domingo, 19 de outubro de 2008

ONU (Social) x BÔNUS (Econômico)


Paisagens da vida, tentando avançar em um mundo que ameaça recuar. Colapso financeiro x Terrorismo social? Quem paga a conta é o planeta, a plebe: nós/vós contra este fardo atroz. Discursando como se tivesse com sono, a ONU tagarela (reivindicando investimentos humanos), mas os países ricos só enxergam os BÔNUS (costurando os bolsos dos banqueiros) de um sistema que engabela eu e tu de norte a sul. A bolsa de valores engasgou, foi interrompida de novo, antes que despencasse para o abismo, talvez com medo de tocar no inferno da África e sentir o cheiro do povo - multidão sem nome encravada no atoleiro da fome. Mas sempre há uma luz que nos conduz, uma esperança que não cansa. Oportunidades fecundadas pelas crises. Brisas celestiais sorrindo pela janela, antecipando a aquarela de uma perspectiva mais bela. Ou a gente se rebela e enterra logo o defunto podre do capitalismo, ou ele se regenera e nos atropela. Os restos das rimas estão lá, encolhidas e camufladas de prosa, atrás da montanha, esperando a tormenta passar, o dólar se disciplinar, a poeira baixar, a tirania se reacomodar. Ainda que tolhidos e retraídos, os versos da utopia, menos de noite do que de dia, guardam a convicção de que é preciso desmatar as selvas neoliberais que recobrem os vales de cá, fundando outra ideologia em seu lugar e celebrando serenatas de cidadania no além-mar; sem nunca compactuar, sob pena de ingratidão poética, com a estética da injustiça e a globalização da antiética. Mas que genial: já se pode ouvir o refrão do porvir entre as gargalhadas agonizantes do mal.

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