quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Repúdio à infeliz "ditabranda" da Folha

Violência não se negocia, se relativiza e se revisa. A Folha de São Paulo, em editorial recente, prestou um péssimo desserviço aos leitores. Ao atenuar as mazelas da ditadura que aterrorizou o Brasil durante 21 anos, a Folha demonstra indisfarçável cumplicidade e insensibilidade frente a este capítulo infame de nossa história política. As profundas perdas que ficaram para trás e os vestígios dolorosos que sobreviveram não autorizam qualquer concessão nessa matéria. Enquanto finalizo este comentário, o manifesto eletrônico já conseguiu reunir mais de 2600 assinaturas virtuais. A minha foi a de número 2609. Participe também! Encerro com as palavras bem felizes de outro signatário: "Ao tentar esconder o seu passado no presente, a FOLHA DE SÃO PAULO consegue, no máximo, enterrar o seu próprio futuro".

(Comentários indignados de Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

REPÚDIO À "DITABRANDA" DA FOLHA DE SÃO PAULO

FONTE: http://vermelho.org.br/base.asp?texto=51452 - 24/02/2009

Circula pela internet um manifesto [veja adiante], aberto à adesão dos interessados, de repúdio ao editorial da Folha de S. Paulo publicado na semana passada. Na ocasião, para desqualificar a vitória de Hugo Chávez num referendo democrático sobre a possibilidade da reeleição o jornal da família Frias escancarou toda a sua postura autoritária ao insinuar que o governo bolivariano seria pior do que a ditadura militar brasileira que prendeu, matou e torturou milhares de patriotas entre 1964-1984.

O asqueroso editorial chega a qualificar a ditadura brasileira de ''ditabranda''. Já em relação à Itália de Berlusconi que, com suas ''rondas de cidadãos'' e sua pretensão de que nos médicos delatem estrangeiros em situação irregular, transita perigosamente para o fascismo e a ditadura que o caracteriza, a Folha e seus notórios editorialistas calam-se significativamente. Será o fascismo também uma ''ditabranda''?

Além do repúdio, a petição também presta solidariedade à professora Maria Victoria Benevides e ao jurista Fabio Konder Comparato, os primeiros a condenarem o editorial na sessão de cartas do jornal, tendo sido insultados pela direção daquele jornal. ''Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de 'ditabranda'?'', questionou Benevides. ''O autor do vergonhoso editorial e o diretor que o aprovou deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça púbica e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada'', afirmou Comparato.

A resposta do jornal lembrou a reação de Bush, Cheney e Rumsfeld aos críticos de suas políticas terroristas. ''A Folha respeita a opinião dos leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas delas. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio às ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua 'indignação' é obviamente cínica e mentirosa''. Juntos, o editorial fascista e a resposta arrogante indicam a urgência da coleta de adesões ao manifesto de repúdio à Folha de S. Paulo.

Como afirma o documento, que já colheu mais de mil adesões, ''ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 64, os abaixo-assinados manifestam o seu mais firme e veemente repúdio a arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S. Paulo de 17 de fevereiro. Ao denominar de 'ditabranda' o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país... O estelionato semântico manifesto pelo neologismo 'ditabranda' é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964''.

CONTEÚDO DO MANIFESTO DE REPÚDIO E SOLIDARIEDADE

FONTE: http://www.ipetitions.com/petition/solidariedadeabenevidesecomparat/index.html

Ante a viva lembranca da dura e permanente violencia desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repudio a arbitraria e inveridica revisao historica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime politico vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direcao editorial do jornal insulta e avilta a memoria dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratizacao do pais. Perseguicoes, prisoes iniquas, torturas, assassinatos, suicidios forjados e execucoes sumarias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no periodo mais longo e sombrio da historia política brasileira. O estelionato semantico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisao historica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensao das liberdades e direitos democraticos no pos-1964.

Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redacao, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta as cartas enviadas a Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razoes ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrarios e irresponsaveis a atuacao desses dois combativos academicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insolitas criticas pessoais e politicas contidas na infamante nota da direcao editorial do jornal.

Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

2 comentários:

Anônimo disse...

E, ainda hoje é possível encontrar docente
público federal que jura pela santíssima trindade de que o
Regime era dotado de uma bondade tão extremada, mas tão extremada
mesmo, pelo nosso educacional, ao ponto de o ter nomeado sem
concurso apenas por ele ter convencido general avalizador de
ficha dos ingressante de que era o mais competente academicamente
possível para o cargo.

Anônimo disse...

Discordo em gênero, número e grau do conteúdo acima.

Embora não morra de amores pelo Folha de São Paulo, eles nada mais fizeram, em sua resposta a Fábio Comparato e Maria Benevides, do que cobrar coerência de ambos.

Quem é contra o arbítrio, deve ser contra o arbítrio em *todas* as suas manifestações, sejam elas de esquerda ou de direita.

O que não é o caso de Comparato e Benevides - fato este público e notório.