terça-feira, 29 de julho de 2008

CRÔNICA: Tanta Rodada para Nada

Muita tontura, coreografia atrapalhada e nenhum resultado. Depois de muito rodopiarem e tropeçarem em torno de seus umbigos comerciais, os países não conseguiram avançar um centímetro nas negociações da OMC - Organização Mundial do Comércio, que tiveram lugar indigesto na frustrante Rodada de Doha, em Genebra, na Suíça. Nada mal, pelo menos, para quem se deslocou até lá com pretensões folgadamente turísticas, pois esse festival de conversas fiadas e celeumas desfiadas gastou quase dez dias.

Eis o resumo da ópera que no último ato suspendeu a música, afugentou a platéia e estragou a festa: "As principais potências comerciais (Brasil, Austrália, China, Estados Unidos, Índia, Japão e a União Européia) não chegaram a um acordo, após nove dias de intensas, mas infrutíferas negociações, sobre como e quanto abrir seus mercados agrícolas e industriais, e em quanto os países ricos deviam reduzir seus subsídios". Assim estampava o noticiário vespertino do dia 29 de julho de 2008, extraído eletronicamente do Ig.

Detalhe: 153 países-membros bailavam sem jogo de cintura nesta anunciada gincana, cuja primeira pizza, ainda pouco rançosa, começou a ser servida há sete anos, sob os giros estonteantes de paragens diversas. Mais um cúmulo a ser contabilizado na olimpíada dos desperdícios diplomáticos. Lamúrias e desculpas de um lado, imprecações e mau-humores de outro, alguns comentários, como tudo na vida, acabam ganhando colorido especial, a ponto de merecer até bis.

Nosso Ministro das Relações Exteriores, por exemplo, recorreu a metáforas marcianas: "É muito lamentável o que aconteceu, alguém de outro planeta não acreditava que, após todo o progresso realizado, não tenhamos sido capazes de concluir". Na próxima rodada, que tal chamar negociadores do além? Duvido até que outras galáxias sejam mais injustas, dominadoras e desunidas do que a nossa caótica atmosfera.

Na tentativa de diagnosticar o vexame, não faltam expressões técnicas para maquiar a febril competitividade humana, como algum repórter com ares de engenheiro tentou sintetizar, ao se referir às salvaguardas pleiteadas e não atendidas para imunizar setores agrícolas de países em desenvolvimento contra surtos agressivamente liberalizantes (leia-se também - impiedosamente neoliberais): "A divergência sobre qual deve ser o valor para ativar o mecanismo travou todo o processo".

Ao ouvir tais colocações, ficamos até tentados a usar uma chave de fenda para desparafusar os pinos apertados e um tanto enferrujados da consciência planetária, enquanto na linguagem do mundo real toneladas de barrigas (nordestinas, africanas, dentre outras texturas e grunhidos) são abatidas por falta de subsídios calóricos, indiretamente sugados e amargamente dosados pelo catecismo protecionista e desafinado que os países lá de cima e seus profetas bushianos (e congêneres) insistem em rezar e nos empurrar tratado abaixo.

Mas para aliviar os ingredientes desta crônica e passarmos para um cardápio mais leve, faço luzir aqui uma última pérola, ostentada em tupiniquim pelo Presidente do Conselho Nacional de Café, ao proferir sua exótica versão sobre o fracasso coletivo de Doha: "Não tem impacto para o setor de café. O café é um produto essencialmente financeiro, depende muito de bolsa, é um negócio completamente diferente". Quanta profundidade embriagante! Será que tudo que tomamos agora tem o sabor do dinheiro e o formato de bolsa?

Acho que faltou colocar açúcar nessa declaração e sobretudo mexer melhor as palavras, que junto com um pãozinho saído do forno tornaria tudo uma delícia. Huumm!!! Mas peraí... não devemos ir muito longe, pois essas coisas geralmente envolvem subsídios internacionais, sem falar que o paladar brasileiro anda meio ressabiado devido aos temores inflacionários. Melhor esperar uma nova rodada para ver se os delegados das nações (com e sem fome) possam trazer frutos econômicos sadios para o mundo.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

EXEMPLO: De Mendigo a Bancário

CEGADOS PELA ONDA DE NEGATIVISMO QUE SACODE A GRANDE MÍDIA E RESPINGA SUAS ÁGUAS CONTAMINADAS NA MENTE ÀS VEZES AMORFA E POR DEMAIS COMPLACENTE DOS TELESPECTADORES, CARECEMOS DE EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO. ESSE É UM DELES. O EX-MENDIGO ENCONTROU FORÇAS, SABE-SE LÁ DE ONDE, PARA PASSAR EM UM CONCURSO PÚBLICO, MESMO QUANDO A FOME ERA A ÚNICA MATÉRIA QUE ELE SABIA DE COR E O SOFRIMENTO CERCAVA QUASE SEM TRÉGUA A SUA ROTINA DIÁRIA. PORÉM, NO FUNDO DE TANTA AMARGURA, A ESPERANÇA RESISTIU E VENCEU. (PABLO ROBLES)


TÍTULO DA MATÉRIA: Ubirajara calcula

Por Urariano Mota - 28/07/2008

FONTE: Carta Capital - Sociedade

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=1598


Quase ninguém acreditou. Um morador de rua, um mendigo, passar no concurso do Banco do Brasil? Mas Ubirajara Gomes da Silva existe, é de carne e osso, mais ossos que carne, ao menos até ser aprovado pelo BB. Com 1,74 metro de altura, chegou a pesar 50 quilos.

Aos 27 anos, mulato, olhar zen, postura zen, Silva fala mansamente, às vezes é quase difícil entendê-lo. Tem o segundo grau, que conseguiu em exames do supletivo. Mas é diplomado em matéria de sofrer. Filho de uma garçonete com um ex-policial, que não o reconheceu como filho. Sobre essas coisas, digamos, menos materiais, ele não gosta de falar. Dói mais que a fome.

– Essa prova que eu fiz agora foi até no Dia dos Pais, 12 de agosto, ele diz.

– Você já chorou muito?

– Já. Já chorei tanto, que eu não tenho mais lágrimas.

– Por quê?

– Falta de mãe, de família. De pai. (Longo silêncio.) Bira saiu de casa para morar com a avó. Passou a levar surras. Fugiu para as ruas, aos 15 anos. Quando tinha 17, soube que sua mãe falecera, soube apenas, mas não pôde ir ao velório. Nos 12 anos em que morou nas ruas, dos 15 aos 27, conta que certa vez ficou 30 dias sem comer.

– Como é que alguém consegue?

