sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mídia que temos x País que somos

Mídia que temos x País que somos

Se o Brasil fosse julgado pelo padrão da mídia doméstica que tem, nossa imagem no mundo seria uma das mais abomináveis possíveis. Nossa auto-estima estaria no fundo do poço. Os atrasos de nossa cidadania e as deficiências de nossa democracia seriam aviltantes.

Tentam nos manipular de todas as formas. Algumas tentativas soam tão deploráveis quanto patéticas. O jornal carioca O Globo se superou nesta semana (dia 12 de maio) com a matéria “Lula enfrenta protesto”, estampando uma foto aparentemente conflituosa. Tudo encenação deslavada, armada para inverter a ordem das coisas e perverter a consciência do leitor.

Conforme explicado melhor aqui, no site vermelho.org.br, eis o que houve: “O presidente se deparou com uma manifestação de pessoas que queriam dialogar diretamente com Lula sobre o programa habitacional. (...) Ou seja, nada de confronto como O Globo quis mostrar. E mais, quando desceu do carro, o presidente foi ovacionado com ´Lula, eu te amo!`”.

No mundo instantâneo e superficial de hoje, onde talvez gastemos dez vezes mais dinheiro com remédios do que com livros, “inocentes” fotos e títulos ousam nos emburrecer e nos enlouquecer. Por que fazem isso? Cito outro trecho do artigo, por sinal bem elucidativo: “Eles sabem que boa parte dos leitores olha apenas a capa nas bancas e muitos que compram o jornal não lêem todo o conteúdo, se prendendo mais nas fotos e no título”.

De que adianta emitirem depois notinhas de rodapé que quase ninguém irá ver? A besteira planejada já foi feita mesma! Além de denunciar, o que é o mínimo, que tal alimentarmos nossa lata de lixo com esses papéis podres? Não sejamos assinantes de um jornal que faz seu leitor de palhaço. Todavia, profetizo que o reinado de tais farsas está em decadência. Os ventos jornalísticos que emanam do exterior já fazem um juízo mais nítido de nossa grandeza.

O resto do mundo, de forma cada vez mais freqüente, tem buscado destacar os avanços recentes do país no longo caminho de “redescoberta” da sua dignidade e na difícil “construção” de uma soberania tantas vezes ameaçada por ditaduras outrora encomendadas pelos EUA ou por governos entreguistas que pareciam filiais de corporações sem fronteiras.

Consultando minha memória contemporânea, baseada em notícias internacionais, listo a seguir vários indicadores que mostram que, pelo menos para os estrangeiros bem informados que se interessam por nossos rumos, a idéia de que somos o “país do futebol, do samba e da sensualidade” revela cada vez menos o que fazemos, temos e somos de fato:

1. Economia robusta capaz de minimizar o ímpeto da crise mundial;
2. Políticas compensatórias e bem intencionadas de inclusão social;
3. Vitalidade e criatividade do empreendedorismo nacional e local;
4. Esforços de ampliar e interiorizar o acesso ao ensino superior;
5. Engajamento cívico de ONGs, movimentos sociais e voluntários;
6. Competência, altivez e reconhecimento de nossa diplomacia;
7. Arco de relações internacionais diversificadas e amistosas;
8. População de internautas altamente significativa e atuante.

Parei nessas oito ocorrências. Elas me bastam para abrir logo um paralelo entre os oitos anos (a completar) do governo Lula com os malfadados oito anos do antecessor. Não preciso e nem gosto de ficar defendendo ou condenando partidos. Minha vocação está mais para o todo. Aliás, devo satisfação muito maior aos vizinhos que passam fome em minha cidade do que aos políticos que ficam rodopiando com seus jatinhos em torno de seu próprio umbigo.

E cá entre nós. Releiam e comparem mentalmente os feitos elencados. Nesses casos, o abismo é tão visível que se pode dar ao luxo de dispensar quaisquer comentários. Deixemos as intrigas para as esquinas de Brasília. Prefiro me contentar com a voz da realidade, a satisfação legitimada no povo comum e o recado que brota da alma das pessoas de bem.

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