terça-feira, 31 de março de 2009

MENSAGEM: A crise segundo Einstein

Recebi de uma amiga por e-mail em 14/Mar e trascrevo para cá essas sábias palavras de Einsten, em sua simplicidade profundamente elevada:

A crise segundo "Einstein"

"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.

A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias.

Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".

Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência.

O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis.

Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.

Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo.

Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la"

Albert Einstein

domingo, 29 de março de 2009

Adote um Vereador: semente genuína de cidadania

Uma grande semente de cidadania ativa está germinando em nosso Brasil, começando a gerar seus primeiros frutos em São Paulo e outros municípios que já aderiram ao Programa Adote Um Vereador, uma iniciativa basicamente genuína de controle social e melhoria da qualidade política dos parlamentares. Essa postagem destaca, na ordem, três conteúdos: um resgate histórico da proposta, exemplos louváveis de apadrinhamentos e o informe de um encontro ocorrido para avançar na expansão da idéia. Vamos incentivar a estruturação exitosa desse movimento democrático!

(Comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

HISTÓRIA DO ADOTE UM VEREADOR

FONTE: http://vereadores.wikia.com - 29/03/2009

Dias depois do segundo turno em São Paulo, o jornalista e âncora da CBN Milton Jung lançou um desafio aos ouvintes. Ele convidou o público a adotar um vereador. Afinal, São Paulo tem 8 milhões de eleitores. Mas apenas 55 parlamentares. Ou seja, muita gente votou em alguém que não ganhou. Entretanto, os eleitos não representam apenas aqueles que votaram neles; representam toda a sociedade paulistana.

Veja o que ele disse:

"O Adote um vereador começou com este objetivo: encontre alguém que pense próximo de você, e passe a acompanhar o trabalho dele, e usá-lo para levar suas propostas à Câmara. Em pouco tempo, os ouvintes-internautas “desvirtuaram” a idéia e passaram a escolher aquele vereador que eles menos gostam e, assim, pretendem fiscalizá-lo de perto, acompanhar seu comportamento, verificar quanto gastam para manter o gabinete, se comparecem à Câmara ou participação das comissões permanentes."
Fonte: Blog do Ronaldo

O "Adote" um Vereador é um programa idealizado pelo Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e da Democracia. Por seu caráter de transparência, o Movimento Nossa São Paulo se identificou com o tema, bem como o jornalista Milton Jung da rádio CBN. Inicialmente afirmou-se de forma equivocada, nesta página, ter sido iniciativa do Movimento Voto Consciente. Em tempo, agora corrigido. O programa, em sua origem foi pensado tendo por público as escolas públicas e suas comunidades escolares. A idéia do verbo adotar, evidentemente, pressupõe um entre aspas, na medida em que deseja invocar na realidade a idéia de fiscalizar.

No primeiro semestre de 2008, a organização não-governamental Voto Consciente criou anúncios publicitários que provocavam o eleitor: "Você controlaria o que os seus filhos assistem na TV só uma vez a cada 4 anos?"; "Você controlaria as despesas da sua empresa só uma vez a cada 4 anos?"; "Você controlaria sua conta bancária só uma vez a cada 4 anos?"; e "Você controlaria as vendas do seu negócio só uma vez a cada 4 anos?". O lema da campanha foi "Controle os políticos. Ou os políticos controlam você".

O Instituto Ágora segue desenvolvendo o programa "Adote" um Vereador para pessoas jurídicas (escolas da rede pública) e pessoas físicas (eleitores e eleitoras) municiando-os de informações sobre as Câmaras Municipais, em São Paulo e Rio de Janeiro.

Após o lançamento da idéia no programa CBN São Paulo, a rádio CBN de Maringá decidiu adotar a proposta e lançou na cidade do interior do Paraná a campanha convidando os ouvintes a acompanharem o trabalho dos vereadores.

No começo de janeiro foi criada essa plataforma wiki do "Adote", que vem sendo mantida, de forma voluntária, seguindo os princípios da Wikimedia Brasil, por cidadãos brasileiros ou que residem no Brasil. Desde então, o "Adote" expandiu-se para outras cidades, contando com esse sistema para organização de informações e uma lista de emails, onde todos os envolvidos podem participar. O jornalista Milton Jung tem sido fundamental na divulgação do projeto, graças a sua alta audiência entre os ouvintes da rádio CBN e abertura de espaço na rádio que vem dando para cidadãos e políticos.

O projeto "Adote" um Vereador possui contas nos sistemas de micro-blogging identi.ca e Twitter, e também uma comunidade no orkut.

Vereadores ´adotados´ já recebem perguntas

FONTE: http://www.portaljj.com.br/interna.asp?Int_IDSecao=8&Int_ID=71504 - 13/02/2009

(...)

No site www.adotegastaldo.blogspot.com, o ´padrinho´ do vereador Marcelo Gastaldo (PTB), Eduardo Queiroz Peres, explica o porquê da escolha do parlamentar e já lança as primeiras perguntas ao vereador neste início de campanha.

"De certo houve motivos que me levaram a lhe escolher dentre os outros vereadores. Alguns deles certamente sem relevância, como a coincidência de o senhor ser engenheiro e eu estudante de engenharia", inicia. "Outros mais relevantes, como o fato de ter sido o senhor o vereador que trouxe a Jundiaí o Programa de Metas do Executivo, importante projeto que já vigora em São Paulo."

Na seqüência do blog, o estudante Eduardo questiona como tem sido a atuação de Marcelo Gastaldo para que o projeto do Programa de Metas não seja mais adiado nem excluído da pauta da Câmara.

´Bicho Legal´ - Outro vereador que já foi adotado é Leandro Palmarine do Bicho Legal (PV). Ele foi escolhido pela estudante de Ciências Sociais, Juliana Maria, que acompanhará o trabalho do parlamentar e publicará futuramente questões em um blog na internet. "Não a conhecia. Sei apenas que ela se interessa pela causa dos animais (principal bandeira de Leandro) e acho muito importante essa iniciativa", afirmou o vereador do PV. "O vereador tem mesmo que prestar contas do trabalho realizado e este é mais um caminho."

O blog de acompanhamento de Leandro é o leandrotodeolho.blogspot.com.
Ontem, mais um parlamentar foi escolhido para ser fiscalizado na campanha. O tucano Gustavo Martinelli foi ´adotado´ pelo universitário José Mario Marassato no blog gustavomartinelli.blogspot.com. O Voto Consciente ainda aguarda interessados em adotar outros 13 parlamentares do Legislativo local.

1º Encontro do Adote um Vereador em São Paulo aconteceu em 15/MAR/2009

FONTE: http://www.joildo.net/artigos/encontro-do-adote-um-vereador-reforca-organizacao-cidada/ - 16/03/2009

(...)

"O trabalho na organização dos dados coletados foi um dos destaques do encontro, pois tem-se a noção de que a publicação das informações pelos participantes é que oferecerá maior dimensão ao programa. Para inserir dados do wikisite Adote um Vereador é preciso seguir algumas regras mínimas que permitam uniformidade na ação.

O mais interessante, porém, foi ouvir as histórias e estratégias dos “padrinhos” que avançaram o sinal sem se preocupar com o risco de colidir com o “afilhado”. Conseguiram algumas respostas sobre questões importantes como verba de representação e critérios para montagem de gabinete, abriram as portas da Câmara e estão certos de que o trabalho que realizam terá significado na escolha dos próximos vereadores."

