domingo, 4 de novembro de 2007

ARTIGO: O Desafio da Militância

Cada pensamento, cada decisão e sobretudo cada atitude tomada pelo ser humano é uma oportunidade única de influenciar o mundo e de ser influenciado por ele, uma vez que toda relação é necessariamente dialética, ou seja, mutuamente transformadora.

Se me fosse possível resumir a grandeza da vida em poucas palavras, eu diria com a convicção mais inabalável que “nada é por acaso”. Do ponto de vista de nosso papel dinâmico frente aos processos sociais, este princípio assume visível relevância.

Isso significa, numa perspectiva sistêmica, que os objetivos, desafios e dilemas sociais de cada pessoa interferem ativamente nos rumos globais e históricos da existência, por menor que seja o impacto específico desta interação no âmbito mais geral.

Nesse sentido, a identificação com a causa das ONGs e movimentos sociais, na medida em que reforça a autonomia dos cidadãos envolvidos, revela-se bastante eficaz. Por outro lado, as exigências econômicas de sobrevivência precisam ser respeitadas.

A busca legítima de um conforto material e a expectativa fraternal da construção familiar são tendências naturais em nossa cultura civilizatória. O problema começa a se instalar quando os impulsos individuais ignoram os valores do bem-estar coletivo.

A miséria, a injustiça, a violência, o analfabetismo, o desemprego, a opressão, a corrupção, dentre outras graves imperfeições presentes em nossa face terrestre, merecem ser radicalmente identificadas, combatidas e extirpadas de nossa humanidade.

Tendo em vista que os governos e as empresas não conseguem resolver, por si só, a imensidão destes problemas, considero que o terceiro setor constitui uma alternativa concreta, estratégica e necessária de atuação e desenvolvimento social.

Onde a esfera estatal não chega e onde a iniciativa privada não prioriza, multidões anônimas de mentes e corações são capazes de se mexer, se organizar e se articular para afirmar sua identidade, reivindicar seus direitos e materializar suas utopias.

A mídia atrapalha muito e ajuda pouco. A religião às vezes se omite. Os partidos necessitam de coerência. A ciência pensa demais e sente de menos. As escolas e universidades poderiam se comprometer mais. A arte e a literatura também.

Se os sofrimentos da maioria te comovem e a alegria do teu vizinho prolonga o teu sorrir; então vamos mudar, vamos agir. Vamos renovar a poesia da esperança na militância de cada dia. Você não está sozinho na busca engajada de um outro caminho.

Teu trabalho ético, tua formação responsável, tuas leituras conscientes, tuas intervenções construtivas, tuas palavras solidárias, inclusive teu silêncio edificante, podem, em qualquer lugar e circunstância, estar a serviço de uma sociedade melhor.

Tudo que você diz, propõe e faz é importante, principalmente quando tua intenção está sintonizada com os anseios legítimos da população. Não confunda realismo com conformismo. O pior defeito é achar que os absurdos do mundo não têm conserto.

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