segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Novelinha" da Globo é desmascarada

Telespectadores não têm cara de palhaço e não é sempre que a Rede Globo, com suas histórias malcontadas, consegue fazer o Brasil de bobo. A emissora armou uma encenação para culpabilizar o MST e tentar minar (pela enésima vez) este movimento social perante a opinião pública. Tirando as balas truculentas que atingiram alguns integrantes do MST, pode-se dizer que o "tiro" midiático da Globo saiu pela culatra. A Globo não teve a "competência" de comprar, usar e calar todos os atores dessa sua novelinha de final infeliz e motivação criminosa. Palmas para o repórter Victor Haor, cuja consciência sentiu mais fundo, falou mais alto e ficou mais leve.

(Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

CAIU A FARSA DA GLOBO SOBRE O CONFLITO COM O MST

Por MAX COSTA

FONTE: Texto circulado pela Rede 3 Setor no dia 26/04/2009 (http://br.groups.yahoo.com/group/3setor)

Desde o início, a história estava mal contada. Um novo conflito agrário no interior do Pará, em que profissionais do jornalismo teriam sido usados como escudo humano pelo MST e mantidos em cárcere privado pelo movimento, em uma propriedade rural, cujo dono dificilmente tinha seu nome revelado. Quem conhecia e acompanhava um pouco da história desse conflito sabia que isso se tratava de uma farsa. A população, por sua vez, apesar de aceitar a criminalização do MST pela mídia e criticar a ação do movimento, via que a história estava mal contada.

As perguntas principais eram: Como o cinegrafista, utilizado como escudo humano - considero aqui a expressão em seu real sentido e significados -, teria conseguido filmar todas as imagens? Como aconteceu essa troca de tiros, se as imagens mostravam apenas os "capangas" de Daniel Dantas atirando? Como as equipes de reportagem tiveram acesso à fazenda se a via principal estava bloqueada pelo MST? Por que o nome de Daniel Dantas dificilmente era citado como dono da fazenda e por que as matérias não faziam uma associação entre o proprietário da fazenda e suas rapinagens?

Para completar, o que não explicavam e escondiam da população: as equipes de reportagem foram para a fazenda a convite dos proprietários e com alguns custos bancados - inclusive tendo sido transportados em uma aeronave de Daniel Dantas - como se fossem fazer aquelas típicas matérias recomendadas, tão comum em revistas de turismo, decoração, moda e Cia (isso sem falar na Veja e congêneres).

Além disso, por que a mídia considerava cárcere privado o bloqueio de uma via? E por que o bloqueio dessa via não foi impedimento para a entrada dos jornalistas e agora teria passado a ser para a saída dos mesmos? Quer dizer então que, quando bloqueamos uma via em protesto, estamos colocando em cárcere privado, os milhares de transeuntes que teriam que passar pela mesma e que ficam horas nos engarrafamentos que causamos com nossos legítimos protestos?

Pois bem, as dúvidas eram muitas. Não apenas para quem tem contato com a militância social, mas para a população em geral, que embora alguns concordassem nas críticas da mídia ao MST, viam que a história estava mal contada. Agora, porém, essa história mal contada começa a ruir e a farsa começa a aparecer. Na tarde de ontem, o repórter da TV Liberal, afiliada da TV Globo, Victor Haor, depôs ao delegado de Polícia de Interior do Estado do Pará. Em seu depoimento, negou que os profissionais do jornalismo tenham sido usados como escudo humano pelos sem-terra, bem como desmentiu a versão - propagada pela Liberal, Globo e Cia. - de que teriam ficado em cárcere privado.

Está de parabéns o repórter - um trabalhador que foi obrigado a cumprir uma pauta recomendada, mas que não aceitou mais compactuar com essa farsa. Talvez tenha lhe voltado à mente o horror presenciado pela repórter Marisa Romão, que em 1996 foi testemunha ocular do Massacre de Eldorado dos Carajás e não aceitou participar da farsa montada pelos latifundiários e por Almir Gabriel, vivendo desde então sob ameaças de morte.

A consciência deve ter pesado, ou o peso de um falso testemunho deva ter influenciado. O certo é que Haor não aceitou participar até o fim de uma pauta encomendada, tal quais os milhares de crimes que são encomendados no interior do Pará. Uma pauta que mostra a pistolagem eletrônica praticada por alguns veículos de comunicação e que temos o dever de denunciar.

MAX COSTA

Jornalista/Belém

domingo, 26 de abril de 2009

Iniciativas e Livros que Fazem Diferença


O ser humano, mesmo quando economicamente carente, não perde (necessariamente) sua fome de leitura. Talvez, através do mundo mágico da leitura, tais pedientes possam descobrir emoções novas, ausentes na vida real; e confidenciar sorrisos íntimos para sua alma, tão digna de alimento cultural quanto qualquer outro par da espécie humana.

(Iniciativa aplaudida pelo Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

VALE MAIS QUE UM TROCADO

Por Rodrigo Ratier

FONTE: http://revistaescola.abril.uol.com.br/gestao-escolar/diretor/vale-mais-trocado-432764.shtml

"É preciso saber viver..."

