terça-feira, 11 de outubro de 2011

POESIA: Sociedade (Infantil) em Apuros

SOCIEDADE (INFANTIL) EM APUROS

No meio da multidão a criança chora;
Sua família estende a mão e implora.
A labuta termina e o povo vai embora,
Mas a miséria continua ali, a toda hora.

Uma criança quase como qualquer outra,
Exceto o fato de não ter vivido a infância.
Uma sociedade injusta, apressada e louca,
Que acelera exigências e perde esperança.

Como bem diagnosticou aquele famoso
Poeta do rock: “Esse é o nosso mundo;
O que é demais nunca é o bastante”,
“Porque o bastante é sempre tão distante?”
Emendaria este anônimo poeta do social,
Convidando toda gente a reverter este mal.

Há crianças cujo único (e trágico) lazer
É o de correr... do abuso, da exploração.
Seres sem abrigo, referencial e proteção.
É preciso denunciar, prevenir, se mexer!

Deveríamos pedir diariamente perdão
Às crianças nascidas e que nascerão,
Pela incompetência de nossa geração
Adulta em reproduzir tanta contradição.

Engolimos modernidade, mas vomitamos indiferença.
Louvamos a ambição enquanto definhamos na prisão
De nosso egoísmo, hipocrisia, omissão e impotência.
Sem a ciência prática do amor, a tecnologia é ilusão.

Os adultos precisam reciclar a solidariedade.
O brinquedo distrai a criança por certo tempo,
Mas nada substitui a presença do sentimento
Que devemos nutrir desde a mais tenra idade.

Salvemos todas as crianças do mundo,
Inclusive as que ainda brincam dentro
De nós, descongelando nosso odiento
E insosso pudor, falsamente profundo.

Não roubemos seu abençoado presente,
Amargando-lhes a doce magia de sorrir.
E nem arruinemos o seu ansiado porvir,
Tornando-lhes descolorido e decadente.

As crianças têm muito a nos ensinar...
Com a pureza e ingenuidade do olhar,
Com os gestos destituídos de malícia,
Com a sua mania de criar e imaginar,
Com a sua autenticidade e imperícia
Ao engatinhar, andar, cair e levantar,
Aventurando-se sem medo de errar:
Oh pedagogia gloriosa; que delícia!

Aquele que ignora ou adultece as crianças
Só faz matar ou envelhecer as esperanças!
Ademais, de que adianta apressar a corrida
Quando afundamos na contramão da vida?

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Poesia especial em homenagem ao Dia das Crianças 2011, comemorado no Brasil em 12 de Outubro.
Caso queira ver outras homenagens poéticas inspiradas em datas especiais como esta, acesse neste blog, à esquerda, o link "Poesias Especiais".

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