– Passando... Eu passei 30 dias sem comer, mas tomando água, comendo muito pouco, 30 dias sem me alimentar. Eu vivia dormindo, era muito sonolento, minha pressão caía, e o pessoal falava, “ele só quer dormir. É a vida que ele quer”. O pessoal me chamava de preguiçoso, de doido...

– E você se acostumou a passar fome?

– Me acostumei assim, não é? Não é que eu me acostumei. Me acostumei porque não tinha. Mas não me acostumei de achar aquilo uma coisa legal... me acostumei por causa de não ter mesmo, de não ter de onde ganhar.

– Como é que você conseguia comer?

– É interessante esse negócio de comida, porque eu pegava 1 real, todos os dias, ia lá no Mercado da Madalena e comprava uma fatia pequenininha de bolo-de-rolo e um copo de coca. Isso pela manhã. À tarde, normalmente eu não comia.

– E como é que você conseguia estudar com fome?

– Eu me alimentava muito de glicose, de coisas doces. Café muito doce. Não sei se você sabe, quando se come glicose, alguma coisa doce, ajuda a raciocinar. Em obediência ao senso comum, pergunto:

– Você estudou pro concurso do Banco do Brasil como?

– Três dias antes.

– Mas o que você vinha estudando antes?

– Português, matemática. Assim, eu fui com a bagagem que eu tinha. Eu não estudei muito não.

– E como é que você estudava português e matemática?

– Eu faço assim, ó. Eu até brinco. Eu não sou exemplo de estudo não. Porque eu sou um cara que eu pego assim: 10 regras de matemática, boto lá e fico estudando. Aí jogo 10 regras de português... uma coisa que não tem nada a ver. Quando eu estou achando uma coisa muito chata, ou está muito difícil, pulo pra outra coisa.

– E onde você pega essas 10 regras de português?

– Tem um programa, um site muito bom chamado “Só Português”, tem outro, “Só Matemática”. Tem os testes do PCI, concursos, que são muito bons. Ali tem testes, provas, aí eu saio fazendo. Então a gente sai de uma dificuldade e entra em outra. Programa, site, como assim? Como pode um sem-teto, um cara que não tem o que comer, acessar a internet?

– Se eu pegasse 5 reais, eu me perguntava: o que eu vou fazer? Por exemplo, eu ia tomar café, que custa 1 real, e sobravam 4. Ia entrar na internet, que eu ia precisar, já virou mania. Quando não tinha dinheiro, ia em lugares gratuitos. Quando eu pagava internet, eu ficava sem almoço ou sem tirar uma carteira de estudante...

Assim esclarecido, sabedor de que a vontade é a sua ferramenta, voltamos:

– Seu amigo Carlos Eduardo chama a atenção para o fato de que entre 19 mil candidatos no Recife, apenas 171 não levaram ponto de corte em conhecimento bancário. Como é que você sabia conhecimento bancário sem ter apostila?

– Eu gosto muito de ler sobre banco, a parte de economia dos jornais. Procurava saber algumas coisas, tipo commodities, taxa Selic, ouro...

– Tudo a ver com a sua realidade...

– Não, nada a ver. Obrigado pela ironia.

Peço-lhe desculpa. Bira é zen, mas responde de pronto. Assim como se diz, no meio do povo, que “a dor ensina a parir”, ele pensa rápido e reage. Quando não tinha casa, ele se abrigava na porta de uma farmácia, de madrugada, encolhido em um batente de 1 metro de comprimento. E porque a dor é mestra eficiente, procurou conhecimento com os instrumentos que a sua necessidade criou. Ele não tem gramática – formal, em livro –, mas fala com boa sintaxe, léxico e prosódia. Não tem livro didático de matemática, mas não errou uma só questão de juros na prova. Ele, que era o próprio “não tem”, o que fez? Criou a sua didática, a sua gramática, a sua matemática, assim como um faminto acha o caminho do pão.

– Eu deixei de estudar em escola em 1995, quando saí de casa. Em 2001 voltei para a sala de aula. Pra comer, sabemos. Voltou para a sala de aula para ter direito à merenda da noite. Mas na hora procuramos saber o método que usou para o concurso.

– Matemática, como todo conhecimento, é uma construção. Como você pode pegar aqui e ali? No concurso do Banco do Brasil houve questões de juros compostos.

– Ah, juros eu sei bem.

– E como é que você fez isso sem livro?

– Ah, é porque livro... eu lhe digo, eu sou autodidata e sou aquele cara que aprende fazendo.

– Mas fazendo a partir de que exemplos, a partir de que didática?

– Depende. Eu pergunto... Eu conheço um cara que está fazendo Engenharia. Ele se aborreceu comigo, porque ele estava tentando me ensinar um problema, e eu fiz os cálculos sem fazer cálculos. Mentalmente. Ele ficou com muita raiva. Quase quebra a cadeira na minha cabeça. Ele me disse: “Eu faço Engenharia esse tempo todinho, eu passo duas folhas para dar um resultado zero. Você pega e faz de cabeça?”
Natural. Quem não tem, faz da própria cabeça um algoritmo e um caderno. O improvisado professor disso não sabia. E até conhecer Bira, eu também não. Estamos todos envenenados pelos métodos formais, e julgamos que a mente se pauta pela ordem do á-bê-cê. Ele, que é tido como exceção, é apenas um ser como qualquer um de nós, quando não se curva.

– Quem é você?

– Sou um cara teimoso, persistente... na medida do possível, sagaz, eu acho. A gente tenta, tenta, tenta, tem objetivo.

– Se você tivesse de enviar uma palavra para as pessoas que se encontram em uma situação difícil, na rua, o que você diria?
– Lutem.

Ubirajara Gomes da Silva é um homem.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

POEMITO V: Versos em Grito

Mais uma esperança conseguiu fugir
Da gaiola pessimista de meus medos

Depois de ouvir os conselhos do céu
E receber das nuvens dicas e segredos

Pousou triunfante nos braços do papel
Para que outro sonho pudesse emergir.

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

POEMITO IV: Versos em Grito

Pulsa aqui, respira acolá...
O coração, o pulmão, a canção.

Castiga aqui, mata acolá...
A opressão, a corrupção, a omissão.

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

POEMITO III: Versos em Grito

Balas perdidas se encontram
No mapa epidêmico da violência

Vítimas perfuradas se conhecem
No cemitério anêmico da impotência

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

POEMITO II: Versos em Grito

O lucro bóia nas enchentes do capitalismo – que mar morto!

A fé se evapora nas cinzas do dogmatismo – que ar poluído!