Ambulantes, pedintes e moradores de rua não esperam só por dinheiro dos motoristas parados no sinal vermelho. Sem pagar pra ver, eu vi.

CAMINHO LIVRE: A cada livro oferecido em vez de esmola, um leitor descoberto.

"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?" Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.

Para começar, acomodei 45 obras variadas - do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier - em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.

Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:

- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.

Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro - "Esse do castelo, que deve ser de mistério" - para presentear a mulher que o esperava na calçada.

Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:

- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:

- Sabe ler?, perguntei.

- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:

- Sim. Sei, sim.

- Em que ano você está?

- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.

Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.

Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro...

- Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.

Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.

* os nomes foram trocados para preservar os personagens.

Sociedade deve renovar o Congresso

Ótima notícia. Parece até dizer o óbvio, mas revela, isso sim, e sem o menor rodeio, os bastidores retrógrados, improdutivos e despreparados de nossos congressistas. Alguém precisa avisá-los que os tempos mudaram e a sociedade já não dorme e se omite tanto como antigamente.

Em meio às toneladas de lixo da internet, encontramos cada vez mais informações preciosas, honrosas e renovadoras - que a cada dia contribuem para promover a transparência política e a conscientização do povo; inclusive sobre o destino muitas vezes volátil (ou, melhor exemplificando, aéreo - vide o escândalo do carnaval de passagens) dos impostos tão suados subtraídos dos contribuintes.

Mas não é bom para nenhum país que arvora brilhar como potência ter um Congresso perdido na Idade da Pedra. Que a sociedade coloque lá gente mais civilizada para os novos tempos, em que fazer política virará coisa séria e qualquer fumaça de corrupção será prontamente denunciada por uma população então vigilante.

Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você!

COLUNISTA DO JC DIZ QUE SOCIEDADE JÁ É MELHOR QUE O PARLAMENTO
Por FERNANDO CASTILHO* - 24/04/2009

FONTE: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/noticias/2009/04/24/colunista_do_jc_diz_que_sociedade_ja_e_melhor_que_o_parlamento_45233.php

A sociedade brasileira está há pelo menos uma geração (em termos de qualidade) do que nosso Congresso. O crescimento do que os analistas chamam de inclusão digital pegou os congressistas e seus auxiliares apadrinhados despreparados intelectualmente para um novo modelo de controle social que todos, rigorosamente todos, não estão preparados.

E escândalos como os das passagens serão apenas o começo de uma nova vigilância social que daqui a uma, duas ou três legislaturas, devem mudar a cara do Parlamento brasileiro, livrando-nos desse tipo de proto-parlamentar.

O que os deputados e o exército de assessores que eles levaram para Brasília apenas para cumprir cotas de compromissos de campanha não perceberam é que nos últimos anos uma palavrinha que muitos apoiaram demagogicamente seria a ferramenta que a sociedade teria para fiscalizar o Congresso.

Mais do que a Imprensa, a Justiça, o Tribunal de Contas da União e a Oposição: Transparência.

Assim, sob o manto da Transparência, o governo federal, e por consequência, os estaduais e municipais, tiveram que colocar suas contas na Internet, criar portais de acompanhamento de convênios e até quanto o Banco do Brasil deposita diariamente nas contas de cada prefeito está lá na Internet.

Muitos deputados até se armaram para informar sua atuação nos seus sitie, pois achavam que era só isso. Não era.

Qualquer analista que ler o nível de projetos apresentados individualmente pela maioria dos congressistas vai ficar espantado com a baixa qualidade. Prestação de Contas não é tabelinha de gastos na página pessoal.

E por que essa queda de qualidade é tão grande? Porque o nível intelectual do Congresso é um dos mais baixos da história. É isso que ajuda ao Executivo a desmoralizá-lo todo dia. Assim como o STF que não está legislando, mas está corrigindo a produção ruim que sai do Congresso. Isso não quer dizer que na casa não existam parlamentares bem preparados e imbuídos do desejo de servir ao contribuinte, mas eles estão em postos de comando?

E essa baixa produção se reflete no seu cotidiano. Eles simplesmente não aprenderam a fazer Oposição. Não cuidam de capturar dados do Governo em fontes primárias disponíveis na Internet. A maioria só entra na Internet para consultar e-mail, ler os blogs de política, as colunas sociais e ler rapidamente os jornais. Quantos deles (ou mesmos seus assessores técnicos) são capazes de construir um relatório compilando dados para sustentar um projeto? Na verdade, esses assessores não sabem fazer os pedidos. Assim, o parlamentar passa o tempo se articulando para ver como será financiada a próxima campanha.

Essa falta de contato com a realidade da imprensa digital brasileira, com o tratamento dos dados postados com informações facilmente cruzáveis e especialização da mídia eletrônica, detonou um processo que não vai parar.

Justiça se faça: está sendo muito divertido ver parlamentares radicais, aos conhecidos por suas atuações escabrosas, além dos líderes, virem a público explicar que mandaram familiares viajar. Embora seja constrangedor ouvir deputados se arvorarem de defensores do chamado Baixo Clero.

