terça-feira, 11 de novembro de 2008

Repensando e Humanizando a Gestão

Entre a política e a economia existe uma coisa que costuma acompanhar pelo menos um terço de nosso dia-a-dia. Essa coisa se chama gestão, que diz respeito a tudo aquilo que interfere no modo como as nossas atividades são organizadas, combinadas e distribuídas, tendo geralmente em vista a realização de objetivos comuns e resultados coletivos. Tais práticas, portanto, exercem uma influência decisiva e contínua em nossa identidade, carreira e satisfação profissional. Infelizmente, o mundo da gestão está eivado de mitos, tensões e anacronismos. Como toda categoria idealizada, a administração seria perfeita se não fossem os administradores. De fato, muitos administradores (seja de empresas, de países ou de sonhos) empobrecem, desvirtuam e desumanizam os processos gerenciais, transformando os colaboradores das organizações em meras engrenagens dos jogos de poder, manipulação e encenação representados por seus chefes, executivos e presidentes. O texto seguinte desconstrói alguns perigosos modismos e lança valiosos postulados no campo da gestão.
(Grito Pacífico de PABLO ROBLES, mudando o mundo com você)

A Arte, a Construção e a Ciência da Estratégia Corporativa

FONTE: Portal HSM On-line (10/11/2008)
LINK: http://www.hsm.com.br/canais/coberturadeeventos/expo2008

O estilo americano de administração está descarrilado e esse é um dos problemas básicos da atual crise financeira. Com essa contundente crítica ao sistema corporativo, um dos mais conceituados pensadores da administração contemporânea, Henry Mintzberg, apresentou o tema de sua palestra na ExpoManagement 2008. O pesquisador mostrou a importância das organizações se tornarem mais humanizadas e participativas.

Professor de administração na McGill University, do Canadá, Mintzberg defende a idéia de que as organizações funcionam melhor quando reconhecem a importância das pessoas –funcionários, clientes e fornecedores– em lugar de apenas se verem como geradoras de valor aos acionistas. “Quando uma empresa começa a dispensar pessoas só porque não atingiu as cotas, está destruindo a comunidade”. Para o pesquisador, o modelo de administração em que os números ditam todas as ações e as estratégias cria empresas não-sustentáveis.

O professor defende que os atuais modelos de gestão devem ser repensados, a começar pela própria formação dos gestores. “Não se cria um administrador ou um líder na sala de aula”, diz. Sobre esse assunto, o pesquisador escreveu Managers Not MBAs, livro no qual critica a “fábrica” de administradores.

Mintzberg considera que o ensino da administração enfatiza excessivamente a ciência (análises e ferramentas) e, muitas vezes, exalta a arrogância em nome da liderança. Com bom humor, resume sua idéia: “Bush fez MBA em Harvard”.

MEIAS VERDADES DA ADMINISTRAÇÃO

Para Mintzberg, “todas as verdades são meias verdades”. O pesquisador lembra que se repete exaustivamente que vivemos em uma época de grandes mudanças. Mas, há 50 anos, a percepção de transformações aceleradas era a mesma, como mostra o trecho de um artigo da revista Scientific American da época: “Mais foi feito (...) no curso dos últimos 50 anos da nossa vida do que ao longo de todo o resto da existência da espécie humana”.

“Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem iguais”, afirma o palestrante. Segundo ele, nós é que não notamos as coisas que não mudam.

Outra meia verdade difundida entre os profissionais é a visão que o administrador deve ficar no topo. “O ponto mais alto da pirâmide não é o lugar mais adequado para se gerenciar uma empresa. Lá, você está por fora e não tem a menor idéia do que está acontecendo por dentro”, acrescenta o professor.

As organizações devem funcionar como um todo orgânico e não como partes independentes. Para ilustrar essa idéia, Mintzberg mostrou uma peça publicitária, com o título “Isto não é uma vaca”, na qual uma vaca era mostrada esquematicamente com suas divisões. Para Mintzberg, as empresas com freqüência adotam sistemas de gerenciamento no qual as áreas têm dificuldade em partilhar informações e trabalhar juntas. Uma vaca, porém, sem a ciência de suas partes, forma um conjunto harmônico, promovendo o bem-estar geral do organismo.

O pesquisador acredita que o melhor modelo de gerenciamento é aquele no qual o gestor se coloca no centro e estabelece comunicação entre todas as áreas, sendo um ponto de referência e ligação entre essas partes. Desse modo, pode catalisar mudanças importantes: “De toda parte emanam pequenas decisões que podem se tornar grandes estratégias”.

O especialista explica que a administração baseada unicamente nos resultados e na estratificação tende a criar uma visão danosa em relação às partes que compõem a organização. “Acho que classificar as pessoas como recursos humanos faz parte dessa perspectiva destrutiva. Se a empresa não consegue lucros tão bons, então é só despedir os ‘recursos humanos’”, exemplifica.

Administrar, para o palestrante, engloba três esferas: a arte, a ciência e a construção. Nesse triângulo, cada aspecto do administrador fica evidenciado. No primeiro caso, os insights e a imaginação. No segundo, há foco na análise e na comprovação sistemática. A construção, por fim, diz respeito à experiência e ao aprendizado prático.

(Fim da matéria).

Quem é Henry Mintzberg?

“A revista Fast Company considerou Henry Mintzberg como “uma das mentes mais criativas no campo da gestão”. O Financial Times classificou-o como um dos dez mais destacados pensadores sobre Administração no mundo. (...)

É professor de Management e Estratégia na McGill University, no Canadá, e professor visitante da Université Aix-Marseille, na França, da Carnegie Mellon University, da London Business School e do Insead. (...)

Mintzberg é autor de mais de 140 artigos e 12 livros, entre os quais se destacam Safári de estratégia, The strategy process, Mintzberg on management e o polêmico MBA? Não, obrigado.Obteve o mestrado e o Ph.D. em Administração de Empresas pelo Massachusetts Institute of Technology”

FONTE:
http://www.hsm.com.br/eventos/expomanagement/auditorioprincipal/programacao08

3 comentários:

João disse...

Pablo,

Muito boa esta reflexão que Mintzberg faz,e acho que todos aqueles que pensam com clareza chegam á mesma conclusão,socializar a gestão,volta-la para um contacto mais próximo com todos,sem arrogâncias defeituosas do egocentrismo.

A questão que põe-se,é saber se isto é possível num mundo ainda tão vaidoso,cheio de poderes que não gostam de ser vigiados e controlados...mas acho que a Gestão vai evoluir.
Talvez esta crise abale tanta individualidade técnica e racional e o espírito humano esteja mais actuante nas decisões e estruturas organizativas.
A eficiência dos resultados irá impor alguma determinação.

Abraço Pablo,mais um bom conteúdo como habitual,
joao

PABLO ROBLES disse...

Amigo João,

Precisamos ser otimistas e acreditar que os ambientes empresariais também deverão evoluir e se humanizar cada vez mais, embora a marcha deste progresso não seja tão rápida como gostaríamos.

Um dia, acredito eu, a democracia reinará inquestionavelmente entre todos os países do mundo. Quando isso acontecer, estará dada a largada para que essa mesma onda inunde os "micropaíses" chamados empresas, pelo menos entre os que pretenderão ser sustentáveis.

Obrigado pelo comentário e apreciação do texto.

Um forte abraço!

Anônimo disse...

GRITO PACÍFICO, seu trabalho é objeto de indicação no DOMINGO É DIA DE BLOG publicado hoje no Dr. Negociação.