A humanidade fenece no vulcão do egoísmo – que fogo insano!

O planeta afunda no quintal do cristianismo – que terra infértil!

VEIA ESTOURADA do Poeta do Social

POEMITO I: Versos em Grito

Eis que minha voz se rebela

Acordes de ousada aquarela

Calando reinos sem cinderela

(VEIA ESTOURADA do Poeta do Social)

QUASE LEGAL: Cadê nossas patentes?

ANTES DA NOTÍCIA, MINHA OPINIÃO:

“Considero essa notícia quase legal, porque nossa produção científica, como você poderá perceber, ainda está muito longe de ser acompanhada de inovações tecnológicas. Ou seja, a prática não pode se arrastar a passos de tartaruga enquanto a teoria fica saltitando sem rumo lá na frente. Cadê a criatividade brasileira, a vocação empreendedora de nossa gente, o senso de utilidade dos cientistas do país, que não consegue traduzir todo esse esforço em patentes? A produção teórica mantém-se relativamente boa, mas apenas isso não basta para superarmos o grande atraso tecnológico da nação, a não ser que queiramos nos tornar uma potência aleijada: pródiga em pensamentos metafísicos, mas inerme em criar soluções para o mundo real.” (PABLO ROBLES)

TÍTULO DA NOTÍCIA: Produção científica no Brasil sobe, mas não o número de patentes

FONTE: http://www.protec.org.br – Notícias – 09/07/2008

Apesar da 15ª posição no ranking mundial de produção científica, País depositou apenas 384 patentes em 2007, sendo muitas de empresas estrangeiras, segundo órgão da ONU

A produção científica brasileira subiu de 2006 para 2007 e representa 2,02% de todos os artigos científicos publicados no mundo, mas esse conhecimento ainda não se traduz na prática. Quando se analisa o registro de patentes nos Estados Unidos, o índice brasileiro é próximo a zero.

"O Brasil está muito atrás de outros países que até produzem menos artigos científicos. Dificilmente um País que produz ciência não faz as duas coisas. Todos têm ciência e patentes, mas não é o caso do Brasil", disse Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes).

De acordo com dados da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, órgão das Nações Unidas que faz o depósito de patentes - não o registro, que é uma etapa posterior - em 2007 o Brasil depositou apenas 384 patentes. Sendo que muitas delas não são de brasileiros propriamente, mas de empresas estrangeiras atuando no Brasil.

Os EUA lideram as patentes concedidas pelo seu próprio escritório USPTO (sigla em inglês) com 50,51% do total de 157.283 em 2007. O Japão é segundo com 21,21%, a Alemanha terceiro com 5,75%, Coréia do Sul a quarta com 4,00%, Taiwan a quinta com 3,90%. China com 0,71%, Índia com 0,35% e Brasil com apenas 0,06% ainda estão longe dos líderes.

Na produção científica, o País tem avançado. O Brasil aparece em 15º lugar no ranking mundial de produção científica de 2007, à frente de países como Suíça, Suécia e Israel. A posição é a mesma de 2006, quando o País respondeu por 1,92% dos artigos científicos publicados no mundo. No ano passado, a produção de artigos no Brasil subiu 5%, elevando para 2,02% a participação nas publicações mundiais em 2007.

A China foi o país cuja produção científica mais cresceu na comparação entre os triênios de 2002-2004 e 2005-2007. Segundo a Capes, o salto chinês foi de 73,22%. Em segundo lugar, está a Turquia, com aumento de 44,61%, seguida por Taiwan, com 39,31% Coréia do Sul, com 36,87% Índia, com 33,74% e Brasil, com 33,15%. De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o desempenho chinês reflete os investimentos em educação realizados nas últimas décadas. "A China está colhendo o resultado dessa decisão política que o Brasil tomou tardiamente", disse o ministro.

No ranking da área tecnológica, que considera apenas a produção das engenharias, o País ficou em 20º lugar. Ao anunciar os resultados, o ministro da Educação disse que o desafio brasileiro é transformar conhecimento científico em tecnologia. "Um dos nossos grandes gargalos é traduzir produção científica em tecnologia", afirmou.

Os dados apresentados pela Capes têm como base o Instituto para Informação Científica (ISI, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, que monitora cerca de 10 mil revistas de prestígio internacional em todo o planeta, inclusive cerca de 20 publicações brasileiras. O ISI acompanha a produção de 178 países. Pela primeira vez, o Brasil superou a marca de 2% da produção científica mundial. O ranking é liderado pelos Estados Unidos, com 30,95%, seguidos pela China, com 9,33%. Depois do Brasil, o México é o país latino-americano com melhor posição, em 28° lugar.

No ranking de citações, que indica a quantidade de vezes em que os artigos de cada país foram mencionados em trabalhos de outros pesquisadores e é também um indicador de qualidade, o Brasil ocupa o 25º lugar no período entre 2003 e 2007, com 57,65% de artigos citados. A Dinamarca lidera o ranking com 72,79%, seguida por Suíça, com 71,87%, e Holanda, com 71,85%. Os EUA ficaram em 6º lugar, com 69,68%.

Medicina é a área de maior produção científica do Brasil (21,3%), seguida por física (13,3%) e química (12,5%). Em termos mundiais, no entanto, as pesquisas brasileiras sobre agricultura têm maior peso: elas representam 4,05% do total de artigos publicados no planeta, contra 1,52% da medicina.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

NOTÍCIA BOA: União Sul-Americana

América do Sul caminha para moeda e Banco Central únicos, diz Lula

FONTE: http://www.votebrasil.com.br/noticia/politica/tema/todos - 26/05/2008

União Sul-Americana de Nações (Unasul) vai tratar do tema. Segundo presidente, ‘é preciso ajudar países economicamente mais frágeis’.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, ao longo do programa de rádio “Café com o presidente”, que foi ao ar na manhã desta segunda-feira (26), que os países da América do Sul caminham para ter, no futuro, moeda e Banco Central únicos. Ele defendeu a criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano e ajuda aos países economicamente mais frágeis.

“Nós agora estamos criando o Banco da América do Sul. Nós vamos caminhar para termos um Banco Central único, para ter moeda única. Isso é um processo e não é uma coisa rápida”, afirmou o presidente.
(...)

