dessa energia
Tão gratuita, tão universal, tão saudável, tão boa.
Quem abraça distribui sempre algum carinho;
Planta sempre algum amor no coração vizinho;
Compartilha sempre algum pedaço de alegria,
Impedindo que a vida seja tocada pela apatia.
Tanta imensidão no espaço
E a gente querendo abraço.
Mundo veloz, tempo caro, contatos formais,
Mas ninguém quer se manter no isolamento.
Nossa vocação é unir, multiplicar, ajudar, amar,
Abraçando inclusive quem sequer tem alimento.
A arte também necessita abraçar o imponderável:
Cada poema é um abraço entre olhares sensíveis;
Cada rima é uma parceria entre palavras amigas,
Entrelaçadas pela incrível internet do indizível.
Em tempos difíceis de individualismo e competição,
Abraçar constitui o remédio mais potente e eficaz,
Derrubando os muros da indiferença e da exclusão
Para dar espaço à humanidade deixada para trás.
POETA DO SOCIAL (pablodosocial@gmail.com)
OBS.: Poesia selecionada entre as 100 melhores no I Concurso Literário das Farmácias Pague Menos, dedicado à temática do abraço e que recebeu mais de 3.000 inscrições de todo o Brasil. Fui homenageado com Menção Honrosa e a co-autoria na publicação desta coletânia, disponibilizada para download no link: http://portal.paguemenos.com.br/concursoliterario/
DEDICO ESTA HOMENAGEM A TODAS AS PESSOAS SENSÍVEIS QUE JÁ ABRACEI E ABRAÇAREI NA VIDA.
(Fortaleza, Ceará – em 29/05/2011)
PS.: Parafraseando Renato Russo na canção Monte Castelo, "sem poesia eu nada seria" (PR)
Marcadores:
Literatura,
Mensagens de Humanismo,
Poesias Especiais
Assinar:
Postagens (Atom)