(...)

sábado, 21 de março de 2009

POESIA: Diário de um Poeta Vagabundo

DIÁRIO DE UM POETA VAGABUNDO

Deslizo nas ruas fugindo do mundo
Meu destino é um labirinto profundo

Olho nas vitrines luxos que nunca tive
Me iludo com lares onde nunca estive

Indiferenças enferrujaram meu coração
Retóricas políticas só me dão depressão

Meu único emprego é entreter vira-latas
Meus esforços vivem saindo pela culatra

Meu passado é uma abominável coleção
De tristezas, sofrimentos e fatos sombrios
Meu histórico de convivências é uma sucessão
De estreitezas, depoimentos e gestos arredios

Meus pés tropeçam em poças de lágrimas
Meu corpo desaba e encontra folhas virgens

Meu bolso liso cospe um objeto pontudo
Uma caneta me impele a confessar tudo

Este é o drama que escorre em minha alma
Esta é arte que brota em poéticas vertigens

Meu corpo faminto, sedento e já barbudo
Descansa nas margens de qualquer lama
Enquanto minhas mãos tentam sublimar o absurdo
De uma biografia desnuda de beleza, viço, chama

Mais um vagabundo no chão questionando o céu
Mais um monte de rimas perambulando no papel

( Poeta do Social - Pablo Robles )

quinta-feira, 19 de março de 2009

Colher de "Garapa" na Consciência

Tento às vezes assistir aos filmes que passam tradicionalmente na televisão aberta brasileira. Meus olhos, meus ouvidos e minha alma acabam sendo agredidos com o que sentem: muita ação, farto barulho, cenas aceleradas, diálogos corriqueiros. Quase nada além disso. Falta reflexão nos filmes made in Hollwood. A arte, aquilo que enobrece qualquer cinema, fica geralmente espremida entre os movimentos sufocantes e embriagados de adrenalina destes tipos de filme. Sinto fome de filmes politicamente sérios e socialmente engajados, capazes de dar pelo menos um "choquinho" de realidade nas consciências meio que apagadas, preguiçosas e insensíveis. E por falar em miséria, que tal sentirmos em breve um gostinho dela nas telas do documentário brasileiro Garapa, produzido por José Padilha (aquele mesmo do Tropa de Elite e do Ônibus 174)? A propósito, este novo filme, cuja exibição encerrou a programação do último Festival de Cinema de Berlim em fevereiro, está sendo muito bem aclamado pela crítica. Esperemos sua estréia no circuito comercial, prevista para 15 de maio.

(comentários do Grito Pacífico, mudando o mundo com você)

Em Berlim, Padilha estreia "Garapa", documentário sobre a fome no Brasil - 11/02/2009

FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2009/02/11/berlinale+padilha+estreia+garapa+documentario+sobre+a+fome+no+brasil+4003942.html

BERLIM – O diretor brasileiro José Padilha, ganhador do Urso de Ouro de Berlim, há um ano, com sua ficção "Tropa de elite", estreou mundialmente nesta quarta-feira, na seção Panorama da Berlinale, seu documentário "Garapa", produto de sua convivência por um mês e meio com três famílias pobres do nordeste do Brasil.

"Quis fazer um filme para compreender o que significa a fome dia a dia, para tentar criar uma emoção no espectador. A fome é um problema muito complexo e, para tentar resolvê-lo, primeiro é preciso conhecê-lo de verdade, não por estatísticas, mas diretamente", disse Padilha, que filmou em Fortaleza e em Choró.

Filmado em preto e branco, "Garapa", nome da mistura de água e açúcar que as mães dão aos filhos quando não têm leite, nem outro alimento para lhes dar, mostra a luta cotidiana dessas famílias paupérrimas do Sertão pela sobrevivência.

"Garapa não é um filme local. O problema da fome não é apenas brasileiro. É um problema que África, Índia, China sofrem. Eu descobri que havia algo em comum em todas as famílias pobres: o recurso à água açucarada quando não há outra coisa para acalmar a fome. O açúcar dá calorias", afirmou.

"Leva um tempo para entender de verdade o que significa não ter nada para comer. Combater a fome é um problema político mundial. Enquanto se fazem cúpulas para salvar os bancos, não se ouve falar de reuniões mundiais para tentar resolver esse fenômeno gravíssimo que persiste ano após ano. E a produção e a venda de armas aumentam", completou.

Em seu trabalho, Padilha mostra que são as mulheres que tomam as iniciativas para solucionar os problemas do dia a dia, enquanto que, muitas vezes, os homens entram em desespero e se deixam vencer pelo alcoolismo.