O presidente está esperançoso com a criação do organismo sul-americano. “Me sinto feliz pelo fato de termos criado a Unasul. Eu lembro quando em 2004, em dezembro, na cidade de Cuzco, Peru, tivemos a idéia de criar uma União Sul-Americana de Nações. Parecia uma coisa impossível porque aqui na América do Sul fomos preparados, doutrinados para acreditar que não daríamos certo em nada, que somos pobres, que brigamos muito e que temos que depender dos EUA e da União Européia. O que aconteceu é que mudou a geopolítica da América do Sul. Mudou em todos os países. Mudou a compreensão de que, juntos, poderemos ser muito mais fortes e soberanos. E que poderemos fazer mais e melhor. Na União Européia, tivemos países que não aceitaram moeda única, que não aceitaram a constituição, e, nem por isso, as pessoas falavam em crise. É uma coisa normal de uma convivência democrática na diversidade”.

Para Lula, a Unasul será um avanço na região. “Isso vai facilitar que a gente negocie com outros blocos em conjunto, que com esse estabelecimento do tratado e da confiança mútua, possamos fazer mais obras de integração. Poderemos fazer mais ferrovias, rodovias, pontes, linhas de transmissão. Ou seja, acho que foi a realização de um sonho. Mas ainda vamos ter que trabalhar muito. O primeiro passo foi dado de forma extraordinária”.

Lula não tem dúvida de que a Unasul será a solução para muitos problemas na América do Sul. “Nós vamos vencendo as barreiras e também os céticos. É importante a gente lembrar o que era a América do Sul poucos anos atrás e o que é agora. Há uma evolução extraordinária. Mesmo a compreensão de setores brasileiros do empresariado, que antigamente não tinham coragem de fazer qualquer investimento nos países na América do Sul, e hoje nós temos dezenas de empresas brasileiras investindo em todos os países da América do Sul. Nós precisamos investir na Bolívia, fortalecer o Paraguai, o Uruguai, que são os países economicamente mais fragéis. Nós temos obrigação de ajudá-los. Porque quanto mais forte economicamente forem os países da América do Sul mais tranqüilidade todos nós vamos ter, mais paz, democracia, comércio, empresas, empregos, renda, desenvolvimento. É isso que nós buscamos para a América do Sul e eu acho que é isso que foi consolidado com a assinatura do tratado”.

sábado, 12 de julho de 2008

MOTIVAÇÃO: Cultivando Amizades

As saudades escorrem na esteira do tempo e as distâncias geográficas abrem duras fendas. A verdadeira amizade, porém, não se deixa desmoronar por nenhum abalo e sequer se distorcer por algum gargalo. Reconstrói-se a cada pensamento e atualiza seu colorido a cada sentimento, ainda que o silêncio seja muitas vezes o único elo de contato entre seres que de certa forma se amam. Não aquele amor tumultuado de paixões e cercado de ciúmes, pois o amor que sustenta a amizade é serenamente livre, indelével e desapegado da idéia de pertencimento do outro. Cultive suas amizades como se fossem as flores mais abençoadas da poesia de sua vida. Se a palavra é desnecessária, apenas escute. Se o ambiente exterior dificulta qualquer comunicação ou aproximação, então transfira o melhor da amizade para dentro de sua alma, de seu coração... e continue regando-a com as seivas do carinho e da compreensão. Além disso, nunca é demais relembrar: quem tem amigo(a) nunca está sozinho(a).

MUDE O MUNDO: Sugestões Práticas (III)

21. Acompanhe o trabalho político dos candidatos eleitos.

22. Doe aquilo que você mal usa para quem mais precisa.

23. Evite contar ou rir de piadas com fundo preconceituoso.

24. Compartilhe seus conhecimentos, experiências e lições.

25. Julgue as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm.

26. Não esqueça as datas de aniversários importantes.

27. Incentive a cultura democrática nos ambientes de trabalho.

28. Beba mais suco natural e menos refrigerante artificial.

29. Consuma o que você precisa e não o que a publicidade impõe.

30. Não deixe que pessimismos infundados matem seu otimismo.

PENSAMENTOS: Frases Próprias (VI)

51. “Quem controla o coração corre o risco de sacrificar o amor”.

52. “Enquanto democracia é o direito de ter voz, cidadania é o dever de usar a voz”.

53. “Os sonhos aparentemente impossíveis da atualidade não são menos que lampejos de aspiração sobre-humana intercalados profeticamente entre uma realização e outra de sonhos que outrora também jamais pareciam possíveis”.

54. “Em tempos de normalização do absurdo, apenas a loucura pode me salvar.”

55. “A traição deixa marcas que só o interesse desconhece”.

56. “Busque tomar decisões perante outras pessoas de tal forma que tanto o não exagerado quanto o sim irrefletido possam ser evitados”.

57. “Quase tudo pode ser relativizado e descaracterizado de sua essência, exceto a verdade, que se mantém inquebrantável e universalmente absoluta, não sendo exagero confundi-la com a alma de Deus”.

58. “Os princípios são o alicerce indissociável da boa prática”.

59. “Momentos de crise são sinônimos de oportunidade, criatividade e superação”.

60. “Nosso maior medo é o medo de assumirmos nossa própria coragem”.

MENSAGEM: Conselhos de Sucesso

Recebi de meu pai em 29 de maio esse estimulante texto, que traz o discurso empreendedor do publicitário Nizan Guanaes. Reproduzo adiante a mensagem na íntegra. São tantas considerações valiosas que nem ousei grifar nada.

Discurso do Dono da Agência de Publicidade DM9

O texto que segue abaixo foi escrito para uma formatura por Nizan Guanaes, paraninfo de turma na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Olhe só o que este publicitário escreveu. Deve ser por isso que é um dos melhores redatores do mundo e dono da Agência DM9 (aquela dos bichinhos da Parmalat).

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.

Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha.

Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo!". E ela responde: "Eu também não, meu filho".

Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar, tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: Pense no seu País, porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada.

Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.

Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: "seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito". É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio. O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas, ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute, mas, por favor, não jogue fora se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.

Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra. Não use "Rider", "não dê férias a seus pés"... Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "eu não disse!", "eu sabia!"

Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é "a morada do demônio", e constrói prodígios.

O Brasil, este país de malandros e espertos, da "vantagem em tudo", tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores "impotências do trabalho". Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam.

Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo "o senhor da razão", vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso."

"TRABALHE EM ALGO QUE VOCÊ REALMENTE GOSTE E VOCÊ NUNCA PRECISARÁ TRABALHAR NA VIDA".

