Exponho abaixo o comentário que fiz sobre o texto "Por que Serra deverá concorrer", redigido e postado por Eduardo Guimarães, nos primeiros minutos do dia 28/02/2010, no seu blog http://edu.guim.blog.uol.com.br, que por sinal lhes recomendo.
A tese sobre a qual me posiciono refere-se ao entendimento de que a oposição precisa do Serra para continuar existindo e que todo governo de situação precisa de uma oposição atuante que o fiscalize.
"Tendo a discordar em parte com o teor de sua reflexão.
Oposição política é saudável e sempre necessária, mas ela deve ser mais qualificada; em outras palavras, jogar menos sujo.
O estilo Serra e a postura de sua mídia, que também é a mídia que pauta grandemente a opinião média do brasileiro, não ajudam em nada a garantir e fazer valer uma oposição digna, à altura da democracia política que merecemos.
Além disso, o "controle político" não se resume apenas à intervenção partidária. Em uma perspectiva pública e coletiva mais ampla, a sociedade civil como um todo, através de suas associações, movimentos e grupos organizados, deve participar ativamente, mesmo que indiretamente, da fiscalização do poder executivo, de forma a evitar desmandos e inibir totalitarismos."
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
HAITI: a pátria circunstancial dos EUA
"O compromisso com o Haiti não é novo nem circunstancial", disse recentemente o governo brasileiro em uma nota na qual informa que essa é a terceira vez que Lula viaja ao país, o qual já visitou em agosto de 2004 e em maio de 2008, o que "confirma a prioridade conferida ao Haiti pela política externa brasileira".
Fui um pouco “oportunista”, pois decidi começar esta crônica com um parágrafo ao qual eu nunca fui explicitamente chamado, retirado a propósito desta notícia ("Lula chega ao Haiti para expressar apoio e assinar acordos"), que acabei de ler no Portal Ig. Aproveitando meu momento “cafajeste”, cometerei um novo “pecado”, se bem que atenuado o suficiente para ser logo perdoado, pois a nova referência que evoco consiste em uma outra crônica minha sobre o mesmo assunto: "Militarizando o desserviço ao Haiti".
Façamos agora um exercício hipotético de turismo patriótico. Imagine-se acordando brasileiro, no transcorrer do dia se tornando norte-americano para depois dormir haitiano. É possível assumir nacionalidades diferentes como quem muda de roupa? Até as máscaras bonitinhas que camuflam nossas eventuais intenções mesquinhas precisam de um tempo mínimo para decantarem, se ajustarem e se acostumarem com os padrões dominantes de hipocrisia que se prestam a dissimular.
Vamos dar um zoom na frase primeira e central que motivou esse texto: “o compromisso com o Haiti não é novo vem circunstancial”. Em outras palavras, o Brasil não tem essa mania cinematográfica (hollyudiana mesma, literalmente falando, e belicamente também) de se arvorar na condição pop de superpaís, de superpotência aventureira que sai distribuindo bases militares mundo afora a pretexto, por exemplo, de proteger e vigiar os mares alheios contra monstros terroristas e ocasionalmente atômicos que ameacem perturbar as fronteiras “modernamente democráticas” dos países aliados; como Israel no Oriente Médio e Colômbia na América Latina.
Como todo super-herói tem poderes extraordinários e se acha imbuído de missões as mais diversas - ainda que novas e circunstanciais, frise-se bem -, os EUA nunca mais seriam os mesmos se não tivessem estendido seus tapetes altruístas e caridosos para o Haiti, duramente vitimado por um terremoto cujos impactos parecem ter sacudido espiritualmente o coração de toda a diplomacia norte-americana. (Vale acrescentar que essa triste sina do Haiti, como o escritor Eduardo Galeano relembrou, remonta às políticas sujas e invasivas que os mesmos EUA já aprontaram.)
Pois bem, a reação dos EUA foi olímpica, peremptória, esplendorosa, digna do Oscar do Oportunismo, sequer se lembrando de dialogar com a ONU e planejar melhor as coisas com a missão brasileira que já vinha liderando as operações por lá: instituíram um fundo Clinton-Bush (usando o nome indigesto do Bush) para arrecadar donativos, se apossaram do espaço aéreo para controlar do jeito deles a ajuda estrangeira e, o que foi efetivamente controverso, mandaram 12.000 soldados para “passear” no Haiti, como se o povo nativo fosse apático e não tivesse braços para acolher os feridos e pernas para avançar no enfrentamento de seus dramas, contando necessariamente com o suporte já estabelecido (e que passaria por emergencial ampliação) de vários organismos e serviços humanitários, incluindo relevantes ações cubanas de saúde.
Essa é a lição de ética (geralmente pelo avesso) que aprendemos com os EUA. Surge (ou fabrica-se) uma propagação de epidemia (como a gripe suína), suas indústrias de remédio são as primeiras a “ajudar” e lucrar. Quando sentem cheiro de petróleo no ar, rasgam soberanias de países frágeis para com novos negócios “cooperar” e lucrar. Quando algum presidente não lhes diz amém e ousam remar na maré oposta ao neo-liberalismo, dão uma aula-show de anti-jornalismo, visando “desinformar” e lucrar.
Portanto, em vez de terem mobilizado um “exército verde” de ambientalistas sérios e competentemente autorizados a evitar o fracasso da Conferência do Clima ocorrida ano passado em Copenhage, na Dinamarca; os EUA valeram-se da “sorte geopolítica” trazida pela fúria da natureza contra o Haiti, e, da noite para o dia, metamorfosearam-se (como se iluminados provisoriamente por um mandato divino imperial) em seus superanjos salvadores, carregando nessa travessia pseudocivilizatória as asas manchadas sabe-se lá com quantos interesses inconfessáveis, diabólicos.
Fui um pouco “oportunista”, pois decidi começar esta crônica com um parágrafo ao qual eu nunca fui explicitamente chamado, retirado a propósito desta notícia ("Lula chega ao Haiti para expressar apoio e assinar acordos"), que acabei de ler no Portal Ig. Aproveitando meu momento “cafajeste”, cometerei um novo “pecado”, se bem que atenuado o suficiente para ser logo perdoado, pois a nova referência que evoco consiste em uma outra crônica minha sobre o mesmo assunto: "Militarizando o desserviço ao Haiti".
Façamos agora um exercício hipotético de turismo patriótico. Imagine-se acordando brasileiro, no transcorrer do dia se tornando norte-americano para depois dormir haitiano. É possível assumir nacionalidades diferentes como quem muda de roupa? Até as máscaras bonitinhas que camuflam nossas eventuais intenções mesquinhas precisam de um tempo mínimo para decantarem, se ajustarem e se acostumarem com os padrões dominantes de hipocrisia que se prestam a dissimular.
Vamos dar um zoom na frase primeira e central que motivou esse texto: “o compromisso com o Haiti não é novo vem circunstancial”. Em outras palavras, o Brasil não tem essa mania cinematográfica (hollyudiana mesma, literalmente falando, e belicamente também) de se arvorar na condição pop de superpaís, de superpotência aventureira que sai distribuindo bases militares mundo afora a pretexto, por exemplo, de proteger e vigiar os mares alheios contra monstros terroristas e ocasionalmente atômicos que ameacem perturbar as fronteiras “modernamente democráticas” dos países aliados; como Israel no Oriente Médio e Colômbia na América Latina.
