sábado, 24 de abril de 2010

Pela ética das pesquisas eleitorais

O tempo (mais ou menos bendito e nem sempre humanamente útil) às vezes ousa calar um pouco os clamores deste blog, mas ele deve continuar gritando, com sopro renovado e delicadamente ousado, para tentar difundir miligramas de informação e reflexão social nesse Brasil e mundo ainda tão turbulento e desigual.

Silêncios recentes laconicamente desculpados, não sem constrangimento sincero, faço uso deste espaço para ajudar a divulgar uma grandiosa iniciativa cidadã empreendida pelo Movimento dos Sem Mídia (MSM), uma ONG fundada em 2007 e que reúne blogueiros comprometidos com a comunicação cidadã, emancipadora e solidária.

O Presidente do MSM, Eduardo Guimarães, postou em seu blog Cidadania.com (http://edu.guim.blog.uol.com.br/) informações sobre uma representação expedida pelo Movimento dos Sem Mídia, em prol de maior transparência, integridade e seriedade dos principais institutos de pesquisa eleitoral que atuam no país.

Transcrevo a seguir o texto contido no blog em referência a esta ação. Acessem o link mencionado para observarem a íntegra do documento e colocarem lá o seu relevante comentário de apoio a fim de respaldar esta representação - que no momento em que finalizo esta postagem já reuniu em torno de 1300 adesões. Colabore!

Acrescento que a mobilização desta iniciativa foi, por exemplo, amplificada no blog Viomundo - espaço de grande visibilidade na mídia alternativa - neste link: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/eduardo-guimaraes-em-defesa-de-pesquisas-transparentes.html. Se possível, faça o mesmo através de suas redes e listas de contatos. Merecemos neste ano campanhas políticas à altura de nossos desafios.

Apóie a Representação do MSM

(Atualizado às 14h35m de 24 de abril de 2010)

Reproduzo, abaixo, a íntegra da Representação que o Movimento dos Sem Mídia fez à Procuradoria-Geral Eleitoral pedindo investigação das pesquisas de intenção de voto para presidente da República feitas neste ano pelos quatro mais importantes institutos de pesquisa do país – Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi.

Além disso, o MSM pede que a Justiça monitore e eventualmente audite todas as pesquisas sobre a sucessão presidencial que venham a ser divulgadas até o fim do processo eleitoral deste ano.

Pouco importa qual é a sua posição política ou a sua ideologia. Se você quer eleições limpas, coloque um comentário neste post declarando seu apoio à Representação do MSM à Justiça Eleitoral. É preciso pôr nome e sobrenome, cidade, estado e profissão. Pede-se, também, que seja um comentário curto.

A lista de assinaturas virtuais nesta Representação será remetida à Justiça Eleitoral como forma de lhe dar maior representatividade. Contudo, seu apoio não implicará em qualquer responsabilidade de sua parte, sendo esta tão somente do Movimento dos Sem Mídia e do seu presidente, o signatário deste blog.

sábado, 13 de março de 2010

Quem está mais doente: CUBA ou EUA?

Contra fatos não existem argumentos. Esse conhecido adágio aplica-se com folga ao texto abaixo, mais que esclarecedor, do sociólogo Emir Sader. Munido de uma pergunta reveladora atrás da outra, o texto vai limpando nossa vista entrevada pelas hipocrisias exaustivamente pipocadas pela mídia de apenas um lado que tenta fabricar e governar nossas posições ideológicas e convições pessoais.

Uma ilha comunista, libertada há mais de 50 anos dos grilhões capitalistas dos EUA, deveria ser, no mínimo, respeitada e analisada com mais sensibilidade e imparcialidade pela opinião pública estrangeira e pelos jornalistas subservientes que apenas alardeiam feito papagaios o mantra imposto ditatorialmente pelos patrões empresariais. Há dezenas de coisas historicamente muito mais sérias para os críticos se indignarem. O texto desdobra muito bem uma série ampla de barbáries.