NIZAN GUANAES

FILME SOCIAL: O Óleo de Lorenzo


FICHA TÉCNICA

TÍTULO ORIGINAL: Lorenzo´s Oil
DIRETOR: George Miller
GÊNERO: Drama.
ANO: 1992.
PAÍS: Estados Unidos
DURAÇÃO: 135 min.
ELENCO: Susan Sarandon, Nick Nolte, Peter Ustinov, Kathleen Wilhoite, Gerry Bamman, Margo Martindale e James Rebhorn.
PREMIAÇÕES: Duas indicações ao Oscar (Melhor Atriz - Susan Sarandon, e Melhor Roteiro Original); e uma ao Globo de Ouro (Melhor Atriz - Drama).

SINOPSE

"Lorenzo levava uma vida normal até que aparecem diversos problemas de ordem mental, que são diagnosticados como ADL, uma doença extremamente rara e que provoca incurável degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em pouco tempo. Os pais do menino ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para a doença. Começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença. O Óleo de Lorenzo é uma história verídica, de Lorenzo Odone, que aos oito anos começou a demonstrar os sintomas de rara doença genética e incurável, a adrenoleucodistrofia (ADL). Quando seus pais foram informados deste terrível diagnóstico do filho único, não se conformaram e iniciaram uma batalha científica para melhor entender o inimigo invisível que ia destruindo o cérebro de Lorenzo, deixando-o cego, surdo, paralítico, incapaz de engolir e de se comunicar. Diante do inesperado desengano dos médicos, eles decidiram estudar livros de medicina e os poucos artigos científicos da época. (...) Quando eles acreditavam que haviam encontrado alguma informação relevante, procuravam médicos e professores dos cursos de medicina e discutiam com eles suas idéias, sempre buscando encontrar uma forma de tratamento que minimizasse o sofrimento de Lorenzo. As dificuldades encontradas foram enormes, desde preconceitos de profissionais por serem eles leigos em Bioquímica e Medicina; à impossibilidade de realização de testes em humanos, de tratamentos ainda não autorizados pelo FDA (Food and Drug Administration – Órgão que fiscaliza a saúde nos Estados Unidos). Uma luta intensa para encontrar parceiros químicos com competência para produzir a fórmula dos óleos que eles acreditavam que pudessem curar Lorenzo. A ADL se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos saturados de cadeia longa (principalmente ácidos com 24 e 26 carbonos) na maioria das células do organismo afetado, mas principalmente nas células do cérebro, levando à destruição da bainha de mielina, que protege determinados neurônios. Sem a mielina, eles perdem a capacidade de transmitir corretamente os estímulos nervosos que fazem o cérebro funcionar normalmente e aí surgem os sintomas neurológicos da doença. O óleo de Lorenzo é uma mistura de dois ácidos graxos insaturados, o ácido oléico (C18:1) e ácido erúcico (C20:1), cujo metabolismo se sobrepõe ao dos saturados, evitando assim o seu acúmulo. Para chegar a isso, os pais de Lorenzo estudaram os resultados de muitas pesquisas na época, inclusive feitas em animais. Eles sabiam, por exemplo, que o óleo é tóxico para ratos, levando-os à morte, mas tiveram a coragem de ministrar em seu filho e mostrar ao mundo que o óleo é inofensivo aos humanos e que podia reverter e principalmente evitar os efeitos catastróficos da ADL. A família ainda enfrenta dificuldades com o FDA, que até hoje não autorizou o uso em humanos. O óleo é hoje produzido por uma companhia inglesa, e o Sr. Odone não recebe nenhuma porcentagem das vendas."

Por Alice Martins

FONTE: http://pt.shvoong.com/humanities/film-and-theater-studies/1586410-%C3%B3leo-lorenzo


COMENTÁRIOS DIVERSOS

"O filme foi excelente, serviu principalmente para entender a fundo a carreira que escolhi (Nutrição), nos mostra como cada profissão tem seu papel na vida das pessoas, e como ter força de vontade e amar o que fazemos nos deixam mais próximos da realização!"

Por Raquel Silva

FONTE: http://www.adorocinema.com/filmes/oleo-de-lorenzo/oleo-de-lorenzo.asp


"Todos nós temos problemas. Mas não há sofrimento maior e mais revoltante do que ter um filho condenado à morte. Mas quando isso acontece, preferimos chorar e amaldiçoar o Criador por ter nos abandonado. Por que aconteceu comigo? Por que justo o meu filho? Essa última pergunta, então, revela um egoísmo assustador. Se acontecer com os outros, ficaremos penalizados, mas estará tudo bem. (...) Só que, ao invés de ficar chorando pelos cantos, foram à luta e buscaram conhecimento médico. Como autênticos estudantes de medicina, pesquisaram, buscaram, experimentaram...

Mas, como em tudo na vida, nossos "heróis" encontraram resistências: resistência da poderosa indústria farmacêutica, que não quer investir milhões de dólares para pesquisar a cura de doenças raras, pois isso não dá retorno financeiro; resistência dos médicos, que alegam ser anti-ética a continuação das experiências; resistência dos governantes, que fundamentados em leis burocráticas e protecionistas, proíbem-nas; resistência dos próprios pais de crianças vítimas do mesmo mal, que encaram o "novo" como uma coisa assustadora.

O casal superou tudo isso, servindo-se até de meios ilegais como o contrabando, para tentar curar o filho. Sem nenhum diploma, sem nenhum conhecimento acadêmico, esses pais perseverantes deram um passo gigantesco em prol da humanidade. (...) Não é um filme água com açúcar; é denso, desafiador, que exige uma reflexão, e que nos ensina uma lição muito antiga e óbvia: SE NÓS NÃO AGIRMOS, NINGUÉM O FARÁ POR NÓS! A exibição desse filme deveria ser obrigatória para todos os estudantes de medicina e para os médicos já formados."

FONTE: http://www.ivox.com.br/opiniao/?id=99921


"Recomendo que antes de ver "O Óleo de Lorenzo" você deixe um lenço por perto e fique preparado para cenas chocantes, marcantes e, por fim, fortes. Tem momentos belíssimos, comete seus erros em alguns momentos, mas não tem como não se envolver com essa magnífica história de amor familiar, onde você não sabe o que é o melhor a fazer, mas que depois de muita batalha a recompensa vem de forma infinita.
(...) Os conflitos com os médicos são excelentes, onde os pais lutam pela vida dos filhos e os médicos lutam não pela vida humana, mas sim pelo sucesso da ciência, fazendo milhares de testes e esquecendo que se trata de um ser humano.(...) Perdendo noites e dias lendo livros, os pais vão encontrando pequenas soluções. (...) Tanto que todos que cuidam do garoto vão sendo mandados embora em poucos dias de acompanhamento (...) Mas será que Lorenzo quer realmente passar a vida esperando esse milagre?