O diretor explicou ainda que quando se fala do crescimento da economia de um país e, neste caso, do Brasil, "sempre há gente excluída, que não desfruta desse crescimento".

"A fome fica nas mesmas famílias, crucifica-as. Os filhos dos pobres terão problemas de nutrição que afetarão seu desenvolvimento mental e os impedirão de ter acesso a uma educação e a bons empregos", insistiu.

Em "Garapa", o programa "Fome Zero", do governo Lula, é mencionado várias vezes para combater o fenômeno. "Mas a única coisa que dão é dinheiro. Não se trata de fazer mais nada, nem educação, nem saúde, nem propiciar o controle demográfico", comentou.

Uma das mães filmadas em "Garapa", que disse ter 30 anos, já havia dado à luz 11 filhos.

Padilha afirmou que, há oito anos, no Brasil, havia 30 milhões de pessoas que passavam fome, mas, graças ao "Fome Zero", segundo ele, agora, essa estatística caiu para 11 milhões.

O cineasta destacou que, se outros diretores consideram que o cinema é entretenimento, para ele, o que interessa é "lançar advertências, criar uma consciência, uma empatia entre o problema exposto e o espectador, mediante um cinema direto, sem truques, sem música, em preto e branco".

De acordo com Padilha, a apresentação de "Garapa" em Berlim é sua estreia mundial e ele buscará mostrar o filme no mais alto nível no Brasil. Anunciou ainda que está escrevendo um roteiro para um filme de ficção sobre a corrupção na política brasileira.

sábado, 14 de março de 2009

Síndrome Circense da Miopia Global

Seria divertido ler essa notícia, se não fosse sensacionalmente devastadora. O circo funciona assim: eles se vestem bem (com as grifes de muitas empresas cujas ações andam fracas na bolsa de valores); percorrem aviões de primeira classe e cruzam de carro caminhos impecáveis para que não vejam mendigos até chegarem nas reuniões (necessariamente de cúpula); cumprem todos os ritos protocolares que a investidura de seus cargos exigem, mal disfarçando a vontade de verem suas fotos estampadas nos noticiários políticos de plantão; quando abrem a boca, proferem palavras devidamente sopesadas pelo filtro comunicativo de seus assessores que aprontam nos bastidores; quando olham para o relógio e se percebem voltando para os países de onde não deveriam ter saído, a consciência destes senhores (pois o palco costuma ser bem masculino mesmo) estende um sorriso cínico - entremeado com uma ou outra declaração evasiva e inofensiva - para os repórteres de última hora, os quais sofrem para tentar explicar e traduzir para a população o que não tem a mínima explicação civilizada. Tudo uma farsa, um jogo de cena, mais do mesmo. Esses ministros de semblantes globalizantes tiveram, mais uma vez, a oportunidade de fazer (diga-se decidir) muita coisa, mas não fizeram quase nada de concreto, pra variar. Eu já nem faço questão de assistir, por exemplo, o famoso "cirque du soleil". Se é para ver palhaçada (desculpem a rebeldia da metáfora), a que houve nessa infrutífera reunião é pelo menos de graça, para a pobre desgraça desse mundo de meu Deus, pois haja estoque de fé para sublimar o disparate de tantos glutões inermes.

Comentários gravemente lúdicos do Grito Pacífico, mudando o mundo com você

Pobre mundo sem homens de visão
Nahum Sirotsky - 14/03/2009

FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/nahum/2009/03/14/pobre+mundo+sem+homens+de+visao+4784923.html

TEL AVIV - A reunião dos ministros da Fazenda em Londres prova mais uma vez que faltam em nossa época os grandes homens. Há gente em grandes funções e visões míopes. Falam bonito e não dizem nada de substancial. Fazem promessas e não botam nada preto no branco. A história vai recordá-los como grupo que perdeu a oportunidade de darem forma ao retorno de dias melhores. Comportaram-se como políticos na disputa de cargos menores. O mundo pega fogo e Nero toca sua guitarra.

“Os ministros e presidentes de banco centrais comprometeram-se a adotarem ação que seja necessária até que o mundo volte a crescer. Indicaram que no futuro estímulos fiscais e medidas regulatórias seriam introduzidas. Apesar de nada decisivo ter sido adotado os ministros ficaram satisfeitos com o espírito predominante”, foi comentário de um dos mais essenciais veículos pra quem precisa se informar, o Financial Times, de Londres.

Não exageremos, ok. Eles concordaram que é preciso encher a caixa vazia do Fundo Monetário Internacional que já empregou bilhões em ajuda a países em dificuldades. Não assumiram compromissos. Os ministros declararam que permanecem fiéis ao objetivo de ajudar países emergentes e em desenvolvimento. Palavras, palavras, palavras, como escreveu Shakespeare há centenas de anos.

“Os Grandes 20, G.20- ainda tentam chegar a um acordo sobre como promover a reversão da recessão antes da reunião de Cúpula de Chefes de Governo marcada para abril. Será que é questão de botar mais dinheiro ou de urgência em políticas de mais rigorosa regulamentação das bolsas e sistema financeiro? Não sabem. O corretor-vigarista que enganou os mais espertos e assessorados investidores por 20 anos, enganou os serviços de regulamentação oficiais, fez desaparecer 50 bilhões, confessou na manhã de sábado, na Justiça, que não fosse a Crise poderia continuar pela eternidade. Os bancos centrais responsáveis pelos sistemas monetários estão falidos. E os ministros com suas centenas de assessores e instrumento de acompanhamento não sabem! Trilhões já foram doados na guerra contra a crise sem grandes vitórias e os ministros não sabem.

Se a crise é global num mundo globalizante nada mais lógico concluir que só têm soluções globais. Que a questão é pensar globalmente com uma visão de um mundo operando dentro de regras e normas globais. Se, por exemplo, existe a necessidade de regras para o comércio internacional nada mais lógico ser necessárias para o funcionamento do sistema financeiro de fato globalizado. A questão é das estruturas a serem criadas. Admitir que dentro do mundo existissem povos, nações, países e Estados transformados em municípios. Que o desenvolvimento tecnológico nos leva a um mundo só com suas diferenças como existem entre São Paulo e Maranhão, digamos, que ou conviverão com leis que permitam coexistam ou voltaremos para o começo de tudo.

Cobra se mata no ninho, no máximo antes do bote. Esses ministros pensam velho. São todos pré-globalização que não sabem pensar internet. Pobre mundo.

Vivemos, também, uma Crise Acadêmica

Há esperança? Por que não? É possível viver sem acreditar em um futuro melhor? Mais humano, ou talvez realmente humano, já que o que vemos é paradoxalmente o contrário.

E as universidades? Qual sua parcela de contribuição na construção de um outro mundo? A cada ano, as academias geram novos graduados e pós-graduados. Novas mentes, novos cérebros. Mas a quem eles servem? Com quem seus neurônios estão comprometidos? As fibras do coração dessa comunidade intelectual que teve a oportunidade de concluir um curso superior ainda pulsam? Do ponto de vista ético, coletivo, transformador, revolucionário...

Grande piada: muitos alardeiam ter um diploma superior, privilegiado até, mas não abandonaram os interesses mesquinhos, inferiores, desses que ignoram o caos da realidade e tudo; desses que lêem um livro por semana e não fazem uma boa ação por mês.

A maioria rapidamente dirá. “Acorda, Pablo, o mundo mudou...” Eu logo concordaria, mas faria questão de acrescentar, sem disfarçar minha frustração: “... Mas mudou para pior”.

As universidades não surgiram simplesmente para azeitar as engrenagens do mercado. Elas cumprem uma função das mais importantes no mundo moderno (ou pós-moderno, isso não importa), porém, a grandeza original das universidades se tornou difusa. Quanto mais os mestres e doutores produzem conhecimentos, mas parece que destroem utopias.