Duvido, por exemplo, que na sociedade mais igualitária de Cuba, onde saúde e educação são tão importantes quanto respirar e se alimentar, cidadãos sem compaixão invadiriam escolas para assassinar a torto e a direito seus colegas. Pois nos EUA, nesse lugar civilizado, democrático e aparentemente mais feliz, isso já aconteceu várias vezes. Se é um país tão cheio de virtudes assim, porque demonstram tanta violência para com os seus? (Sem falar do terrorismo de Estado perpetrado por sua política externa, tema que merecia todo um blog para ser melhor abordado.)

Afinal, quem está mais doente: CUBA ou EUA?

Comentários do GRITO PACÍFICO, mudando o mundo com você


OS FARISEUS E A DIGNIDADE

Por Emir Sader - 12/03/2010
Fonte: www.cartamaior.com.br - Blog do Emir


O que sabem os leitores dos diários brasileiros sobre Cuba? O que sabem os telespectadores brasileiros sobre Cuba? O que sabem os ouvintes de rádio brasileiros sobre Cuba? O que saberia o povo brasileiro sobre Cuba, se dependesse da mídia brasileira?

O que mais os jornalistas da imprensa mercantil adoram é concordar com seus patrões. Podem exorbitar na linguagem, para badalar os que pagam seu salários. Sabem que atacar ao PT é o que mais agrada a seus patrões, porque é quem mais os perturba e os afeta. Vale até dar espaco para qualquer mercenário publicar calúnias contra o Lula, para, depois jogá-lo de volta na lata do lixo.

No circo dessa imprensa recentemente realizado em São Paulo, os relatos dizem que os donos das empresas – Frias, Marinhos – tinham intervenções mais discretas, – ninguem duvida das suas posiçõoes de ultra-direita -, mas seus empregados se exibiam competindo sobre quem fazia a declaração mais extremista, mais retumbante, sabendo que seriam recolhidas pela mídia, mas sobretudo buscando sorrisinho no rosto dos patrões e, quem sabe, uns zerinhos a mais no contracheque no fim do mês.

Quem foi informado pela imprensa que há quase 50 anos Cuba já terminou com o analfabetismo, que mais recentemente, com a participação direta dos seus educadores, o analfabetismo foi erradicado na Venezuela, na Bolívia e no Equador? Que empresa jornalística noiticiou? Quais mandaram repórteres para saber como países pobres ou menos desenvolvidos conseguiram o que mais desenvolvidos como os EUA ou mesmo o Brasil, a Argentina, o México, náo conseguiram?

Mandaram repórteres saber como funciona naquela ilha do Caribe, pouco desenvolvida economicamente, o sistema educacional e de saúde universal e gratuito para todos? Se perguntaram sobre a comparação feita por Michael Moore no seu filme "Sicko" sobre os sistemas de saúde – em particular o brutalmente mercantilizado dos EUA e o público e gratuito de Cuba?

Essas empresas privadas da mídia fizeram reportagens sobre a Escola Latinoamericana de Medicina que, em Cuba, já formou mais de cinco gerações de médicos de todos os países da América Latina e inclusive dos EUA, gratuitamente, na melhor medicina social do mundo? Foi despertada a curiosidade de algum jornalista, econômico, educativo ou não, sobre o fato de que Cuba, passando por grandes dificuldades econômicas – como suas empresas não deixam de noticiar – não fechou nenhuma vaga nem nas suas escolas tradicionais, nem na Escola Latinoamericana de Medicina, nem fechou nenhum leito em hospitais?

Se dependesse dessas empresas, se trataria de um regime “decrépito”, governado por dois irmãos há mais de 50 anos, um verdadeiro “goulag tropical”, uma ilha transformada em prisão.

Alguém tentou explicar como é possivel conviver esse tipo de sociedade igualitária com a base naval de Guantánamo? Se noticiam regularmente as barbaridades que ocorrem lá, onde presos sob simples suspeita, são interrogados e torturados – conforme tantas testemunhas que a imprensa se nega em publicar – em condições fora de qualquer jurisdição internacional?