(...) Mais que uma lição de vida, é uma lição de amor, carinho e afeto. Nada na vida é tão difícil quanto parece, mesmo parecendo impossível qualquer salvação vale batalhar até o final. Hoje muitas crianças já foram salvas por causa do óleo de Lorenzo, uma mistura simples, que salva pessoas. Hoje em dia a doença já é praticamente inexistente. "O Óleo de Lorenzo" é mais que um filme, é um grande aprendizado."

Por Henrique Miura

FONTE: http://www.adorocinema.com/filmes/oleo-de-lorenzo/oleo-de-lorenzo.asp

TÍTULO ILUSTRE: Parabéns Galeano

Galeano recebe título de Cidadão Ilustre do Mercosul em cerimônia no Uruguai

Por L&PM Editores

FONTE: www.lpm.com.br (Notícias – 07/07/2008)

Na manhã luminosa e fria do dia 3 de julho, em Montevidéu, o escritor uruguaio Eduardo Galeano recebeu o título de "Cidadão ilustre do Mercosul", outorgado pela primeira vez pela Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul
e firmado pelos cinco chanceleres dos países que compõem o Mercosul. A cerimônia realizou-se no belo prédio da CRPM em frente ao Rio da Prata na "rambla" Presidente Wilson, na capital uruguaia.

Na resolução oficial, a comissão de chanceleres justifica a honraria como um reconhecimento pela contribuição do autor de Veias abertas das América Latina, As palavras andantes, da trilogia Memória do fogo e de muitos outros livros "à cultura, à identidade latino-americana e à integração regional".

Entre as centenas de amigos, admiradores de Galeano e personalidades da política e da cultura latino-americana que lotaram o salão nobre do Edifício Mercosur destacavam-se o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e o prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, que afirmou na ocasião: "Galeano é um grande pensador, um homem coerente entre o dizer e o fazer. É um exemplo de vida, de comprometimento com a luta dos povos pela liberdade. É uma luz que ilumina muitos caminhos."

Ao agradecer o título concedido, Galeano lembrou que o "verdadeiro primeiro cidadão ilustre da região" foi José Gervasio Artigas, líder das lutas pela independência de vários países da América do Sul. Também evocou personalidades latino-americanas que fizeram história, entre as quais os brasileiros Aleijadinho – segundo Galeano, o homem mais feio do Brasil, mas que criou as mais altas formosuras da arte da época colonial –, Garrincha – por sua superação e por todas as alegrias que proporcionou com seu futebol –, e Oscar Niemeyer – que, centenário, é o mais novo dos arquitetos e o mais jovem dos brasileiros. Lembrou também de Salvador Allende e de Che Guevara, que, para ele, talvez seja o mais universal dos latino-americanos, já que sua figura está sempre renascendo, por mais manipulação que sofra.

A solenidade iniciou pontualmente às 11h com o pronunciamento de Carlos "Chacho" Álvarez, presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, que calorosamente lembrou da contribuição de Galeano para a cultura e para a integração da América Latina, seguido pelo antropólogo e pesquisador membro da Unesco, o uruguaio Daniel Vidart, e pelo presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, que destacou: "Galeano foi e é nossa voz; nela está contida a imensa paz de nossas lutas, e de suas mãos contadoras de histórias já se escreve, com a tinta indelével de nossa esperança, a história da América Latina, que mais cedo do que tarde começará a viver seus cem anos de solidariedade."

Na ocasião, foram lidas saudações a Eduardo Galeano de vários intelectuais, como do seu compatriota, o escritor Mario Benedetti, e do arquiteto Oscar Niemeyer. Também foram lidas as mensagens dos presidentes Lula, Michelle Bachelet (Chile), Cristina Kirchner (Argentina), Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia).

sexta-feira, 11 de julho de 2008

CIDADANIA: Conquista Histórica dos Deficientes


SENADO PROMULGA CONVENÇÃO DA ONU SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Fonte: www.dh60anos.com.br - 09/07/2008

A Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo foram promulgadas hoje (9) no Senado Federal, em Brasília. É o primeiro tratado internacional com status constitucional da história do Brasil. No total, 128 países assinaram a convenção e 28 deles ratificaram.
A cerimônia, no Salão Negro, foi marcada pela emoção de muitos dos participantes, boa parte delas pessoas com deficiência.
Izabel Maior, coordenadora da Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde) da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), foi chamada de "eterna e presente lider" pela  secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara Rizzo. Izabel atua desde 2002 no processo de construção e aprovação do texto da Convenção nas Nações Unidas (em Nova York, EUA) e no Brasil. Ela foi saudada por praticamente todas as autoridades que discursaram. Izabel disse que "pessoas com deficiência" deixa de ser uma questão de assistência social e passa a ser uma questão de Direitos Humanos e Inclusão Social.

 Um presente do Legislativo

 O ministro Paulo Vannuchi, da SEDH/PR, disse que o Legislativo deu um presente para os brasileiros neste ano em que o mundo celebra o aniversário de 60 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. "O Brasil se junta ao grupo de paises que já aprovaram a Convenção", afirmou Vannuchi. Segundo ele, é necessário ver os Direitos Humanos em toda a sua amplitude. "É importante olhar os Direitos Humanos também como alegria, celebração e festa", avaliou o ministro.

 Vannuchi, em seu discurso, lamentou que ultimamente tem aparecido na imprensa apenas para falar de assuntos trágicos. Mas disse que, naquela solenidade, estava muito feliz porque a nova convenção era um fato a ser comemorado pelos defensores dos direitos humanos. O ministro fez questão de destacar a importância da titular da Corde, Izabel Maior, que ajudou a elaborar o documento, e foi fundamental em seu processo de ratificação. Vannuchi comparou-a ao imortal Austregésilo de Athaide, que contribuiu para a redação da Declaração dos Direitos Humanos.

Uma sociedade melhor

"Defender os direitos e a aceitação social da pessoa com deficiência é defender o que queremos de melhor para a sociedade brasileira. Se o Congresso Nacional não tivesse vivido nenhum momento que justificasse o seu reconhecimento pelo povo brasileiro, seria este o momento, que se justifica plenamente com a ratificação dessa convenção",  disse o presidente do Senado, Garibaldi Alves.

 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse que, no mundo moderno, não mais se reivindica a tolerância, mas a plena e cabal inclusão dos portadores de dificuldades especiais. Segundo ele, a legislação brasileira vem corroborando a tese de que as dificuldades especiais não podem ser estigmatizadas, mas resolvidas, numa parceria criativa entre o Estado e a sociedade, com inclusão plena.

A Convenção


O principal objetivo da convenção, segundo o primeiro artigo do documento, é o de "promover, proteger e assegurar o exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente". Além do respeito por essa dignidade, são princípios da convenção a não-discriminação, a plena e efetiva participação e inclusão na sociedade, o respeito pela diferença, a igualdade de oportunidades e acessibilidade.

 Longa jornada
 
O Brasil foi um dos primeiros países a assinar em março do ano passado a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Um dos principais pontos da convenção é o fato de o descumprimento de qualquer item que favoreça a inclusão das pessoas com deficiência ser considerado discriminação. Isso inclui, por exemplo, a acessibilidade, seja por meio de ônibus adaptados para deficientes ou legendas nos programas de televisão.
Outro ponto é o que garante que as pessoas com deficiência não podem ter sua capacidade legal retirada. Em outras palavras, fica garantido o seu direito de votar, de assinar os próprios documentos e de administrar bens e recursos financeiros, por exemplo.

NOTÍCIA BOA: Orgulho Econômico do Brasil

FONTE: Agência Senado - 20/05/2008 (www.votebrasil.com.br)

Ideli Salvatti comemora destaque obtido pela Petrobras como terceira maior empresa das Américas

(...)

Em pronunciamento nesta terça-feira (20), a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) saudou a diretoria da Petrobras pelo fato de a empresa ocupar atualmente o posto de terceira maior empresa das Américas e a sexta maior do mundo em capital, conforme notícias publicadas pela imprensa.

A senadora criticou as privatizações de empresas estatais, ocorridas em governos passados, e disse que o governo Luís Inácio Lula da Silva tem deixado claro que o papel do Estado é o de "orientar, fomentar o desenvolvimento, utilizar os instrumentos, seja de governo ou de empresas, para que o país se desenvolva".

- Isso muito nos orgulha. A Petrobras está com descobertas fantásticas e nos coloca a perspectiva de ingressarmos no seleto grupo de países que exportam petróleo. Isso vai modificar esse país da noite para o dia, não tenho dúvida - afirmou.

Ideli disse que, ao longo dos próximos quatro anos, a Petrobras vai investir US$ 50 bilhões na aquisição de equipamentos e instrumentos de serviços. A empresa também vai encomendar 146 navios, que irão se juntar aos 26 atuais petroleiros em operação.

- Isso vai gerar 75 mil novos empregos na indústria naval que, no auge, chegou a 40 mil pessoas. Só com as encomendas da Petrobras, será o dobro. Só em sondas para poder fazer a prospecção de extração de gás e petróleo na camada pré-sal, a Petrobras vai comprar vinte bilhões de reais de produtos brasileiros, feitos aqui, com mão-de-obra brasileira - disse.

(...)

OPINIÃO: Ler é Transcender

COMUNIDADE NO ORKUT: "Livros Reais e Virtuais"
FÓRUM: "O que te fez gostar de ler livros?"
Íntegra da resposta que postei em 09/07/2008:


À medida que a idade avança tendemos a ficar mais ocupados, porém minha paixão por leituras instalou-se definitivamente em meus hábitos de vida.

Procuro ler assuntos diversos relacionados ao meu campo de atuação na área social, mas busco sempre intercalar tais leituras com outras fontes e assuntos.

Nos últimos tempos, um grande incentivo para mim tem sido os livros de bolso, que publicam obras interessantes, das clássicas às contemporâneas, em preços bastante acessíveis. Vale a pena saborear os acervos de duas editoras do gênero: a Martin Claret e a L&PM.

Em termos pragmáticos, outro incentivo forte é a busca e renovação constante de inspiração como matéria-prima para meus próprios escritos, pois sou poeta amador, blogueiro iniciante e quero ser escritor no futuro.

Esse tema mereceria um texto maior, mas essencialmente, para mim:
LER É TRANSCENDER... em todos os sentidos, ângulos e dimensões.

OPINE TAMBÉM POR AQUI E, SE TIVER INTERESSE, PARTICIPE DESTA COMUNIDADE NO ORKUT

CRÔNICA: Instantes de Liberdade


O cachorro de minha família, um poodle branco e peludo que late pelo nome de Toy, costuma ser levado para tomar banho todas as quartas-feiras. Vez por outra me encarregam dessa tarefa, que seria uma atividade tão ordinária e despercebida como escovar os dentes se não fossem os mágicos instantes de liberdade desfrutados pelo animal.

Esse momento se desdobra quando eu solto sua coleira após fechar a porta de meu apartamento para seguirmos juntos rumo a clínica veterinária. É impressionante testemunhar a embriaguez canina que exala do cachorro enquanto desce triunfantemente as escadas, livre da resistência de qualquer rédea que possa frear e frustrar seus movimentos.

Excitado por uma euforia incontrolável, Toy desce de maneira tão rápida e impetuosa os lances da escada que as patas parecem deixar de tocar o chão. É como se ele ganhasse asas para voar em direção ao osso mais esperado e suculento de seus sonhos. Ainda vou filmar tal cena para perenizar e celebrar a memória desta inexplicável emoção canina.

Um veterinário com coração humanista, sensível à fisiologia e também psicologia do cachorro, logo se apressaria em declarar o diagnóstico: “isso é estresse acumulado porque o bichinho não desce”. Mesmo que o Toy saia pouco para passear, tenho para mim que esse gesto é nada mais que o instinto de liberdade reprimido por todo animal doméstico.

Uma analogia clássica e até óbvia me vem automaticamente à tona. Não seria esta a mesma sensação de catarse experimentada por um passarinho quando escapa da gaiola para mergulhar no horizonte do céu? Ou de um peixinho quando se despede do aquário onde estivera exilado para retornar ao leito abundante do rio, pátria natural da espécie?

Cachorro, pássaro, peixe e tantos outros animais que a sociedade se habituou a criar em suas residências, seja para alegrar as crianças ou mesmo fazer companhia aos adultos, por maiores que sejam os cuidados prestados, acabam por sacrificar a liberdade maior destas espécies, tornando-as escravas dos caprichos, carências e peripécias humanas.

Queridos Toys de tantos lares, isolados de seus pares e trancafiados em tantos lugares, benditos sejam estes espetaculares e sagrados instantes de liberdade, que te dão a fugaz impressão de viver teus próprios destinos - sem donos, limites e convenções! Corram para longe, subam ao topo do céu, adentrem as profundezas da água!! Finjam ser livres!!!

E nós, seres humanos, quando é que o nosso andar parece flutuar? Quando é que nossos passos cruzam a dimensão da liberdade? Quantas coleiras, esporas e chicotes nos impedem de estufar o peito e proclamar aos quatro ventos: viva! sou livre!! o mundo é meu!!! Só assim podemos agir como somos, dizer o que pensamos e fazer o que sonhamos...

