Mulheres políticas e sociedades fragilizadas
No dia em que uma mulher lá de cima (Hilary), de uma potência em decadência (EUA), visita uma mulher aqui de baixo (Dilma), de uma potência em afirmação (Brasil), uma mulher aqui do lado (Cristina), de um país (Argentina) dinâmico, hermoso e destemido (inclusive no resgate democrático das verdades sobre os crimes da ditadura que assombraram outrora a política latino-americana; matéria que as “elites” daqui prefeririam incinerar em vez de reconstituir), presenteia-nos com um gesto firme, altivo e politicamente legítimo.
Pois bem, nossa presidente vizinha de um país hermano reivindicou e legalizou a soberania mínima na gestão das riquezas nacionais de seu petróleo e gás; ideologias e sectarismos à parte, um Estado não existe só pra reagir (aos mercados e interesses estrangeiros), mas também para agir (a favor do povo e aspirações das maiorias).
O grande desafio que nos cabe está nesse pequeno e grande detalhe que oscila entre os instintos privatistas de liberdade e as necessidades estatizantes de proteção: sociedade. Nossa ditadura política se foi, mas deixamos que outras ditaduras entrassem em campo, como a da mídia, a da publicidade e a da indústria enlatada de práticas de lazer descoladas do cheiro cotidiano, de nossas identidades locais e das aventuras e desventuras comunitárias.
Quando sermos menos servil e efetivamente mais civil, uma outra sociedade edificará nossos lares, semeará novos valores e inspirará as gerações vindouras, nos colocando de mãos dadas com toda a humanidade que muitas vezes não conseguimos desenvolver e partilhar, intoxicados que ainda estamos por um modelo de sociedade (civil) e representatividade (política) que não cuida bem de sua gente, de suas instituições e de seus recursos, sejam eles naturais ou industriais, científicos ou morais, e materiais ou espirituais.
terça-feira, 17 de abril de 2012
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