Como todo super-herói tem poderes extraordinários e se acha imbuído de missões as mais diversas - ainda que novas e circunstanciais, frise-se bem -, os EUA nunca mais seriam os mesmos se não tivessem estendido seus tapetes altruístas e caridosos para o Haiti, duramente vitimado por um terremoto cujos impactos parecem ter sacudido espiritualmente o coração de toda a diplomacia norte-americana. (Vale acrescentar que essa triste sina do Haiti, como o escritor Eduardo Galeano relembrou, remonta às políticas sujas e invasivas que os mesmos EUA já aprontaram.)
Pois bem, a reação dos EUA foi olímpica, peremptória, esplendorosa, digna do Oscar do Oportunismo, sequer se lembrando de dialogar com a ONU e planejar melhor as coisas com a missão brasileira que já vinha liderando as operações por lá: instituíram um fundo Clinton-Bush (usando o nome indigesto do Bush) para arrecadar donativos, se apossaram do espaço aéreo para controlar do jeito deles a ajuda estrangeira e, o que foi efetivamente controverso, mandaram 12.000 soldados para “passear” no Haiti, como se o povo nativo fosse apático e não tivesse braços para acolher os feridos e pernas para avançar no enfrentamento de seus dramas, contando necessariamente com o suporte já estabelecido (e que passaria por emergencial ampliação) de vários organismos e serviços humanitários, incluindo relevantes ações cubanas de saúde.
Essa é a lição de ética (geralmente pelo avesso) que aprendemos com os EUA. Surge (ou fabrica-se) uma propagação de epidemia (como a gripe suína), suas indústrias de remédio são as primeiras a “ajudar” e lucrar. Quando sentem cheiro de petróleo no ar, rasgam soberanias de países frágeis para com novos negócios “cooperar” e lucrar. Quando algum presidente não lhes diz amém e ousam remar na maré oposta ao neo-liberalismo, dão uma aula-show de anti-jornalismo, visando “desinformar” e lucrar.
Portanto, em vez de terem mobilizado um “exército verde” de ambientalistas sérios e competentemente autorizados a evitar o fracasso da Conferência do Clima ocorrida ano passado em Copenhage, na Dinamarca; os EUA valeram-se da “sorte geopolítica” trazida pela fúria da natureza contra o Haiti, e, da noite para o dia, metamorfosearam-se (como se iluminados provisoriamente por um mandato divino imperial) em seus superanjos salvadores, carregando nessa travessia pseudocivilizatória as asas manchadas sabe-se lá com quantos interesses inconfessáveis, diabólicos.
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
OPINANDO: o povo não é tão bobo
Li o texto linkado abaixo, da autoria do jornalista e blogueiro Azenha.
http://www.viomundo.com.br/opiniao/jose-serra-o-presidente-acidental
Reproduzo, aqui, o comentário que fiz lá no blog dele:
"Acho o texto pessimista e exponho três considerações:
1) Mesmo as pessoas despolitizadas são capazes de pensar um pouquinho antes de votar, nem que seja numa roda de bar entre amigos na véspera da eleição, onde é muito fácil qualquer pessoa minimamente informada mostrar o abismo que separa a Dilma de Lula do Serra de FHC
2) A aparente despolitização não sinaliza necessariamente uma fraqueza política capaz de ameaçar a estabilidade do país. Pode significar também que as pessoas estão economicamente menos aflitas, mais preocupadas competitivamente com suas carreiras e mais confiantes nos rumos gerais que o Brasil está tomando, inclusive mundo afora.
3) Marqueteiros, por mais influentes que sejam, não podem fazer mágicas o tempo todo e lutar contra o “marketing” diário e cotidiano feito pela inquestionável realidade."
http://www.viomundo.com.br/opiniao/jose-serra-o-presidente-acidental
Reproduzo, aqui, o comentário que fiz lá no blog dele:
"Acho o texto pessimista e exponho três considerações:
1) Mesmo as pessoas despolitizadas são capazes de pensar um pouquinho antes de votar, nem que seja numa roda de bar entre amigos na véspera da eleição, onde é muito fácil qualquer pessoa minimamente informada mostrar o abismo que separa a Dilma de Lula do Serra de FHC
2) A aparente despolitização não sinaliza necessariamente uma fraqueza política capaz de ameaçar a estabilidade do país. Pode significar também que as pessoas estão economicamente menos aflitas, mais preocupadas competitivamente com suas carreiras e mais confiantes nos rumos gerais que o Brasil está tomando, inclusive mundo afora.
3) Marqueteiros, por mais influentes que sejam, não podem fazer mágicas o tempo todo e lutar contra o “marketing” diário e cotidiano feito pela inquestionável realidade."
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
A Política da Esperança Não Será Televisionada
A Política da Esperança Não Será Televisionada
É difícil viver sorrindo em um mundo estampado de tristezas, tragédias e mentiras. Abrimos a televisão e o que vemos e ouvimos, não poucas vezes, é puro lixo, da pior espécie, pois além de não poder ser reciclado em informação nem conhecimento, contamina e apodrece a consciência; a sua, a minha, a nossa consciência – um tanto quanto inconsciente.
Concluímos que não dá para continuar com a bunda anexada ao sofá, assistindo de camarote os absurdos disparados dia após dia pela mídia, enquanto o mundo vai adoecendo, estremecendo e afundando, de omissão em omissão. Quantas drogas são necessárias para se ignorar o drama da realidade? Quantos vícios precisam ser fabricados ou reeditados para que nossos sentidos mantenham-se imunes e indiferentes aos problemas dos outros?
Pessimismos e descalabros à parte, é proibido esquecer que a magia da esperança dança, feito criança pura, em todo lugar do mundo, em cada ternura da gente, nas epopéias e agruras dos povos, apesar dos tropeços e recomeços de suas revoluções, ideologias, instituições e nações. Sem esperança, o amor não tem cura e a paz nunca dura.
Não deixem que a sensação de fracasso e a epidemia da perdição escureçam seus passos, suas luzes, seus impulsos regeneradores de rebeldia e ousadia, sua vocação humanitária, seus ideais de melhoria embalados pela dança da mudança, aquela que jamais se cansa de avançar, de ensinar e de nos convidar a encarnar suas coreografias.
Para que novos valores, paradigmas e civilizações floresçam, urge que reciclemos nossos olhares, revisemos nossas decisões e repensemos nossas atitudes, antes que até a esperança desista da humanidade – ou pelo menos do pouco dela que conseguimos reter no decurso de nossas indevassáveis monstruosidades. Ninguém pode se dar ao luxo de nascer e conviver em sociedade para não fazer nada pelo bem-estar da coletividade.
Sem os políticos que dizem (retoricamente ou não) nos representar, o cotidiano seria refém do caos e as relações se rebaixariam a uma disputa infinita e incontrolável de interesses. No entanto, sem a devida participação ativa dos cidadãos comuns na formulação, acompanhamento e fiscalização de suas próprias demandas e aspirações coletivas, a população civil não passaria de uma massa servil, amorfa, desprovida de consistência crítica e substância autônoma.