Noticiam que, como disse Raul Castro, sim, se tortura naquela ilha, se prende, se julga e se condena da forma mais arbitrária possível, detidos em masmorras, como animais, mas isso se passa sob responsabilidade norteamericana, desse mesmo governo que protesta por uma greve de fome de uma pessoa que – apesar da ignorância de cronistas da família Frias – não é um preso, mas está livre, na sua casa?

Perguntam-se por que a maior potência imperial do mundo, derrotada por essa pequena ilha, ainda hoje tem um pedaco do seu territorio? Escandalizam-se, dizendo que se “passou dos limites”, quando constatam que isso se dá há mais de um século, sob os olhos complacentes da “comunidade internacional”, modelo de “civilização”, agentes do colonialismo, da escravidão, da pirataria, do imperialismo, das duas grandes guerras mundiais, do fascismo?

Comparam a “indignação” atual dos jornais dos seus patrões com o que disseram ou calaram sobre Abu-Graieb? Sobre os “falsos positivos” (sabem do que se trata?) na Colômbia? Sobre a invasao e os massacres no Panamá, por tropas norteamericanas, que sequestraram e levaram para ser julgado em Miami seu ex-aliado e então presidente eleito do país, Noriega, cujos 30 anos foram completamente desconhecidos pela imprensa? Falam do muro que os EUA construíram na fronteira com o México, onde morre todos os anos mais gente do que em todo tempo de existência do muro de Berlim? A ocupação brutal da Palestina, o cerco que ainda segue a Gaza, é tema de seus espacos jornalisticos ou melhor calar para que os cada vez menos leitores, telespectadores e ouvintes possam se recordar do que realmente é barbarie, mas que cometida pela “civilizada” Israel – que ademais conta com empresas que anunciam regularmente nos orgãos dessas empresas – deve ser escondida? Que protestos fizeram os empregados da empresa que emprestou seus carros para que atuassem os servicos repressivos da ditadura, disfarçaados de jornalistas, para sequestrar, torturar, fuzilar e fazer opositores desaparecerem? Disseram que isso “passou de todos os limites” ou ficaram calados, para não perder seus empregos?

Mas morreu um preso em Cuba. Que horror! Que oportunidade para bajular os seus patrões, mostrando indignação contra um país de esquerda! Que bom poder reafirmar diante deles que se se foi algum dia de esquerda, foi um resfriado, pego por más convivências, em lugares que não frequentam mais; já estão curados, vacinados, nunca mais pegarão esse vírus. (Um empregado da família Frias, casado com uma tucana, orgulha-se de ter ido a todos os Foruns Econômicos de Davos e a nenhum Fórum Social Mundial.
Ali pôde conhecer ricaços e entrevistá-los, antes que estivessem envoldidos em escândalos, quebrassem ou fossem para a prisão. Cada um tem seu gosto, mas não dá para posar como “progressista”, escolhendo Davos a Porto Alegre.)

Não conhecem Cuba, promovem a mentira do silêncio, para poder difamar Cuba. Não dizem o que era na época da ditadura de Batista e em que se transformou hoje. Não dizem que os problemas que têm a ilha é porque não quer fazer o que fez o darling dessa midia, FHC, impondo duro ajuste fiscal para equilibrar as finanças públicas, privatizando, favorecendo o grande capital, financeirizando a economia e o Estado. Cuba busca manter os direitos universais a toda sua população, para o que trata de desenvolver um modelo econômico que não faça com que o povo pague as dificuldades da economia. Mentem silenciando sobre o fato de que, em Cuba, não há ninguem abandonado nas ruas, de que todos podem contar com o apoio do Estado cubano, um Estado que nunca se rendeu ao FMI.

Cuba é a sociedade mais igualitária do mundo, a mais solidária, um país soberano, assediado pelo mais longo bloqueio que a história conheceu, de quase 50 anos, pela maior potência econômica e militar da história. Cuba é vítima privilegiada da imprensa saudosa do Bush, porque se é possivel uma sociedade igualitária, solidária, mesmo que pobre, que maior acusação pode haver contra a sociedade do egoísmo, do consumismo, da mercantilizacao, em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra?

