Há esperança? Por que não? É possível viver sem acreditar em um futuro melhor? Mais humano, ou talvez realmente humano, já que o que vemos é paradoxalmente o contrário.
E as universidades? Qual sua parcela de contribuição na construção de um outro mundo? A cada ano, as academias geram novos graduados e pós-graduados. Novas mentes, novos cérebros. Mas a quem eles servem? Com quem seus neurônios estão comprometidos? As fibras do coração dessa comunidade intelectual que teve a oportunidade de concluir um curso superior ainda pulsam? Do ponto de vista ético, coletivo, transformador, revolucionário...
Grande piada: muitos alardeiam ter um diploma superior, privilegiado até, mas não abandonaram os interesses mesquinhos, inferiores, desses que ignoram o caos da realidade e tudo; desses que lêem um livro por semana e não fazem uma boa ação por mês.
A maioria rapidamente dirá. “Acorda, Pablo, o mundo mudou...” Eu logo concordaria, mas faria questão de acrescentar, sem disfarçar minha frustração: “... Mas mudou para pior”.
As universidades não surgiram simplesmente para azeitar as engrenagens do mercado. Elas cumprem uma função das mais importantes no mundo moderno (ou pós-moderno, isso não importa), porém, a grandeza original das universidades se tornou difusa. Quanto mais os mestres e doutores produzem conhecimentos, mas parece que destroem utopias.
Dou como exemplo o curso de Economia. O sujeito passa quatro, cinco anos sendo convencido pelos cânones ortodoxos de que a economia é auto-governável e não precisa ser regulada por nenhum governo, e quando ele se forma e pisa o chão atual da realidade, o chão já não existe mais, pois quase tudo que ele estudou não passou de areia movediça. Agora a onda é frear as rédeas da economia e fazer as pazes provisoriamente com o poder público, até que o mercado se reorganize dentro de dois ou três anos para retomar seu ciclo de exploração.
Falar em crise é eufemismo, pois o mundo já entrou na UTI faz tempo. Sua sobrevivência futura deixou de ser uma certeza científica, um dogma cartesiano e absurdamente linear. E não precisamos apenas de educação ambiental não. Nosso analfabetismo ecológico é só uma das cores de um arco-íris nebuloso e já sem o brilho de outrora. É perigoso olhar para o horizonte. É como tentar dialogar com a noite e não ver nenhuma estrela para desabafar. Estrela é esperança, é luz, é mudança. E para que isso acontece precisamos de mil e uma educações.
Aí eu volto para o princípio das coisas deste texto... e a academia? Virou um cemitério de teses empoeiradas, saberes herméticos e soluções atomizadas? Claro que não, pois é preciso acreditar que ainda há esperança, pois no dia em que as ciências conseguirem esvaziar todos os sonhos, o mundo não mais existirá, pois a humanidade terá perdido sua fé em si mesmo.
E já que está na moda falar de crise, lanço aqui mais uma. Vivemos, também, uma crise acadêmica. Falta militância. Falta alegria nas salas de aula. Falta ousadia nos corredores.
sábado, 14 de março de 2009
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