Esse é o tipo de “povo” que as TVs, em geral, buscam forjar: um povo bobo, tangido pelo medo, identificado globalmente pela negligência local. E o grande problema é que essa mídia tradicional, conservadora, parcial, elitista, sensacionalista, entreguista – dogmaticamente privada e sutilmente golpista – busca nos governar (ou “desgovernar”) a qualquer custo, filtrando e transmitindo apenas o que lhes convém e deformando o resto.
Não basta simplesmente entrar no ringue das baixarias e competir com a oposição quem tem mais “denúncias na manga”, quem fede e vacila menos, quem sai menos mascarado na foto, quem reúne mais pontos em sua biografia. Chega de dejetos. O Brasil precisa é de projetos que levem seus moradores a patamares ainda mais sólidos de inclusão social, cuidado ambiental, equidade econômica, democracia científica e grandeza ética.
É difícil viver sorrindo em um mundo estampado de tristezas, tragédias e mentiras. Abrimos a televisão e o que vemos e ouvimos, não poucas vezes, é puro lixo, da pior espécie, pois além de não poder ser reciclado em informação nem conhecimento, contamina e apodrece a consciência; a sua, a minha, a nossa consciência – um tanto quanto inconsciente.
Concluímos que não dá para continuar com a bunda anexada ao sofá, assistindo de camarote os absurdos disparados dia após dia pela mídia, enquanto o mundo vai adoecendo, estremecendo e afundando, de omissão em omissão. Quantas drogas são necessárias para se ignorar o drama da realidade? Quantos vícios precisam ser fabricados ou reeditados para que nossos sentidos mantenham-se imunes e indiferentes aos problemas dos outros?
Pessimismos e descalabros à parte, é proibido esquecer que a magia da esperança dança, feito criança pura, em todo lugar do mundo, em cada ternura da gente, nas epopéias e agruras dos povos, apesar dos tropeços e recomeços de suas revoluções, ideologias, instituições e nações. Sem esperança, o amor não tem cura e a paz nunca dura.
Não deixem que a sensação de fracasso e a epidemia da perdição escureçam seus passos, suas luzes, seus impulsos regeneradores de rebeldia e ousadia, sua vocação humanitária, seus ideais de melhoria embalados pela dança da mudança, aquela que jamais se cansa de avançar, de ensinar e de nos convidar a encarnar suas coreografias.
Para que novos valores, paradigmas e civilizações floresçam, urge que reciclemos nossos olhares, revisemos nossas decisões e repensemos nossas atitudes, antes que até a esperança desista da humanidade – ou pelo menos do pouco dela que conseguimos reter no decurso de nossas indevassáveis monstruosidades. Ninguém pode se dar ao luxo de nascer e conviver em sociedade para não fazer nada pelo bem-estar da coletividade.
Sem os políticos que dizem (retoricamente ou não) nos representar, o cotidiano seria refém do caos e as relações se rebaixariam a uma disputa infinita e incontrolável de interesses. No entanto, sem a devida participação ativa dos cidadãos comuns na formulação, acompanhamento e fiscalização de suas próprias demandas e aspirações coletivas, a população civil não passaria de uma massa servil, amorfa, desprovida de consistência crítica e substância autônoma.
Esse é o tipo de “povo” que as TVs, em geral, buscam forjar: um povo bobo, tangido pelo medo, identificado globalmente pela negligência local. E o grande problema é que essa mídia tradicional, conservadora, parcial, elitista, sensacionalista, entreguista – dogmaticamente privada e sutilmente golpista – busca nos governar (ou “desgovernar”) a qualquer custo, filtrando e transmitindo apenas o que lhes convém e deformando o resto.
Não basta simplesmente entrar no ringue das baixarias e competir com a oposição quem tem mais “denúncias na manga”, quem fede e vacila menos, quem sai menos mascarado na foto, quem reúne mais pontos em sua biografia. Chega de dejetos. O Brasil precisa é de projetos que levem seus moradores a patamares ainda mais sólidos de inclusão social, cuidado ambiental, equidade econômica, democracia científica e grandeza ética.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
POESIA: Procura-se simplesmente evoluir
PROCURA-SE SIMPLESMENTE EVOLUIR
Procura-se sorrir, apesar das lágrimas que sufocam as alegrias
Procura-se viver, apesar dos vícios que roubam nossas energias
Procura-se sentir, apesar das indiferenças que povoam os sentidos
Procura-se gozar, apesar dos pudores que reprimem nossas libidos
Procura-se se achar, apesar dos labirintos impostos pelo mundo
Procura-se arriscar, apesar dos medos que nos vigiam lá no fundo
Procura-se ser livre, apesar das ideologias que oprimem as escolhas
Procura-se mudar, apesar das tradições que nos cerceiam feito bolhas
Procura-se sonhar, apesar dos medos insistirem em tampar os horizontes
Procura-se ser amigo, apesar dos interesses apodrecerem nossas pontes
Procura-se perdoar, apesar dos ressentimentos ressuscitarem de repente
Procura-se ser coerente, apesar das contradições que enlouquecem a gente
Procura-se cooperar, apesar das competições nos tornarem calculistas demais
Procura-se ser humano, apesar das violências nos igualarem aos piores animais
Procura-se ser herói, apesar dos incentivos que poderão nos abandonar
Procura-se escrever, apesar das palavras que não ousam se movimentar
Procura-se enxergar, apesar das maldades que escurecem nosso amanhecer
Procura-se ser poeta, apesar das inspirações que desperdiçamos sem saber
(Pablo Robles - POETA DO SOCIAL)
Procura-se sorrir, apesar das lágrimas que sufocam as alegrias
Procura-se viver, apesar dos vícios que roubam nossas energias
Procura-se sentir, apesar das indiferenças que povoam os sentidos
Procura-se gozar, apesar dos pudores que reprimem nossas libidos
Procura-se se achar, apesar dos labirintos impostos pelo mundo
Procura-se arriscar, apesar dos medos que nos vigiam lá no fundo
Procura-se ser livre, apesar das ideologias que oprimem as escolhas
Procura-se mudar, apesar das tradições que nos cerceiam feito bolhas
Procura-se sonhar, apesar dos medos insistirem em tampar os horizontes
Procura-se ser amigo, apesar dos interesses apodrecerem nossas pontes
Procura-se perdoar, apesar dos ressentimentos ressuscitarem de repente
Procura-se ser coerente, apesar das contradições que enlouquecem a gente
Procura-se cooperar, apesar das competições nos tornarem calculistas demais
Procura-se ser humano, apesar das violências nos igualarem aos piores animais
Procura-se ser herói, apesar dos incentivos que poderão nos abandonar
Procura-se escrever, apesar das palavras que não ousam se movimentar
Procura-se enxergar, apesar das maldades que escurecem nosso amanhecer
Procura-se ser poeta, apesar das inspirações que desperdiçamos sem saber
(Pablo Robles - POETA DO SOCIAL)
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Poesias Eventuais
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Militarizando o desserviço ao Haiti
MILITARIZANDO O DESSERVIÇO AO HAITI
Meu grito, nunca calado, hoje, embalado pelo novo ano e refeito de alguns hiatos pessoais, volta a esgoelar-se, mais sedento de paz e sobretudo mais cônscio de que, enquanto houver injustiças, vozes não poderão dormir, para denunciar o silêncio da omissão... seja ela real, virtual, mundial, local e - a propósito - haitiana.