Essa onda de denúncias vai moralizar o Congresso? Esse daí, não.

Talvez nem o próximo.

Mas vale a velha regra: a sociedade só caminha para frente. Até lá, o pessoal dos sites da mídia digital vão fazendo a sua parte, ganhando audiência para o terror de muito parlamentar que achava que estar inserido digitalmente era comprar um novo notebook numa viagem ao exterior com a patroa pago pelo dinheiro do contribuinte.

*FERNANDO CASTILHO assina a coluna JC Negócios, de terça a domingo, no Jornal do Commercio.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bate-boca no STF ecoa insatisfação...

Juntei aqui no blog três notícias sobre o recente mal-estar do STF (Supremo Tribunal Federal) que chocou a opinião pública. A primeira matéria sintetiza a discussão. A segunda expressa uma reação amenizadora dos ministros que testemunharam o incidente. A terceira ilustra posicionamentos distintos de senadores sobre o caso em tela.

Venho comunicar que não sou um dos 8 ministros que, por cordialidade protocolar, apoiou o ministro Gilmar Mendes. Porém, de forma mil vezes mais soberana e legítima, estou (estamos) entre os (prováveis) 180 milhões de brasileiros e brasileiras que, por almejarem um mundo melhor, reivindicam conseqüentemente um país mais justo; e isso passa pela sensibilização e renovação ética do STF (Supremo Tribunal Federal).

Utilizemos nossas listas de contatos e espaços comunicativos para propagar essa corrente em prol da moralidade e integridade na Justiça, de forma a aplaudir e respaldar o exemplo de firmeza manifestado pelo ministro Joaquim Barbosa, ao externar uma insatisfação que estava há muito engasgada na consciência agredida dos cidadãos de nosso querido Brasil, ainda tão injusto em matéria de justiça.

FAVOR REENCAMINHAR ESSA POSTAGEM PARA PELO MENOS OITO PESSOAS, A FIM DE QUE ESSA ONDA MOBILIZADORA RAPIDAMENTE SE MULTIPLIQUE...

( Eco extraordinário do Grito Pacífico, mudando o mundo com você )

MINISTROS DO STF BATEM BOCA; BARBOSA DIZ QUE MENDES DESTRÓI CREDIBILIDADE DA JUSTIÇA

FONTE: por Gabriela Guerreiro, da Folha Online - 22/04/2009
LINK: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u554762.shtml (com o vídeo da discussão)

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa bateram boca nesta quarta-feira no plenário do tribunal. Barbosa acusou o presidente da Corte de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira" durante o julgamento de duas ações --referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro privilegiado. Veja o vídeo da discussão. [no link informado]

"Vossa excelência me respeite. Vossa Excelência está destruindo a Justiça deste país e vem agora dar lição de moral em mim. Saia à rua, ministro Gilmar. Faça o que eu faço", afirmou Barbosa.

Em resposta, Mendes disse que "está na rua". Barbosa, por sua vez, voltou a atacar o presidente do STF. "Vossa Excelência não está na rua, está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro."

Irritado, Mendes também pediu "respeito" a Barbosa. "Vossa Excelência me respeite", afirmou. "Eu digo a mesma coisa", respondeu o ministro.

Os ministros Carlos Ayres Britto e Marco Aurélio Mello atuaram como "bombeiros" para tentar encerrar o bate boca. "A discussão está descambando para um campo que não coaduna com a disciplina do Supremo", disse Marco Aurélio ao pedir o encerramento da sessão.

Barbosa chegou a afirmar que Mendes não estava falando com os seus "capangas de Mato Grosso". O ministro disse que decidiu reagir depois que Mendes tomou decisões incorretas sobre os dois processos analisados pela Corte.

"É uma intervenção normal regular. A reação brutal, como sempre, veio de Vossa Excelência. Eu simplesmente chamei a atenção da Corte para as conseqüências dessa decisão", afirmou Barbosa.

Mas Mendes reagiu: "Não, não. Vossa Excelência disse que faltei aos fatos. Não é verdade."

Em tom irônico, o Barbosa disse que o presidente do STF agiu com a sua tradicional "gentileza" e "lhaneza". Mendes reagiu ao afirmar que Barbosa é quem deu "lição de lhaneza (afabilidade)" ao tribunal. "Vamos encerrar a sessão", disse Mendes para encerrar o bate-boca.

A discussão ocorreu enquanto o plenário do STF analisava dois recursos apresentados ao tribunal contra leis julgadas inconstitucionais pela Corte. Uma das ações questiona a lei que criou o Sistema de Seguridade Funcional do Paraná, em 1999. O segundo recurso questiona lei, considerada inconstitucional pelo STF, que definiu que processos contra autoridades com foro privilegiado continuam sob análise do tribunal mesmo após o réu não estar mais na vida política.