Dou como exemplo o curso de Economia. O sujeito passa quatro, cinco anos sendo convencido pelos cânones ortodoxos de que a economia é auto-governável e não precisa ser regulada por nenhum governo, e quando ele se forma e pisa o chão atual da realidade, o chão já não existe mais, pois quase tudo que ele estudou não passou de areia movediça. Agora a onda é frear as rédeas da economia e fazer as pazes provisoriamente com o poder público, até que o mercado se reorganize dentro de dois ou três anos para retomar seu ciclo de exploração.

Falar em crise é eufemismo, pois o mundo já entrou na UTI faz tempo. Sua sobrevivência futura deixou de ser uma certeza científica, um dogma cartesiano e absurdamente linear. E não precisamos apenas de educação ambiental não. Nosso analfabetismo ecológico é só uma das cores de um arco-íris nebuloso e já sem o brilho de outrora. É perigoso olhar para o horizonte. É como tentar dialogar com a noite e não ver nenhuma estrela para desabafar. Estrela é esperança, é luz, é mudança. E para que isso acontece precisamos de mil e uma educações.

Aí eu volto para o princípio das coisas deste texto... e a academia? Virou um cemitério de teses empoeiradas, saberes herméticos e soluções atomizadas? Claro que não, pois é preciso acreditar que ainda há esperança, pois no dia em que as ciências conseguirem esvaziar todos os sonhos, o mundo não mais existirá, pois a humanidade terá perdido sua fé em si mesmo.

E já que está na moda falar de crise, lanço aqui mais uma. Vivemos, também, uma crise acadêmica. Falta militância. Falta alegria nas salas de aula. Falta ousadia nos corredores.

sábado, 7 de março de 2009

MARTINEAU: A Primeira Socióloga Mulher


TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO "SOCIOLOGIA", DA AUTORIA DE ANTHONY GIDDENS, PELA EDITORA ARTMED (4ª EDIÇÃO), PÁG. 33.

"UMA FUNDADORA NEGLIGENCIADA

Embora Comte, Durkheim, Marx e Weber sejam, sem dúvida, figuras fundadoras na sociologia, havia outros pensadores importantes do mesmo período cujas contribuições devem também ser levadas em conta. A sociologia, como muitas áreas acadêmicas, não correspondeu sempre à expectativa de reconhecer a importância de cada pensador cujo trabalho tenha mérito intrínseco. Poucas mulheres ou membros de minorias raciais tiveram a oportunidade de se tornar sociólogos profissionais durante o período ‘clássico` de fins do século XIX e início do século XX. Além disso, os poucos que tiveram a oportunidade de fazer pesquisa sociológica de importância duradoura têm sido freqüentemente negligenciados. Pessoas como Harriet Martineau merecem a atenção dos sociólogos hoje em dia.

Harriet Martineau

Harriet Martineau (1802-1876) tem sido chamada a “primeira socióloga mulher”, mas, como Marx e Weber, não pode ser tomada simplesmente como uma socióloga. Ela nasceu e foi educada na Inglaterra e foi a autora de mais de 50 livros, como também de numerosos ensaios. Martineau agora recebe o crédito de ter introduzido a sociologia na Grã-Bretanha através de sua tradução do tratado fundador da disciplina, Filosofia Positiva, de Comte (Rossi, 1973). Além disso, Martineau realizou um estudo sistemática original da sociedade norte-americana durante sua extensas viagens através dos Estados Unidos nos anos de 1830, que é o tema de seu livro Sociedade na América. Martineau é relevante para os sociólogos hoje por diversas razões.

Primeiramente, ela afirmou que, quando se estuda a sociedade, se deve concentrar em todos os seus aspectos, incluindo instituições-chave políticas, religiosas e sociais. Em segundo lugar, ela insistiu em que uma análise da sociedade deve incluir um entendimento da vida das mulheres. Em terceiro lugar, ela foi a primeira a dirigir um olhar social a questões anteriormente ignoradas, incluindo o casamento, as crianças, a vida doméstica e religiosa, e relações de raça. Como escreveu certa vez, ´o berço, o boudoir e a cozinha são todas excelentes escolas para aprender a moral e as maneiras das pessoas` (Martineau, 1962, p.53). Finalmente, ela afirmou que os sociólogos deveriam fazer mais do que apenas observar, eles deveriam também atuar de forma a beneficiar a sociedade. Como resultado, Martineau foi uma proponente ativa tanto dos direitos das mulheres como da emancipação dos escravos."

