sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Hora da Mudança Chegou



É muito fácil elogiar ou criticar um evento da magnitude de um Fórum Social Mundial. O FSM de Belém pecou no quesito da organização. Isso é um fato incontestável que deve ser avaliado e corrigido. Entretanto, é preciso lembrar que o Fórum não é um ato isolado que ocorre timidamente uma vez por ano. Constitui um processo permanente, dinâmico e eminentemente plural de experimentação, reflexão e construção.

Um ponto alto do Fórum representou o encontro das principais lideranças progressistas da América Latina. Evo Morales, Rafael Correa, Fernando Lugo, Hugo Chavez e Lula entoaram a canção de uma nova América Latina, comprometida com a materialização de esperanças esmagadas pela tirania, conservadorismo e subserviência de governos que só enxergavam as elites e faziam vista grossa para tudo aquilo que emanava genuinamente do povo.

A presença destes cinco presidentes, longe do pedestal solene de seus pronunciamentos oficiais e compromissos governamentais, mostrou que, graças ao apoio popular e protagonismo civil representado pelo público ali reunido, “outros países” são possíveis. Ou seja, as maiorias sociais são capazes de eleger e sustentar representantes políticos à altura (em tese) de suas demandas nacionais, sonhos coletivos e projetos de soberania.

As questões ambientais foram debatidas com a relevância, abrangência e urgência exigidas pela complexidade do tema. A Amazônia, enaltecida pelo rastro exemplar de Chico Mendes, ganhou novo alento de preservação dentro da agenda internacional.

Os povos indígenas de diferentes recantos da América e do mundo encontraram ambiente privilegiado para realimentarem suas lutas históricas, compartilharem suas visões sustentáveis de mundo e projetarem seus paradigmas de bem-estar coletivo.

Os estudantes, acampados e congregados em abundância, puderam assistir in loco a aula viva e multicolorida da edificação social de outra realidade, capaz de lhes devolver o diploma da cidadania intelectual seqüestrado pela mercantilização da educação.

As mulheres, pulsando corações destemidos e encarnando almas sedentas por outras relações de gênero, de poder e de convivência, puderam fundir e alavancar, mais uma vez, os passos de sua marcha rumo a práticas de sociabilidade mais dignas e equânimes.

Já faz algum tempo que mudar o mundo deixou de ser uma idéia vaga, difusa e abstrata. Tornou-se necessidade cada vez mais imperiosa, concreta e inadiável. Os movimentos sociais e organizações progressistas da sociedade civil, legitimados pelas comunidades e grupos populares que embasam os processos de militância, são novamente chamados a catalisar e convergir suas melhores e mais ousadas energias para fazer jus ao espírito do Fórum.

2 comentários:

PABLO ROBLES disse...

REPRODUZO COMENTÁRIO RECEBIDO POR E-MAIL

Olá Pablo,

Vale ressaltar a lição de fraternidade dada ao mundo, pelas 100 mil pessoas que estiveram no Fórum. A diversidade de língua, costumes e ideologias não impediram a convivência pacífica em prol de um mundo melhor, e me fez mais uma vez orgulhosa de ter nascido em um país como o Brasil onde momentos como este é possível e real, enquanto em muitos outros são inimagináveis.

Abraço,

Clesley Tavares

PABLO ROBLES disse...

COLOCO AQUI OUTRO COMENTÁRIO DE E-MAIL:

Olá amigo e companheiro de lutas e batalhas por um mundo melhor! Concordo plenamente com tudo que por você foi aqui relatado. Estava também no FSM e foi realmente um momento único. Problemas quanto a organização devem servir de exemplo pra uma nova construção. Construção essa que está acontecendo dia após dia e de uma maneira muito sutil e democrática. Não sei se você teve oportunidade de participar na Tenda Ir Dhoraty, sobre a RECID e foi realmente um momento inesquecível asim como o encontro dos cinco presidentes socialistas. Nessa oportunidade dentre muitos que palestraram estava o Frei Beto e foi emocionante quando Diego Pery falou da luta pela conquista de seu governo.
Estamos de parabéns...o que era UTOPIA está se realizando! Poderemos entar ver as mudanças tão sonhada.

Angela, RJ, Educadora Popular