Após o fim da sessão, os ministros se reuniram para discutir o episódio.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DE APOIO DOS MINISTROS DO STF A GILMAR MENDES
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FONTE: Folha Online - 23/04/2009
LINK: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u555039.shtml

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) divulgaram nesta quarta-feira nota oficial para reafirmar a confiança no presidente da Corte, Gilmar Mendes, que hoje trocou ofensas com o ministro Joaquim Barbosa no plenário do tribunal. A nota é assinada por oito dos 11 ministros do STF, uma vez que Barbosa e o próprio Mendes não subscrevem o comunicado. A ministra Ellen Gracie também não assinou o texto porque está fora de Brasília, em viagem ao exterior.

Gilmar Mendes nega crise institucional no STF e diz que bate-boca está superado
Blog do Josias: Bate-boca de ministros abre crise inédita no STF

Leia abaixo a íntegra da nota de apoio dos ministros do STF a Gilmar Mendes:

"Os ministros do Supremo Tribunal Federal que subscrevem esta nota, reunidos após a sessão plenária de 22 de abril de 2009, reafirmam a confiança e o respeito ao senhor ministro Gilmar Mendes na sua atuação institucional como presidente do Supremo, lamentando o episódio ocorrido nesta data."

A nota é assinada pelos ministros: Celso de Mello, Marco Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Menezes Direito.

SENADORES CRITICAM BATE-BOCA NO STF E SE DIVIDEM EM APOIO A MENDES E BARBOSA

FONTE: por Gabriela Guerreiro, da Folha Online - 23/04/2009
LINK: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u555269.shtml

Senadores criticaram nesta quinta-feira o bate-boca entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa. Parlamentares da base aliada governista e da oposição se mostraram surpresos com o bate-boca que suspendeu as atividades da Corte previstas para hoje. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) cobrou "respeito" dos integrantes do STF.

"Todos nós nos preocupamos com a forma como se conduziu ontem o áspero diálogo entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa. Será importante que os ministros do Supremo Tribunal Federal, mesmo quando em desacordo, possam refletir e tratarem-se todos com o respeito que caracterize o Supremo Tribunal Federal", afirmou.

Os senadores José Nery (PSOL-PA) e Paulo Paim (PT-RS) manifestaram solidariedade a Barbosa. Nery afirmou que o ministro "teve a felicidade de dizer o que muitos brasileiros gostariam de ter tido" ao acusar Mendes de arranhar a imagem do Judiciário.

"Ele mandou libertar duas vezes o banqueiro Daniel Dantas, com agilidade assombrosa. Recriminou e pediu punição contra o Juiz Federal Fausto De Sanctis e reforçou as acusações contra o delegado Protógenes Queiroz. O ministro presidente do Supremo Tribunal Federal deveria salvaguardar a nossa Constituição e deixar de apoiar o que tem de mais retrógrado na política brasileira. Ataca os movimentos sociais, ataca o Legislativo, ataca as ações da Polícia Federal, tenta intimidar governadores estaduais, tudo com grande apoio da mídia conservadora", disse Nery.

Paim, por sua vez, afirmou que o episódio comprova a necessidade do Poder Judiciário aumentar a transparência dos seus atos. "Por que o Judiciário não pode também mostrar o que acontece lá dentro, as divergências e quem é quem? Pode-se falar aqui, todos os dias, quem é o presidente do Senado, quem é o presidente da Câmara, quem é cada deputado, quem é cada senador. Mas alguém abre a caixa preta do Judiciário? Ninguém, ninguém, ninguém abre. Pela primeira vez na história eu ouvi um ministro com coragem de dizer", afirmou.

Na defesa de Mendes, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse que a conduta do presidente do STF "tem sido irretocável" desde que assumiu o cargo. "O Estado democrático de direito só opera em toda a sua plenitude quando figuras másculas, que têm a função institucional do tamanho daquela que é enfeixada pelo Ministro Gilmar Mendes, pontificam", afirmou.

Irritado com a onda de denúncias que o Legislativo, o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse que o episódio deve ser "minimizado" para que a população brasileira "não fique desacreditada" em mais um Poder. "Eu vejo com preocupação os nossos Poderes, principalmente o Legislativo e o Judiciário, serem massacrados, acredito até com intenções políticas", disse o tucano.

terça-feira, 21 de abril de 2009

MENSAGEM: Ler Devia Ser Proibido

Reproduzo interessante mensagem sobre os perigos (inquestionavelmente positivos) da leitura, extraído de: http://www.meiapalavra.com.br/printthread.php?tid=2654. O texto originou um vídeo resumido que se tornou famoso: http://www.youtube.com/watch?v=57hum9zwjZc.

LER DEVIA SER PROIBIDO

Por Guiomar de Grammon


A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

FONTE: Guiomar de Grammon, In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. Págs.71-73.

Decidi me afastar do Orkut

Amigos e amigas, e colegas virtuais como um todo, utilizo o espaço do meu blog para comunicar que decidi no dia 20 de abril de 2009, por um prazo indeterminado, me afastar da rede social Orkut, da qual pertencia há mais de dois anos e meio.