Como disse Celso Amorim, o Ministro de Relações Exteriores do Brasil: os que querem contribuir a resolver a situação de Cuba tem uma fórmula muito simples – terminem com o bloqueio contra a ilha. Terminem com Guantanamo como base de terrorismo internacional, terminem com o bloqueio informativo, dêem aos cubanos o mesmo direito que dão diariamente aos opositores ao regime – o do expor o que pensam. Relatem as verdades de Cuba no lugar das mentiras, do silêncio e da covardia.

Diante de situações como essa, a razão e a atualidade de José Martí:

“Há de haver no mundo certa quantidade de decoro,
como há de haver certa quantidade de luz.
Quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros
que têm em si o decoro de muitos homens.
Estes são os que se rebelam com força terrível
contra os que roubam aos povos sua liberdade,
que é roubar-lhes seu decoro.
Nesses homens vão milhares de homens,
vai um povo inteiro,
vai a dignidade humana…

segunda-feira, 8 de março de 2010

ANJOS DE SAIA, TE CONVOCAMOS

Precisamos de ti, como a vida da luz!
Mulheres haitianas, iraquianas, palestinas...
Rugas de sofrimento já em rostos de meninas?
Biografias e provações cortejadas pela cruz.

Quantas fúrias sacodem as entranhas do universo?
Mundos divididos pela ambição, pelo ódio, pelo medo.
O choro da natureza descansa em seios femininos.
Entre terremotos físicos e bélicos, escoam-se destinos.
Enquanto isso, casamentos instáveis degeneram cedo.
Vão-se esperanças e sequer ficam os versos!

Terras tremem, sobretudo com as guerras.
Discursos impecáveis tecem loas à democracia.
Dedos sujos de óleo apontam valores modernos.
As lutas por petróleo mancham a nossa utopia.
A política “branca” e masculina está em trevas.
Alternativas sensíveis precisam sair dos cadernos.

A poesia do Obama dissolveu-se na lama.
Enquanto soldados privatizam o Oriente Médio,
Planos afetivos e pacíficos se diluem no tédio
Sofrido por jovens viúvas norte-americanas.

Oh mulheres deste novo e nebuloso século,
Estamos grávidos de soluções mais humanas!
A racionalidade ocidental e patriarcal fracassou.
Chega de omitir, fingir, perambular em círculo!
Aqui no país, a oportunidade feminina chegou?
Corações ousados devem elevar mentes planas.

As teorias da Europa perderam fôlego.
As iniciativas dos EUA caíram em descrédito.
A mídia deste lado ignora a Ásia do outro.
A África ainda rasteja em descompasso trôpego.
A arredia Oceania parece oferecer pouca sintonia.
A América Latina vivencia eras de grande mérito.

Mulheres, tua participação é nossa salvação.
Ensina-nos como se regenera a civilização.
A natureza está ferida e quer ser melhor cuidada.
Oh anjos de saia, abençoem a nossa caminhada!

( Por Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Em homenagem ao Dia das Mulheres - 08/03/2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

Educação: o gargalo crítico do Brasil

Quando algo é óbvio demais, parecemos ficar cegos, como se embasbacados pelo excesso de uma luz difusa, preguiçosa e desmobilizadora. O caminho está na frente do nosso nariz, mas preferimos desviar o olhar, mirando-o, talvez, no umbigo atrofiado de nossa mentalidade coletivamente analfabeta.

Qual é o gargalo crítico que está atrasando nosso grandioso mas ainda nebuloso destino como potência inscrita nas fileiras soberanas do desenvolvimento mundial? O texto abaixo tenta balançar nossa consciência para aquele velho e renovado assunto que já ouvimos, concordamos e ignoramos “n” vezes ou mais...

EDUCAÇÃO. Essa é a senha para brilharmos sem medo. Para vencermos com dignidade. Para elevarmos o padrão precário, pontual e estreito de nossa cidadania. Para combatermos o monstro da corrupção, a chaga moral que estraga democracias com baixa consistência, transparência e participação.