Lula anunciou, no evento do Fórum Social Mundial ocorrido recentemente em Porto Alegre, que irá ao Haiti no final de fevereiro. Propôs inclusive um ano de solidariedade a este país. O mês de janeiro, enfim, derramou-se em choros de dor, lágrimas de luta, gestos de fraternidade, explosões de compaixão.
Para a mídia (convencional), o assunto Haiti praticamente saiu de pauta. Esta mídia parece ter cumprido seu objetivo ideológico: divulgar o caos para justificar medidas de ordem. E em matéria de botar ordem na casa - ou no mundo ocidental - o super Tio Sam foi convocado. No entanto, este império em declínio meteu os pés pelas mãos, pela enésima vez.
Imagine-se dentro de uma imensa casa, quando de repente um incêndio ameaça a vida de seus familiares e amigos mais caros. Você pede ajuda desesperada aos vizinhos, no entanto, em vez de trazerem prioritariamente uns 12 bombeiros, enviam-lhe de forma oportunista mais 12 litros de combustível. Os filhos e amigos dos amigos que sobreviveram jamais entenderam a loucura da "solução" indicada para o acidente.
Não vou lembrar o que todos já sabem. Nem é sadio ficar contabilizando sangue. Mas vou atentar para a reflexão de que, por trás do fatídico terremoto natural e involuntário que se abateu sobre o já historicamente abatido Haiti, um terremoto político e voluntário sacudiu - como tantas vezes o faz - o bom-senso do governo norte-americano.
Como o trecho abaixo noticia, o Tio Sam bateu a porta na cara (sinta-se coração) de seus sobrinhos enfermeiros. Em vez de curativos, as malas de primeiros-socorros enviadas ao pobre Haiti estavam pesadas de equipamentos bélicos, carregadas por 12.000 soldados ianques, que por lá tem chegado e "ocupado" novamente o país, à revelia oficial da ONU, da missão brasileira no Haiti e do senso humano de paz (e justiça).
E por que fazem isso? O último Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça (onde Lula recebeu, representado pelo Min. Celso Amorim, o prêmio - inédito nos 40 anos deste Fórum - de Estadista Global), foi marcado por um alerta revelador: a economia norte-americana registra recuperação estatística mas ainda padece de recessão humana. Ou seja, o desemprego por lá (na mansão do Tio Sam) continua feio, insolúvel. E as contas do novo orçamento deles bateram o déficit recorde de 1,5 trilhão de dólares (fico até tonto só em digitar esta cifra).
Vou arriscar um palpite. O seu também vale. Por que salvar um país como o Haiti em um mês se você pode salvá-lo a prestação, em doze meses, ou dozes anos, com doze vezes mil soldadinhos americanos ociosos para trabalhar e girar a engrenagem meio carcomida da economia (nada econômica) dos EUA. Eles globalizaram as empresas (civis ou não), espalhando pelo mundo multinacionais famintas e bases militares antipáticas. Enfraqueceram com suas doutrinas neoliberais o papel e a força dos Estados-Nação (os quais hoje tentam se ressuscitar no xadrez geopolítico da América Latina e dos outros tabuleiros do planeta), tudo em nome do lucro fácil, concentrado e sutil, sem leis, transparências e “burocracias”.
No entanto, quando surge uma nova oportunidade de faturarem (nos vários sentidos lícitos e ilícitos do termo, como é o caso daqueles espertinhos que estão traficando criancinhas órfãs), os EUA, acima do bem e do mal, contra tudo e todos, rasgam sem pudor a bíblia de Adam Smith que cultuam da boca para fora: burocratizam a ajuda humanitária, burocratizam a cooperação internacional, burocratizam a reconstrução emergencial do Haiti, e ainda ousam burocratizar nossa livre capacidade de se indignar – sejamos enfermeiros(as) ou não.
Grito Pacífico - "mudando o mundo com você"
Michael Moore: Vergonha dos democratas
Fonte brasileira: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/michael-moore-vergonha-dos-democratas/ - 02/02/2010
Michael Moore: "Os Democratas envergonham-me"
Fonte original: Democracy Now, via Esquerda.Net - 31/01/2010
Amy Goodman: Hoje entrevistamos Michael Moore, um dos realizadores de cinema independente mais famosos do mundo. Nestes últimos vinte anos, Moore tem sido um dos realizadores mais provocadores, bem sucedidos e politicamente activos. Podemos destacar da sua cinematografia, entre outros, títulos como "Roger and me" (Roger e Eu), "Fahrenheit 9/11", "Bowling for Columbine" - que lhe granjeou o prémio da Academia - e "Capitalism: A Love Story" (Capitalismo: Uma História de Amor), o seu filme mais recente.
(...) Tive a oportunidade de o entrevistar... Comecei com uma pergunta sobre a situação no Haiti.
Michael Moore: O mais espantoso acerca "da resposta norte-americana" - conforme disse - foi a reacção individual, de cada norte-americano. Mobilizaram-se no próprio dia do terramoto, doaram com mensagens de telemóvel para a Cruz Vermelha, ofereceram-se como voluntários, queriam ajudar. As campanhas de recolha de donativos começaram nesse mesmo instante.
Quando se deu o terramoto eu estava em Miami. Testemunhei este esforço. Sobretudo por parte da comunidade haitiana e de outras comunidades do Sul da Flórida. Houve até o caso de um médico de Fort Lauderdale, proprietário de um avião, que não esperou por autorizações oficiais. Chegou ao aeroporto, saltou para o cockpit, foi ao Haiti, trouxe todos os feridos que podia - cerca de quinze pessoas - e levou-os para o hospital de Fort Lauderdale. Eu pensei então, "Meu Deus, porque é que não assistimos a isto todos os dias?"
Mas a resposta do governo, digamos, foi desajeitada, soou mais uma vez a "Somos demasiado poderosos para falhar". Que é o mesmo que dizer, "Somos demasiado poderosos para sermos bem sucedidos". Pelo menos foi assim que deram a entender.
Mas também lhe digo: de imediato, e em poucas horas, Barack Obama tentou organizar uma resposta, o que contrasta, e muito, com o que assistimos durante os mandatos de Bush, como no caso do Katrina e de outras tragédias do género. De tal modo que me recordo de me ter sentido bastante satisfeito com esta reacção.
Mas depois, no segundo e no terceiro dia, quando se percebeu que não estava a chegar ao Haiti qualquer ajuda significativa e que nessa altura era mais importante resolver a situação dos norte-americanos que lá estavam, na Embaixada, no Hotel Montana, etc. etc... Com certeza, é natural ocuparmo-nos primeiro dos nossos compatriotas, mas eu esperava que estivéssemos ali para ajudar toda a gente e que ninguém fosse considerado mais humano do que o seu semelhante.
Amy Goodman: Não sabia de um grupo de enfermeiras que queria ir - ou seria mais do que um grupo?
Michael Moore: Meu Deus... O Sindicato Nacional dos Enfermeiros. Esse é o episódio mais triste de todos. Espero que quem me esteja a ouvir, e a ver, reaja e faça pressão sobre a administração Bush. O Sindicato Nacional dos Enfermeiros...
Amy Goodman: ...A administração Obama?
Michael Moore: Sim, a de Obama. O que é que eu disse? A...
Amy Goodman: Administração Bush.
Michael Moore: Certo, certo. Já estamos a pressioná-los. Já não estão entre nós. Mas isso não era só freudiano, este é o meu estado de espírito. Porque eu não aceito a agradável diferença entre as administrações Bush e Obama, é ilusória. À primeira vista, se compararmos a actualidade com o que aconteceu nos últimos oito anos, tudo nos parece fantástico, mas na essência, na prática... Não lhe consigo dizer o quanto estou desiludido.
E o que sucedeu com o Sindicato Nacional dos Enfermeiros revela o empenho deste corpo de profissionais. Quantos estavam dispostos a partir imediatamente para o Haiti? Quase doze mil enfermeiros, note bem, doze mil enfermeiros deste país estão dispostos a seguir para o Haiti. E um enfermeiro poderia cuidar de muitas pessoas. Imagine então quantas pessoas poderíamos ajudar se pudéssemos enviar doze mil enfermeiros devidamente equipados. E esta oferta já foi feita há muitos, muitos dias, está a perceber?
Amy Goodman: A quem?
Michael Moore: À administração Obama, pela dirigente do sindicato. Ela entrou em contacto com o governo e foi ignorada, de início ninguém lhe respondeu. Mas lá acabaram por encaminhá-la para alguém que não tinha qualquer poder de decisão. Então, depois de tudo isto, ela contactou-me e disse-me "Você saberá, porventura, como poderemos chegar até ao presidente Obama?"Eu respondi, "É patético o facto de vocês serem forçados a ligar-me, quer dizer, vocês são o maior sindicato de enfermeiros. Tanto quanto sei asseguram a vice-presidência da AFL-CIO [Federação Americana do Trabalho - Congresso de Organizações Industriais], e mesmo assim não conseguem que a Casa Branca vos autorize o envio de doze mil enfermeiros para o Haiti? Não sei o que fazer por vocês... Não sei, vou ligar também".
O que é certo é que até hoje pouco mais foi feito. É angustiante. E é só um exemplo do que se passa. Na última semana você fez a cobertura deste estado de coisas quando lá esteve - falharam redondamente.
Meu grito, nunca calado, hoje, embalado pelo novo ano e refeito de alguns hiatos pessoais, volta a esgoelar-se, mais sedento de paz e sobretudo mais cônscio de que, enquanto houver injustiças, vozes não poderão dormir, para denunciar o silêncio da omissão... seja ela real, virtual, mundial, local e - a propósito - haitiana.
Lula anunciou, no evento do Fórum Social Mundial ocorrido recentemente em Porto Alegre, que irá ao Haiti no final de fevereiro. Propôs inclusive um ano de solidariedade a este país. O mês de janeiro, enfim, derramou-se em choros de dor, lágrimas de luta, gestos de fraternidade, explosões de compaixão.
Para a mídia (convencional), o assunto Haiti praticamente saiu de pauta. Esta mídia parece ter cumprido seu objetivo ideológico: divulgar o caos para justificar medidas de ordem. E em matéria de botar ordem na casa - ou no mundo ocidental - o super Tio Sam foi convocado. No entanto, este império em declínio meteu os pés pelas mãos, pela enésima vez.
Imagine-se dentro de uma imensa casa, quando de repente um incêndio ameaça a vida de seus familiares e amigos mais caros. Você pede ajuda desesperada aos vizinhos, no entanto, em vez de trazerem prioritariamente uns 12 bombeiros, enviam-lhe de forma oportunista mais 12 litros de combustível. Os filhos e amigos dos amigos que sobreviveram jamais entenderam a loucura da "solução" indicada para o acidente.
Não vou lembrar o que todos já sabem. Nem é sadio ficar contabilizando sangue. Mas vou atentar para a reflexão de que, por trás do fatídico terremoto natural e involuntário que se abateu sobre o já historicamente abatido Haiti, um terremoto político e voluntário sacudiu - como tantas vezes o faz - o bom-senso do governo norte-americano.
Como o trecho abaixo noticia, o Tio Sam bateu a porta na cara (sinta-se coração) de seus sobrinhos enfermeiros. Em vez de curativos, as malas de primeiros-socorros enviadas ao pobre Haiti estavam pesadas de equipamentos bélicos, carregadas por 12.000 soldados ianques, que por lá tem chegado e "ocupado" novamente o país, à revelia oficial da ONU, da missão brasileira no Haiti e do senso humano de paz (e justiça).
E por que fazem isso? O último Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça (onde Lula recebeu, representado pelo Min. Celso Amorim, o prêmio - inédito nos 40 anos deste Fórum - de Estadista Global), foi marcado por um alerta revelador: a economia norte-americana registra recuperação estatística mas ainda padece de recessão humana. Ou seja, o desemprego por lá (na mansão do Tio Sam) continua feio, insolúvel. E as contas do novo orçamento deles bateram o déficit recorde de 1,5 trilhão de dólares (fico até tonto só em digitar esta cifra).
Vou arriscar um palpite. O seu também vale. Por que salvar um país como o Haiti em um mês se você pode salvá-lo a prestação, em doze meses, ou dozes anos, com doze vezes mil soldadinhos americanos ociosos para trabalhar e girar a engrenagem meio carcomida da economia (nada econômica) dos EUA. Eles globalizaram as empresas (civis ou não), espalhando pelo mundo multinacionais famintas e bases militares antipáticas. Enfraqueceram com suas doutrinas neoliberais o papel e a força dos Estados-Nação (os quais hoje tentam se ressuscitar no xadrez geopolítico da América Latina e dos outros tabuleiros do planeta), tudo em nome do lucro fácil, concentrado e sutil, sem leis, transparências e “burocracias”.
No entanto, quando surge uma nova oportunidade de faturarem (nos vários sentidos lícitos e ilícitos do termo, como é o caso daqueles espertinhos que estão traficando criancinhas órfãs), os EUA, acima do bem e do mal, contra tudo e todos, rasgam sem pudor a bíblia de Adam Smith que cultuam da boca para fora: burocratizam a ajuda humanitária, burocratizam a cooperação internacional, burocratizam a reconstrução emergencial do Haiti, e ainda ousam burocratizar nossa livre capacidade de se indignar – sejamos enfermeiros(as) ou não.
Grito Pacífico - "mudando o mundo com você"
Michael Moore: Vergonha dos democratas
Fonte brasileira: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/michael-moore-vergonha-dos-democratas/ - 02/02/2010
Michael Moore: "Os Democratas envergonham-me"
Fonte original: Democracy Now, via Esquerda.Net - 31/01/2010
Amy Goodman: Hoje entrevistamos Michael Moore, um dos realizadores de cinema independente mais famosos do mundo. Nestes últimos vinte anos, Moore tem sido um dos realizadores mais provocadores, bem sucedidos e politicamente activos. Podemos destacar da sua cinematografia, entre outros, títulos como "Roger and me" (Roger e Eu), "Fahrenheit 9/11", "Bowling for Columbine" - que lhe granjeou o prémio da Academia - e "Capitalism: A Love Story" (Capitalismo: Uma História de Amor), o seu filme mais recente.
(...) Tive a oportunidade de o entrevistar... Comecei com uma pergunta sobre a situação no Haiti.
Michael Moore: O mais espantoso acerca "da resposta norte-americana" - conforme disse - foi a reacção individual, de cada norte-americano. Mobilizaram-se no próprio dia do terramoto, doaram com mensagens de telemóvel para a Cruz Vermelha, ofereceram-se como voluntários, queriam ajudar. As campanhas de recolha de donativos começaram nesse mesmo instante.
Quando se deu o terramoto eu estava em Miami. Testemunhei este esforço. Sobretudo por parte da comunidade haitiana e de outras comunidades do Sul da Flórida. Houve até o caso de um médico de Fort Lauderdale, proprietário de um avião, que não esperou por autorizações oficiais. Chegou ao aeroporto, saltou para o cockpit, foi ao Haiti, trouxe todos os feridos que podia - cerca de quinze pessoas - e levou-os para o hospital de Fort Lauderdale. Eu pensei então, "Meu Deus, porque é que não assistimos a isto todos os dias?"
Mas a resposta do governo, digamos, foi desajeitada, soou mais uma vez a "Somos demasiado poderosos para falhar". Que é o mesmo que dizer, "Somos demasiado poderosos para sermos bem sucedidos". Pelo menos foi assim que deram a entender.
Mas também lhe digo: de imediato, e em poucas horas, Barack Obama tentou organizar uma resposta, o que contrasta, e muito, com o que assistimos durante os mandatos de Bush, como no caso do Katrina e de outras tragédias do género. De tal modo que me recordo de me ter sentido bastante satisfeito com esta reacção.
Mas depois, no segundo e no terceiro dia, quando se percebeu que não estava a chegar ao Haiti qualquer ajuda significativa e que nessa altura era mais importante resolver a situação dos norte-americanos que lá estavam, na Embaixada, no Hotel Montana, etc. etc... Com certeza, é natural ocuparmo-nos primeiro dos nossos compatriotas, mas eu esperava que estivéssemos ali para ajudar toda a gente e que ninguém fosse considerado mais humano do que o seu semelhante.
Amy Goodman: Não sabia de um grupo de enfermeiras que queria ir - ou seria mais do que um grupo?
Michael Moore: Meu Deus... O Sindicato Nacional dos Enfermeiros. Esse é o episódio mais triste de todos. Espero que quem me esteja a ouvir, e a ver, reaja e faça pressão sobre a administração Bush. O Sindicato Nacional dos Enfermeiros...
Amy Goodman: ...A administração Obama?
Michael Moore: Sim, a de Obama. O que é que eu disse? A...
Amy Goodman: Administração Bush.
Michael Moore: Certo, certo. Já estamos a pressioná-los. Já não estão entre nós. Mas isso não era só freudiano, este é o meu estado de espírito. Porque eu não aceito a agradável diferença entre as administrações Bush e Obama, é ilusória. À primeira vista, se compararmos a actualidade com o que aconteceu nos últimos oito anos, tudo nos parece fantástico, mas na essência, na prática... Não lhe consigo dizer o quanto estou desiludido.
E o que sucedeu com o Sindicato Nacional dos Enfermeiros revela o empenho deste corpo de profissionais. Quantos estavam dispostos a partir imediatamente para o Haiti? Quase doze mil enfermeiros, note bem, doze mil enfermeiros deste país estão dispostos a seguir para o Haiti. E um enfermeiro poderia cuidar de muitas pessoas. Imagine então quantas pessoas poderíamos ajudar se pudéssemos enviar doze mil enfermeiros devidamente equipados. E esta oferta já foi feita há muitos, muitos dias, está a perceber?
Amy Goodman: A quem?
Michael Moore: À administração Obama, pela dirigente do sindicato. Ela entrou em contacto com o governo e foi ignorada, de início ninguém lhe respondeu. Mas lá acabaram por encaminhá-la para alguém que não tinha qualquer poder de decisão. Então, depois de tudo isto, ela contactou-me e disse-me "Você saberá, porventura, como poderemos chegar até ao presidente Obama?"Eu respondi, "É patético o facto de vocês serem forçados a ligar-me, quer dizer, vocês são o maior sindicato de enfermeiros. Tanto quanto sei asseguram a vice-presidência da AFL-CIO [Federação Americana do Trabalho - Congresso de Organizações Industriais], e mesmo assim não conseguem que a Casa Branca vos autorize o envio de doze mil enfermeiros para o Haiti? Não sei o que fazer por vocês... Não sei, vou ligar também".
O que é certo é que até hoje pouco mais foi feito. É angustiante. E é só um exemplo do que se passa. Na última semana você fez a cobertura deste estado de coisas quando lá esteve - falharam redondamente.
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
O que eu gostaria de ganhar...
O que eu gostaria de ganhar nos meus 30 anos?
1. Gostaria de ganhar o desdobramento e o revigoramento contínuo de sua amizade, pois sem isso – em sentido radicalmente ampliado - seríamos pessoas indiferentes, insensíveis e desumanas.
2. Gostaria de ganhar, com mais freqüência e facilidade, informações e notícias sobre as trajetórias de meus amigos, pois quanto menos as pessoas se conhecem, maiores as dificuldades de se sustentar e reciclar amizades ao longo do tempo.
3. Gostaria de ganhar, ainda nesta vida, o dobro do tempo que estou completando agora, para que eu possa ser ainda melhor: mais útil, mais produtivo, mais idealista e mais sincero do que pude ser até então.
4. Gostaria de ganhar, para a vida concreta de meu país e Estado nos próximos quatro anos de mandato político, governantes preparados e comprometidos com as necessidades e aspirações das maiores populares.
5. Gostaria de ganhar uma passagem completa para dentro de mim mesmo, para que eu possa conhecer, enfrentar e driblar melhor minhas limitações, minhas imperfeições e minhas turbulências.
6. Gostaria de ganhar mais tempo, incentivo e inspiração para eu aprimorar e aprofundar minha faculdade de escrever – seja em prosa e/ou versos – minha história, meu mundo e minhas mensagens.
7. Gostaria de ganhar um estoque inesgotável de esperanças para abastecer a militância social das gerações vindouras e curar o pessimismo presente daqueles que acham erroneamente que o Brasil não tem jeito e que é impossível mudar o mundo.
8. Gostaria de ganhar uma vacina contra meus medos, especialmente de três deles: o medo dos meus sonhos se aposentarem de mim; o medo de algum dia ser obrigado a me tornar aquilo que eu não sou; e o medo de que a violência das pessoas tranque os outros dentro das fronteiras omissas de seu próprio ego.
9. Gostaria de ganhar o poder mágico de me teletransportar quando quiser para a Bolívia, terra de minha família paterna biológica e palco político de exemplares avanços sociais e populares protagonizados pelo atual presidente indígena deste instigante país.
10. Gostaria de ganhar um álbum para guardar e eternizar, como figurinhas teimosamente grudadas nos poros da alma, todas as lembranças felizes que me fizeram sorrir e brilhar, lado a lado com todas as lembranças tristes que me fizerem evoluir e sentir.
11. Gostaria de ganhar um projetor de livros, a fim de exibir nas paredes do meu quarto (ou melhor, do meu lar, já que um e outro se confundem) as páginas de livros que o destino exige que eu leia, incorpore e vivencie.
12. Gostaria de ganhar um kit de sensibilidade composto por dois equipamentos: um microscópio para eu enxergar com a maior profundidade possível tudo que as pessoas trazem e fazem de bem; e um telescópio para poder captar as dores mais distantes que afetam o universo único de cada pessoa.
13. Gostaria de ganhar uma receita de valores para cozinhar, digerir e distribuir em todas as refeições individuais e coletivas de meu caráter: doses cavalares de amor, tempero picante de justiça e pitadas a gosto de esperança.
14. Gostaria de ganhar um arsenal de picaretas e explosivos para derrubar e destruir todos os muros do preconceito, da hipocrisia, da arrogância e da maledicência.
15. Gostaria de ganhar uma tabuada mágica para multiplicar o tempo de convivência com as pessoas amigas, somar as energias das pessoas ousadas, diminuir as distâncias que separam as pessoas inimigas e dividir exemplos positivos entre as pessoas negativas.
16. Gostaria de ganhar uma ponte ecumênica, edificada pelo idioma da tolerância, para que todos os religiosos, agnósticos e ateus possam cruzar, na democracia de seu próprio ritmo, o abismo igualmente legítimo das crenças e descrenças inerentes a cada povo e cultura.
17. Gostaria de ganhar a capacidade de poder sempre dialogar e aprender com cada momento vivido, morrido e ressuscitado de mim mesmo, ampliando percepções e ganhando experiências, inclusive junto a outras pessoas, que me possibilitem errar menos e ser mais.
18. Gostaria de ganhar um foguete para conseguir acessar os horizontes elevados e imponderáveis de mim mesmo e assim adquirir o discernimento que ainda me falta para separar, dentre outras dicotomias paradoxais, o supérfluo do necessário, a essência da aparência, o encontro da fuga, a vocação da alienação, bem como a plenitude da carência.
19. Gostaria de ganhar um freio para desacelerar a correria desnecessária e doentia das pessoas, como se vivêssemos todos em uma estressante maratona e não tivéssemos mais tempo e habilidade para contemplar e desfrutar, em câmera lenta, as belezas gratuitas e comoventes da natureza e os mistérios imprevisíveis e apaixonantes das relações humanas.
20. Gostaria de ganhar uma cesta gigante para sair escavando, colhendo, fermentando e devolvendo os ideais perdidos e as utopias abandonadas de todas as pessoas que se tornaram realistas, egoístas e inúteis demais.
21. Gostaria de ganhar um detector de mentiras, instalável sem burocracia na consciência de cada cidadão de bem, para que sejam impiedosamente desmascaradas todas as farsas semeadas ideologicamente nos livros oficiais e parciais de história, nas mídias prostituíveis e hipnotizantes do presente e nas voláteis promessas de futuro dos políticos inconseqüentes.
22. Gostaria de ganhar um bolo do tamanho da tragédia do Haiti para que cada vela dramaticamente apagada lá faça nascer, em proporções multiplicadas, uma criança mais solidária no mundo, capaz de se indignar com a gula desmedida de pouquíssimas pessoas que teimam em concentrar para si a enorme maioria das riquezas, propriedades, benefícios e oportunidades já nascidas e ou grávidas em cada labirinto intragável do planeta.
23. Gostaria de ganhar pequenas, eventuais e singelas participações nos fenômenos da natureza, mediante as seguintes performances principais: ser um pouco a gota da chuva que banha as tuas aventuras; ser um pouco o raio de luz que tateia teus caminhos; ser um pouco a nota de silêncio que povoa tuas reflexões; e ser também um pouco a partícula de energia que movimenta tuas atitudes.
24. Gostaria de ganhar uma vaga dentro do coração feminino de quem tenha coragem de me amar (e vice-versa), para que meus pensamentos racionais e sentimentos irracionais se tornem aliados e cúmplices um do outro.
25. Gostaria de ganhar uma tonelada de sementes de humanidade altruisticamente modificada para plantá-las no solo quase estéril - mas ainda recuperável - dos seres desumanos que matam, que roubam e que mentem; para não confessar as mil canalhices em pequena escala.
26. Gostaria de ser pelo menos um centímetro quadrado da folha biográfica de papel em branco que imprime e sintetiza, na superfície ao mesmo tempo caraquenta e cristalina de cada dia, os avanços e recuos, flores e espinhos, asas e algemas, regras e descompassos, certezas e dilemas, bem como as prosas e poesias de meus amigos, familiares e colegas de internet.
27. Gostaria de ganhar um cinema personalizado e portátil para exibir, sempre que eu desejar, as glórias de superação, as marchas de revolução, os banquetes de realização e as coreografias ensaiadas na contra-mão de todos os mestres, líderes e celebridades que souberam se apequenar diante da grandeza de seus liderados, discípulos e multidões anônimas.
28. Gostaria de ganhar a autorização do Banco Periférico Central para esculpir em todas as cédulas de dinheiro comercializáveis em todas as economias, gastanças e poupanças o seguinte alerta de negação máxima, “eu não sou Deus”, para que um dia as criaturinhas darwinianas (pré-macacóides e pós-capitalóides) entendam que o dinheiro, se for apropriado e administrado em doses neoliberais e excludentes, trará malefícios irreversíveis à dieta do umbigo e sobretudo à saúde do planeta, que poderá amanhã ser rebatizado para Enterra.
29. Gostaria de ganhar o prêmio da loteria proveniente daqueles que apostam que não faz sentido sermos individualmente felizes enquanto formos coletivamente tão infelizes.
30. Gostaria de ganhar suas múltiplias e contagiantes presenças: a presença de sua voz em minha música, de seu olhar em meu arco-íris, de seu espírito em minhas introspecções e de seu corpo em minha festa magma de aniversário de 30 anos para a qual estou convidando 30 amigos e amigas extraordinários(as).
1. Gostaria de ganhar o desdobramento e o revigoramento contínuo de sua amizade, pois sem isso – em sentido radicalmente ampliado - seríamos pessoas indiferentes, insensíveis e desumanas.
2. Gostaria de ganhar, com mais freqüência e facilidade, informações e notícias sobre as trajetórias de meus amigos, pois quanto menos as pessoas se conhecem, maiores as dificuldades de se sustentar e reciclar amizades ao longo do tempo.
3. Gostaria de ganhar, ainda nesta vida, o dobro do tempo que estou completando agora, para que eu possa ser ainda melhor: mais útil, mais produtivo, mais idealista e mais sincero do que pude ser até então.
4. Gostaria de ganhar, para a vida concreta de meu país e Estado nos próximos quatro anos de mandato político, governantes preparados e comprometidos com as necessidades e aspirações das maiores populares.
5. Gostaria de ganhar uma passagem completa para dentro de mim mesmo, para que eu possa conhecer, enfrentar e driblar melhor minhas limitações, minhas imperfeições e minhas turbulências.
6. Gostaria de ganhar mais tempo, incentivo e inspiração para eu aprimorar e aprofundar minha faculdade de escrever – seja em prosa e/ou versos – minha história, meu mundo e minhas mensagens.
7. Gostaria de ganhar um estoque inesgotável de esperanças para abastecer a militância social das gerações vindouras e curar o pessimismo presente daqueles que acham erroneamente que o Brasil não tem jeito e que é impossível mudar o mundo.
8. Gostaria de ganhar uma vacina contra meus medos, especialmente de três deles: o medo dos meus sonhos se aposentarem de mim; o medo de algum dia ser obrigado a me tornar aquilo que eu não sou; e o medo de que a violência das pessoas tranque os outros dentro das fronteiras omissas de seu próprio ego.
9. Gostaria de ganhar o poder mágico de me teletransportar quando quiser para a Bolívia, terra de minha família paterna biológica e palco político de exemplares avanços sociais e populares protagonizados pelo atual presidente indígena deste instigante país.
10. Gostaria de ganhar um álbum para guardar e eternizar, como figurinhas teimosamente grudadas nos poros da alma, todas as lembranças felizes que me fizeram sorrir e brilhar, lado a lado com todas as lembranças tristes que me fizerem evoluir e sentir.
11. Gostaria de ganhar um projetor de livros, a fim de exibir nas paredes do meu quarto (ou melhor, do meu lar, já que um e outro se confundem) as páginas de livros que o destino exige que eu leia, incorpore e vivencie.
12. Gostaria de ganhar um kit de sensibilidade composto por dois equipamentos: um microscópio para eu enxergar com a maior profundidade possível tudo que as pessoas trazem e fazem de bem; e um telescópio para poder captar as dores mais distantes que afetam o universo único de cada pessoa.
13. Gostaria de ganhar uma receita de valores para cozinhar, digerir e distribuir em todas as refeições individuais e coletivas de meu caráter: doses cavalares de amor, tempero picante de justiça e pitadas a gosto de esperança.
14. Gostaria de ganhar um arsenal de picaretas e explosivos para derrubar e destruir todos os muros do preconceito, da hipocrisia, da arrogância e da maledicência.
15. Gostaria de ganhar uma tabuada mágica para multiplicar o tempo de convivência com as pessoas amigas, somar as energias das pessoas ousadas, diminuir as distâncias que separam as pessoas inimigas e dividir exemplos positivos entre as pessoas negativas.
16. Gostaria de ganhar uma ponte ecumênica, edificada pelo idioma da tolerância, para que todos os religiosos, agnósticos e ateus possam cruzar, na democracia de seu próprio ritmo, o abismo igualmente legítimo das crenças e descrenças inerentes a cada povo e cultura.
17. Gostaria de ganhar a capacidade de poder sempre dialogar e aprender com cada momento vivido, morrido e ressuscitado de mim mesmo, ampliando percepções e ganhando experiências, inclusive junto a outras pessoas, que me possibilitem errar menos e ser mais.
18. Gostaria de ganhar um foguete para conseguir acessar os horizontes elevados e imponderáveis de mim mesmo e assim adquirir o discernimento que ainda me falta para separar, dentre outras dicotomias paradoxais, o supérfluo do necessário, a essência da aparência, o encontro da fuga, a vocação da alienação, bem como a plenitude da carência.
19. Gostaria de ganhar um freio para desacelerar a correria desnecessária e doentia das pessoas, como se vivêssemos todos em uma estressante maratona e não tivéssemos mais tempo e habilidade para contemplar e desfrutar, em câmera lenta, as belezas gratuitas e comoventes da natureza e os mistérios imprevisíveis e apaixonantes das relações humanas.
20. Gostaria de ganhar uma cesta gigante para sair escavando, colhendo, fermentando e devolvendo os ideais perdidos e as utopias abandonadas de todas as pessoas que se tornaram realistas, egoístas e inúteis demais.
21. Gostaria de ganhar um detector de mentiras, instalável sem burocracia na consciência de cada cidadão de bem, para que sejam impiedosamente desmascaradas todas as farsas semeadas ideologicamente nos livros oficiais e parciais de história, nas mídias prostituíveis e hipnotizantes do presente e nas voláteis promessas de futuro dos políticos inconseqüentes.
22. Gostaria de ganhar um bolo do tamanho da tragédia do Haiti para que cada vela dramaticamente apagada lá faça nascer, em proporções multiplicadas, uma criança mais solidária no mundo, capaz de se indignar com a gula desmedida de pouquíssimas pessoas que teimam em concentrar para si a enorme maioria das riquezas, propriedades, benefícios e oportunidades já nascidas e ou grávidas em cada labirinto intragável do planeta.
23. Gostaria de ganhar pequenas, eventuais e singelas participações nos fenômenos da natureza, mediante as seguintes performances principais: ser um pouco a gota da chuva que banha as tuas aventuras; ser um pouco o raio de luz que tateia teus caminhos; ser um pouco a nota de silêncio que povoa tuas reflexões; e ser também um pouco a partícula de energia que movimenta tuas atitudes.
24. Gostaria de ganhar uma vaga dentro do coração feminino de quem tenha coragem de me amar (e vice-versa), para que meus pensamentos racionais e sentimentos irracionais se tornem aliados e cúmplices um do outro.
25. Gostaria de ganhar uma tonelada de sementes de humanidade altruisticamente modificada para plantá-las no solo quase estéril - mas ainda recuperável - dos seres desumanos que matam, que roubam e que mentem; para não confessar as mil canalhices em pequena escala.
26. Gostaria de ser pelo menos um centímetro quadrado da folha biográfica de papel em branco que imprime e sintetiza, na superfície ao mesmo tempo caraquenta e cristalina de cada dia, os avanços e recuos, flores e espinhos, asas e algemas, regras e descompassos, certezas e dilemas, bem como as prosas e poesias de meus amigos, familiares e colegas de internet.
27. Gostaria de ganhar um cinema personalizado e portátil para exibir, sempre que eu desejar, as glórias de superação, as marchas de revolução, os banquetes de realização e as coreografias ensaiadas na contra-mão de todos os mestres, líderes e celebridades que souberam se apequenar diante da grandeza de seus liderados, discípulos e multidões anônimas.
28. Gostaria de ganhar a autorização do Banco Periférico Central para esculpir em todas as cédulas de dinheiro comercializáveis em todas as economias, gastanças e poupanças o seguinte alerta de negação máxima, “eu não sou Deus”, para que um dia as criaturinhas darwinianas (pré-macacóides e pós-capitalóides) entendam que o dinheiro, se for apropriado e administrado em doses neoliberais e excludentes, trará malefícios irreversíveis à dieta do umbigo e sobretudo à saúde do planeta, que poderá amanhã ser rebatizado para Enterra.
29. Gostaria de ganhar o prêmio da loteria proveniente daqueles que apostam que não faz sentido sermos individualmente felizes enquanto formos coletivamente tão infelizes.
30. Gostaria de ganhar suas múltiplias e contagiantes presenças: a presença de sua voz em minha música, de seu olhar em meu arco-íris, de seu espírito em minhas introspecções e de seu corpo em minha festa magma de aniversário de 30 anos para a qual estou convidando 30 amigos e amigas extraordinários(as).
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