A principal conseqüência disso, no que se refere aos meus escritos sociais de divulgação pela internet, será a suspensão da seção semanal Minuto Poético, onde publiquei, continuamente, 102 poesias com enfoque basicamente social, razão pela qual passei a me autodenominar Poeta do Social, alcunha essa já impregnada de forma irremediável em minha alma artística, cujos frutos continuarão sendo colhidos de forma seletiva neste blog.

Aos que já leram alguma poesia minha pelo Orkut e que estejam tomando conhecimento deste comunicado, recebam sinceramente o meu muito obrigado. Espero poder lançar, a médio prazo, um livro solo de poesias dedicadas a esta militância sócio-artística.

Após esse necessário parêntesis, vou expor os motivos de minha saída. Primeiro, esclareço que não foi por motivos traumáticos (risos). Ninguém nunca tentou me ofender, agredir ou mesmo seqüestrar (até porque perderiam tempo) em função de minha exposição através do Orkut. Tampouco significa um protesto contra a Google, empresa dona do sistema.

Minha motivação determinante foi de ordem cronológica. Calma, não envelheci ainda e nem perdi a coordenação motora das mãos. Porém, não tenho mais o mesmo tempo livre que tinha quando me cadastrei a princípio no Orkut. Melhor dizendo, o tempo agora que disponho precisa ser priorizado com mais intensidade e objetividade à consolidação da minha vida profissional e à construção de minha independência financeira.

Brincadeiras e confidências à parte, com uma pitada mal disfarçada de drama (risos de novo), faço questão de evidenciar minha amizade - seja próxima ou remota, explícita ou silenciosa, discreta ou expansiva - por todos aqueles e todas aquelas que integraram e enriqueceram a minha rede virtual de contatos reais propiciados pelo sistema do Orkut.

Por mais que inventem e se popularizem dezenas de redes como essa, dentre outras maravilhas e artefatos do inesgotável mundo virtual, creio que nada substituirá a importância efetiva e afetiva da comunicação presencial, ou, quando isto for impossível, da troca de correspondências personalizadas por e-mail ou equivalentes, que praticamente substituíram há menos de duas décadas as antigas e tradicionais cartas manuscritas remetidas via Correio.

Embora eu também seja vítima disso, como todos nós que tecemos a contemporaneidade, não posso deixar de expressar um sentimento de incompletude frente às clássicas comunicações do tipo monossilábica, que são tão corriqueiras quanto (geralmente) infrutíferas. Um diz: “olá, como vai?”. O outro responde: “oi, tudo bem?”.

Quando há uma maior intenção comunicativa, trocam-se duas ou três notícias, compartilha-se alguma novidade; e pronto, passa-se logo ao próximo contato prioritário da lista de amigos virtuais. A depender desse ritmo e exclusivamente deste canal, chega ano novo e sai ano velho, e a amizade pouco ou nada evoluiu em termo substantivos.

Falando como ser humano que sou e que somos, não obstante as desumanidades praticadas por nossa espécie insistirem em negar essa condição, da minha parte interessa-me saber o que as pessoas pensam sobre o mundo, que sentimentos marcam nossa caminhada no planeta, que tipo de felicidades projetamos e o que falta fazer para tudo ser melhor.

No mais, pacificamente, o Grito não se calará e seus Ecos seguirão!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Entre tropeços, a mídia deita e rola

Essa mídia não tem jeito. Recentemente, ouvi dela: "empregos voltam a crescer, apesar da crise". Ela adoraria dizer assim: "ainda é permitido sorrir, não obstante a crise". Ela faz questão de frisar em tom sombrio: crise, crise e mais crise.

Como ela não encontra (e nem vai encontrar) soluções nos complexos problemas neoliberais do mundo hodierno, a mídia acaba apontando sua varinha de condão para outros terreiros. Em um país onde é Deus no céu e o futebol na terra, mais uma pérola dessa paixão nacional foi recentemente descascada.

Vamos ao fato. Outro dia a mídia oportunista, inflamando o ego de Adriano e surfando na bolha de sua fama, o promovia - com toda euforia - a imperador. Agora essa mesma mídia de poucos escrúpulos se traveste de "terapeuta" e usa a televisão para tentar curar o suposto "delírio" do recalcitrante "doente".

Em vez disso, a mídia deveria assumir e tratar sua neurose crônica, mais especificamente seu instinto megalomaníaco de transformar seres humanos e jogadores de futebol em fenômenos com pinta de super-heróis, no estilo mais esdrúxulo e despudorado dos astros hollywoodianos.

Mas se é para levar esse ofício da mídia a sério, de querer consertar profissionalmente as pessoas que ela própria contribuiu para desestruturar emocionalmente, por que que esta mídia não se preocupou em "medicar" o ex-jogador Casagrande, ao sair de cena devido a problemas com drogas quando estava justamente no auge de sua nova fama como comentarista (adivinhem de onde) da Rede Globo (plim-plim!)

Que moralismo é esse que só aparece quando ameaça ferir vultosos contratos comerciais ou abala os mitos forjados, com calculadora na mão, pelos marketeiros esportivos de plantão? Pois é... Enquanto sobem e descem os reis da bola, a farsa hipócrita da mídia deita e rola; mas antes que me estigmatizem - e sobretudo para não perder a rima - o Grito Pacífico vai por enquanto embora.