Comentários do Grito Pacífico - "mudando o mundo com você"


O ÚLTIMO "GARGALO" DO BRASIL

Por Eduardo Guimarães - 04/03/2010

FONTE: http://edu.guim.blog.uol.com.br

Esse emburrecimento galopante que a guerra política entre tucanos e petistas está impondo ao país poderia dar uma trégua para que se discutisse alguma coisa de útil para o conjunto da sociedade. Por exemplo: poder-se-ia discutir qual é o próximo passo que o Brasil requer nesse processo desenvolvimentista em que se encontra.

Para o país chegar até o ponto em que está teve que vencer o que os economistas chamam de “gargalos”. É uma figura de retórica que simboliza problemas econômicos e carências sociais maiores do que as saídas existentes.

Até 15 anos atrás, havia vários problemas no caminho do desenvolvimento brasileiro: inflação descontrolada, miséria extrema, uma população dramaticamente deseducada e uma dívida externa aparentemente impagável. De lá para cá, quase todos esses problemas-baleia foram sendo equacionados por políticas públicas.

Durante os anos 1990, hiperinflação como a brasileira foi desaparecendo do cenário mundial. Hoje, são raros os países que têm aquelas inflações de mil, dois mil ou mais por cento que flagelavam o Terceiro Mundo.

No fim do século XX e início do século XXI, países como o Brasil implantaram programas sociais de transferência de renda que praticamente erradicaram ao menos a fome. Não se fala mais nessa tragédia social hoje no país.

Nos últimos anos, o Brasil, em particular, conseguiu anular o maior de seus problemas econômicos, a sua dívida externa, que era jocosamente chamada de dívida “eterna”. Hoje, o país se encontra na situação, antes inimaginável, de ter deixado de ser devedor para ser credor internacional.

Mas nos resta um último grande gargalo. Nos últimos dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que são referentes a 2008, os estudantes brasileiros ficaram na 53ª posição em matemática, entre 57 países, e na 48ª em compreensão de texto, em um ranking de 56 países.

Aí a explicação para notícias recentes de que sobram vagas de empregos no país por falta de qualificação dos candidatos. Essa é, claramente, a única barreira que o Brasil precisa transpor para se transformar em potência.

Com a economia aumentando de ritmo a cada dia, além de técnicos especializados em áreas como tecnologia da informação, por exemplo, onde os salários são estupendos, também já faltam padeiros, açougueiros, serralheiros, mestres de obras e tantos outros.

As vagas chegam a ficar abertas por até 4 meses. Oportunidades para esses profissionais não faltam. Nos centros estaduais e municipais de apoio ao trabalhador existem centenas de vagas a espera de candidatos qualificados, mas eles não existem.

É aí que o país ainda trava. Como crescer e se desenvolver com uma mão-de-obra de baixa qualidade?

O problema decorre de um sistema de ensino entre os piores do mundo. Sim, houve universalização do ensino básico. Atualmente, é desprezível o contingente de crianças fora da escola, ainda que nenhuma criança nessa situação possa ser desprezada.

O problema reside na qualidade do ensino. Não há professores, por exemplo. Os poucos que existem são, em grande parte, despreparados por conta dos baixos salários. É uma profissão que, no Brasil, em vez de atrair afasta. Muita responsabilidade e esforço para pouca remuneração.

Dizer-se professor, em países desenvolvidos, é um privilégio. No Brasil, é uma profissão sem passado, sem presente e, até aqui, sem futuro.

O país deveria estar buscando fórmulas de como melhor aproveitar o momento magnífico que atravessa. E tal discussão deveria priorizar esse que é o seu último grande entrave. Seria sonhar alto demais esperar que os candidatos a presidente debatessem seus planos para a Educação em vez de se engalfinharem?

terça-feira, 2 de março de 2010

ALTERCOM: Associação da Mídia Alternativa

Outra mídia é necessária e uma organização nacional para esse fim está nascendo, prometendo fazer contraponto ao poderio desproporcional da grande mídia elitista e conservadora.

A caminhada será longa e os obstáculos desafiadores. A bandeira que impulsionou esta associação é fruto do acúmulo de debates da Conferência Nacional de Comunicação.

Uma boa e inovadora característica da Altercom é que ela abrirá espaço para a representação de blogueiros que estão ajudando a descentralizar a informação.

Devemos divulgar esta iniciativa, apoiar seus passos e perenizar sua missão!

(Comentários do Grito Pacífico - mudando o mundo com você)


Criada a Altercom -- associação da "outra" mídia

por Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador

Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br - 01/03/2010

Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação.

Esse foi o nome aprovado no sábado, para a entidade que deve reunir editoras, sites, produtoras de vídeo, de rádio, revistas, jornais, blogueiros, agências de comunicação e tantos outros que não se sentem representados pelo condomínio comandado por Abril/Globo/Folha/Estadão, nem tem peso econômico para atuar junto às grandes teles.

O nome fantasia da nova associação será ALTERCOM.

A entidade é fruto de quase seis meses de debate. Mais que tudo, é fruto da experiência concreta.

A ALTERCOM surgiu como resultado das articulações inciadas durante a Confecom - Conferência Nacional de Comuncação.

Como já escrevi aqui, um grupo de pequenos empresários da comuncação conseguiu eleger uma bancada de 20 delegados por São Paulo, para participar da Confecom. O grupo, conhecido como G-20, não se alinhava nem com as teles (conglomerados milionários que chegaram ao Brasil recentemente, e também estão em guerra contra os velhos barões da mídia), nem com o setor tradicional de jornais/revistas e radiodifusão no Brasil.

O G-20 ajudou a aprovar muitos princípios importantes na Confecom - incluindo a criação do "Conselho Nacional de Comunicação".

A turma do G-20 percebeu, então, que havia espaço e necessidade para se criar uma entidade que articulasse permanentemente esse setor.

No último sábado, o G-20 ficou maior. Um grupo de 40 ou 50 pessoas (o pessoal da "CartaMaior" deve divulgar depois um balanço mais detalhado) se reuniu em São Paulo e tomou a decisão de criar a entidade, que terá uma dupla função: defender as posições políticas e os interesses econômicos dos pequenos empresários (alguns nem tão pequenos assim) e dos empreendedores individuais da comunicação.

Defender as posições políticas significa participar do debate nacional. Exemplo: se a ABERT (que representa a Globo) ou a ANER (que representa a Abril, basicamente) divulgam uma carta criticando a Confecom, por atentar contra a "liberdade de expressão", nosa entidade poderia fazer o contraponto, em nomes dos empresários e empreendedores que não se alinham com o grande capital.

A defesa dos intereses econômicos significa luta para que a repartição das verbas públicas de publicidade seja mais justa, ajudando a incentivar uma diversidade maior de vozes no Brasil. Num segundo momento, pode significar também uma articulação para que os pequenos conquistem parte da verba dos grandes anunciantes privados - por que, não?

Alguns dos presentes na reunião do último sábado propuseram que a entidade trouxesse em seu nome a marca da "midia alternativa". Queriam que a entidade fosse a Associação da Midia Alternativa. O argumento é que essa marca "alternativa" é usada no mundo todo, e seria também uma referência à "imprensa alternativa" (jornais como Opinião, Movimento, Pasquim, Em Tempo, EX, e tantos outros) que cumpriu papel importante na passagem dos nos 70 para os 80 no Brasil.

Mas a maioria preferiu manter essa marca de "alternativo" fora do nome, por entender que poderia trazer a impressão de algo precário, sem qualidade. No Brasil atual, quando falamos em "alternativo", muita gente pensa em algo feito de improviso, sem muita técnica.

Sabemos que não é uma visão justa. Mas a maioria preferiu deixar claro que esse grupo não reúne gente amadora, mas um pessoal disposto a comprar a briga com os grandes - de forma séria, competente, e profissional sempre que possivel.

