terça-feira, 21 de outubro de 2008

CAMPANHAS: Aprender sem Medo

EM ALGUMA ESCOLA, ENQUANTO UMA MAIORIA TENTA APRENDER, UMA MINORIA PODE ESTAR SENDO VÍTIMOS DE MAUS TRATOS, QUER SEJAM FÍSICOS, VERBAIS OU PELO MENOS PSICOLÓGICOS. O QUE ME ALARMOU NESSA NOTÍCIA FOI A INFLUÊNCIA NEGATIVA DESTE PROBLEMA NAS TAXAS FUTURAS DE SUICÍDIO. SE O ESTUDANTE É OPRIMIDO E ESVALORIZADO NO PERÍODO ÁUREO DE SUA FORMAÇÃO BÁSICA, AS CICATRIZES DESSA REJEIÇÃO, SE NÃO FOREM SUPERADAS COM O TEMPO, TENDERÃO A PERSEGUI-LO E COMPROMETER SUA AUTO-ESTIMA DURANTE TODA A VIDA.
(Comentário de Pablo Robles)

Aprender sem medo

FONTE: http://www.rets.org.br - 10/10/2008
Por Cristina Bodas, coordenadora de Comunicação da Plan Brasil, em São Paulo

A cada dia, aproximadamente um milhão de crianças sofrem algum tipo de violência nas escolas em todo o mundo. E nenhum país está imune. Esses são alguns dos resultados de uma pesquisa conduzida pela Plan, uma das maiores e mais antigas organizações não-governamentais de desenvolvimento. O relatório é parte da campanha “Aprender Sem Medo” lançada em outubro em diversos países com o objetivo de promover um esforço global para acabar com a violência nas escolas.

Além da quantidade alarmante de vítimas, a pesquisa indica que a violência não afeta apenas a personalidade, a saúde física e mental e o futuro potencial da criança, mas traz também danos irreparáveis para a família, a comunidade e a economia nacional. O levantamento retrata a situação mundial em relação a três principais temas vivenciados nas escolas: violência sexual, castigo corporal e bullying.

Alguns dados mundiais alarmantes indicam que: meninas sofrem mais com violência sexual; meninos são mais atingidos pelo castigo corporal; vítimas de violência na escola têm maior tendência a cometer suicídio; muitas vítimas morrem devido a ferimentos, complicações de gravidez indesejada ou Aids; garotas vítimas de bullying têm oito vezes mais chances de serem suicidas.

No Brasil, especificamente, a pesquisa mostrou que: 84% de 12 mil estudantes de seis estados reportaram suas escolas como violentas; cerca de 70% desse universo afirmaram terem sido vítimas de violência escolar; um terço dos estudantes afirmou estar envolvido em bullying, seja como agressor ou vítima; quando questionadas a respeito de castigo corporal, crianças brasileiras de 7 a 9 anos disseram que a dor nem sempre é só física. Declararam sentir “dor no coração” e “dor de dentro”.

Com o relatório e a campanha “Aprender Sem Medo”, a Plan – juntamente com parceiros nacionais e internacionais – quer mostrar que toda a violência contra crianças pode e deve ser evitada. Uma escola isenta de violência é o direito de cada criança. "Todos nós temos um papel a desempenhar, quer como indivíduos, governos ou ONGs: temos de garantir que as crianças possam ir à escola sem medo ou ameaça de violência e recebam uma educação de qualidade em um ambiente seguro. ‘Aprender Sem Medo’ pode ser uma campanha da Plan, mas é responsabilidade de todos”, afirma o assessor de Educação da Plan Brasil, Charles Martins.

A estratégia mundial da campanha está baseada em: persuadir os governos a tornar ilegal todas as formas de violência contra as crianças na escola e fazer com que essas leis sejam cumpridas; trabalhar com os dirigentes escolares e professores para criar escolas livres de violência e promover métodos alternativos à disciplina de castigos corporais; criar uma dinâmica de mudança global, incluindo aumento dos recursos de doadores internacionais e governos para combater a violência nas escolas de países em desenvolvimento.
Bullying

No Brasil, a campanha terá como principal foco o bullying escolar, incluindo o cyber bullying, e suas implicações para a educação. Definido como “o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa ou colocá-la sob tensão”, o termo bullying começou a ser estudado por pesquisadores brasileiros mais intensamente a partir da década de 1990 devido ao alto índice de crianças e adolescentes que sofriam maus-tratos praticados por colegas, professores ou funcionários da escola.

As vítimas de bullying geralmente perdem o interesse pela escola e passam a faltar às aulas para evitar novas agressões. Essas vítimas apresentam cinco vezes mais probabilidade de sofrer de depressão e, nos casos mais graves, estão sob um risco maior de abuso de drogas e de suicídio. Apesar da ampla divulgação sobre o problema, dos 66 países pesquisados pela Plan, apenas cinco (Coréia, Noruega, Sri Lanka, Reino Unido e EUA) possuem leis que proíbem o bullying nas escolas.

A partir do lançamento da campanha, a Plan iniciará uma mobilização de parceiros (outras ONGs, governos, escolas) e da sociedade civil para começar a implementação do programa em escolas a partir do próximo ano letivo. No Brasil, a Plan já conta com o apoio da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, uma rede social que articula mais de 200 entidades de todo o país.

A Plan é uma organização não-governamental de desenvolvimento centrado na criança e no adolescente. Sem qualquer vinculação política ou religiosa, foi fundada em 1937 e hoje está presente em mais de 60 países. No Brasil atua desde 1997, principalmente nos estados de Pernambuco e Maranhão. Cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes participam dos programas da Plan em todo o mundo, sendo mais de 75 mil somente no Brasil. Atualmente, a organização desenvolve no país cerca de 50 projetos nas áreas de educação, saúde, promoção de direitos, participação comunitária e segurança alimentar e nutricional.

0 comentários: