segunda-feira, 17 de outubro de 2011

POESIA: Prece da Esperança


PRECE DA ESPERANÇA*

Cada célula é um tributo à união
De mentes, sonhos e valores coletivos.
Neurônios entrelaçados pelo coração
De estudantes sensíveis e cooperativos.

Conhecimentos partilhados em comunhão
Como um banquete solidário de pães
Fermentados pelo intercâmbio de lições,
Exemplos de vida e histórias de superação.

Vivenciar a essência libertária da educação,
Protagonizada por jovens que dão as mãos
Em ambientes autônomos de aprendizagem;
Despidos de hierarquia, timidez e competição.

A fé humana deve começar em si mesmo,
Louvando a sabedoria e a vontade de mudança
Nascidas de comunidades que viviam a esmo.
Parabéns por praticarem a PRECE da esperança!

Pablo Robles – POETA DO SOCIAL




( * Poesia dedicada ao PRECE – Programa de Educação em Células Cooperativas, do Instituto Coração do Estudante - http://prece-ce.blogspot.com. A inspiração fluiu durante visita – em 15 de outubro de 2011, Dia do Professor - ao município cearense de Pentecostes, berço desta brilhante experiência de educação, inclusão social e desenvolvimento humano. )

terça-feira, 11 de outubro de 2011

POESIA: Sociedade (Infantil) em Apuros

SOCIEDADE (INFANTIL) EM APUROS

No meio da multidão a criança chora;
Sua família estende a mão e implora.
A labuta termina e o povo vai embora,
Mas a miséria continua ali, a toda hora.

Uma criança quase como qualquer outra,
Exceto o fato de não ter vivido a infância.
Uma sociedade injusta, apressada e louca,
Que acelera exigências e perde esperança.

Como bem diagnosticou aquele famoso
Poeta do rock: “Esse é o nosso mundo;
O que é demais nunca é o bastante”,
“Porque o bastante é sempre tão distante?”
Emendaria este anônimo poeta do social,
Convidando toda gente a reverter este mal.

Há crianças cujo único (e trágico) lazer
É o de correr... do abuso, da exploração.
Seres sem abrigo, referencial e proteção.
É preciso denunciar, prevenir, se mexer!

Deveríamos pedir diariamente perdão
Às crianças nascidas e que nascerão,
Pela incompetência de nossa geração
Adulta em reproduzir tanta contradição.

Engolimos modernidade, mas vomitamos indiferença.
Louvamos a ambição enquanto definhamos na prisão
De nosso egoísmo, hipocrisia, omissão e impotência.
Sem a ciência prática do amor, a tecnologia é ilusão.

Os adultos precisam reciclar a solidariedade.
O brinquedo distrai a criança por certo tempo,
Mas nada substitui a presença do sentimento
Que devemos nutrir desde a mais tenra idade.

Salvemos todas as crianças do mundo,
Inclusive as que ainda brincam dentro
De nós, descongelando nosso odiento
E insosso pudor, falsamente profundo.

Não roubemos seu abençoado presente,
Amargando-lhes a doce magia de sorrir.
E nem arruinemos o seu ansiado porvir,
Tornando-lhes descolorido e decadente.

As crianças têm muito a nos ensinar...
Com a pureza e ingenuidade do olhar,
Com os gestos destituídos de malícia,
Com a sua mania de criar e imaginar,
Com a sua autenticidade e imperícia
Ao engatinhar, andar, cair e levantar,
Aventurando-se sem medo de errar:
Oh pedagogia gloriosa; que delícia!

Aquele que ignora ou adultece as crianças
Só faz matar ou envelhecer as esperanças!
Ademais, de que adianta apressar a corrida
Quando afundamos na contramão da vida?

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )

Poesia especial em homenagem ao Dia das Crianças 2011, comemorado no Brasil em 12 de Outubro.
Caso queira ver outras homenagens poéticas inspiradas em datas especiais como esta, acesse neste blog, à esquerda, o link "Poesias Especiais".

sábado, 8 de outubro de 2011

POESIA: O Silêncio Estratégico da Luz

O SILÊNCIO ESTRATÉGICO DA LUZ

E quando o silêncio é a melhor resposta?...
E a melhor pergunta é o ouvir sem pressa?
E quando o idioma do relógio não presta?...
E a falta de tempo se torna a pior conversa?

Existimos, mas nem sempre vivemos.
Pensamos, mas nem sempre sentimos.
Agimos, mas nem sempre sonhamos.
Prosamos, mas nem sempre poetizamos.

Muitas ideologias e poucas sinfonias.
Muitas promessas e poucas proezas.
Muitas crises e poucas esperanças.
Muitos perigos e poucas fortalezas.
Muitas energias e poucas mudanças.
Muitos caminhos e poucas certezas.
Muitas correrias e poucas danças.
Muitas nostalgias e poucas utopias.

A lágrima pede calma para salvar a alma.
A alma pede lágrima para manter a calma.
A calma pede alma para sublimar a lágrima.
Rotina nossa de cada dia, cadê a poesia???

A linha do horizonte (para onde) conduz?
O círculo da inércia projeta um sinal amarelo,
Mas nosso tropeço ainda não virou nó cego.
Algo nos esteriliza e já nos alerta, eis a verdade,
Mas há muita gravidez, recomeço, possibilidade:
A sombra do caos (ainda) é o descanso da luz...

( Pablo Robles - POETA DO SOCIAL )