De toda forma, a referência ao "alternativo" de outros tempos (que muito nos orgulha) ficou implícita na sigla - ALTERCOM.

O "alter" pode ser lido também como "outro", diferente. E aí há uma associação direta com a idéia do "outro mundo é possível" - tão presente no Forum Social Mundial.

Não vou me adiantar mais. Até porque tudo isso deve constar da carta de princípios e do estatuto da entidade - que devem estar prontos em 15 dias. Aí, nova assembléia será convocada, para aprovação oficial da ALTERCOM.

A idéia é que dela façam parte revistas (como "Caros Amigos" e "Fórum"), sites (como "CartaMaior"), editoras (como "Boitempo" e "Paulinas"), webTVs (como "allTV"), jornais do interior (como "ABCD Maior"), além de agências de comunicação e produtoras de conteúdo para cinema, teatro, rádio. Todas essas são empresas constituídas, de forma convencional, com CNPJ, funcionários, sede, contrato em cartório. O que as diferencia é o conteúdo que oferecem, e o posicionamento polítco de seus proprietários.

Mas a ALTERCOM vai abrir espaço também - e aí, parece-me, está um grande diferencial da nova associação - para centenas de "empreendedores" individuais surgidos nos últimos anos no Brasil. Quase todos são blogueiros (como esse "Escrevinhador") que ajudaram a quebrar a lógica da comunicação verticalizada.

Blogueiros como Eduardo Guimarães ("Cidadania.com"), Marcelo Salles ("Fazendo Media") e Luiz Carlos Azenha ("VioMundo") já avisaram que vão participar da ALTERCOM.

Quem se associar pagará uma pequena contribuição (certamente, haverá valores diferenciados para "empresas" e "empreendedores individuais").

A ALTERCOM pretender ser uma entidade nacional, aberta. Pode ser um embrião para muitas experiências inovadoras. Tenho certeza.

Em 20 ou 30 dias, ela deve estar funcionando oficialmente, com registro em cartório, site, escritório de representação.

Blogueiros de todo o país que quiserem participar devem ficar atentos. Em duas semanas, teremos mais novidades.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

OPINANDO: Por uma oposição menos "suja"

Exponho abaixo o comentário que fiz sobre o texto "Por que Serra deverá concorrer", redigido e postado por Eduardo Guimarães, nos primeiros minutos do dia 28/02/2010, no seu blog http://edu.guim.blog.uol.com.br, que por sinal lhes recomendo.

A tese sobre a qual me posiciono refere-se ao entendimento de que a oposição precisa do Serra para continuar existindo e que todo governo de situação precisa de uma oposição atuante que o fiscalize.


"Tendo a discordar em parte com o teor de sua reflexão.

Oposição política é saudável e sempre necessária, mas ela deve ser mais qualificada; em outras palavras, jogar menos sujo.

O estilo Serra e a postura de sua mídia, que também é a mídia que pauta grandemente a opinião média do brasileiro, não ajudam em nada a garantir e fazer valer uma oposição digna, à altura da democracia política que merecemos.

Além disso, o "controle político" não se resume apenas à intervenção partidária. Em uma perspectiva pública e coletiva mais ampla, a sociedade civil como um todo, através de suas associações, movimentos e grupos organizados, deve participar ativamente, mesmo que indiretamente, da fiscalização do poder executivo, de forma a evitar desmandos e inibir totalitarismos."

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

HAITI: a pátria circunstancial dos EUA

"O compromisso com o Haiti não é novo nem circunstancial", disse recentemente o governo brasileiro em uma nota na qual informa que essa é a terceira vez que Lula viaja ao país, o qual já visitou em agosto de 2004 e em maio de 2008, o que "confirma a prioridade conferida ao Haiti pela política externa brasileira".