Essa é uma crônica bumerangue: a mensagem dirigida ao contexto do cachorro, em outros termos, volta sem pudor ao âmbito de nossa própria realidade, fazendo-nos indagar quais são os instantes reais de liberdade do ser humano. Uma vez por hora, dia, semana, mês ou ano? A pergunta é reflexiva e a resposta é subjetiva. No entanto, para quem vive na miséria e desistiu de ser livre, essa pergunta já não admite resposta. Fim da crônica subversiva.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

COMENTÁRIOS: Julgamento de um Poeta

JULGAMENTO DE UM POETA*

*Trecho do livro Liberdade, liberdade, de Millôr fernandes & Flávio rangel, editado em 2006 pela L&PM (coleção Pocket Plus). A obra, que inaugurou no país um gênero baseado em fragmentos históricos, é o roteiro da famosa peça de teatro de mesmo nome, montada em 1965 e censurada depois pela ditadura. Os atores citados referem-se ao Paulo Autran, Vianna Filho e Tereza Rachel.

VOZ GRAVADA – No ano passado foi julgado na União Soviética o poeta Joseph Brodsky. Aqui estão trechos taquigráficos de seu julgamento.

PAULO – Qual é o seu nome?

VIANA – Joseph Brodsky.

PAULO – Qual é a sua ocupação?

VIANNA – Escrevo poemas. Traduzo. Suponho que...

PAULO – Não interessa o que o senhor supõe. Fique em pé respeitosamente. Não se encoste na parede. Olhe para a corte. Responda com respeito. O senhor tem um trabalho regular?

VIANNA – Pensei que fosse um trabalho regular.

PAULO – Dê uma resposta precisa.

VIANNA – Eu escrevia poemas: julguei que seriam publicados. Supus...

PAULO – Não interessa o que o senhor supõe. Responda porque não trabalhava.

VIANNA – Eu trabalhava; eu escrevia poemas.

PAULO – Isso não interessa. Queremos saber a que instituição o senhor estava ligado.

VIANNA – Tinha contratos com uma editora.

PAULO – Há quanto tempo o senhor trabalha?

VIANNA – Tenho trabalhado arduamente.

PAULO – Ora, arduamente! Responda certo.

VIANNA – Cinco anos.

PAULO – Onde o senhor trabalhou?

VIANNA – Numa fábrica, em expedições geológicas...

PAULO – Quanto tempo trabalhou na fábrica?

VIANNA – Um ano.

PAULO – E qual é seu trabalho real?

VIANNA – Eu sou um poeta. E tradutor de poesia.

PAULO – Quem reconheceu o senhor como poeta e lhe deu um lugar entre eles?

VIANNA – Ninguém. E quem me deu um lugar entre a raça humana?

PAULO – O senhor aprendeu isso?

VIANNA – O quê?

PAULO – A ser poeta? Não tentou ir para uma Universidade onde as pessoas são ensinadas, onde aprendem?

VIANNA – Não pensei que isso pudesse ser ensinado.

PAULO – Então como...?

VIANNA – Eu pensei que... Por vontade de Deus...

PAULO – É possível ao senhor viver do dinheiro que ganha?

VIANNA – É possível. Desde que me prenderam sou obrigado a assinar um documento, todos os dias, declarando que gastam comigo quarenta copeques. Eu ganhava mais do que isso por dia.

PAULO – O senhor não precisa de ternos, sapatos?

VIANNA – Eu tenho um terno. É velho, mas é um bom terno. Não preciso de outro.

PAULO – Os especialistas aprovaram seus poemas?

VIANNA – Sim, fui publicado na Antologia dos Poetas Inéditos e fiz leituras de traduções do polonês.

PAULO – Seria melhor, Brodsky, que explicasse à corte por que não trabalhava no intervalo de seus trabalhos.

VIANNA – Eu trabalhava. Eu escrevia poemas.

PAULO – Mas existem pessoas que trabalham numa fábrica e escrevem poemas ao mesmo tempo. O que o impediu de fazer isso?

VIANNA – As pessoas não são iguais. Mesmo a cor dos olhos, dos cabelos... a expressão do rosto.

PAULO – Isso não é novidade. Qualquer criança sabe disso. Seria melhor que explicasse qual a sua contribuição para o movimento comunista.

VIANNA – A construção do comunismo não significa somente o trabalho do carpinteiro ou o cultivo do solo. Significa também o trabalho intelectual, o...

PAULO – Não interessam as palavras pomposas. Responda como pretende organizar suas atividades de trabalho no futuro.

VIANNA – Eu queria escrever poesia e traduzir. Mas se isso contraria a regra geral, arranjarei um trabalho... e escreverei poesia.

PAULO – O senhor tem algum pedido a fazer à corte?

VIANNA – Eu gostaria de saber por que fui preso.

PAULO – Isso não é um pedido; é uma pergunta.

VIANNA – Então não tenho nenhum pedido.

TEREZA – Brodsky foi condenado a cinco anos de trabalhos forçados, numa fazenda estatal de Arcangel, na função de carregador de estrume. O poeta tinha vinte e quatro anos.

MEUS COMENTÁRIOS

Triste mundo esse para condenar uma das expressões mais subjetivas, autênticas e comoventes da vida: a arte poética. Em uma sociedade dominada pela ditadura da razão e organizada com base nas relações instrumentais de interesse, o valor substantivo da poesia incomoda e não encontra espaço para desabrochar.

Por uma ironia infeliz, o impulso libertador, criativo e transcendental de Brodsky, sublimado e potencializado através da poesia, foi punido impiedosamente e submetido à escravidão, ao cerceamento das energias emocionalmente autônomas e produtivas do poeta. Um julgamento sem rima, sem alma e sem compaixão.

Por que a arte é tão vilipendiada, maltratada e incompreendida? A poesia permeia todo o mistério da vida, a beleza da natureza e a harmonia do universo. Em todo território não invadido pelo arbítrio monopolizante da razão, eis que a poesia conseque respirar, dançar e cantar, celebrando múltiplos sentidos e ativando sensibilidades de todas as cores.

Ainda que a esmagadora maioria da humanidade quase insensível não saiba valorizar e honrar as virtudes e dimensões da poesia, é preciso se render ao fato de que tal arte jamais será extinta e banida do planeta, pois tudo aquilo que não tem tradução objetiva e duração definida tem necessariamente um quê de poesia, algo de magia, um verso inapreensível de eternidade.