Somos o que são os nossos ideais*
Não julgues o homem só pelo que ele é – julga-o antes pelo que desejaria ser.
Melhor que a fortuita realidade caracteriza ao homem a espontânea liberdade do seu ideal.
Pode a realidade ser o corpo da nossa vida – mas o ideal é a alma do nosso ser.
Quantas vezes não é a realidade filha dum inconsciente dever – mas o ideal nasce sempre dum consciente querer.
Mais vale a espontânea liberdade que a dura necessidade.
Todo homem é aquilo pelo que vive e trabalha, luta e sofre – e não aquilo que o domina e oprime.
Quando Jesus encontrou, nos caminhos da sua peregrinação terrestre, aquela “pecadora possessa de sete demônios”, não lhe perguntou o que fora, mas sim, o que queria ser.
Imensamente triste era aquilo que Madalena fora – divinamente belo o que ela queria ser – e já era.
E o Nazareno lançou ao olvido o passado da pecadora, em atenção ao presente da convertida – e descerrou à santa as portas do futuro...
Não há ontem tão pecador que o hoje do amor não possa converter num amanhã de santidade.
Não há Satanás que resista à vontade humana aliada à graça de Deus.
Rendeu-se o orgulho de Saulo, capitulou a luxúria de Agostinho ante a ofensiva dum grande idealismo.
Querer é poder!
Só não pode quem não sabe querer.
Tudo é possível àquele que quer.
Oh! quão injusta é toda a justiça humana!
Só tem olhos para ver o corpo dos nossos atos – e é cega para a alma da nossa atitude...
Bem fazem os artistas em representar a justiça de olhos vendados.
Quantas vezes é o homem realmente o contrário daquilo que parece ser!
Quantas vezes são os publicanos e pecadores, as Madalenas e samaritanos, melhores que sacerdotes e levitas, escribas e doutores da lei, que em “largos filactérios e borlas volumosas” fazem consistir a sua santidade!
Quantas vezes voltam para casa “ajustados” os publicanos que batem no peito – e voltam ainda mais culpados os fariseus que exibem a Deus a estatística dos seus jejuns e os catálogos de sua piedade!...
Eu sou aquilo que é o meu sincero querer – ainda que o meu frágil poder não valha transformar logo em perfeita realidade os longínquos ideais do meu espírito.
Eu sou o meu ideal...
*FONTE: Livro “De Alma para Alma”, de Huberto Rohden, editora Martin Claret, 2004.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
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