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(Recomendo a leitura da postagem que inspirou a presente crônica: "Quem está doente: Adriano ou os outros?", publicada em 12/04/2009 no blog do Emir: http://www.cartamaior.com.br/templates/blogMostrar.cfm?blog_id=1&alterarHomeAtual=1)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Greve de Evo e o Descaso da Mídia

Uma grande e histórica revolução democrática e popular está em marcha na Bolívia, país com o passado político mais conturbado da América do Sul e que reunia há poucos anos os piores indicadores sociais do subcontinente. Digo reunia porque já se registram avanços importantes que podem estar tirando o país, nesse momento, dessa sombria estatística.

Tendo em vista a recusa prolongada da oposição, através do Parlamento, em ratificar o novo Código Eleitoral para garantir as eleições convocadas para o final do ano, devido sobretudo à discordância sobre a quantidade de representações indígenas, o governo boliviano adotou uma estratégia que se mostra bastante mobilizadora e me parece bem apreciável.

Como esclarece Fidel Castro em notícia recém-copiada em meu blog, "a manobra obrigou Evo, o partido dirigente e as massas a adotarem medidas de luta que se caracterizam pela força moral que implicam. O Presidente Evo Morales, a Coordenadora Nacional a favor da Mudança e a Central Operária Boliviana declararam-se em greve de fome maciça no Palácio de Governo, exigindo respeito à Constituição e à Lei Transitória Eleitoral, demorada durante meses para sabotar as eleições". A referida notícia é reveladora dos meandros da cena local.

A mídia tradicional e conservadora daqui, cúmplice das elites empresariais supostamente "cívicas" concentradas em Santa Cruz de la Sierra, não tem o menor interesse em dar a devida relevância jornalística a mais um capítulo da efervescente conjuntura boliviana. Prefere, em sua metodologia sangrenta e enviesada de abordagem, dirigir exageradamente seus holofotes para as tragédias físicas (como a da Itália) e as econômicas (que começou lá em cima nos EUA).

Porém, soluções legítimas e autênticas de dimensões revolucionárias operam-se intensamente pertinho do Brasil. E disso muito pouco sabemos, acompanhamos e partilhamos. Daí o forçoso apelo para valorizarmos e difundirmos estes tipos de notícias em nossos blogs, jornais comunitários, debates coletivos (institucionais, sindicais e acadêmicos) e em outros meios e espaços alternativos de informação, discussão e conscientização.

Precisamos, enquanto militantes de movimentos sociais e cidadãos autônomos comprometidos com a integração regional e um desenvolvimento justo da América Latina, aguçar e qualificar nosso olhar sobre o profundo significado desse processo, de base eminentemente progressista e estrutural, protagonizado de forma digna, empenhada e exemplar pela Bolívia.

(GRITO PACÍFICO, mudando o mundo com você)

Greve de Fome do Presidente Boliviano

Um placar absolutamente injusto destoa dessa notícia garimpada e tecida atentamente por Fidel: "Evo propõe 14, a oposição apenas aceita 3". Não se trata de um jogo desigual de beisebol, esporte que encerra informalmente o texto. Refiro-me ao número de legisladores indígenas o acuparem cargos no Parlamento com a reforma eleitoral. Sem entrar em argumentos estatísticos e detalhes constitucionais, sabe-se que a maioria da população indígena, de forte base campesina e popular, guarda traços indígenas. Portanto, é mais do que justo efetivar um espaço político satisfatório para tais povos, dado seu déficit de participação que lhe foi historicamente negado.

Como filho de boliviano que sou, entusiasmado com as mudanças e melhorias em curso na Bolívia, dediquei na postagem seguinte uma crônica sobre este assunto.

(Comentários introdutórios do GRITO PACÍFICO, mudando o mundo com você)

FIDEL CASTRO: Notícias da Bolívia

FONTE: http://www.patrialatina.com.br - Bolívia - 10/04/2009

O prestigio de Evo cresce na Bolívia e no mundo. Cada vez mais recebe o apoio popular apesar da oligarquia contar com quase todos os recursos midiáticos. Uma campanha exemplar de alfabetização acabou com o analfabetismo em tempo recorde; atualmente toda a população tem acesso aos serviços médicos; importantes necessidades históricas do povo boliviano estão a ser atendidas com métodos originários e novos. A economia e as reservas em divisas crescem. Isto enlouquece a oligarquia que no Parlamento bloqueia as eleições convocadas para os finais do presente ano.

A manobra obrigou Evo, o partido dirigente e as massas a adotarem medidas de luta que se caracterizam pela força moral que implicam.
O Presidente Evo Morales, a Coordenadora Nacional a favor da Mudança e a Central Operária Boliviana declararam-se em greve de fome maciça no Palácio de Governo, exigindo respeito à Constituição e à Lei Transitória Eleitoral, demorada durante meses para sabotar as eleições.