Fui um pouco “oportunista”, pois decidi começar esta crônica com um parágrafo ao qual eu nunca fui explicitamente chamado, retirado a propósito desta notícia ("Lula chega ao Haiti para expressar apoio e assinar acordos"), que acabei de ler no Portal Ig. Aproveitando meu momento “cafajeste”, cometerei um novo “pecado”, se bem que atenuado o suficiente para ser logo perdoado, pois a nova referência que evoco consiste em uma outra crônica minha sobre o mesmo assunto: "Militarizando o desserviço ao Haiti".

Façamos agora um exercício hipotético de turismo patriótico. Imagine-se acordando brasileiro, no transcorrer do dia se tornando norte-americano para depois dormir haitiano. É possível assumir nacionalidades diferentes como quem muda de roupa? Até as máscaras bonitinhas que camuflam nossas eventuais intenções mesquinhas precisam de um tempo mínimo para decantarem, se ajustarem e se acostumarem com os padrões dominantes de hipocrisia que se prestam a dissimular.

Vamos dar um zoom na frase primeira e central que motivou esse texto: “o compromisso com o Haiti não é novo vem circunstancial”. Em outras palavras, o Brasil não tem essa mania cinematográfica (hollyudiana mesma, literalmente falando, e belicamente também) de se arvorar na condição pop de superpaís, de superpotência aventureira que sai distribuindo bases militares mundo afora a pretexto, por exemplo, de proteger e vigiar os mares alheios contra monstros terroristas e ocasionalmente atômicos que ameacem perturbar as fronteiras “modernamente democráticas” dos países aliados; como Israel no Oriente Médio e Colômbia na América Latina.

Como todo super-herói tem poderes extraordinários e se acha imbuído de missões as mais diversas - ainda que novas e circunstanciais, frise-se bem -, os EUA nunca mais seriam os mesmos se não tivessem estendido seus tapetes altruístas e caridosos para o Haiti, duramente vitimado por um terremoto cujos impactos parecem ter sacudido espiritualmente o coração de toda a diplomacia norte-americana. (Vale acrescentar que essa triste sina do Haiti, como o escritor Eduardo Galeano relembrou, remonta às políticas sujas e invasivas que os mesmos EUA já aprontaram.)

Pois bem, a reação dos EUA foi olímpica, peremptória, esplendorosa, digna do Oscar do Oportunismo, sequer se lembrando de dialogar com a ONU e planejar melhor as coisas com a missão brasileira que já vinha liderando as operações por lá: instituíram um fundo Clinton-Bush (usando o nome indigesto do Bush) para arrecadar donativos, se apossaram do espaço aéreo para controlar do jeito deles a ajuda estrangeira e, o que foi efetivamente controverso, mandaram 12.000 soldados para “passear” no Haiti, como se o povo nativo fosse apático e não tivesse braços para acolher os feridos e pernas para avançar no enfrentamento de seus dramas, contando necessariamente com o suporte já estabelecido (e que passaria por emergencial ampliação) de vários organismos e serviços humanitários, incluindo relevantes ações cubanas de saúde.

Essa é a lição de ética (geralmente pelo avesso) que aprendemos com os EUA. Surge (ou fabrica-se) uma propagação de epidemia (como a gripe suína), suas indústrias de remédio são as primeiras a “ajudar” e lucrar. Quando sentem cheiro de petróleo no ar, rasgam soberanias de países frágeis para com novos negócios “cooperar” e lucrar. Quando algum presidente não lhes diz amém e ousam remar na maré oposta ao neo-liberalismo, dão uma aula-show de anti-jornalismo, visando “desinformar” e lucrar.

Portanto, em vez de terem mobilizado um “exército verde” de ambientalistas sérios e competentemente autorizados a evitar o fracasso da Conferência do Clima ocorrida ano passado em Copenhage, na Dinamarca; os EUA valeram-se da “sorte geopolítica” trazida pela fúria da natureza contra o Haiti, e, da noite para o dia, metamorfosearam-se (como se iluminados provisoriamente por um mandato divino imperial) em seus superanjos salvadores, carregando nessa travessia pseudocivilizatória as asas manchadas sabe-se lá com quantos interesses inconfessáveis, diabólicos.