segunda-feira, 13 de abril de 2009

A Greve de Evo e o Descaso da Mídia

Uma grande e histórica revolução democrática e popular está em marcha na Bolívia, país com o passado político mais conturbado da América do Sul e que reunia há poucos anos os piores indicadores sociais do subcontinente. Digo reunia porque já se registram avanços importantes que podem estar tirando o país, nesse momento, dessa sombria estatística.

Tendo em vista a recusa prolongada da oposição, através do Parlamento, em ratificar o novo Código Eleitoral para garantir as eleições convocadas para o final do ano, devido sobretudo à discordância sobre a quantidade de representações indígenas, o governo boliviano adotou uma estratégia que se mostra bastante mobilizadora e me parece bem apreciável.

Como esclarece Fidel Castro em notícia recém-copiada em meu blog, "a manobra obrigou Evo, o partido dirigente e as massas a adotarem medidas de luta que se caracterizam pela força moral que implicam. O Presidente Evo Morales, a Coordenadora Nacional a favor da Mudança e a Central Operária Boliviana declararam-se em greve de fome maciça no Palácio de Governo, exigindo respeito à Constituição e à Lei Transitória Eleitoral, demorada durante meses para sabotar as eleições". A referida notícia é reveladora dos meandros da cena local.

A mídia tradicional e conservadora daqui, cúmplice das elites empresariais supostamente "cívicas" concentradas em Santa Cruz de la Sierra, não tem o menor interesse em dar a devida relevância jornalística a mais um capítulo da efervescente conjuntura boliviana. Prefere, em sua metodologia sangrenta e enviesada de abordagem, dirigir exageradamente seus holofotes para as tragédias físicas (como a da Itália) e as econômicas (que começou lá em cima nos EUA).

Porém, soluções legítimas e autênticas de dimensões revolucionárias operam-se intensamente pertinho do Brasil. E disso muito pouco sabemos, acompanhamos e partilhamos. Daí o forçoso apelo para valorizarmos e difundirmos estes tipos de notícias em nossos blogs, jornais comunitários, debates coletivos (institucionais, sindicais e acadêmicos) e em outros meios e espaços alternativos de informação, discussão e conscientização.

Precisamos, enquanto militantes de movimentos sociais e cidadãos autônomos comprometidos com a integração regional e um desenvolvimento justo da América Latina, aguçar e qualificar nosso olhar sobre o profundo significado desse processo, de base eminentemente progressista e estrutural, protagonizado de forma digna, empenhada e exemplar pela Bolívia.

(GRITO PACÍFICO, mudando o mundo com você)

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