Evo Morales declara o seguinte:

“Companheiros das diferentes organizações sociais do país, perante a negligência de um grupo de parlamentares neoliberais, estamos obrigados a defender o mandato do povo.
“Os parlamentares sabiam que em 60 dias deviam aprovar a Lei Transitória Eleitoral.
“Contudo, não querem que seja aprovada uma lei que permita garantir a implementação da Constituição.
“Pedir um novo padrão, é simplesmente dizer que não há eleições nacionais para os finais deste ano, nem eleições nas prefeituras, municipais no ano próximo.
“Por isso, reitero, este esforço de dirigentes sindicais e das autoridades principais, liderando COB e CONALCAM, pela defesa do voto sagrado do povo.
“Numa entrevista coletiva eu explicava como a proposta de alguns senadores dizia que o padrão dos residentes no exterior deve ser aprovado por dois terços no Congresso, quando sabem que esse dois terços não serão atingidos.
“Também não isso é o que diz a Constituição vigente.
“Isso é para que as pessoas residentes no estrangeiro não possam votar.
“Os bolivianos residentes no estrangeiro também têm direito a decidirem o destino do país e quais as autoridades em sua pátria.
“É a defesa do voto.
“O ano passado vieram da Argentina pedindo que esse direito fosse aprovado no Senado, mas não foi aprovado.
“Quando também faziam referência à densidade de população para garantir a circunscrição especial, realmente era para que não exista.
“Pois este esforço também esta a defender as circunscrições especiais do movimento indígena.
“Escutamos por ai alguns meios da imprensa que dizem que o governo, que o presidente esta a fechar o Congresso.
“Não falemos de cerco, melhor pronunciemo-nos em favor de que a lei seja aprovada.
“Apelamos para esta medida em defesa da democracia.
“Os antidemocráticos de antes, agora acham que são grandes defensores da democracia.
“Aqui estão os companheiros que têm dado sua vida e seu tempo em favor da verdadeira democracia.
“Por isso, para assumir uma verdadeira democracia são aprovadas normas no Congresso Nacional.
“No Congresso os parlamentares têm uma das melhores oportunidades para garantir democracia e também transformações profundas no que respeita à estrutura.
“Peço aos parlamentares opositores, fazer juntos a história, todos.
“Há que pensar na igualdade e nas soluções sociais que quer o povo, aqui não deve haver egoísmo, sectarismo.
“Primeiro deve ser o povo, primeiro a pátria e depois os interesse setoriais ou regionais.
“Meus cumprimentos, verdadeiros, por juntos ter assumido a defesa da democracia, do voto do povo, do voto no estrangeiro e de outras reivindicações de caráter estrutural através do esforço da greve de fome.
“Muito obrigado.”

Com este apelo concluiu suas palavras.

Durante o dia iremos conhecendo como se desenvolvem os acontecimentos.
Às 14h25 conversei com Rafael Dausá, nosso Embaixador em La Paz. Quis obter notícias por essa via.

Evo está bom, animado e calmo. Só bebe água. No Palácio está acompanhado por líderes da Central Operária Boliviana e por dirigentes camponeses da Coordenadora Nacional em favor da Mudança. O Congresso é presidido por García Linera, como vice-presidente da Bolívia. Numa comissão se levam a cabo trocas com a oposição oligárquica. Uma questão muito discutida é o número de legisladores indígenas da proposta de Evo sobre a representação dessas comunidades, cumprindo com a Constituição aprovada, sem fixar cifras. Evo propõe 14, a oposição apenas aceita 3. Enviei meus cumprimentos a Evo. Até esse momento não tinham acontecido fatos violentos.

Às 16h01 converso novamente com Dausá. Já tinha transmitido meus comprimentos a Evo, que tinha programado visitar Cuba no dia 9 de abril. Viu-o absolutamente sossegado. Estava a jogar xadrez com seus companheiros. O povo soma-se à greve de fome; esta se estendeu a El Alto, Cochabamba, Santa Cruz, La Paz e outras cidades. Organizações populares telefonam para ele constantemente oferecendo-lhe apoio. A Câmara dos Deputados apóia-o esmagadoramente. Nesse setor do Congresso a vantagem ultrapassa os dois terços necessários. O problema está no Senado, onde a oligarquia era majoritária.

A aprovação da Lei Transitória Eleitoral precisa da maioria em cada Câmara, portanto é-lhe muito fácil bloquear a aprovação no Congresso. No entanto, Evo dispõe de um recurso legal. Entre suas faculdades constitucionais possui a possibilidade de um Supremo Decreto para aprovar a Lei que é discutida. Além disso, nesse caso pode dissolver o Congresso e convocar a eleições parlamentares, porém não deseja fazer isso em seu afã de preservar a unidade do país. Por isso convida constantemente a posição a partilhar os esforços em favor do desenvolvimento do mesmo em benefício de todos os setores da nação. A nível internacional são reconhecidos sua honestidade e seu espírito democrático.

