Quando algo é óbvio demais, parecemos ficar cegos, como se embasbacados pelo excesso de uma luz difusa, preguiçosa e desmobilizadora. O caminho está na frente do nosso nariz, mas preferimos desviar o olhar, mirando-o, talvez, no umbigo atrofiado de nossa mentalidade coletivamente analfabeta.
Qual é o gargalo crítico que está atrasando nosso grandioso mas ainda nebuloso destino como potência inscrita nas fileiras soberanas do desenvolvimento mundial? O texto abaixo tenta balançar nossa consciência para aquele velho e renovado assunto que já ouvimos, concordamos e ignoramos “n” vezes ou mais...
EDUCAÇÃO. Essa é a senha para brilharmos sem medo. Para vencermos com dignidade. Para elevarmos o padrão precário, pontual e estreito de nossa cidadania. Para combatermos o monstro da corrupção, a chaga moral que estraga democracias com baixa consistência, transparência e participação.
Comentários do Grito Pacífico - "mudando o mundo com você"
O ÚLTIMO "GARGALO" DO BRASIL
Por Eduardo Guimarães - 04/03/2010
FONTE: http://edu.guim.blog.uol.com.br
Esse emburrecimento galopante que a guerra política entre tucanos e petistas está impondo ao país poderia dar uma trégua para que se discutisse alguma coisa de útil para o conjunto da sociedade. Por exemplo: poder-se-ia discutir qual é o próximo passo que o Brasil requer nesse processo desenvolvimentista em que se encontra.
Para o país chegar até o ponto em que está teve que vencer o que os economistas chamam de “gargalos”. É uma figura de retórica que simboliza problemas econômicos e carências sociais maiores do que as saídas existentes.
Até 15 anos atrás, havia vários problemas no caminho do desenvolvimento brasileiro: inflação descontrolada, miséria extrema, uma população dramaticamente deseducada e uma dívida externa aparentemente impagável. De lá para cá, quase todos esses problemas-baleia foram sendo equacionados por políticas públicas.
Durante os anos 1990, hiperinflação como a brasileira foi desaparecendo do cenário mundial. Hoje, são raros os países que têm aquelas inflações de mil, dois mil ou mais por cento que flagelavam o Terceiro Mundo.
No fim do século XX e início do século XXI, países como o Brasil implantaram programas sociais de transferência de renda que praticamente erradicaram ao menos a fome. Não se fala mais nessa tragédia social hoje no país.
Nos últimos anos, o Brasil, em particular, conseguiu anular o maior de seus problemas econômicos, a sua dívida externa, que era jocosamente chamada de dívida “eterna”. Hoje, o país se encontra na situação, antes inimaginável, de ter deixado de ser devedor para ser credor internacional.
Mas nos resta um último grande gargalo. Nos últimos dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que são referentes a 2008, os estudantes brasileiros ficaram na 53ª posição em matemática, entre 57 países, e na 48ª em compreensão de texto, em um ranking de 56 países.
Aí a explicação para notícias recentes de que sobram vagas de empregos no país por falta de qualificação dos candidatos. Essa é, claramente, a única barreira que o Brasil precisa transpor para se transformar em potência.
Com a economia aumentando de ritmo a cada dia, além de técnicos especializados em áreas como tecnologia da informação, por exemplo, onde os salários são estupendos, também já faltam padeiros, açougueiros, serralheiros, mestres de obras e tantos outros.
As vagas chegam a ficar abertas por até 4 meses. Oportunidades para esses profissionais não faltam. Nos centros estaduais e municipais de apoio ao trabalhador existem centenas de vagas a espera de candidatos qualificados, mas eles não existem.
É aí que o país ainda trava. Como crescer e se desenvolver com uma mão-de-obra de baixa qualidade?
O problema decorre de um sistema de ensino entre os piores do mundo. Sim, houve universalização do ensino básico. Atualmente, é desprezível o contingente de crianças fora da escola, ainda que nenhuma criança nessa situação possa ser desprezada.
O problema reside na qualidade do ensino. Não há professores, por exemplo. Os poucos que existem são, em grande parte, despreparados por conta dos baixos salários. É uma profissão que, no Brasil, em vez de atrair afasta. Muita responsabilidade e esforço para pouca remuneração.
Dizer-se professor, em países desenvolvidos, é um privilégio. No Brasil, é uma profissão sem passado, sem presente e, até aqui, sem futuro.
O país deveria estar buscando fórmulas de como melhor aproveitar o momento magnífico que atravessa. E tal discussão deveria priorizar esse que é o seu último grande entrave. Seria sonhar alto demais esperar que os candidatos a presidente debatessem seus planos para a Educação em vez de se engalfinharem?
sexta-feira, 5 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário