sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ARTIGO: O Desafio Social da Profissionalização

O DESAFIO SOCIAL DA PROFISSIONALIZAÇÃO EM TEMPOS DE MUDANÇA

Tendo em vista a ampliação e legitimação crescente de seus resultados, as organizações e movimentos da sociedade civil vêm sendo desafiados a se profissionalizar, por meio da estruturação, do fortalecimento, da sistematização e do aprimoramento dos seguintes processos básicos ou dimensões transversais de funcionamento:

- Práticas de gestão e planejamento;
- Estratégias de atuação comunitária;
- Sistemas de monitoramento e avaliação;
- Capacidades de parceria e articulação;
- Poder de influência em espaços públicos;
- Mecanismos de sustentabilidade financeira.

Tais aspectos compõem o tema abrangente do desenvolvimento institucional, que ainda não recebe a devida atenção por parte de muitas entidades e atores sociais, acostumados que estavam, muitas vezes, a receber financiamentos com maior facilidade, disponibilidade e liberdade para gastá-los onde, quando e como achassem mais convenientes.

No entanto, os tempos mudaram e as responsabilidades também. As organizações não-governamentais consolidaram-se e difundiram-se, no Brasil e no mundo, como agentes fundamentais e imprescindíveis para a solução dos problemas sociais, ambientais e culturais cada vez mais complexos e desafiadores que afetam grande parte da humanidade.

O enfrentamento desses desafios e a construção de alternativas, evidentemente, requerem a participação conjunta, permanente e diferenciada dos demais setores organizados, que incluem o investimento dos governos, a colaboração das empresas, a cooperação das universidades, a representação dos partidos e o amparo das instituições multilaterais.

Mudar o mundo! Esse é o lema maior que inspira e aglutina uma multidão de profissionais, militantes e voluntários que não aceitam e se reconhecem no tipo de sociedade egoísta, violenta, insensível e excessivamente competitiva que impera entre nós e ameaça nosso futuro comum. Combater as desigualdades, preconceitos e injustiças de toda ordem! Essa é (ou deveria ser), em última instância, a razão de ser das associações civis, fundações privadas, entidades religiosas e cooperativas solidárias que integramos ou conhecemos.

Começamos falando da necessidade de profissionalização social e de repente paramos na questão da missão da sociedade organizada frente às crises do planeta, cujo caos se reflete no cotidiano do nosso bairro, da nossa comunidade e às vezes dentro do próprio lar. Isso foi para ajudar a mostrar que não há contradição entre sermos organizados e sermos indignados, entre zelarmos pela gestão interna e cuidarmos da atuação externa.

Pelo contrário, o desenvolvimento técnico-institucional e a militância sócio-ambiental devem caminhar de mãos dadas e passos firmes. As competências executivas (que alguns chamam equivocadamente de burocracia) e as lutas políticas (que às vezes não passam de interesses eleitoreiros) podem e devem buscar – sempre – eliminar seus aparentes antagonismos, partilhar seus sonhos, somar suas forças e multiplicar seus impactos.