Há uns minutos estava a escutar o debate no Congresso. É incrível o ódio e a insolência dos líderes da oligarquia. Estão treinados no insulto e nas ofensas pessoais. Evo indigna-os, o primeiro indígena na história moderna de nossa América que governa um país que ademais é de origem e costumes ancestralmente indígenas.
Recém foi aprovada na Câmara a disputada Lei por 100 votos a favor e 30 contra. O debate tem lugar na Paz, na sala pertinente do edifício legislativo localizado bem próximo do Palácio de Governo.

Às 18h40 comunico-me novamente com Dausá. Ele me conta que representantes das organizações populares estão chegando à Praça Murillo, frente ao Palácio. Comenta do mesmo modo a insolência dos delineamentos, embora me expressa que nem todos os deputados da oligarquia são tão grosseiros, alguns se comportam corretamente. Também continuam as negociações e talvez durante a noite seja tomada uma decisão.
Escuto pela televisão o debate senatorial que já começa.

A transmissão cessou às 19h20, porque um senador da oposição pediu a suspensão da reunião para negociar, à qual se somaram mais outros senadores. Decorreram duas horas e meia e ainda não tinha sido reiniciada.

Às 20h41 telefonei para Dausá. Evo está bom, comunica-se constantemente com os seus quadros através do telefone celular. Continuam chegando pessoas à Praça Murillo. Nosso Embaixador conhece que as negociações avançam, porém a oposição pede que sejam retiradas as pessoas que se encontram na Praça e que Evo abandone a greve de fome. É difícil que possam conseguir ambas as coisas. Dausá acha que talvez ao finalizar a noite cheguem a um acordo. Prometi telefoná-lo outra vez.
Liguei para Dausá mais duas vezes, às 22h20 e às 22h49.

A primeira ligação coincide com as palavras de García Linera explicando a situação nesse momento. Continua o impasse no Congresso. Explica o que se tinha avançado durante o dia na mesa de negociações. Manifesta seu descontentamento devido à intransigência da minoria senatorial. Continuam a exigir que Evo abandone sua greve de fome e que a gente seja desalojada da Praça Murillo. Já não existem possibilidades de chegar a um acordo hoje quinta-feira. Quiçá na madrugada da sexta-feira, mas não é seguro. Evo bem e tranqüilo. Mantém invariável sua atitude. Na segunda ligação depois de ter feito alguns contatos que estavam pendentes me ratifica o anterior.

É meia-noite e não chegaram a um acordo. A oposição abandonou o Parlamento. Devo entregar este material a Cubadebate para que seja publicado em tempo em nossa imprensa. Não é um jogo de beisebol do Clássico, mas apesar disso deitar-nos-emos tarde demais. Não tenho a menor dúvida de que Evo sairá vitorioso.

Fidel Castro Ruz
Abril 10 de 2009
12h06

sexta-feira, 10 de abril de 2009

POESIA ESPECIAL: O Sol Vai Brilhar

O SOL VAI BRILHAR

O sol vai brilhar, tenho dito, o sol vai brilhar!
Com máximo impacto e múltipla grandeza...
Todo sorriso será espontaneamente convocado:
Nenhum coração intacto e nenhuma mente ilesa.

Sua luz, mensageira das virtudes dos universos,
Qual cometa arrojado por dever nobre e fecundo,
Incendiará os lares e mudará as faces do mundo,
Invertendo paradigmas e recitando outros versos.

A esperança rediviva será devolvida à natureza,
Que voltará a exibir espetáculos de rara beleza:
Ecossistemas operando em ritmos sadios e férteis,
Sob o convívio ético de intervenções sustentáveis.

As crianças voltarão a ter tempo para brincar.
Os jovens finalmente aprenderão a aprender.
Os adultos trabalharão com sentido e prazer.
Os idosos serão queridos em qualquer lugar.

A comédia ficará viúva da tragédia.
A utopia se confundirá com a realidade.
A vida rimará em coro com a felicidade.
A loucura será subordinada à harmonia.

A mentira afundará junto com a violência,
Seguindo as últimas pegadas da maldade.
As prisões entrarão em plena decadência
E suas ruínas darão lugar a outra civilidade.

O jornalismo fará as pazes com a educação.
A economia se tornará parceira da cidadania.
As ciências tomarão um banho de sensibilidade
E perderão o medo de dialogar com a sociedade.

As igrejas virarão escolas ecumênicas da fé
E nenhum dogma se sustentará mais em pé.
Cada fronteira, em vez de cultivar preconceitos,
Será uma ponte para unificar todos os sujeitos.

A poesia do amor será a música mais festejada.
Nenhuma carícia será comercializada ou fingida.
A amizade será o princípio condutor das relações
E a cooperação será o dínamo invisível das ações.

Ninguém interrogará mais: “quanto você tem?”
Fogos no céu: o deus-mercado foi fossilizado!
Uma outra pergunta prevalecerá, sem desdém:
Por que seu sonho não está sendo realizado?

O culto à propriedade será erradicado.
O capitalismo será apagado do mapa.
O valor da publicidade será refundado
Com o lema “o egoísmo do lucro mata!”.

(Por Pablo Robles - Poeta do Social)

POESIA ESPECIAL EM HOMENAGEM À PÁSCOA 2009