(fim da transcrição)

COMENTÁRIOS do Grito Pacífico - Mudando o Mundo com Você

Quase tudo que aprendemos nos bancos escolares emana de uma fonte comum. A história foi escrita (forjada) por homens, brancos e ricos. O texto extraído acima resgata o pioneirismo feminino de Martineau na fundação da Sociologia. Evidentemente, essa omissão à contribuição intelectual das mulheres, seja na administração, na filosofia, na economia, na psicologia, dentre outras áreas, já não impressiona nenhum cidadão ingressado no século XXI.

Devemos, enquanto estudantes ou professores, aprendizes da vida ou mestres do cotidiano, tentar desenterrar os equívocos ideológicos vomitados de geração em geração pela cultura dominante. Espero que os livros didáticos e as enciclopédias do conhecimento disponíveis no século XXII possam fazer jus, minimamente, à brilhante contribuição da mulher para a produção, sistematização e difusão de saber sobre o mundo que nos cerca.

Encerro meus comentários dando um exemplo bem mais cotidiano e muitas vezes imperceptível desta problemática. Qual o nome da rua ou avenida onde você mora? Ou onde seus amigos e amigas moram? A grande maioria de tais títulos certamente rendem tributo às façanhas masculinas: aos feitos heróicos de combatentes, à verve literária de escritores, à ousadia política de estadistas, ao ofício magnânimo de juristas etc. etc. etc.

E as mulheres, o que faziam no passado? Não existiam, não pensavam? Não tentavam observar, estudar e transformar o que achavam errado ou incompleto? Claro que sim. Mas este nosso mundinho demorou milênios para começar a tirar o chapéu para o valor das mulheres, reconhecendo que elas são tão ou mais capazes quanto qualquer homem. Por conta dessa lacuna irracional, muito da genialidade humana ficou presa debaixo do tapete. Mas as mulheres estão esterilizando a poeira do preconceito para respirar o ar da soberania.

POESIA ESPECIAL: Farol Redivivo de Superação

FAROL REDIVIVO DE SUPERAÇÃO

(Poesia Especial em Homenagem ao Dia da Mulher - 08/03/2009)

O amor se agiganta ao percorrer teu coração.
Tua dignidade está acima de qualquer ferida.
Nada contém mais magnetismo que tua mão.
De teu seio provém a luz que eterniza a vida.

Em teu olhar passeiam dores de um passado
Fraturado de hipocrisia, repressão e violência,
Mas tamanho fardo precisa ser transformado,
Derrubando sistemas corroídos pela demência.

Tua voz, aparentemente frágil, ressoa fundo,
Fincando nos horizontes a esperança rediviva.
Tua força supera os preconceitos do mundo,
Encampando a luta por emancipação coletiva.

Tua jornada enfrentou relações machistas,
Valores retrógrados e costumes vigaristas;
Rumo a uma sociedade justa e sem tirania,
Onde as diferenças coexistam em harmonia.

Ensina aos homens como salvamos o planeta,
Plantando utopias e brotando transformação.
Mostra para gente como enterramos a colheita
Maldita de um capitalismo fadado à destruição.

Até teu silêncio se traduz em discreta canção,
Sussurrando acordes de mistério e fascinação.
Teu exemplo é o farol cintilante da superação:
Termômetro fidedigno de povos em evolução.

A humanidade se rejubila com as tuas conquistas.
Tens o direito de exercer e afirmar tua plenitude,
Ainda que a paisagem siga frustrando tuas vistas.
Tuas antigas lágrimas vicejaram pétalas de saúde.

Mulher, como é bom vê-la cada vez mais de pé!
Te enganou quem disse que o céu seria o limite;
É somente uma escala provisória para o infinito.
Aonde teu sorriso brilha... tudo fica mais bonito!

(POETA DO SOCIAL - Pablo Robles)